Um novo motim ocorreu, esta terça-feira, na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal, Brasil. O incidente fez pelo menos cinco feridos e a polícia já terá recuperado o controlo da situação.
De acordo com o jornal brasileiro O Globo, os presos do pavilhão 1 — controlado pela organização criminosa Sindicato do RN — invadiram o pavilhão 3, onde estão os detidos que não pertencem a qualquer organização. Ao mesmo tempo, os presos da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) invadiram o pavilhão 4, também ele controlado pelo Sindicato do RN.
Ouviram-se tiros e bombas fora do estabelecimento prisional e as autoridades brasileiras encontraram uma munição no interior do carro da mulher de um presidiário, do PCC, estacionado perto da penitenciária, mas ninguém terá sido preso. O governo pondera construir um muro para separar as duas fações rivais.
O major Wellington Camilo, do Comando da Guarda Penitenciária, adjetivou a situação de “tensa”. Estas declarações contrastam com as feitas pelo governador Robinson Faria, a partir de Brasília, onde esteve reunido com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes: “Está tudo sob controlo”, afirmou. O governador também explicou porque é que a polícia ainda não invadiu a prisão: “Se a polícia entrar dentro do presídio pode haver novas mortes, confrontos policiais, aí vai ser um novo Carandiru. Temos que evitar isso. Vamos entrar em caso de extrema necessidade”.
Estava prevista para esta terça-feira mais buscas pelos corpos dos presidiários mortos no último motim na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, que vitimou dezenas de pessoas no último fim de semana. Acredita-se que alguns dos cadáveres tenham sido atirados para as fossas. Os corpos ainda não foram recuperados porque alguns dos detidos subiram para os telhados com paus, canas e varas. Esse motim ocorreu como “retaliação” à rebelião em Manaus, que ocorreu no início do mês.
No mesmo dia do novo motim, o presidente Michel Temer decidiu “oferecer” as Forças Armadas para cooperarem na realização de inspeções rotineiras dos presídios, com a autorização dos governadores dos vários estados brasileiros. “Haverá inspeções rotineiras dos presídios com vista à deteção e apreensão de materiais proibidos.” Temer estipulou ainda a criação de uma comissão para reformar o sistema penitenciário e a construção de mais prisões, nomeadamente, de cinco novos presídios de segurança máxima.