A PSA já fez saber que, em 2019, todas as marcas que a compõem (Peugeot, Citroën e DS) terão importantes novidades para mostrar no capítulo dos híbridos plug-in a gasolina e dos modelos de propulsão exclusivamente eléctrico. Mas até, lá, a vida tem que continuar.
E, por isso, prossegue a saga do 308, o segundo modelo mais vendido da Peugeot a nível global – e também em Portugal, onde tem garantido o 3º lugar das vendas no segmento dos familiares compactos. Já com mais de 760 mil unidades vendidas desde 2013, a actual geração recebe agora uma actualização, que a marca de Sochaux faz questão de definir como mais do que um restyling, preferindo chamar-lhe uma “ofensiva tecnológica”.
Estratégias de marketing à parte, a verdade é que há vários e bons argumentos para conhecer no renovado Peugeot 308, que já a seguir ao Verão iniciará a sua carreira comercial em Portugal, nas versões berlina e carrinha SW, onde pretende manter, quando não reforçar, o estatuto já alcançado. Sendo, no essencial, seis as áreas a que importa dar maior atenção na nova coqueluche francesa.
Uma questão de estilo
Mesmo sem ter visto radicalmente alterada a sua aparência exterior, bem pelo contrário, o renovado 308 não deixa de acolher algumas modificações estilísticas, destinadas a modernizar a sua imagem e a permitir-lhe enfrentar uma concorrência por demais aguerrida. Na frente, a diferença face ao actual modelo é ditada, essencialmente, pelo novo capot, com formas mais horizontais, contrastantes com a grelha verticalizada – na qual estão integrados o lettering da Peugeot e o famoso leão que serve de emblema à marca de Sochaux.
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Ao mesmo tempo, a nova assinatura luminosa, garantida pelas luzes diurnas por LED, passa a ser comum a todas as versões, estejam elas equipadas com ópticas frontais integralmente por LED ou com lâmpadas de halogéneo. O pára-choques anterior também é novo, contando com dois desenhos distintos: um específico dos níveis de equipamento Access, Active e Allure, o outro exclusivo dos níveis GT Line, GT e GTI (com três generosas tomadas de ar e faróis de nevoeiro integrados).
Na traseira marcam presença os farolins redesenhados, com as luzes de presença sempre activas (de dia e de noite), sendo escurecidos na carroçaria de dois volumes e meio. Claro que as jantes de novo desenho também não podiam faltar, e os mais atentos não deixarão de notar que a portinhola de acesso ao depósito de combustível passa a adoptar um formato quadrangular: essencial para que aí se possa ter acesso, igualmente, ao bocal de abastecimento do AdBlue (o líquido com base de ureia destinado a reduzir as emissões de óxidos de azoto dos motores a gasóleo).
Uma questão de conectividade
Afirma a Peugeot que o habitáculo do renovado 308, como sempre dominado pelo célebre i-Cockpit (que continua a deixar muito a desejar em termos de visibilidade da instrumentação para boa parte dos condutores), conta agora com melhores materiais e acabamentos. Não é muito evidente, embora seja um facto que foram introduzidos novos revestimentos, ao mesmo tempo que o espaço destinado a passageiros e bagagens continua a ser dos mais generosos deste segmento.
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Bem mais notório é o novo ecrã táctil capacitivo de 9,7” do sistema de infoentretenimento, bem ao estilo de o de um smartphone. Fácil de usar, com uma resposta rápida e senhor de uma elevada resolução, permite controlar as principais funções do veículo, incluindo o novo sistema de navegação conectada TomTom Traffic que, além de oferecer um grafismo 3D, permite, por exemplo, optimizar as viagens em função das informações de trânsito e meteorológicas recebidas através da Internet acerca do percurso definido, estando ainda apto a fornecer informações relativas a estações de serviço e locais de parqueamento, e às tarifas por estes praticadas.
Valências do sistema de infoentretenimento são, igualmente, os comandos vocais, através dos quais é possível realizar chamadas telefónicas, enviar SMS, sintonizar estações de rádio ou mesmo inserir um endereço na navegação. Reforçando a sua aposta na conectividade, o 308 conta, também com o sistema Mirror Screen, que permite não só replicar o ecrã da esmagadora maioria dos smartphones disponíveis no mercado (graças às ligações Apple Carplay, Android Auto e MirrorLink), como usufruir dos assistentes pessoais Siri e S-Voice dos sistemas operativos iOS e Android, respectivamente.
Uma questão de segurança
Com os consumidores e as autoridades cada vez mais atentas a esta área, a segurança é algo com que nenhuma marca estará disposta a brincar, e a Peugeot não foge à regra. Não se estranhando, por isso, que esta actualização do 308 tenha passado, igualmente, pela disponibilização de todas os sistemas avançados de auxílio à condução recentemente introduzidos pelos SUV 3008 e 5008.
Assim sendo, estão aqui disponíveis soluções como o alerta de colisão com sistema de travagem autónoma de emergência com reconhecimento de peões (funciona entre os 5-140 km/h com veículos em movimento; entre os 0-80 km/h com veículos imobilizados; e entre os 0-60 km/h com peões). Ou o alerta de saída involuntária da faixa de rodagem (emite um alerta visual e sonoro acima dos 80 km/h, e entre os 65-180 km/h até actua sobre a direcção para corrigir a trajectória).
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Ainda neste capítulo, menção para o sistema de detecção e alerta de fadiga do condutor (vídeo acima); para o assistente de máximos; para o sistema de leitura de sinais trânsito com recomendação de velocidade; para o cruise control adaptativo (opera entre os 30-180 km/h, e até executa a função start&stop nas versões com caixa automática); e para a monitorização do ângulo morto (activa entre os 12-140 km/h), que funciona assim:
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De referir, ainda, a câmara de estacionamento traseira de 180° e a visão panorâmica de 360°; e o sistema de estacionamento semiautomático (além de identificar os espaços disponíveis, assume o controlo da direcção nas versões de caixa manual, e também do acelerador nas variantes de caixa automática, neste caso bastando ao condutor controlar a travagem.
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Uma questão de mecânica
Ao contrário do que tantas vezes acontece nestas actualizações de meio de ciclo, é justamente no capítulo dos motores que se encontram as novidades mais sumarentas do renovado 308. Com o modelo a antecipar não só as normas Euro 6.c, que em Setembro entrarão em vigor na Europa, como, nalguns casos, as Euro 6.d, previstas apenas para o final da década.
Mas vamos por partes. Globalmente, toda a oferta de motores, integralmente composta por unidades turbocomprimidas e dotadas de injecção directa de combustível, recebeu melhorias que permitiram optimizar a respectiva eficiência, ou seja, reduzir consumos e emissões – em maior ou menor extensão, consoante os casos. Ao mesmo tempo, e antecipando uma mudança dos hábitos de consumo, traduzida numa gradual perda de protagonismo do diesel, a Peugeot reforça a sua aposta nas versões do 308 equipadas com motores a gasolina.
Por isso, e pela primeira vez, o motor tricilíndrico 1.2 PureTech de 110 cv e 205 Nm passa a fazer parte da oferta do familiar gaulês, sendo o único a ter acoplada uma caixa manual de cinco velocidades. Já a versão de 130 cv deste propulsor foi revista com o objectivo de garantir ganhos significativos em termos de performance (traduzidos numa resposta mais imediata às solicitações do acelerador), de consumos (4% inferiores aos da anterior geração) e de emissões – sejam quais forem as condições de utilização.
Neste particular, referência para a optimização do tratamento dos poluentes, tanto na origem como no escape, graças a soluções como o filtro de partículas GPF (garante uma filtragem das partículas superior a 75%), a maior resistência térmica dos materiais, a optimização do controlo da temperatura do escape, o recurso a novas tecnologias no catalisador e a combustão aperfeiçoada (controlo mais preciso da mistura ar/combustível).
Este motor 1.2 Puretech apresenta, também, duas importantes novidades no que à transmissão diz respeito. Por um lado, está pela primeira vez disponível com caixa automática. Por outro, estreia uma caixa manual de seis velocidades destinada a motores com potência e binário inferior aos de 1,6 litros, totalmente projectada em ambiente digital, e que garante ser tão compacta quanto uma equivalente de cinco relações. Do leque de motores a gasolina disponíveis fazem ainda parte o 1.6 THp de 205 cv e o 1.6 THP de 270 cv, que anima o desportivo GTI.
Passando aos diesel, a base da oferta continua a ser assegurada pelo 1.6 BlueHDI de 110 cv, a que se segue a sua variante de 120 cv. Mas não por muito tempo: mais perto do final do ano chegará o seu substituto, o novíssimo 1.5 BlueHDI de 130 cv, segundo a Peugeot equipado com uma tecnologia de pistões oriunda do 908 que venceu as 24 Horas de Le Mans, o que ajudará a justificar um ganho de potência de 10 cv e uma redução do consumo na casa dos 4-6%, assim como uma sensação de condução próxima da oferecida por um motor a gasolina, graças à sua superior capacidade para funcionar em pleno a alto regime.
As mais dotadas opções a gasóleo continuam a ser asseguradas por blocos de 2,0 litros de capacidade. Mas enquanto o 2.0 BlueHDi de 150 cv não apresenta alterações de maior face ao conhecido do actual modelo, o 2.0 BlueHDI de 180 cv cumpre já a legislação ambiental prevista para Setembro deste ano, e até para 2020, mercê de novos sistemas antipoluição, como o catalisador de redução SCR e o filtro de partículas colocados mais perto do motor. No início de comercialização, terá acoplada em exclusivo a caixa automática de seis velocidades (opcional para o 2.0 BlueHDi de 150 cv), mas em 2018 irá estrear a variante de oito relações, 2 kg mais leve, desta transmissão desenvolvida com conjunto com os japoneses da Aisin, capaz de executar a função start/stop até aos 20 km/h, e de garantir uma redução dos consumos de 7%.
Uma questão de desempenho
A primeira oportunidade para conduzir o novel 308, em terras da Baviera, não podia deixar de ser aproveitada para pôr à prova essa nova versão 1.5 BlueHDi de 130 cv, tanto mais pela receptividade que se antevê que esta venha a ter no mercado português. Como em termos de chassi o modelo não foi sujeito a modificações dignas de nota, o desempenho dinâmico continua a ser (e ainda bem!) o que se conhece, fazendo pleno jus à escola francesa neste particular – que é o mesmo que dizer que o seu principal atributo nesta matéria será, porventura, a forma extremamente feliz como conjuga uma apreciável eficácia com um elevado conforto em todas as circunstâncias, daí resultando uma condução deveras fácil e agradável.
O novo motor, esse, mereceu nota positiva nesta sua primeira (e breve) avaliação. Com uma suavidade e um silêncio de funcionamento dignos de registo, assim que atinge a sua temperatura ideal de funcionamento, oferece ainda uma resposta pronta a baixo regime, uma grande disponibilidade a média rotação, e um surpreendente fulgor já para além do que é habitual num propulsor diesel, sendo perfeitamente utilizável até às 4.500 rpm. A caixa de seis velocidades, precisa, suave e rápida q.b., é outros dos factores que contribuem para prestações bem interessantes e consumos a condizer.
Uma questão de estratégia
Para impor o renovado 308 no mercado português, e dando seguimento à tal aposta nas versões a gasolina, a filial lusa da Peugeot definiu uma estratégia comercial que permite manter, quando não reforçar, a competitividade que lhe tem sido (re)conhecida. Primeira nota: a substituição da antiga série especial Style pelo novo nível de equipamento. Segunda nota: a baixa de preços das variantes a gasolina, mesmo quando o equipamento de série foi reforçado por comparação com o oferecido pelo modelo ainda em comercialização.
Assim sendo, os 308 com nível de equipamento Access sofrem um aumento de preço de 200€ quando animados por motores a gasóleo, e uma redução de 760€ se movidos por motores a gasolina. No nível de equipamento Active, por se prever venha a ser o mais popular em Portugal, os preços das versões a gasóleo mantêm-se, e os das versões a gasolina baixam 260€ – passando o ecrã de 9,7” e a função Mirror Screen a integrar o equipamento de série. No caso do Allure, os bancos em pele em tecido, as jantes em liga de 17” e a navegação 3D com Connect Box foram acrescentados ao equipamento de série, com os preços a aumentarem 200€ nas versões a gasóleo, mas baixando 760€ nas variantes a gasolina. Passando aos sempre muito procurados 308 GT Line, custam mais 400€ com motor diesel e menos 760€ com motor a gasolina, tendo o seu equipamento de série sido reforçado com a introdução da navegação 3D com Connect Box. O mesmo acontece, por fim, com o nível GT, que vê o seu preço aumentar 400€ com motor diesel.
No que toca a valores concretos referentes à oferta a gasolina, o 308 1.2 PureTech estará disponível a partir de 23.950€ com o nível de equipamento Access e o 1.2 PureTech desde 25.050€ com nível de equipamento Active (desde 28.710€ com caixa automática e equipamento Allure). O 1.6 THP de 205 cv é sempre combinado com o nível GT e custa 34.290€, ao passo que o 308 GTi de 270 cv orça em 42.050€ (baixa 400€) e passa a propor uma nova pintura bicolor azul e preta para a carroçaria.
Passando aos diesel, o 1.5 BlueHDI de 130 cv, por só chegar em Novembro, não tem ainda preços definidos, mas é de prever que não se afastem assim tanto dos praticados pela variante de 120 cv. Para já, a partir de Setembro, a versão 1.6 BlueHDI de 100 cv será proposta a partir de 25.740€ com o nível de equipamento Access, e de 26.830€ com motor 1.6 BlueHDI de 120 cv e equipamento Access. O mais acessível dos 308 2.0 BlueHDI de 150 cv será disponibilizado desde 36.300€ com nível de equipamento Allure (37.810€ com caixa automática), o 2.0 BlueHDI de 180 cv continuará a ser proposto em exclusivo com o nível de equipamento GT e custará 42.240€ (por definir está o seu preço quando, no próximo ano, receber a nova caixa automática de oito relações).
Resta referir que a estes valores há que acrescentar entre cerca de 950€ e 1.200€, em função das versões e níveis de equipamento, se a opção recair sobre a carrinha SW (todos os preços aqui).
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