desilusão

Recompra. O próprio nome é esquisito. E sem sentido: porque nada, nestes negócios, implica uma segunda compra pelo mesmo clube. Não. Vender um jogador e, por escrito, deixar um acordo assinado de quem vende tem prioridade sobre o futebolista caso o pretenda reaver é uma cláusula. Ponto final. E o parágrafo? Veio do Belenenses, que carregou na tecla enter e criou um espaço entre Miguel Rosa e Deyverson e o dérbi que, no sábado, houve no Estádio da Luz.

Rui Pedro Soares garantiu-o. O extremo e o avançado, que vestidos de azul, esta época, escreveram 11 dos 15 golos da equipa do Restelo na liga, ambos ex-jogadores do Benfica, não calçaram as chuteiras para defrontarem quem jogava de encarnado. A SAD do Belenenses não quis. Porquê? O presidente tentou justificá-lo. Mas não o fez, quando pegou no telefone, ligou à RTP Informação e revelou apenas que o Benfica detém “cláusulas de recompra” de ambos os jogadores.

A equipa do Restelo perdeu. O 3-0 não engana. E talvez continuasse a não enganar se Miguel Rosa e Deyverson tivessem estado pelo relvado. O problema: não estiveram, pelo que se sabe, porque o Belenenses não queria que fizessem mal ao clube que, talvez um dia, os possa querer de volta e acender um negócio que dê lucro aos azuis. E, assim, tirou do dérbi dois homens que têm dado muito nas vistas e escondeu-os do jogo que atrai milhares olhos de adeptos que, quiçá, não estão atentos ao que o Belenenses (ou qualquer outra equipa) faz quando não partilha campo com um dos três grandes.

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Rui Pedro Soares ainda questionou: “E se algum tivesse sido expulso ou falhado uma grande penalidade?” Normal, como qualquer outra altura da partida. Afinal, ser profissional é jogar e suar pela camisola que se tem vestida. E não pela que, alguma dia, se pode vir a vestir. O artigo 52.º do Regulamento das Competições da Liga do Clubes diz que “são nulas e de nenhum efeito” cláusulas que afetem jogadores cedidos ou emprestados. Ou seja, nem é este o caso. O Benfica, segundo o presidente azul, nem sequer contactou o Belenenses. Portanto, que razões houve para isto acontecer? Até agora, não se sabe.

O que se sabe é que há exemplos de jogadores emprestados que, profissionais, jogam contra o clube que lhes paga o salário. Tozé, há semanas, marcou um penálti pelo Estoril contra o FC Porto, que o emprestou aos canarinhos. A época passada, João Mário segurou e guiou as rédeas do Vitória que encravou o Sporting em Setúbal. Há duas temporadas, Hugo Vieira, emprestado pelo Benfica, foi titular pelo Gil Vicente na Luz. Lembrando isto e com tantos outros casos por lembrar, ainda se percebe menos. Agora é esperar que a lengalenga não se repita quando, na segunda volta, o Belenenses receber o Benfica.

destaque

Eram nove. Nove os jogos consecutivos que o Paços de Ferreira levava sem chegar ao final de um jogo no prato mais pesado da balança. O que acaba em baixo. E agora, aconteceu. E no 42.º encontro no campeonato com Paulo Fonseca a dar ordens, uma novidade, das grandes — a equipa foi derrotada por alguém além do FC Porto e Benfica. Sim, o treinador nunca perdera contra mais ninguém. E o feito coube ao Moreirense.

Ao organizado, astuto e certinho Moreirense que Miguel Leal tem montado. Ele que recebeu o Paços, venceu por 2-0 e mostra que o 9.º posto até parece ser pouco para uma equipa que subiu esta época à primeira liga. Mas que bate o pé a muita gente. Longe dali, sete meses e alguns dias depois, Lima voltou a marcar um golo de bola corrida no Estádio da Luz (o último fora contra a Juventus, em abril, na Liga Europa).

E depois há Jackson. O Martínez, o colombiano de pernas fininhas e corpázio de avançado, em 12 jornadas, já tem dez golos na sua companhia: os mesmos que tinha das duas épocas anteriores. Mas vai com 17 em todas as competições, o melhor arranque de sempre. É um monstro. Um que, agora, é servido por uma equipa formatada para passar, passar e passar a bola, rodá-la ao máximo, mas sempre com um só destino: Jackson. Ele agradece. E esta jornada teve de dizer dois obrigados pelo par de golos que marcou à Académica, em Coimbra.

frase

“Com eles ou sem eles, o Benfica ganhava na mesma.” Talvez. É possível, como qualquer resultado. Mas uma coisa é certa: Jorge Jesus nunca o poderia saber. Nunca. Com Miguel Rosa e Deyverson o Belenenses seria diferente. Como seria caso algum nome mudasse no xadrez dos 11 que Lito Vidigal escolheu para estarem no relvado. Confiança, após se vencer por 3-0, foi coisa que Jesus revelou. Mas era escusado afirmar tal coisa quando nem ele, nem ninguém, tem a certeza de que tal seria verdade.

resultados

Boavista 1-3 Sporting
Rio Ave 0-0 Gil Vicente
Benfica 3-0 Belenenses
Estoril Praia 1-0 Vitória de Setúbal
Académica 0-3FC Porto
Arouca 0-1 Penafiel
Moreirense2-0 Paços de Ferreira
Sporting de Braga 0-0Vitória de Guimarães
* o dérbi da Madeira, o Nacional-Marítimo, joga-se a partir das 20h desta segunda-feira.

Mais de dois meses passaram e o Penafiel voltou a ganhar (já não o conseguia desde a primeira jornada, a 20 de setembro). Já ao Estoril, pela primeira vez, 90 minutos de futebol passaram sem que a equipa de José Couceiro sofresse um golo. E golos foi algo que também não se viu em Braga, no dérbi minhoto que terminou em nulo, mas deu três expulsões ao jogo. Este empate permitiu que a vitória do Sporting no Bessa atirasse os leões para o quarto lugar, a encurtando para quatro os pontos que os separam do Vitória de Guimarães.

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