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Morreu o jornalista Pedro Rolo Duarte

Este artigo tem mais de 5 anos

O jornalista e radialista Pedro Rolo Duarte morreu esta manhã de sexta-feira, no Hospital da Luz, em Lisboa. Estava internado na unidade de cuidados paliativos desde quarta-feira. Tinha 53 anos.

Pedro Rolo Duarte tinha 53 anos
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Pedro Rolo Duarte tinha 53 anos

Reinaldo Rodrigues

Pedro Rolo Duarte tinha 53 anos

Reinaldo Rodrigues

O jornalista e radialista Pedro Rolo Duarte morreu ao princípio da manhã desta sexta-feira, no Hospital da Luz, em Lisboa.

A notícia foi confirmada ao Observador por fonte daquele hospital, onde o jornalista foi internado esta quarta-feira, na unidade de cuidados paliativos. Antes de ter sido internado no Hospital da Luz, esteve no Hospital Beatriz Ângelo, de Loures.

Pedro Rolo Duarte, filho dos jornalistas António Rolo Duarte e Maria João Duarte, morreu com 53 anos. Deixa um filho, de 21 anos.

Fonte próxima da família adiantou ao Observador que o jornalista morreu de cancro.

[Recorde neste vídeo o jornalista a contar uma história sobre a verdade, a propósito do “programa da montra” na RTP]

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Ao longo da sua carreira, Pedro Rolo Duarte destacou-se na área da cultura e na edição de revistas. Foi fundador do semanário Independente, onde editou a revista Vida 3. Foi diretor-adjunto do jornal cultural Se7e e fundou a revista K, da qual viria a ser editor-geral. Dali, transitou para a Visão, onde desempenhou o mesmo cargo. De seguida, fundou e dirigiu a revista DNA, suplemento do Diário de Notícias, que foi um dos seus projetos com maior longevidade na imprensa, entre 1996 a 2006. Também foi sub-diretor do Diário de Notícias entre 2004 e 2005.

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Pedro Rolo Duarte fundou a revista K, com Miguel Esteves Cardoso

O seu percurso na rádio e na televisão também era conhecido. Apresentou o programa de entrevistas “Falatório”, na RTP2, entre 1996 e 1997. Para este programa, entrevistou o médico João Lobo Antunes, a socióloga Maria Filomena Mónica e também Pedro Passos Coelho, à altura líder da JSD.

[Entrevista de Pedro Rolo Duarte ao médico João Lobo Antunes, no programa Falatório]

O seu último programa televisivo foi o “Central Parque”, na RTP3, que apresentava em conjunto com a jornalista Joana Stichini Vilela. Começou em 2015 e terminou no ano seguinte.

Atualmente, Pedro Rolo Duarte mantinha o programa de rádio “Hotel Babilónia”, da Antena 1, com o jornalista João Gobern.

Ao longo da sua carreira, também escreveu quatro livros: Noites em Branco (1999), Sozinho em Casa (2002), 1001 Ideias Para as Suas Mensagens Escritas (2003) e FUMO – Deixar de Fumar é Lixado (2007).

Pedro Rolo Duarte mantinha ainda um blogue em nome próprio. O último post data de 5 de novembro deste ano, onde falava sobre o caso de Manuel Maria Carrilho e Bárbara Guimarães e do tratamento mediático que este mereceu. O título, “Saber pedir desculpa”, era dirigido precisamente aos media.

Filho dos jornalistas António Rolo Duarte e Maria João Duarte, começou a trabalhar jovem, aos 17 anos. Numa entrevista recente, quando lhe perguntaram se podia ter mudado alguma coisa na sua vida, respondeu: “Não teria sido adulto tão cedo. Comecei a trabalhar com 17 anos, mas foi porque quis. Tudo o que fazemos tem a ver com as circunstâncias e com a nossa idade, por isso eu podia dizer: ‘Se soubesse o que sei hoje’. Mas quando somos mais novos somos precipitados pela natureza dos factos. Por isso é difícil colocar-me na cabeça de quando tinha 20”.

No Questionário Proust do Jornal de Negócios, da jornalista Anabela Mota Ribeiro, respondeu à pergunta “como gostaria de morrer?” da seguinte maneira: “Depressa e bem, apesar do ditado dizer que ‘não há quem'”.

“Isso não vai acontecer, pois não?”, escreveu Miguel Esteves Cardoso na terça-feira

Ainda esta terça-feira, Miguel Esteves Cardoso, com quem Pedro Rolo Duarte fundou o semanário Independente e a revista K, dedicou a sua coluna diária no jornal Público ao amigo e colega.

“Isso não vai acontecer, pois não? Fica-te com estas, quentes e boas, ao contrário das castanhas geladas e más que não interessam a ninguém. Considera-te surpreendido, velho amigo. Foste apanhado. Diz qualquer coisa, sacana”, escreveu o colunista do jornal Público.

O ex-jornalista Manuel Falcão, que trabalhou com Pedro Rolo Duarte no Se7e, Independente e na K, diz que não se vai esquecer da “criatividade” do amigo e colega. “A coisa melhor do Pedro era a enorme imaginação. Nas situações mais complicadas conseguia sempre sair com alguma coisa fora da caixa. Foi essa capacidade de saltar das convenções que o diferenciava”, disse. Manuel Falcão recorda os “tantos” concertos que viram juntos e os “tantos” projetos onde trabalharam. Manuel Falcão lembra um “grande amigo sempre a querer ajudar no que fosse possível” e o “entusiasmo” que o caracterizava.

Sónia Morais Santos, jornalista que trabalhou com Pedro Rolo Duarte na revista DNA, e autora blogue “Cocó na Fralda”, recorda o jornalista como “uma das pessoas mais importantes” da sua vida — tanto que o escolheu para ser seu padrinho de casamento. “É um talento que se perde. Uma pessoa com capacidade incrível de criar”, disse ao Observador.

O jornalista João Gobern recorda o seu “melhor amigo” durante 35 anos e alguém com quem lhe deu “um enorme prazer trabalhar”, relembrando o programa de rádio “Hotel Babilónia”, da Antena 1, como uma das suas “melhores memórias profissionais. Gobern conta que muitas vezes, Pedro Rolo Duarte estava no estúdio em Lisboa e ele estava no porto mas “as pessoas estavam convencidas que estávamos no mesmo sítio”, tal era a cumplicidade: “Não havia atropelos nem brancas”. Gobern não esquece as “manifestações de carinho e ajudas” que lhe foi prestando” nem algumas criações de Pedro “que merecem ser destacadas”, referindo-se à revista DNA, suplemento do Diário de Notícias, e a revista do jornal “i” que editou. Destacando também a sua criatividade, Gobern lamenta que Pedro Rolo Duarte não tivesse sido mantido em lugares de chefia e direção. “Acabou por ser uma bocadinho subavaliado”, admite.

Gobern recordou uma história de Pedro Rolo Duarte, numa altura em que andava “mais atiçado, mais acesso” e escreveu uma crítica que envolvia a Teresa Guilherme. “Poucos dias depois, fomos a uma concerto na Aula Magna em que estava a Teresa. Ele dizia muitas vezes: «Ainda bem que tinha levado o guarda-chuva».

Marcelo Rebelo de Sousa recorda “nome forte que deixou marcas”

O site da Presidência da República emitiu uma nota onde Marcelo Rebelo de Sousa destaca “uma longa e frutífera carreira que envolveu o Jornalismo e o comentário na Rádio, na Televisão e nos jornais”, referindo que Pedro Rolo Duarte “contribuiu para a evolução e modernidade de comunicação social portuguesa” e que foi “um nome forte, que deixou marcas”.

O escritor, editor e ex-secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, reagiu à notícia no Twittter. “Isto é tão absurdo”, escreveu.

“O Pedro Rolo Duarte era um dos melhores e, sina destes tristes dias, estamos a perder os melhores”, escreveu o ex-diretor de informação da RTP, Nuno Santos, na sua conta de Facebook. “Nos últimos anos falava-me às vezes por causa do meu ‘exílio’ — também teve o dele, doutra forma — e falávamos dos filhos, o do Pedro já homem, julgo que anda agora em Manchester a honrar a tradição do nome Rolo Duarte.”

O jornalista da TSF Carlos Vaz Marques escreveu no Facebook que foi Pedro Rolo Duarte que o fez regressar à imprensa escrita, ao publicar algumas das suas entrevistas na revista DNA. “Poucas vezes nos encontrámos, para lá de circunstâncias sociais episódicas. A minha colaboração era à distância, por email. Almoçámos juntos duas vezes. Na primeira, para o convidar a prefaciar o primeiro livro de entrevistas que publiquei, boa parte delas editadas por ele no DNa. Da segunda vez, para lhe dar um exemplar desse livro publicado pela Relógio d’Água, com uma generosa introdução assinada por ele”, escreveu o moderador do programa Governo Sombra.

“Ontem não percebi a crónica que o Miguel Esteves Cardoso escreveu no Público. Entendo-a hoje de forma trágica. Só posso dizer que estou triste. Não sei dizer mais nada. O Pedro era (maldito tempo verbal) da minha idade”, rematou.

O humorista Nilton também recordou Pedro Rolo Duarte através das redes sociais, onde escreveu um texto sobre o jornalista e partilhou uma fotografia com ele. Relembrou uma entrevista que gravou para a EDP TV depois do verão. Na altura, Pedro Rolo Duarte disse-lhe que “esteve doente mas que se tinha livrado ‘daquilo’ e que era a primeira entrevista que fazia depois da doença”.

“Recebi a notícia e vim escrever isto. Talvez porque foi pela escrita que o conheci. Caraças para esta doença”, escreveu ainda o humorista.

Ministro da Cultura: Rolo Duarte foi “um dos mais destacados jornalistas da sua geração”

Em comunicado, Luís Filipe de Castro Mendes lamentou “profundamente” a morte de Rolo Duarte, que descreveu como “um dos mais destacados jornalistas da sua geração, sobretudo na imprensa escrita, mas também na rádio e na televisão”. “Dedicou grande parte do seu trabalho a importantes suplementos culturais, como o Jornal Sete e as revistas Vida, K e DNA, que ajudou a fundar”, afirmou o ministro da Cultura.

Considerando que Rolo Duarte “nunca deixou de manifestar livre e ativamente as suas opiniões, acompanhando criticamente as mudanças da sociedade contemporânea”, Luís Filipe Castro Mendes considerou que o jornalista nos convidou “a refletir e a interrogar o país com apontamentos de ironia, mas também de profunda esperança”.

(Notícia em atualização)

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