A manhã de Redouane Lakdim começou de forma aparentemente tranquila. Levantou-se, vestiu-se e foi levar a sua irmã mais nova à escola, como testemunharam os seus vizinhos ao Le Parisien. Horas mais tarde, entrou no supermercado, fez vários reféns e levou a cabo o ataque terrorista que culminaria na morte de três pessoas. O próprio seria abatido pela polícia não sem antes ferir mais cinco pessoas.

Redouane Lakdim tinha 26 anos. Nasceu a 11 de abril de 1982 em Marrocos e vivia com os pais e as várias irmãs na cidade fortificada de Carcassone (Aude), uma das três localidades mais visitadas em França. A casa onde viviam foi já alvo de rusgas, depois de se conhecer a sua identidade.

As autoridades conheciam-no mas não havia motivos para se suspeitar de que os seus crimes pudessem escalar, como já disse o ministro do Interior francês, Gérad Collomb. Pequenos furtos e ligações ao tráfico de estupefacientes era o que se via no seu cadastro.

[Veja no vídeo como um militar salvou os reféns e se tornou no novo herói de França]

Os vizinhos estavam longe de imaginar que o jovem pudesse levar a cabo um atentado. Sob anonimato, um deles que garantiu ao Le Parisien conhecer bem a família, disse que Lakdim era “calmo, simpático, e tinha sempre uma palavra amável para dizer”. A mesma fonte recorda que frequentava regularmente a mesquita daquela zona.

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O mesmo jornal francês, no seu site online, diz que o jovem de 26 anos era muito ativo em sites salafistas — movimento ortodoxo ultraconservador dentro do islamismo sunita — e que terá feito recentemente uma viagem à Síria, informação ainda não confirmada pelas autoridades.

Durante o atentado, as testemunhas sequestradas ouviram-no reivindicar a sua ligação ao Estado Islâmico. Terá também gritado “Allah Akbar” (Alá é grande). Segundo o ministro do Interior francês, terá também pedido a libertação de Salah Abdeslam, o único sobrevivente dos ataques de 14 de novembro de 2015 em Paris. O Estado Islâmico reivindicou entretanto o atentado.

Atirador já tinha sido condenado duas vezes por posse de armas e tráfico de droga

Ao final da tarde, o procurador do Ministério Público, François Molins, anunciou que Lakdim já tinha sido detido várias vezes. Em 2011, foi condenado a um mês de pena suspensa por porte de armas e em 2015 passou um mês na cadeia por tráfico de estupefacientes.

Entre 2016 e 2017 foi vigiado pelos serviços de inteligência franceses mas não havia indícios de que houvesse uma passagem efectiva a atos de agressão.