António Guterres não diz que sim, mas chama a si a decisão do futuro, que é como quem diz, não fecha a porta a uma possível candidatura à Presidência da República. O alto comissário para os refugiados está a ver o seu mandato prorrogado até dezembro, o que dificulta uma candidatura presidencial, mas não quer que essa porta se feche.

Em declarações aos Expresso, o ex-primeiro-ministro explica que o prolongamento do mandato à frente do Alto Comissariado para o Refugiados (ACNUR) “é uma questão técnica que Nova Iorque está a analisar” e remata, não fechando a porta: “Independentemente da interpretação que vingar, eu sou sempre livre de decidir a minha vida. Tudo isto é, portanto, muita parra pouca uva”.

A ONU está a analisar a prorrogação do mandato de António Guterres no ACNUR para o final do ano, quando este devia terminar em junho, como avançou na sexta-feira o semanário Sol. Tudo porque António Guterres entrou mais cedo no ACNUR, depois da demissão do antecessor, Ruud Lubbers, na sequência de um escândalo de assédio sexual.

A verdade é que se o mandato for mesmo prolongado, se Guterres quiser candidatar-se à Presidência da República fica com o calendário apertado. As eleições presidenciais são em janeiro de 2016 e no final do verão espera-se que os candidatos já estejam no terreno.

Uma eventual candidatura à Presidência da República esbarra no entanto com outra ambição que lhe é apontada: a de ser candidato a secretário-geral da ONU, substituindo Ban Ki Moon.

Certo é que para já, Guterres prefere manter o tabu sobre o que quer fazer ao seu futuro político, deixando a direção do PS sem saber o que esperar para as eleições presidenciais. Ontem, o líder parlamentar socialista admitiu ao Observador que tinha sido informado que o mandato de Guterres iria ser prolongado, mas admitiu que há “várias” personalidades à esquerda que podem dar bons candidatos presidenciais.

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