Porque a passagem de ano é vista como uma fronteira, há quem aproveite a ocasião para fazer resoluções de ano novo, quer se trate de uma lista rasurada no habitual bloco de papel ou de ideias dispersas e pensadas por alto. “Há uma tendência para se fazer um balanço do que se conquistou e do que não se alcançou, traçando objetivos como que coordenadas para os 12 meses seguintes”, explicava Filipa Jardim da Silva, psicóloga clínica na Oficina de Psicologia, ao Observador no fim do ano. Mas agora que 2015 já arrancou, fica a pergunta: caso seja uma das pessoas que definiu tais metas, será que as está a cumprir?

Segundo um estudo da Showroomprive, divulgado esta segunda-feira, os principais desejos do público feminino português para este ano passam por poupar dinheiro (28,2%), encontrar trabalho ou mudar de emprego (18,5%), comprar uma casa (11,6%), perder peso (10,2%), ter filhos (9,3%) e encontrar um companheiro (3,7%) — o inquérito realizado teve em conta uma amostra de 500 mulheres. Mas será que estes desejos já foram concretizados?

Talvez não tenha eleito as melhores decisões ou se tenha esquecido de escolher uma estratégia com êxito. Eis sete motivos porque poderá não cumprir as resoluções de ano novo, segundo um artigo publicado no site Vox. E saiba o que pode mudar para a próxima passagem de ano.

1. É provável que não tenha escolhido objetivos com os quais realmente se preocupa. 
É preciso começar o desafio proposto com um forte desejo em cumprir as resoluções, caso contrário não será possível manter a motivação. De acordo com Piers Steel, um dos principais investigadores, tendo em conta a ciência da motivação e da procrastinação, o facto de acreditarmos que o nosso objetivo é valioso (e que alcançá-lo vai tornar a nossa vida melhor) é um fator crucial para continuar motivado.

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2. Se calhar escolheu um objetivo que não é realista. 
Também segundo Piers Steel, cujo modelo de motivação baseia-se em décadas de pesquisa, é muito importante acreditar que vai conseguir cumprir o objetivo. Isso não significa que deva considerar metas fáceis de alcançar, até porque a maior parte das coisas que valem a pena fazer são aquelas que provocam o desafio. O objetivo em questão deve ser algo que, realisticamente falando, se vê a cumprir com muito trabalho à mistura.

3. Não associou ações práticas aos objetivos que quer cumprir, certo?
Implementar intenções, no sentido de associar pequenas ações aos objetivos em questão. Um exemplo? À ideia que vai sair de casa depois do trabalho junte a intenção de calçar os ténis de correr. Para que isto funcione — diz a Vox que há cerca de 100 estudos que confirmam que as pessoas que agem desta forma têm mais probabilidade de alcançar as metas propostas — as pequenas ações têm de ser específicas e óbvias.

4. Talvez não tenha mudado o seu ambiente.
Uma maneira mais eficaz de mudar os hábitos é mudar o ambiente. Se puder configurar o seu ambiente de forma a que o comportamento desejado lhe seja mais natural ou fácil, é provável que o objetivo em questão seja muito mais facilmente cumprido.

5. Pergunte a si próprio: “O quão surpreendido vou ficar se falhar as resoluções?”
Segundo um workshop realizado pela autora do artigo publicado no site Vox no Center for Applied Rationality (CFAR), a surpresa perante o facto de falhar é um indicador do quão sólido é o plano em questão — se a resposta não implicar surpresa, então o mais certo é o plano ter algumas falhas.

6. Identificou os motivos porque poderá falhar?
Gabriele Oettingen, psicóloga na Universidade de Nova Iorque, sugere que a chave é antecipar de que formas concretas poderá falhar. Oettingen e os seus colegas levaram a cabo vários estudos usando uma técnica chamada “contraste mental”. Se numa primeira etapa se define um objetivo e se considera os motivos porque o queremos cumprir, de seguida debruçamo-nos sobre os possíveis obstáculos que podemos encontrar pelo caminho. As pessoas que usam esta técnica para identificar um possível falhanço futuro estão duas vezes mais propensas a seguir em frente com as resoluções.

7. Está a confirmar os progressos (ou a falta deles)?
Uma das características mais difíceis das resoluções de novo ano é que são feitas uma vez por ano, pelo que o melhor é ir confirmando qual o ponto de situação, considerando se há progresso, se há algo que pode ser feito para melhorar e se o objetivo proposto é algo com quem realmente está preocupado/a.