A venda da PT Portugal aos franceses da Altice foi aprovada por 97,8% dos votos a favor, numa das assembleias gerais menos participadas da história da Portugal Telecom SGPS. Apesar da maioria expressiva, só 2,19% dos votos foram contrários, na assembleia estiveram representados apenas 44% do capital da operadora.

Foi a participação mais baixa dos acionistas de que há registo no site da empresa – ou seja, pelo menos desde abril de 2004. A decisão mais importante da vida da empresa foi aprovada na assembleia menos participada em mais de dez anos. Considerando que a Oi foi impedida de votar, apenas 34% do capital votou. O que significa que a alienação da PT Portugal foi aprovada por 32% dos direitos de voto da PT SGPS, menos de um terço do total.

Estiveram presentes 398 acionistas que representaram 548444 votos. Registaram-se apenas 11374 votos contra. O número de abstenções foi residual.

O Novo Banco votou também favoravelmente a venda, tal como os outros acionistas de referência portugueses: Ongoing, Controlinveste e Visabeira. A Oi, apesar de representada ao mais alto nível pelo seu presidente, Bayard De Gontijo, foi impedida de votar devido a um conflito de interesses, uma vez que a proposta de venda era sua.

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O sucessor de Zeinal Bava respondeu a várias perguntas de pequenos acionistas, procurando justificar a alienação por 7400 milhões de euros da PT Portugal ao grupo francês Altice. O encaixe vai para a Oi, a operadora brasileira que integrou a operação portuguesa em maio de 2014.

Os acionistas da PT SGPS só indiretamente podem vir a beneficiar do negócio, já que a empresa portuguesa é a maior acionista da operadora brasileira. Tudo depende dos resultados da aposta da Oi na consolidação do mercado brasileiro. Quanto mais se valorizar a empresa brasileira, mais têm a ganhar a PT SGPS e os seus acionistas.

Este é aliás praticamente o único ativo da PT SGPS, a par com o buraco de 897 milhões de euros resultante da aplicação na Rioforte. Do lado da Oi ficam ainda outros ativos que faziam parte da antiga PT, designadamente a participação na operadora angolana Unitel, e também a dívida da empresa portuguesa que não passa para a Altice. Já as responsabilidades com os trabalhadores e pensionistas da empresa portuguesa terão que ser assumidas pelo novo dono da PT Portugal. A expectativa é que esta operação fique concluída no primeiro semestre do ano.

Na assembleia geral estiveram ausentes grande parte dos investidores institucionais e financeiros da empresa. Não há registo da presença do Instituto da Segurança Social que controla 2,28% do capital da operadora. Apesar de dezenas de pedidos de esclarecimento pedidos à administração da empresa, os pequenos acionistas entraram já para assembleia com a convicção de que o voto favorável estava garantido. Alguns saíram antes de serem conhecidos os resultados da votação.

Bayard De Gontijo foi um dos primeiros a sair da sala, manifestando-se satisfeito com o resultado da votação. Já Nuno Vasconcelos, presidente da Ongoing, manifestou tristeza pela aprovação da venda, apesar do voto favorável. Nuno Vasconcellos, presidente da Ongoing, manifestou tristeza pela aprovação da venda da PT Portugal. Depois de horas de prestação de esclarecimentos, quase quatro, a votação acabou por durar poucos minutos.

Só acionistas com pelo menos 0,5% podem tentar travar decisão de venda

O sindicato dos trabalhadores do Grupo PT acabou por não apresentar novo pedido de suspensão da assembleia, que já tinha sido suspensa no dia 12 de janeiro, mas ameaça impugnar os resultados desta assembleia. De acordo com o Código de Valores Mobiliários, só um acionista com pelo menos 0,5% do capital de uma empresa cotada pode avançar com uma providência cautelar a pedir a suspensão da deliberação da assembleia geral que aprovou a venda da PT Portugal.