O Correntes d’Escritas celebra 20 anos de existência, e data que não podia passar em branco. O programa do mais antigo festival literário do país, que desde 2000 se realiza na Póvoa de Varzim, é o maior de sempre — inclui mais de 140 participantes, de 20 países diferentes, muitos deles galardoados com importantes prémios literários como o Cervantes ou o Camões. Arranca a 16 de fevereiro e prolonga-se até 27, ocupando vários lugares e espaços da localidade. Pelo meio, será entregue o prémio literário Correntes d’Escritas.
Apesar de começar no dia 16, a abertura oficial do evento só vai acontecer a 19, terça-feira. Esta contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, foi revelado esta quinta-feira na apresentação do programa, no Cine-Teatro Garrett, o núcleo central do Correntes d’Escritas. Depois disso, e ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, serão anunciados os vencedores dos quatro prémios literários do festival: o Casino da Póvoa, o Correntes d’Escritas Papelaria Locus, o Conto Infantil Ilustrado e o Fundação Dr. Luís Rainha.
Destes, o mais importante é sem dúvida o Prémio Casino da Póvoa, que este ano será entregue a um livro de poesia. O galardão destina-se a premiar anualmente a uma obra em língua portuguesa, editada em Portugal, e escrita por um autor de língua portuguesa ou castelhana/hispânica. É atribuído nos anos pares a uma novela ou romance e nos anos ímpares a poesia. No ano passado, o vencedor foi o romance A forma das ruínas, do columbiano Juan Gabriel Vásquez.
Este ano estão, segundo a organização, 45 livros a concurso. Os finalistas vão ser apresentados em breve e o grande vencedor vai ser decidido numa última reunião do júri, marcada para as 21h30 de 18 de fevereiro. Os jurados deste ano são Almeida Faria, Ana Paula Tavares, José António Gomes, Maria Quintans e Marta Bernardes.
No que diz respeito aos restantes prémios, o Correntes d’Escritas Papelaria Locus é atribuído todos os anos a um conto ou poema inéditos de um jovem entre os 15 e os 18 anos. Já o Prémio Literário Conto Infantil Ilustrado Correntes d’Escritas Porto Editora destina-se, como o próprio nome indica, a um conto infantil ilustrado inédito escrito por um aluno que frequente o 4.º ano de escolaridade, enquanto o Prémio Literário Fundação Dr. Luís Rainha tem como objetivo premiar uma obra (romance, conto ou poesia) nunca antes publicada sobre a Póvoa de Varzim.
Conferência de abertura a cargo do presidente de Cabo Verde. Sergio Ramírez e Germano Almeida entre os convidados
A conferência de abertura vai acontecer no mesmo dia, da parte da tarde. Esta vai estar a cargo de José Carlos Fonseca, presidente da Conferência de Estado e de Governo da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e presidente de Cabo Verde, e vai decorrer na sala principal do Cine-Teatro Garrett, no centro da Póvoa de Varzim.
Com o tema, “As Letras da Língua e a Mobilidade dos Criadores na CPLP”, que, segundo a organização “vai ao encontro do que Jorge Carlos Fonseca (…) tem afirmado como grande prioridade do seu mandato”, que termina em 2020, esta abordará a eventual realização de “um plano de mobilidade que permita a livre circulação de pessoas entre os nove países” da organização de países da língua portuguesa.
“Jorge Carlos Fonseca defende que a CPLP deve ser uma comunidade de povos e cidadãos e não apenas uma comunidade de Estados-membros. Neste contexto, também os agentes culturais dos nove países que integram a CPLP poderiam estreitar ainda mais os laços que os unem”, referiu o festival em comunicado.
O presidente de Cabo Verde, que também é escritor, vai aproveitar a passagem pela Póvoa de Varzim para apresentar o seu mais recente livro, A Sedutora Tinta das Minhas Noutes, publicado pela editora Rosa de Porcela. O lançamento vai acontecer pelas 16h30, logo depois da conferência de abertura e antes da primeira conversa do Correntes d’Escritas: “A cultura é cara, a incultura é mais cara ainda”, com Guilherme d’Oliveira Martins e José Carlos de Vasconcelos.
Nas mesas redondas, eixo central da programação do festival, serão discutidos “reptos ou provocações” retirados “de livros finalistas dos Prémios Literários ou criados pela organização”. “Sempre como um desafio, como um jogo”, refere o comunicado do Correntes d’Escritas divulgado à comunicação social. Este ano, em jeito de celebração, voltarão a receber “um conjunto de personalidades que em edições anteriores participaram na conferência de abertura”, como Nélia Piñon ou Ignácio de Loyola Brandão. E o centenário de Sophia de Mello Breyner não será esquecido.
Entre os participantes da edição de 2019 do Correntes d’Escritas contam-se, entre outros, Ana Luísa Amaral, Hélia Correia, Manuel Jorge Marmelo, Juan Gabriel Vásquez, Valter Hugo Mãe, Ondjaki, o Prémio Cervantes Sergio Ramírez, e os Prémios Camões Arménio Vieira, Germano Almeida e Hélia Correia, Lídia Jorge. Itamar Vieira Junior, vencedor do Prémio Leya de 2018, também vai estar presente. O romance galardoado, Tordo Arado, vai ser publicado em fevereiro e vai ser apresentado no festival, no dia 22. O escritor brasileiro participará também numa mesa redonda no dia 19, intitulada “Tão nítido e preciso era o vazio”.
“Torto Arado”, romance vencedor do Prémio Leya, é publicado em fevereiro
Festival arranca dia 19 mas a festa começa a 16
Apesar de o festival só começar oficialmente na terça-feira, dia 19 de fevereiro, nos dias anteriores já haverá animação nas ruas da Póvoa de Varzim. No sábado, 16 de fevereiro, o Mercado Municipal vai encher-se de poesia; na segunda-feira, vai abrir-se a Feira do Livro, nas Galerias Euracini2, onde vão decorrer as exposições Identidades povoadas (com fotografias de Pedro Mesquita) e Vidas de Papel (retratos de AlexGozblayu), inauguradas no mesmo dia.
A primeira apresentação vai acontecer também na segunda-feira: pelas 17h, na Biblioteca Municipal, o fotógrafo Alfredo Cunha vai falar sobre o seu livro Retratos 1970 — 2018, na companhia da editora Bárbara Bulhosa. O lançamento vai acontecer na Biblioteca Municipal.