As negociações técnicas entre a Grécia e os representantes das instituições credoras “não estão a correr bem”, disseram ao The Wall Street Journal fontes próximas do processo. No Parlamento de Atenas, o primeiro-ministro Alexis Tsipras defendeu esta quarta-feira que a quinta avaliação do segundo resgate foi “cancelada” e que o que vale é o acordo obtido a 20 de fevereiro, um acordo que estendeu por quatro meses o acordo com a Grécia mas que fez depender a entrega de mais fundos do sucesso das negociações técnicas com Atenas. Tsipras garante que não se deixará “intimidar por ameaças”.

“Responsáveis eleitos vão negociar com responsáveis eleitos e os tecnocratas lidarão com tecnocratas”, afirmou esta quarta-feira Alexis Tsipras no Parlamento, consubstanciando a notícia desta manhã do The Wall Street Journal que citava fontes próximas da negociação técnica que diziam que “os gregos não estão a cooperar” e que os técnicos do BCE, FMI e Comissão Europeia não estão a conseguir ter acesso a dados importantes sobre as finanças do país.

No Parlamento, Tsipras garante está “aberto ao diálogo e a sugestões”, mas assegura que “não irá deitar burocratas ditarem medidas”. O primeiro-ministro grego pediu uma reunião com Angela Merkel, François Hollande, Jean-Claude Juncker e Mario Draghi para, à margem do Conselho Europeu de amanhã e sexta-feira, negociar com estes responsáveis uma solução para o impasse que subsiste.

A falta de progressos nestas negociações está a gerar grandes dúvidas sobre a forma como a Grécia irá conseguir superar a crise de financiamento que enfrenta, algo que Tsipras chama uma “pressão ao nível da liquidez”. O primeiro-ministro diz que não quer tratamento “especial”, apenas “tratamento igual” quando pede que o BCE aumente os limites ao financiamento da banca grega e aos montantes de dívida de curto prazo que aceita como garantia.

O Estado grego conseguiu esta quarta-feira obter 1.300 milhões de euros num leilão de dívida a três meses, com uma taxa a rondar os 2,7%, o que ilustra as dificuldades de tesouraria de um país que já está a recorrer aos fundos de pensões públicos para financiar o Estado.

Contrariando o que disse Yanis Varoufakis, ministro das Finanças, na sexta-feira, Alexis Tsipras garante que o seu governo está “determinado a cumprir os compromissos assumidos durante a campanha”. O Ministro das Finanças da Grécia disse em Itália que, a bem da “construção da confiança com os parceiros europeus”, o governo poderia adiar promessas eleitorais.

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