O PS exigiu ao Governo que “pare imediatamente” com o processo de privatização da TAP, alegando uma situação de “caos” na empresa e ausência de legitimidade política de um executivo em final de mandato.

Esta posição foi transmitida pelo coordenador da bancada socialista para as questões de economia, Rui Paulo Figueiredo, na Assembleia da República.

Perante os jornalistas, Rui Paulo Figueiredo também se demarcou do teor de algumas das reivindicações feitas pelo sindicato dos pilotos da TAP (que ameaça fazer greve entre 01 e 10 de maio), embora sempre ressalvando que o executivo estará a “esconder documentos” paralelos ao memorando assinado em dezembro.

“O problema da TAP está no processo de privatização e no Governo. É preciso parar o processo de privatização e é preciso mudar de Governo. O Governo não tem legitimidade política para o que está a fazer”, sustentou o deputado do PS, antes de acusar o atual executivo de ser “obcecado” com as privatizações em fase final de mandato, de ser “pouco transparente” e de não ter espírito de diálogo nem com os partidos da oposição nem com as estruturas sindicais.

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De acordo com o dirigente socialista, a TAP registou nos últimos cinco anos cerca de 200 milhões de lucros, reduziu o endividamento em cerca de 400 milhões de euros e teve “paz social”, mas a decisão do Governo de avançar com a privatização “lançou o caos na empresa”.

Em relação às divergências de fundo entre Governo e sindicatos da TAP, Rui Paulo Figueiredo disse estar-se perante casos de falta de transparência por parte do atual executivo, já que os partidos não tiveram até agora acesso a uma “side letter” – conjunto de documentos paralelos (não oficiais) ao memorando público de dezembro último.

“No processo de privatização da TAP, também não conhecemos os documentos complementares ao caderno de encargos, não conhecemos avaliações financeiras, não conhecemos estudos comparativos, ou seja, não conhecemos nada”, protestou o deputado do PS.

Questionado sobre as posições que têm sido assumidas pelo sindicato dos pilotos, que ameaça fazer uma greve de dez dias, Rui Paulo Figueiredo começou por dizer que o PS “não tem de comentar os argumentos” desse setor profissional.

“Naturalmente que há matérias em que nós não nos revemos. Não nos revemos na reivindicação de [20 por cento] capital social”, disse, a título de exemplo.

No entanto, para o PS, o que era “essencial passava por se conhecer mais” sobre o processo da TAP.

“Temos pedido há vários meses que gostaríamos de conhecer os documentos, porque o Governo esconde muitas coisas. Algum motivo o Governo terá para esconder, o que é uma atitude totalmente irresponsável”, acrescentou.