Dylann Roof, suspeito de ser o autor do tiroteio em Charleston (Carolina do Sul) foi detido em Shelby, cidade que faz parte do mesmo estado norte-americano. A informação é confirmada por Greg Mullen, chefe da polícia local. Roof foi capturado depois de um cidadão o ter denunciado às autoridades por “atividade suspeita”, avançam o Guardian e a BBC.

Greg Mullen diz que a cooperação entre todas as divisões da polícia tem sido “incomparável”, no que toca à investigação sobre o tiroteio no interior de uma igreja afro-americana em Charleston que matou nove pessoas e deixou pelo menos uma ferida.

O jovem de 21 anos é originário de Colúmbia, capital do mesmo estado. Roof foi primeiro identificado por um tio, Carson Cowles, que o reconheceu através das fotografias divulgadas pela polícia. “Quanto mais olho para ele, mais certeza tenho”, disse o homem em entrevista à agência noticiosa. A informação foi depois confirmada pela polícia de Lexington, na Carolina do Norte, através do Twitter.

O presidente dos EUA já reagiu à tragédia. “A igreja Emanuel é mais do que uma igreja”, disse Obama, sublinhando a importância daquela instituição na luta pelos direitos civis. “Este é um sítio sagrado na história de Charleston e na história dos EUA”. Obama revelou que conhecia algumas das pessoas que morreram, nomeadamente Clementa Pinckney, que era pastor da igreja Emanuel, membro do Partido Democrático e senador da Carolina do Sul. Rodeado de jornalistas, Barack Obama lamentou: “tenho de fazer declarações como esta demasiadas vezes”.

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Ameaça de bomba em igreja na mesma cidade

A igreja Emanuel em Charleston, onde decorreu o tiroteio, é a mais antiga igreja AME (Metodista Episcopal Africana) na região sul dos Estados Unidos. Conhecida por “Mother Emanuel” (“Mãe Emanuel”), reúne uma das maiores e mais antigas congregações afro-americanas a sul de Baltimore.

Várias pessoas reuniram-se numa vigília na igreja de Morris Brown, perto da igreja Emanuel em Charleston, a rezar pelas vítimas do ataque. De repente surgiu uma ameaça de bomba, entretanto já afastada pelas autoridades. Na altura, toda a igreja foi evacuada.

Eis uma sequência de tweets de um dos presentes: primeiro a tranquilidade do ambiente dentro da igreja, depois a presença das autoridades a circundar a zona.

O presidente da câmara de Charleston, Joe Riley, também reagiu à detenção de Dylann Roof, o principal suspeito:

“Essa pessoa horrível, esse terrível ser humano (que cometeu este ato) está agora no sítio onde vai ficar sempre. (Esta detenção) é importante para toda a gente ferida por este ato, tanto os membros da família da igreja, os cidadãos da comunidade, como a população dos EUA. Na América, nós não deixamos que pessoas como esta fujam dos seus atos cobardes.”

O ataque aconteceu na noite de quarta-feira dentro da igreja Emanuel AME (Metodista Episcopal Africana), na baixa histórica da cidade. O suspeito chegou à igreja uma hora antes do início dos disparos, quando decorria uma sessão de leitura da Bíblia. As autoridades foram alertadas por volta das 21h e chegaram ao local pouco tempo depois.

Segundo alguns relatos, ainda por confirmar, o atirador terá deixado sair uma pessoa, para que esta pudesse avisar as autoridades. Numa conferência de imprensa dada esta manhã, o chefe da polícia local confirmou que três pessoas tinham sobrevivido. Desconhece-se o estado das vítimas.

Ao Guardian, um porta-voz do Departamento de Justiça norte-americano confirmava que estava a decorrer uma investigação levada a cabo pela Divisão de Direitos Civis, pelo FBI e pelo Gabinete do Procurador do Estado da Carolina do Sul. As autoridades acreditam ter-se tratado de um crime de ódio. “Não tenho dúvidas de que se trata de um crime de ódio”, referia o chefe da polícia.

“Trata-se de uma tragédia por que nenhuma comunidade devia ter de passar. Não faz sentido”, disse Greg Mullen. “Vamos fazer tudo o que estiver o nosso alcance para encontrar este indivíduo, prendê-lo e ter a certeza de que não voltará a magoar mais ninguém. A [nossa] prioridade é encontrar este indivíduo antes que ele magoe mais alguém”.

As origens da igreja Mother Emanuel (“Mãe Emanuel”) remontam ao século XVIII, data em que foi criada por um grupo de escravos libertos. Denmark Vesey, um dos fundadores, liderou uma revolta falhada de escravos em 1822. Martin Luther King visitou a igreja em abril de 1962.