O Banco de Portugal vai suspender o processo de venda do Novo Banco, que se encontrava em fase de negociação final, depois de três propostas terem passado à fase final, as dos chineses da Anbang e da Fosun e dos norte-americanos da Apollo, noticia esta terça-feira o Financial Times.

O cenário de adiamento já tinha sido avançado pela imprensa portuguesa na sexta-feira, que revelava o fim do processo negocial que estava em curso com a Fosun, o conglomerado chinês que se mostrou indisponível para elevar a oferta feita em julho. A alternativa que sobrava era o fundo americano Apollo, depois de a Anbang ter sido a primeira a negociar a compra de forma exclusiva, sem sucesso.

O Banco de Portugal não confirmou ainda as notícias de adiamento do processo de venda, mas deverá prestar esclarecimentos ainda hoje sobre o tema. A confirmar-se o adiamento, o processo de venda do Novo Banco só será relançado depois das eleições legislativas de 4 de outubro.

A incerteza sobre as necessidades de capital do Novo Banco, face à nova vaga de testes de stress prevista para novembro, terá sido um dos fatores a inibir as ofertas dos interessados no Novo Banco, que ficaram também apreensivos com os elevados prejuízos semestrais, 252 milhões de euros, que foram conhecidos numa fase decisiva das negociações finais.

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De acordo com uma análise divulgada na semana passada pela Société Générale, o encaixe com a operação poderia não ultrapassar os dois mil milhões de euros, o que representaria uma perda pesada de 2900 milhões de euros, face ao valor aplicado pelo Fundo de Resolução no capital do Novo Banco, que teria de ser assumida pela banca.

Também na semana passada, o presidente do BCP, Nuno Amado, alertava para os efeitos negativos de uma venda apressada da instituição. As ações do BCP tem sido penalizadas em bolsa, em parte por causa da incerteza gerada em redor deste dossiê, dizia o responsável. O BCP e a Caixa serão os bancos mais afetados por uma venda com prejuízo do Novo Banco.

Já na primeira semana de setembro Luís Marques Mendes admitia na SIC que o processo de venda seria cancelado e que poderia ser relançado no final do ano, num novo processo com prazos mais curtos. Esta semana, o comentador político revelou o interesse de um grande banco espanhol e de um outro grupo europeu na compra do Novo Banco caso o processo viesse a ser relançado. Já esta segunda-feira, o Diário Económico, adiantou que esse banco seria o CaixaBank, o maior acionista do BPI.