A Comissão Nacional de Trabalhadores (CT) e as comissões sindicais do Novo Banco consideram que o plano de reestruturação anunciado pela administração, após ter falhado o primeiro processo de venda da instituição, pode levar à saída de muitos funcionários.

“Um eventual plano de reestruturação, num banco que nunca passou por processos de fusão externos ou de aquisição de terceiros, a ser executado, poderá colocar em causa muitos postos de trabalho e afetar gravemente a vida familiar de milhares de portugueses”, lê-se no comunicado hoje divulgado pela CT.

A entidade que representa os trabalhadores do Novo Banco revelou que se reuniu esta quinta-feira, em Coimbra, para discutir a situação laboral na instituição com as comissões sindicais representadas no Grupo NB: Sindicato Nacional dos Quadros Técnicos Bancários (SNQTB), Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), Sindicato dos Bancários do Norte (SBN) e Sindicato dos Trabalhadores da Actividade Financeira (SINTAF).

A CT e as estruturas sindicais denunciaram que “os níveis de ansiedade e receio aumentam de dia para dia, provocando desta forma um grande desgaste físico e psicológico em todos os trabalhadores”, apontando para “a dificuldade evidente que o Fundo de Resolução e o Banco de Portugal estão a ter para vender o Novo Banco de forma satisfatória”.

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Também criticam “a recusa obstinada do senhor governador do Banco de Portugal [Carlos Costa] em receber a CT do Novo Banco” e dizem que têm assistido sempre na opinião pública “a uma grande preocupação com os prejuízos de uma venda apressada e incompetente e com os respetivos impactos no défice”, mas que “nunca se vislumbrou preocupação alguma com os cerca de 5.660 trabalhadores do Novo Banco e restantes trabalhadores do grupo”.

Assim, decidiram “acompanhar com especial atenção a venda do Novo Banco” e “alertar que o Grupo Novo Banco continua a ser viável e fundamental na dinamização da economia portuguesa”.

E realçaram: “Os trabalhadores continuam fortemente empenhados na plena recuperação do Novo Banco. Os trabalhadores do Novo Banco dão todo o apoio ao Conselho de Administração, na pessoa do Dr. Eduardo Stock da Cunha, no sentido de que o Novo Banco recupere rapidamente a confiança do mercado e a posição proeminente que nos é habitual”.

Estas entidades concluíram que “seja qual for a solução encontrada para o futuro do Novo Banco, deve ser sempre salvaguardada a manutenção de todos os postos de trabalho, em paz social, bem como a do fundo de pensões”.

No dia 15 de setembro, o Banco de Portugal cancelou o processo de venda do Novo Banco, tendo dado instruções ao líder da entidade para reestruturar a instituição.

No dia seguinte, Stock da Cunha escreveu aos colaboradores a pedir que se mantivessem focados nas prioridades estabelecidas para a entidade e que ignorassem os avanços e recuos no processo de venda da instituição.

E avançou com a necessidade de o Novo Banco, banco de transição resultante da intervenção do Banco de Portugal no ex-Banco Espírito Santo (BES) se ajustar à realidade do mercado através de um processo de reestruturação.

O BES, tal como era conhecido, acabou a 03 de agosto de 2014, quatro dias depois de apresentar um prejuízo semestral histórico de 3,6 mil milhões de euros.

O supervisor bancário, através de uma medida de resolução, tomou conta da instituição fundada pela família Espírito Santo e anunciou a sua separação, ficando os ativos e passivos de qualidade num ‘banco bom’, denominado Novo Banco, e os passivos e ativos tóxicos, no BES, o ‘banco mau’ (‘bad bank’), que ficou sem licença bancária.