Ninguém tem dúvidas sobre a falta que faz o astro rei. As plantas precisam de Sol para realizarem a fotossíntese, os humanos para produzirem vitamina D e a maioria dos animais para acertarem os respetivos ciclos biológicos. Também precisam de luz solar as centrais que a aproveitam para produzir energia e as naves que enviamos para o espaço – basta pensar na missão Rosetta que ficou comprometida porque Philae aterrou à sombra. Agora os técnicos da NASA vão ser mais uma vez postos à prova com o próximo eclipse total da Lua, na madrugada de domingo para segunda-feira.
Uma das missões da agência espacial norte-americana – Lunar Reconnaissance Orbiter – tem como objetivo estudar o nosso satélite natural. Para isso vai descrevendo órbitas que passam nos pólos da Lua, em parte para que este satélite comandado pelo homem esteja sempre a receber luz solar, essencial para carregar as baterias. Quando a Terra se põe totalmente entre o Sol e a Lua e provoca um eclipse lunar – e este já é o quarto em pouco mais de ano e meio – também o Lunar Reconnaissance Orbiter fica na sombra no planeta azul.
A noite de domingo para segunda-feira, quando o eclipse lunar total será visível tanto na Europa como nos Estados Unidos, vai exigir dos técnicos da NASA uma atenção redobrada – 24 horas sobre 24 de vigilância. Mas embora não seja uma situação frequente, a equipa sabe perfeitamente o que tem a fazer – ou não o tivessem já feito três vezes nos últimos meses.
“Temos um método e funciona bem”, disse Dawn Myers, organizadora de operações científicas no Centro Aeroespacial Goddard, nos Estados Unidos. “É sempre stressante durante a aproximação do eclipse, mas seguimos sempre os mesmos procedimentos e não tivemos nenhum problema.”
Além de ter de se aguentar sem luz, o satélite tem de suportar uma quebra acentuada de temperatura – cerca de 138º C em poucos minutos. A estratégia é fazer um pré-aquecimento do satélite antes de desligar os instrumentos um a um para entrar em modo de hibernação enquanto durar o eclipse – o satélite ficará sem luz direta do Sol durante cerca de três horas. Todos os instrumentos serão desligados menos um, o Diviner.
Como há uma descida brusca de temperatura, a superfície lunar revela segredos que doutra forma seriam difíceis de identificar, e o Diviner mantém-se “acordado” durante o eclipse para poder registar todos estes dados.
“O nosso engenheiro ligado à energia analisou os eclipses passados e avaliou se seria exequível deixar um instrumento ligado. Ele disse-nos que, se a voltagem descer abaixo de um certo nível, temos de desligar o instrumento, mas isso ainda não aconteceu”, disse Dawn Myers.
“É como o nosso telefone. Quando recebo um alerta que estou com 20% [de bateria] posso desligar o wifi e outras aplicações”, disse Noah Petro, outro cientista responsável pelo Lunar Reconnaissance Orbiter.