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FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

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A campanha de Luís Filipe Vieira. 4.439 quilómetros em 27 Casas a explicar, sete entrevistas seguidas para responder

Fez uma reflexão, decidiu, apresentou-se 85 dias. Durante duas semanas, somou visitas às Casas para diminuir críticas na campanha; depois, multiplicou-se em entrevistas. Terá Vieira evitado a divisão?

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Depois de anunciar um período de reflexão na sequência da derrota na Madeira frente ao Marítimo, que levou à saída de Bruno Lage, Luís Filipe Vieira anunciou num encontro interno entre órgãos sociais que seria recandidato a um sexto mandato. Estávamos então a 7 de julho. Até 30 de setembro, quando anunciou oficialmente esse avanço numa unidade hoteleira de Lisboa, assinou um editorial da newsletter onde se regozijou com o plantel construído para a nova temporada (antes de ser eliminado da Champions); teve João Gabriel e António Cunha Vaz, porta-voz da candidatura e pessoal, a falarem em conferência para esclarecer uma série de notícias vindas a público na altura da acusação da Operação Lex e de outros casos; e enviou um comunicado onde anunciava a saída de António Costa e Fernando Medina da Comissão de Honra após uma “campanha difamatória”. Pouco mais. Nesse dia, começou o discurso com uma frase que acabou por marcar o resto da campanha: a data de saída estava marcada.

Tenho 71 anos, a quarta classe, não falo inglês, tenho orgulho neste trabalho realizado nestes últimos 17 anos e estou aqui para anunciar a minha recandidatura a presidente do Benfica mas que será o meu último mandato”, atirou, num discurso que terminou em lágrimas quando recordou o pai.

“Esta candidatura tem um passado, tem uma história e mas sobretudo tem um futuro. É só por isso que aqui estou. Nos próximos quatro anos continuaremos a crescer e serão quatro anos em que o foco será a vertente desportiva. Será a base para superarmos nesta década e o que fizemos foi extraordinário. Foi a melhor década de sempre nas modalidades, no capítulo financeiro e a segunda no futebol. Uma década em que reforçamos o nosso prestígio internacional e nos afirmamos como um dos maiores clubes do Mundo. Uma década com contas positivas em sete anos. Quero que o Benfica supere isso na próxima década”, projetou, “esvaziando” uma das críticas que lhe eram apontadas a propósito do peso excessivo da questão financeira em relação às ambições desportivas.

“Não podemos passar os próximos 30 dias a deitar abaixo e a desvalorizar o que foi feito. Só criticam, só sabem destruir. Criticam as compras, as vendas, o equipamento, a falta de transparência, a BTV, o voto eletrónico, as contas… Criticam, criticam, criticam… Não pode ser. Estas críticas não atingem só o presidente do Benfica mas também atingem o Benfica. Não posso admitir isso. A nossa história é uma história de carácter, de superação, de sucesso, não admite hipocrisias e falsidades. Somos o clube mais saudável em termos financeiros e mais preparado para o futuro. As contas do Benfica são auditadas anualmente, com relatórios detalhados e públicos, pelo que não percebo as críticas de outros candidatos. Estou disponível a acolher um elemento de cada uma das outras listas no Conselho Fiscal para verem a transparência das contas”, acrescentou, como que prevendo aquilo que se passaria no mês seguinte. E que, no caso de Vieira, foi dividido em duas grandes fases.

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Vieira garante que corre para fazer último mandato: “Tenho 71 anos, a quarta classe, não falo inglês mas orgulho-me no trabalho realizado”

Entre 3 e 14 de outubro, o presidente dos encarnados visitou 27 Casas do Benfica, num total de 4.439 quilómetros feitos de carro (a que acrescentaria mais tarde a deslocação a Vila do Conde, quando os encarnados jogaram frente ao Rio Ave, e a viagem à Polónia para a estreia na Liga Europa frente ao Lech Poznan) por Portugal, onde apenas não chegou à região Norte do Porto para cima. 11 dias depois, a candidatura anunciou que, devido ao atual contexto de pandemia, a campanha seria suspensa. E foi aqui que houve uma viragem completa no que estava inicialmente pensado, com Vieira a dar em dez dias entrevistas à média de quase uma diária. Há quem assegure que estava tudo previsto, há quem diga que foi uma resposta à impossibilidade de chegar tanto às pessoas como até aí por força das restrições no País, há quem garanta que se tratou de uma resposta ao crescimento da lista de Noronha Lopes. Certo é que, nos últimos dias, tudo mudou. E assim ficou o resumo desta campanha.

Vieira fez apresentação da candidatura no dia 30. Daí para cá, Rui Costa foi apontado como sucessor, Jesus defendeu-o após declarações de Bernardo e Telma Monteiro foi mandatária para a juventude

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

2 de outubro. Gonçalo e Telma, os mandatários da Juventude

Na antecâmara do primeiro fim de semana de campanha pelas Casas do Benfica, Luís Filipe Vieira trouxe para o primeiro plano as mensagens de alguns dos seus mandatários, em especial os da Juventude: Gonçalo Guedes e Telma Monteiro. O avançado do Valência, que foi vendido ao PSG no mercado de janeiro de 2017, tem uma relação especial com o líder dos encarnados, “profissional e de amizade”. “Deu-me as condições e possibilidades para fazer toda a minha formação no Benfica. Com o Centro que criou no Seixal, pude treinar melhor e evoluir. É uma pessoa divertida e que trabalha com sentimento”, afirmou. “Disse-me quando saí que mostrasse a qualidade dos jogadores que estão a ser feitos no Benfica. Todas as condições que me deram fizeram com que evoluísse a nível físico, mental, trabalhei com psicólogos, os melhores preparadores, especialistas em nutrição”. Também a judoca, que levou a medalha olímpica conquistada no Rio de Janeiro em 2016 para a apresentação oficial de Vieira, tem uma ligação especial com o número 1 dos encarnados, até por ser o grande símbolo do projeto olímpico do clube que se manteve na Luz ao contrário de Nelson Évora, apesar de ter também uma proposta avultada do rival Sporting.

3 de outubro. Da Moita à Bairrada, com Leiria e Montemor pelo meio

Luís Filipe Vieira aproveitou o primeiro sábado de campanha após o anúncio oficial da recandidatura para passar o dia entre Casas do Benfica, do almoço ao jantar: começou na Moita e na Marinha Grande, fez uma sessão de esclarecimento na Casa do Benfica de Leiria (por onde andou em território mais “sportinguista” do que noutros pontos), deslocou-se depois para Montemor-o-Velho e acabou com um jantar na Bairrada. Logo a abrir o dia, deu a primeira novidade: “Andámos cerca de um ano a negociar com a NOS para que a BTV seja grátis nos pacotes da NOS. Brevemente, as Casas terão esse pacote gratuito também. Há dois meses foi possível chegar a acordo”. Em paralelo, o líder dos encarnados falou também da importância do Benfica Campus e da proposta para que o espaço seja mais aberto aos sócios do clube para visitas. Vieira tem uma história curiosa com a Casa da Bairrada, que foi inaugurada em 2003 quando o agora presidente estava na SAD, não tinha ainda quebrado o tabu de uma eventual candidatura à liderança do clube e não queria “misturar assuntos” nesse momento. Acabou por ir com Manuel Vilarinho mas com a condição de que estaria em blackout em relação a eleições. Foi também na Bairrada que, em 2009, Vieira assumiu a vontade de ser recandidatar a um novo mandato no clube.

4 de outubro. Uma passagem em Ovar, o regresso à Luz

No domingo, a terminar o fim de semana, Luís Filipe Vieira passou pela Casa do Benfica de Ovar. “Neste momento sou o melhor candidato, não tenho dúvidas nenhumas disso. Este último ano bateu muito fundo mas esperamos um mandato de felicidade daqui para a frente. Que mais logo estejamos todos mais felizes como líderes do Campeonato e que não a percamos nunca”, referiu, após a derrota do FC Porto em casa com o Marítimo e na antecâmara da receção ao Farense. “As Casas do Benfica são muito importantes também em termos sociais e desportivos, têm uma função muito importante. O Benfica não é só futebol, através da Fundação Benfica já conseguimos ajudar 12 mil crianças ao longo do País. Como candidato, não vou adiantar muito. Todos sabem o que está feito. Não vou fazer determinado tipo de campanha com demagogia e populismo. Há dias vi num jornal alguém dizer que se precisa de gestão, de mudança. Curiosamente, a grande maioria deles são os mesmos que estavam contra a reconstrução do estádio. Hoje, posso garantir-vos, se não fosse a reconstrução do estádio, não estávamos aqui. O trajeto está traçado, quem me conhece sabe que não mudo por nada, talvez este próximo mandato seja mais orientado na vertente desportiva para fazer do Benfica um clube ainda mais ganhador”, atirou. Uma curiosidade: a Casa do Benfica de Ovar foi uma das que aderiu e incentivou ao boicote dos jogos fora dos encarnados em 2010, em resposta a um conjunto de arbitragens que teriam prejudicado a equipa. Ao final do dia, Vieira esteve na Luz para ver o triunfo por 3-2 frente ao Farense que carimbou a liderança na Liga.

5 de outubro. Vilarinho, Algarve e uma paragem no Alentejo

O feriado começou com o anúncio de Manuel Vilarinho como presidente do Conselho Estratégico em caso de eleição, com essa curiosidade de também João Noronha Lopes ter anunciado que o antigo presidente das águias entre 2000 e 2003 aceitara o convite para lidera a Comissão de Ética e Boas Práticas em caso de vitória. No terreno, Vieira passou pelo Algarve e pelo Alentejo, começando por almoçar na Casa de Lagos, onde em 2012 fez um discurso de extrema importância ao longo dos 17 anos no comando do clube quando inaugurou o novo espaço em vésperas de eleições. “Dentro de cinco anos, as equipas profissionais das diversas modalidades do Benfica serão constituídas na sua grande maioria por atletas portugueses e formados nas escolas do clube. Temos oito mil atletas das camadas de formação nas várias modalidades”, disse, visando também o Sporting e Alcochete como símbolo da formação. À chegada a uma sessão de esclarecimento em Faro, o presidente das águias encontrou um cartaz que dizia “Outubro, rua Vieira”. “Não façam campanha negativa, somos todos do Benfica. Pode haver divergências de quem seja mas é na urna que se podem manifestar. Isso são trunfos para os nossos rivais. Se não gostam de mim, chegam lá e votam contra. Este tipo de atitude até parece que as pessoas estão compradas”, comentou. O dia acabou com um jantar em Beja, numa Casa que inaugurou em março de 2016. “Entre erros e virtudes, é notório o que está feito e o crescimento registado. O Benfica tornou-se muito apetecível”, disse.

Vilarinho, o desejado na Luz: ex-presidente aceitou convite de Vieira para Conselho Estratégico e de Noronha para Comissão de Ética

6 de outubro. O final do mercado, entre Todibo e Tiago Dantas

O dia de fecho de mercado em Portugal, quando as principais ligas como Espanha, Inglaterra, Itália ou Alemanha já tinham encerrado a janela de transferências, funcionou sobretudo para tentar resolver algumas situações de atletas excedentários como é normal. Todibo, central francês emprestado pelo Barcelona que tinha sido anunciado na véspera, prestou as primeiras declarações como reforço dos encarnados e também o Bayern confirmou a cedência de Tiago Dantas com opção de compra, algo que seria um dos temas mais abordados ao longo da campanha. No final, o Benfica gastou mais de 100 milhões em contratações, teve a grande receita na venda de Rúben Dias que apenas aconteceu depois da eliminação na Liga dos Campeões, ficou com Carlos Vinícius como o negócio menos conseguido do mercado atendendo aos valores que o próprio Vieira falou para o avançado e não conseguiu encontrar até aí uma solução para Facundo Ferreyra, avançado argentino contratado a custo zero ao Shakhtar Donetsk em 2018 que ficou com o salário mais alto então do plantel tendo vínculo até 2022. Ainda assim, nesse mesmo dia, Luís Filipe Vieira conseguiu ainda passar pela Casa do Benfica de Mem Martins.

O último dia do mercado ficou-se sobretudo pelos empréstimos porque o negócio Paulinho caiu a meio da tarde

7 de outubro. O regresso a Alcácer do Sal e a Grândola

Luís Filipe Vieira deslocou-se no dia seguinte a Alcácer do Sal para uma sessão de esclarecimento ao final do dia, no mesmo espaço que tinha inaugurado em 2018 numa altura em que os encarnados lutavam ainda pelo inédito penta na sua história (já depois de um inédito tetra, alcançado um ano antes). Foi nesse momento que fez um discurso mais longo do que é habitual, destacando não só a redução da dívida e o facto de o Estádio da Luz já estar pago na íntegra mas também os projetos que estavam a ser lançados, entre os quais “o alargamento do Edifício Caixa Futebol Campus; o Colégio Internacional do Benfica (CIB) no Seixal já aprovado pelo Ministério da Educação; a conclusão do acordo relativo ao terreno que nos permitirá a expansão do Caixa Futebol Campus; o Centro de Alto Rendimento em Oeiras; os Hotéis Benfica no Regedor e Seixal; e a Benfica FM”. De seguida, o candidato ao sexto ciclo na Luz jantou em Grândola, em mais uma Casa inaugurada neste último mandato. Foi nesse dia também que ficou a conhecer toda a Comissão de Honra, composta por centenas de benfiquistas (incluindo todos os atletas das modalidades) com Mário Dias como presidente e Carlos Móia como mandatário. Entretanto, a Casa de Alcácer do Sal revelou que vai votar Vieira, que ganhou 28-8 a Noronha Lopes.

8 de outubro. Almada e a resposta à não monarquia em Sesimbra

A primeira intervenção pública na comunicação social de Luís Filipe Vieira (que devia ser uma das raras aparições nesses moldes) acabou por dominar as passagens do presidente dos encarnados por Almada, onde fez uma sessão de esclarecimento na Casa do Benfica local, e em Sesimbra, onde teve um jantar convívio aproveitado para ir respondendo a algumas “farpas” lançadas por outros candidatos. “Quando se fala no Benfica é importante dizer às pessoas que o Benfica tem um projeto e que um dia, mais tarde, terá de ter continuidade. Parece que me interpretaram mal… O Benfica é dos benfiquistas e há um projeto. Dentro do Benfica existem pessoas com qualidade para um dia mais tarde desempenharem esse cargo. As pessoas que vão votar é que escolhem quem será o próximo presidente do Benfica. É importante deixar isto bem claro porque parece até que estava a transformar o Benfica numa monarquia, dizendo que eu é que ia escolher o sucessor. O meu filho nunca será dirigente do Benfica e, ainda por cima, com cinco filhos…”, referiu depois de ter colocado Rui Costa como o futuro do clube. “Devo ser um dos homens mais invejados em Portugal, pela obra feita e por ter a quarta classe. Devo ser um dos homens mais perseguidos em Portugal, mas, de certeza absoluta, que no dia final, como acredito na Justiça e sei que há justiça neste país, iremos ver qual será o veredito”, salientou ainda, a propósito da Operação Lex.

9 de outubro. O tour pela Beira Baixa e as mensagens de Tiago Dantas

Mais um dia, mais uma volta no tour pelo País, desta vez na Beira Baixa. Ao final da tarde, começou por fazer uma sessão de esclarecimento na Casa de Castelo Branco, que inaugurou em outubro de 2015; uma hora e meia depois rumou à Casa do Fundão para mais uma sessão de esclarecimento; seguiu a seguir para a Casa da Covilhã para uma curta passagem, no espaço que fez questão também de inaugurar no final de 2017 a par das novas instalações do Sport Tortosendo e Benfica; e acabou com um jantar na Casa da Beira Baixa. Foi aí que, ao lado de Veloso, falou de forma mais aprofundada sobre Tiago Dantas, perante a escalada de críticas pela ida do médio ofensivo para a Alemanha. “Um dia mostro as duas mensagens que o Tiago me enviou… Não se podia cortar as pernas ao jogador, posso dizer isso. A grande aposta para este novo mandato será desportiva para neste último mandato se iniciar uma década que possa superar a anterior em termos de resultados desportivos e financeiros, principalmente no futebol”, defendeu. Vieira não passou por Oleiros mas tem o voto dessa Casa, que anunciou os resultados do escrutínio interno: 18 para a lista A, dois para João Noronha Lopes e um para Rui Gomes da Silva.

10 de outubro. Viseu, Guarda, Portalegre e a história feita com a quarta classe

Aproveitando o fim de semana e também a paragem nos jogos dos clubes devido aos compromissos das seleções, Luís Filipe Vieira fez as viagens mais longas com um almoço na Casa de Viseu, uma sessão de esclarecimento na Casa da Guarda (que também inaugurou no ano seguinte à última eleição) e um jantar na Casa de Portalegre (que teve a sua renovação de imagem em novembro de 2011). Foi neste dia que teve os discursos de maior apelo ao voto tendo em conta o trabalho feito no clube e também as suas próprias origens. “Tenho uma história no Benfica. Ninguém a pode apagar. Pelo caminho, houve alguns erros. Ao longo destes anos a família benfiquista voltou a ser feliz e a ter orgulho. Um dos temas principais a que nos propusemos foi agregar novamente a família benfiquista e foi quando eu e o Mário Dias nos envolvemos na construção do estádio. Ninguém acreditava. É bom que se lembrem do nome deste homem: Mário Dias. Aquele estádio existe graças à teimosia dele que nunca desistiu. Tenho pena que não esteja aqui connosco, mas está gravemente doente. Nos próximos quatro anos o grande objetivo é desportivo, nas modalidades e futebol: ganhar, ganhar, ganhar e nunca descurar a formação como as pessoas podem dizer. Para se ser presidente tem de se ser gestor ou político? Já tivemos muitos homens com a quarta classe, eu tenho a quarta classe”, disse entre críticas mais vincadas à candidatura de Noronha Lopes.

11 de outubro. Um domingo em cheio com passagem por quatro Casas

Na véspera tinha lá estado Noronha Lopes, no dia seguinte chegou Luís Filipe Vieira. O presidente dos encarnados começou o domingo com um almoço na Casa de Abrantes, inaugurada em 2017 seis meses depois da última eleição, teve durante a tarde sessões de esclarecimento em Tomar e no Entroncamento e acabou com um jantar na Casa de Torres Novas. “Custa-me muito ouvir que ganhámos um campeonato em três anos, ganhámos sete nos últimos dez. Mas queremos mais e melhor. Toda a gente me conhece, toda a gente conhece a obra que temos feito, mas o que interessa agora é falar do presente e do futuro”, referiu, num dia longo mas que acabou por ter uma notícia que marcou o dia da campanha: a morte de Ângelo, antigo bicampeão europeu pelos encarnados nos anos 60.

13 de outubro. A nova Casa adiada e os troféus que andavam debaixo da bancada

Luís Filipe Vieira encontrou-se com representantes e adeptos da Casa do Benfica de Santarém no no Teatro Sá da Bandeira, por forma a cumprir todas as regras de distanciamento. E não esqueceu o projeto para as instalações novas, dizendo que o mesmo foi apenas travado pela pandemia. “É uma pena as obras não estarem prontas pelas comemorações dos 60 anos da Casa do Benfica de Santarém mas esperamos que no início de 2021 se possam ver movimentações nesse sentido”, salientou Álvaro Gaivoto, presidente da Casa de Santarém, onde no ano passado Vieira anunciou “uma nova geração de Casas do Benfica 2.0”, a começar pela local. “Hoje o Benfica é organizado, profissionalizado e está preparado. Temos a Covid-19, é verdade, que nos cria grandes dificuldades, mas também seremos os que mais bem preparados estarão quando for para recuperar. Tínhamos troféus debaixo de uma bancada, alguns desapareceram, outros foram leiloados, outros tivemos de andar à procura, mas hoje temos um museu completo e um dos melhores do mundo em futebol. O Benfica está preparado para avançar sem medo do futuro, o futuro do Benfica é risonho. O fundamental para nós é a união do Benfica e, nestes 17 anos, o meu timbre foi ter a família benfiquista unida”, destacou, acompanhado de Luisão e Mário Dias.

14 de outubro. A entrega das listas, Vendas Novas e a pandemia

Um dia em cheio que seria o último neste contexto. Na Luz, Carlos Móia entregou as listas e assinaturas de todos os proponentes da recandidatura de Luís Filipe Vieira a Virgílio Duque Vieira, presidente da Mesa da Assembleia Geral, ficando a saber-se algumas novidades como a entrada de Rui Costa para número 2, a presença da Jaime Antunes como suplente da Direção e as escolhas de Rui Pereira e João Fonseca Santos para as presidências da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal. Já o presidente dos encarnados desceu de novo ao Alentejo, com passagem por Évora e jantar em Vendas Novas. “Recordo aquilo que conseguimos fazer com o nosso projeto do Seixal. Conseguimos retirar o Benfica dos escombros há 20 anos. O Benfica é para melhorar e continuar a ganhar na próxima década”, destacou. Ao final do dia, a candidatura anunciou também que, em virtude do contexto de pandemia no País e das novas restrições decretadas, a campanha iria ser interrompida.

16 de outubro. A apresentação oficial das listas a sufrágio

Luís Filipe Vieira apresentou no final da semana as mudanças nas listas apresentadas a sufrágio, com três mexidas na Direção: saíram Alcino António, Nuno Gaioso Ribeiro e João Costa Quinta, entraram Rui Costa (que ascende ao papel de número 2), Jaime Antunes e Rui Vieira do Passo, estes dois últimos como suplentes porque Sílvio Cervan sobe a efetivo. Em paralelo, foram confirmados os nomes de Rui Pereira para número 1 da Mesa da Assembleia Geral e de Fonseca Santos, que após deixar o Benfica em rutura com a Direção em 2004 foi muito crítico da gestão, para a liderança do Conselho Fiscal. “Cumpri e continuarei a cumprir com a promessa que fiz quando assumi o lugar mais nobre do Benfica: agir em função da minha consciência e da visão. O Rui tem a essência do Benfica, a paixão, a mística e o inconformismo de quem já jogou no clube. Já discordámos, divergimos, porque isso é normal entre os que têm de decidir, mas sempre estivemos de acordo no essencial. Sabe o que foi feito, sabe de onde viemos e para onde vamos, sabe o que queremos e o que projetamos para o futuro. Represento o presente, o Rui representa o futuro. Sempre estive presente, sempre agi em função da minha consciência e da visão que tinha para o Benfica. Nunca fugi nas tempestades, nem hesitei nas crises”, anunciou na ocasião.

18 de outubro. Da vitória em Vila do Conde à entrevista no Trio d’Ataque

Apenas um dia depois do empate no clássico entre Sporting e FC Porto, o Benfica tinha a oportunidade de ficar com cinco pontos de vantagem na liderança na deslocação a Vila do Conde. E não perdoou, com um triunfo convincente por 3-0 apenas “manchado” pela grave lesão no joelho de André Almeida, que vai ficar de fora até ao final da época depois de ter sido sujeito a uma intervenção cirúrgica. Apenas uma hora depois, o carro de Luís Filipe Vieira estava a chegar aos estúdios da RTP, onde o presidente dos encarnados acabou por dar uma entrevista “de surpresa” no meio do programa Trio d’Ataque respondendo também às próprias questões dos comentadores residentes do espaço, António Oliveira, João Gobern e Nuno Gonçalves. Foi aí também que explicou, entre várias matérias, o porquê de não ter relação com Pinto da Costa, uma história que recua a 2015 e às eleições da Liga. “Acho que o Benfica foi refundado. Se não aparecesse, não havia nada”, defendeu nesse momento.

Vieira fala da operação Lex, dos emails e do passado na Luz: “Acho que o Benfica foi refundado. Se não aparecesse, não havia nada”

21 e 22 de outubro. A viagem à Polónia e o hat-trick de Darwin Núñez

Luís Filipe Vieira liderou a comitiva do Benfica que se deslocou à Polónia para a estreia na Liga Europa, frente ao Lech Poznan, que terminou com um triunfo por 4-2 com Darwin Núñez a ter um jogo de sonho ao marcar três golos no primeiro encontro realizado nas competições europeias. “Estou feliz pelo Darwin ter feito golos. Toda a qualidade que ele mostrou em Portugal merecia golo. Isto é para ele uma dose de confiança. Acertámos em cheio. Como toda a gente sabe, ele é um miúdo. Há muita coisa que não sabe e que vai aprender comigo e no Benfica. Toda esta capacidade de execução, finalização, de velocidade… Se este jogador foi o mais caro da história do Benfica… Com a pandemia não sei, mas sem pandemia era a venda mais cara do Benfica. Não tenho dúvida que este jogador vai ser top no mundo. Infelizmente dentro de pouco tempo vou perdê-lo”, comentou Jorge Jesus, numa ideia que viria uns dias depois a ser contrariada pelo próprio Luís Filipe Vieira.

Cinco remates, três golos, segundo hat-trick da carreira do “menino” de Jesus: “Vai ser um big jogador, de topo”

23, 24 e 25 de outubro. A antecipação das eleições e a revisão da agenda

Na sexta-feira, dia em que Virgílio Duque Vieira deveria reunir com as candidaturas para falar sobre a questão do voto eletrónico nas eleições do Benfica, o líder da Mesa da Assembleia Geral do clube anunciou que a data para o sufrágio tinha sido antecipado de dia 30 para 28, em mais uma “vitória” para Vieira sobre os adversários: João Noronha Lopes e Rui Gomes da Silva defendiam que o ato devia ser adiado e não antecipado, de preferência para um sábado, ao passo que a lista A, não dizendo de forma aberta que deveria haver essa antecipação, chamou a atenção para o que está previsto nos estatutos (o novo presidente deverá tomar posse até 31 de outubro) e para o facto de, a breve prazo, ninguém garantir que a situação pandémica não poderia levar a medidas mais restritivas do que a proibição de circulação entre concelhos de dia 30 a 3 de novembro. Foi também na antecâmara do fim de semana que Luís Filipe Vieira iniciou uma extensa lista de entrevistas, aproveitando as declarações à Antena 1 para garantir que Pinto da Costa não quereria que se mantivesse na liderança do clube (um tema que também foi passando num compacto de entrevista lançado mais cedo pela Sport TV). José Eduardo Moniz também deu uma extensa entrevista, à semelhança do que aconteceria nos últimos dias com Rui Costa.

Eleições do Benfica antecipadas para dia 28 (ou seja, na próxima quarta-feira)

26 e 27 de outubro. Uma entrevista a seguir a outra entrevista

Os dois últimos dias foram marcados pelas muitas entrevistas de Luís Filipe Vieira. Na segunda-feira, falou ao jornal A Bola, à noite concedeu entrevistas gravadas a TVI e SportTV (pelo meio viu a vitória do Benfica frente ao Belenenses SAD na Luz por 2-0, na tribuna ao lado de Rui Pedro Soares, na terça-feira à noite foi ainda à CMTV e pelo meio teve ainda declarações à Rádio Renascença a propósito das declarações de Bernardo Silva. “De certeza que não foi ele que escreveu aquele texto, é impensável ter sido ele a escrevê-lo.  Alguém se serviu dele. Continuarei a apoiá-lo onde ele estiver porque é benfiquista e isso ninguém pode pôr em causa. Agora, ele não sabe o que é hoje a realidade do Benfica, caso contrário não teria escrito o que escreveu. É bastante injusto e estou bastante magoado. Um dia havemos de nos encontrar, não sei porque é que ele mudou de opinião. Quando se despediu de mim no hotel Tivoli deu-me um abraço e agradeceu-me profundamente aquilo que tinha feito por ele. Vou guardar este artigo para ele clarificar, pessoalmente, o que escreveu e se acha que sou aquela pessoa que ele escreveu. Estamos em campanha e sei que vale tudo, mas para mim não vai valer tudo”, respondeu, antes de Jorge Jesus “arrasar” o internacional português a propósito da forma como saiu dos encarnados para o Mónaco.

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