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Em Coimbra, Pedro Marques teve a arruada mais forte, muito pela presença de António Costa -- que tem o outro lado da moeda, traz protestos nacionais atrás
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Em Coimbra, Pedro Marques teve a arruada mais forte, muito pela presença de António Costa -- que tem o outro lado da moeda, traz protestos nacionais atrás

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Em Coimbra, Pedro Marques teve a arruada mais forte, muito pela presença de António Costa -- que tem o outro lado da moeda, traz protestos nacionais atrás

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

A primeira semana de campanha do PS. Beijinhos aéreos, salas e o terror do "poucochinho"

Pedro Marques já percorreu mais de seis mil quilómetros pelo país (a incluir deslocação às ilhas), alguns deles com o líder António Costa. O PS tem "vendido" a sua governação e não quer surpresas.

O PS entra na última semana de campanha com cheiro a título no ar, mas como não é irrelevante o resultado (sobretudo para o líder António Costa), o discurso vai apertar no apelo ao voto. O candidato Pedro Marques nem diz em quem, percorre quilómetros atrás de quilómetros, numa caravana que privilegiou visitas mais controladas (a empresas, fábricas e instituições sociais), para insistir no ataque à abstenção que o socialista já classificou mesmo como o seu “pior inimigo”.

O partido liderado por Costa procura ler no resultado destas eleições também uma avaliação ao Governo destes três anos e meio. Foi o próprio secretário-geral socialista a colocar isso no mapa, ele que também é o primeiro-ministro que, sempre que pode (e na primeira semana apareceu em quatro comícios, numa arruada e num almoço), vai dar “uma mãozinha” ao candidato. Em maio de 2014, o resultado do PS nas Europeias foi classificado por Costa, então autarca e comentador, como “poucochinho” o que feriu de morte a direção de António José Seguro. Foi depois disso que se deu o assalto à liderança por António Costa que agora tem bem fixado na memória o número que nem por nada se pode repetir (ou pior, ser inferior) na noite eleitoral das Europeias: 31,46%.

Depois disso houve o sobressalto das legislativas, com a coligação PSD/CDS a conseguir mais votos nas urnas e Costa a engendrar a “geringonça” para dar a volta a seu favor a um resultado desfavorável para o PS. E mesmo que as autárquicas de 2017 tenham sido boas para o partido, há suficientes fantasmas para os socialistas entrarem nesta semana a dramatizarem a necessidade de se votar nestas eleições. E a caravana socialista prepara-se para saltar para a rua, até porque as sondagens vieram mostrar que esse terreno até lhes está favorável e há que aproveitá-lo para passar a palavra de boca-em-boca.

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Da primeira semana fica este apelo que vai em crescendo mas também o ataque à direita, por duas vias: Paulo Rangel, que os socialistas acusam de nada fazer em Bruxelas, e Manfred Weber, o nome que a direita apoia para presidir à Comissão Europeia e a quem o PS aponta o dedo em quase todos os discursos que passam pelo palco dos comícios.

Manfred Weber é um dos nomes mais repetidos nos comícios socialistas, seja por Pedro Marques seja por outros que subam ao púlpito (e já houve reforços de peso, como António Costa e os ministros Vieira da Silva, Matos Fernandes, Capoulas Santos ou Tiago Brandão Rodrigues). “Ele defendeu sanções na força máxima para Portugal”, repete a cada momento o cabeça de lista do PS quando pede mais força para o seu partido que quer reverter o atual cenário de hegemonia do PPE nas principais instituições europeias. Para a Comissão o PS quer Frans Timmermans, que esteve até em Magualde na campanha do partido. E o empenho nesta questão é tanto que, no dia em que o partido arrancou oficialmente a sua campanha, António Costa foi a Mangualde e, ao lado de Timmermans, esqueceu até de mencionar Pedro Marques no discurso que fez.

Mas o adversário mais direto à direita é mesmo Paulo Rangel, que também dificilmente é esquecido nos discursos socialistas, sobretudo depois do voo de helicóptero do social-democrata pelas áreas ardidas no centro do país em 2017. “Sobrevoam os problemas”, disse já o socialista aproveitando aquela ação de campanha do PSD — e as críticas que um autarca do próprio partido fez a Rangel — para nunca mais deixar de bater nesta tecla. Nesta e noutra, a do “duo Rangel e Melo” que “passam o tempo a dizer mal de tudo e em particular do PS”. O cabeça de lista do PS tem insistido que é diferente dos candidatos da direita porque não faz a “campanha de maledicência” que se faz desse lado.

Há outra frente em que o socialista tem apostado na campanha que é da sua obra feita. É por isso que, logo no primeiro dia, se concentrou em visitas a instituições sociais, sublinhando o programa PARES, que ele criou enquanto secretário de Estado da Segurança Social (Governo Sócrates), e que “permitiu criar 400 creches em Portugal e centenas de equipamentos sociais”, assegura.  “A direita quando governou,  na programação do Portugal 2020, cortou 70% dos fundos comunitários para o apoio a instituições sociais comparado com o quadro comunitário anterior”. Pelo interior do país, apontou ainda a sua negociação do quadro de apoios europeus e o acrescento de 1700 milhões de euros que foram aprovados para as regiões de baixa densidade. Também visitou obras suas, enquanto ministro das Infraestruturas, e repisou no tema do passe social único (que vai voltar a atacar esta semana que vem), outra frente que também teve mão do seu gabinete ministerial.

A outra cartada da governação que os socialistas têm jogado é a das “contas certas”. Aqui pela voz de mesmo todos os que falam em comícios socialistas, a fazer prever o que vai ser na campanha das legislativas, daqui a uns meses. É uma ideia sobretudo presente nos discursos de António Costa: “Somos um bom exemplo de contas certas mas também um Governo que definiu bem prioridades”, diz apontando para “a reposição de rendimentos”.

Outro tema que marcou a semana de Pedro Marques foi os primeiros dias de campanha a evitar a rua, preferindo ações mais controladas e dentro de portas. O candidato socialista foi confrontado com esta estratégia várias vezes, mas garantia que “há três meses” que já estava na estrada e que não tinha qualquer receio da rua — onde tantas vezes não é reconhecido sem uma ajuda extra.

Pedro Marques insiste que é a Europa que quer discutir e acusa mesmo os adversários de fugirem ao tema. Para a sua campanha levou sobretudo o tema dos fundos comunitários. É à volta deles que tem andado na primeira semana, seja pela aplicação às áreas sociais, seja pela reprogramação que disponibilizou um envelope para o interior do país, seja pela agricultura. Depois também fala do objetivo da descarbonização e das questões ambientais. Mas as referências europeias servem, normalmente, mais para apontar feitos governativos do que propriamente para detalhar propostas concretas do candidato.

Por exemplo, na quarta-feira, depois de uma visita à fábrica da Dan Cake, o candidato socialista foi confrontado com as dificuldades de uma empresa de média dimensão concorrer com outras no espaço europeu, pelas diferenças na taxação fiscal que existem. O candidato foi confrontado pelos jornalistas com a questão, mas acabou por não ser mais claro do que a promessa de batalhar pela “harmonização fiscal” entre estados membros.

Ponto alto foi talvez o comício de Faro, com o candidato a deixar a sala em silêncio ao comentar o episódio do helicóptero de Rangel. Foi um discurso de seis minutos, mas de eficácia pouco proporcional a esta medida. Pedro Marques pesou as palavras e imprimiu uma carga dramática ao caso que acabou por deixar o adversário a ter de se desdobrar em explicações nos dias seguintes. O efeito fez com que esta referência não mais saísse da linha de argumentação do candidato socialista nos seus discursos e entrou noutros, como o de Costa.

Rangel “escolheu sobrevoar a dor das pessoas”, acusa Pedro Marques

Ponto baixo é o roteiro de Pedro Marques que, por exigir deslocações entre vários distritos no mesmo dia, acaba por ditar mais tempo dentro do carro do que propriamente em contactos com as populações. Tem sido assim toda a semana e na próxima não se prevê uma grande diferença, com deslocações para cima e para baixo no país para fazer um comício em Aveiro, voltar para Setúbal, subir para o Porto e descer novamente para Lisboa. Muita estrada e pouca rua que nem tem corrido mal ao candidato, ainda que a mais significativa, em Coimbra com a presença de António Costa, tenha ficado manchada pelos protestos dos lesados do BES que estão à porta de qualquer iniciativa do candidato que conte com a presença do primeiro-ministro. A primeira vez que o fizeram foi, no entanto, aquela que mais estragos causou.

Confusão com polícia, militantes e lesados do BES no arranque da arruada do PS em Coimbra

ANDRÉ DIAS NOBRE / OBSERVADOR

Houve protestos no início de uma arruada em Coimbra, em que estava o líder António Costa, houve uma feira, várias empresas e instituições sociais. Mas foi logo ao primeiro dia de estrada que Pedro Marques fixou o seu lugar na história dos momentos virais de campanha. Foi no dia em que visitou a Fundação João Bento Raimundo, na Guarda, e na creche distribuiu beijinhos aéreos pelas crianças. Ficou registado pelo Observador, também em vídeo, que pode recordar aqui:

Este fim-de-semana, com a ida a Açores e Madeira (Ponta Delgada e Funchal), os quilómetros já percorridos por Pedro Marques saltaram dos 2876 dos primeiros seis dias de estrada, para os 6241 km. São números de respeito que encontram explicação sobretudo numa agenda que, só no primeiro dia de campanha oficial, fez a caravana deslocar-se entre os distritos de Bragança, Guarda e Évora.

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