Haverá poucos acontecimentos que tenham mudado de forma tão radical a Humanidade, especialmente nas sociedades ocidentais, como a ressurreição de Jesus Cristo. Acredite-se ou não nela. Aquele é o momento definidor da doutrina cristã, que moldou a Europa e deu origem a uma das mais poderosas instituições do globo, a Igreja Católica — que é apenas uma entre as várias confissões cristãs que existem na atualidade. Por isso, o domingo de Páscoa é o dia mais importante do ano no calendário litúrgico cristão. Porém, até entre os fiéis, há um “nível de conhecimento muito superficial” dos factos históricos que rodeiam aquele momento, que, do ponto de vista científico, é impossível e inexplicável, diz ao Observador o autor espanhol Antonio Macaya Pascual.
Face à falta de capacidade para explicar cientificamente o acontecimento central da fé cristã, os fiéis refugiam-se, habitualmente, no simbolismo de uma superação da morte. Antonio Macaya Pascual propôs-se estudar a fundo o que os registos históricos nos podem dizer sobre aquele momento. Médico dermatologista no Hospital Universitário de Bellvitge, em Barcelona, e professor de medicina na Universidade Internacional da Catalunha, o espanhol é também diácono permanente naquela diocese catalã — o que significa que pode realizar alguns sacramentos católicos, embora também possa ser casado e ter filhos. “A fé não contradiz a razão”, diz, sobre a forma como a fé e a ciência convivem na sua vida.
O médico lançou recentemente o livro Un latido en la tumba [“Um batimento no túmulo”, apenas disponível em castelhano], no qual explora o que as fontes históricas, cruzadas com os relatos bíblicos, ensinam sobre o que se passou no início do mês de abril do ano 33, em Jerusalém. Numa entrevista ao Observador, na semana que antecedeu as celebrações da Páscoa cristã, o médico explica como a história permite fixar três factos que podem ser dados como certos: Jesus morreu e foi sepultado; o túmulo foi encontrado vazio dias depois; e Jesus foi visto por amigos e inimigos após a morte. A partir daqui, há espaço para diferentes interpretações, mas a mais razoável do ponto de vista histórico e teológico é precisamente aquela que contradiz por completo a biologia. E passa a ser preciso entrar no campo da fé.
“Há quem interprete que isto aconteceu por causa da ressurreição e outros interpretam que não”, explica. Qual é, então, a interpretação mais “razoável”? Seriam os primeiros cristãos um conjunto de ladrões de túmulos que inventaram uma história da qual não beneficiaram? A verdade é que, nos primeiros séculos, os cristãos eram perseguidos e torturados. O que explicaria, então, que tantos aceitassem morrer em nome de uma ressurreição que, na verdade, nem testemunharam por completo? Isto leva os especialistas a supor, como explica Antonio Macaya Pascual, que a hipótese da ressurreição será a mais razoável para entender o que se passou naquele momento. Ainda que tal seja, biologicamente, incrível — no sentido mais literal da palavra: “Os mortos nunca ressuscitam”.
O Antonio é médico e professor universitário de medicina e a medicina diz-nos que a ressurreição não é cientificamente possível. É uma questão de fé para os cristãos. O que é que o levou a estudar a ressurreição do ponto de vista histórico e científico?
O meu campo de investigação, a medicina é a busca da evidência, daquelas coisas de que podemos estar certos. E para isso aplica-se uma metodologia que muitas vezes leva à conclusão de que nos enganámos em algumas coisas que nos pareciam eficazes, em alguns tratamentos, por exemplo. Então, tentei aplicar a busca da evidência na historicidade da ressurreição, procurar evidências. Em inglês, evidence significa provas, aquilo de que estamos certos, mas em espanhol, e seguramente também em português, evidência é algo que é óbvio. Que provas temos do ponto de vista da história? Para minha surpresa, quanto mais investigava, mais vi que há um consenso muito amplo entre grande parte dos historiadores e teólogos que investigaram a ressurreição. Há três coisas de que podemos estar certos: uma é que Jesus morreu crucificado; em segundo lugar, Jesus não estava no túmulo no domingo depois de ter morrido; em terceiro lugar — e é surpreendente, que sobre isto também há consenso —, Jesus foi visto vivo pelos seus seguidores e também por alguns dos seus inimigos.
Interessa-lhe mais o ponto de vista histórico do que o biológico? Como conjugou estas duas dimensões?
A medicina baseada na evidência demonstra que, muitas vezes, coisas de que estamos certos não são corretas. Por exemplo, as operações para a dor de costas não são eficazes, apesar de haver outros dados empíricos que o indiquem. Então, é sempre preciso fazer a pergunta: o que estou a pensar corresponde à realidade ou não? Aplicando isto à história… A história tem outros instrumentos. Não se pode reproduzir a história, não podemos reproduzir, por exemplo, a morte de César. Ninguém esteve lá, ninguém viu a morte de César, mas a ciência tenta aproximar-se do mais razoável. O que é o mais razoável? O mais razoável é pensar que César foi efetivamente assassinado, porque temos muitas fontes, e essas fontes são coerentes. A história, aplicando este método, alcança as suas certezas — que não são, obviamente, as mesmas da ciência empírica. Aplicado ao que aconteceu com Jesus, isto leva claramente os especialistas a concluir precisamente que Jesus morreu crucificado, que o seu cadáver não estava lá no domingo seguinte, e que os seus seguidores e alguns inimigos o viram vivo. Há múltiplas fontes que dão credibilidade a estes acontecimentos. Depois, as interpretações que se fazem são diferentes. Há quem interprete que isto aconteceu por causa da ressurreição, e outros interpretam que não. Mas, a mim, interessa-me muito notar como muitos autores ateus, como [Gerd] Lüdemann, ou judeus, como Pinchas Lapide, estão de acordo em que, por exemplo, São Tiago Menor, um dos doze apóstolos, que além disso era primo de Jesus, teve de o ver vivo. Porque sabemos, através de fontes não cristãs, que morreu apedrejado no ano 64 por apostasia. São Tiago Menor foi morto, segundo Flávio Josefo, no ano 64, por apedrejamento. Isto, em conjunto com o dado que São Paulo diz, que ele lhe apareceu, e outras fontes, leva à conclusão de que o mais provável é que o tenha visto vivo.
O que fez para escrever este livro?
Bom, o que eu fiz foi, basicamente, uma revisão sistemática de tudo o que foi publicado nos últimos 25 anos sobre a ressurreição, com muitos autores de prestígio reconhecido. Professores universitários americanos, como Gary Habermas, ingleses como Thomas Wright ou Richard Bauckham, outros como Craig Evans ou Michael Licona. Contrariamente ao que possa parecer na Europa, nos Estados Unidos há muita investigação, atual, posterior ao ano 2000. E há muitos livros que foram publicados em 2018, 2019, sobre a ressurreição de Jesus, em que se discute muito amplamente a historicidade. O que aconteceu no dia 3 de abril do ano 33, na morte, e o que aconteceu no dia 5 de abril, o domingo da ressurreição. Estudam-se todas as fontes históricas… Flávio Josefo [historiador do século I], os Evangelhos, fontes judias, todo o tipo de fontes, para tentar estar certo do aconteceu, na medida que a história permitir.
Como o Antonio é médico, calculo que haja sempre um ceticismo, científico, sobre a questão da ressurreição.
Claro. A ressurreição é incrível, é um feito inacreditável. Os mortos nunca ressuscitam. O que acontece é que isso é certo, mas eu, ainda que seja médico, tenho de responder a uma pergunta de forma razoável: porque é que São Paulo, que era inimigo dos cristãos, escreveu no ano 50 que Jesus é o criador do mundo? Equipara-o ao Yahweh [Deus] do Génesis. Como é que um judeu, inimigo do Cristianismo, chega ao ponto de escrever e dizer isto? E o próprio Paulo diz: “Eu digo isto porque eu próprio o vi”. É um juízo histórico. Tenho de me perguntar que outras explicações há. A ressurreição é inacreditável, de acordo. Mas qual é a explicação alternativa razoável a tudo o que aconteceu? Sabemos muitas coisas. A única alternativa razoável é irracional, porque a única alternativa é que os primeiros cristãos eram, em primeiro lugar, grandes ladrões de túmulos que roubaram um cadáver; em segundo lugar, eram mentirosos suicidas, que inventaram uma história com a qual não conseguiam nada; e, em terceiro lugar, eram muito maus narradores, porque escreveram textos em que as principais testemunhas eram mulheres que não explicam a cena principal, não explicavam como foi a ressurreição, saltaram essa parte. Estas três características da explicação natural parecem-me irracionais. Parece-me que nos enganaríamos se pensássemos que seriam verdadeiras. Mais: as três juntas ainda são mais irracionais.
Que provas encontrou? Que provas é que um leitor que leia o seu livro vai ver que suportem a existência da ressurreição?
Muitas evidências históricas. Por exemplo, a morte de São Tiago Menor. Por exemplo, os filhos de Simão de Cirene — o que levou a cruz de Jesus —, que se tornaram cristãos. Alexandre e Rufo. Ainda temos o túmulo de Alexandre, que está no Vale de Cedrón, em Jerusalém. Alexandre morreu cristão. Como é que é possível que o filho de um senhor que levou a cruz de Jesus diga que Jesus é o criador do mundo e é Deus? Na mente de um judeu, a única possibilidade histórica é que o tivesse visto vivo. É um puzzle. Isto é um quebra-cabeças que tem mil peças, e cada um tem de fazer o seu puzzle. No final, é preciso dar um veredicto. Se alguém pensa que não ressuscitou, tem de elaborar o seu próprio puzzle e dizer: “O que aconteceu foi isto. Roubaram o túmulo…”
Não lhe interessava provar, do ponto de vista da biologia, medicina, a possibilidade da ressurreição.
Não, não. Desse ponto de vista biológico, não podemos saber se Napoleão conquistou Espanha. A história já passou. Do ponto de vista biológico, não podemos saber muitas coisas. A história utiliza outro método. Do ponto de vista biológico, temos algumas coisas, como pregos de crucificados do século I, temos o crânio de Caifás, temos restos de Alexandre, filho de Simão de Cirene. Temos coisas assim. Mas, do ponto de vista biológico, não podemos responder nem sequer a “como foi o meu próprio nascimento?”. Porque isso já passou. A história utiliza outro método. Mas a história tem de atrever-se a emitir um veredicto. A história precisa de dizer: “Teve de acontecer isto”. Até porque estamos perante o acontecimento mais importante da história, que mudou o Ocidente e toda a história da Humanidade. Não creio que tenha sido por engano.
Para esse estudo da história o mais importante, então, são as fontes. Por exemplo, ao ler a Bíblia hoje, qual é o nível de credibilidade que devemos dar aos detalhes que lá são descritos nos Evangelhos?
Muitíssimo. Isto já foi muito estudado, por exemplo, por Michael Licona e outros autores. Hoje em dia há um consenso entre todos os historiadores, em que os Evangelhos são de um género que se chama bios. São biografias muito fiáveis que procuram, sobretudo, explicar o carácter de uma pessoa. E utilizam os métodos mais sofisticados da época, neste caso do século I. Usam testemunhos oculares, utilizam múltiplas fontes, procurando não tanto uma biografia moderna com um relato cronologicamente ordenado, mas procuram sobretudo o carácter da pessoa e os feitos mais significativos da sua vida. Os Evangelhos são comparáveis às obras de Plutarco e às obras de outros historiadores. Por exemplo, outra evidência que temos é que Papias [escritor do final do século I que foi um dos primeiros a estudar as palavras de Jesus] diz que Mateus e que Marcos criaram os seus Evangelhos com base em testemunhas oculares. Em vozes vivas, diz ele. Isto é muito forte.
Um dos factores que dão credibilidade a estas investigações é o cruzamento das informações com outras fontes que não vêm da Bíblia. Fontes ateias, judias. De onde vêm estas fontes?
Por exemplo, Bart Ehrmann e Gerd Lüdemann. Bart Ehrman, um grande professor americano, é agnóstico. Gerd Lüdemann é ateu. Pinchas Lapide é judeu. E podia continuar. Há muitos autores, e todos eles, quanto mais investigam, mais de acordo estão em que o cadáver de Jesus não estava no sepulcro no domingo após a crucificação, e que houve gente que o viu vivo. É a única maneira de explicar os acontecimentos. Não há outra maneira. Outras fontes que utilizo são, por exemplo, o Talmude [escritos sagrados do Judaísmo], o que diz de Jesus, e outros que já citei, como Gary Habermas ou Jacob Neusner, que também é um famosíssimo historiador judeu, que tem um diálogo com Bento XVI, por exemplo.
Dizia-me em primeiro lugar que através de todas estas fontes é possível estabelecer três factos de que podemos estar certos, e que a explicação mais razoável para explicar estes factos é a de que Jesus ressuscitou. Mas, enquanto médico, não se sente num dilema? Com dificuldade em conciliar a realidade da medicina que nos diz que é impossível ressuscitar, com esta investigação histórica que nos aponta para esta explicação?
Sou médico, mas se Jesus ressuscitou, posso ser médico, jornalista ou arquiteto. Isso é o mais importante da história. Mas, se não ressuscitou, é como disse São Paulo, comamos e bebamos, que amanhã morreremos. São Paulo escreveu isto depois de ter sofrido muito. Para mim, é igual. Se Jesus não tiver ressuscitado, muitas coisas da minha vida mudariam, obviamente. E, se Jesus ressuscitou, tenho de me preparar bem, porque esse é o acontecimento fundamental, sejas médico, arquiteto ou engenheiro. Isso é o mais importante. Não apenas da vida de Jesus, mas também da minha vida. Por exemplo, a morte. Eu sou médico, tenho doentes que morrem, e eu estou diante deles quando morrem. Quando se acaba tudo, quando se faz silêncio, e essa pessoa já não fala nem se vai mover, nunca mais. Mas será que a morte é um inimigo definitivo? Ou há algo mais? Pode acontecer que a morte tenha sido vencida uma vez na história? É uma pergunta a que a medicina biológica não vai responder, mas preciso de saber o que se passa com o doente que acabou de morrer nos meus braços.
A fé e a ciência podem conviver pacificamente?
É a única maneira de as duas estarem sãs. O que é que quero dizer? A ciência, sem a fé, acaba por se obscurecer. Porque a ciência não é capaz de me dizer o que aconteceu a este morto que tenho nos braços, não é capaz de me dizer porque é que tenho de ser carinhoso com os doentes que são desagradáveis, a ciência não é capaz de me dar ânimo quando estou muito cansado. A fé sim. E ao contrário é igual. A fé não pode ser cega, tem de ser uma fé iluminada. Iluminada não será a palavra adequada. A fé não contradiz a razão. Pelo contrário. Por isso, interessava-me estudar a ressurreição sendo o mais estrito possível, com a razão.
Jesus Cristo ressuscitou?
↓ Mostrar
↑ Esconder
Antonio Macaya lançou, a 13 de abril, através da página do Facebook da editora espanhola Libros Libres, um jogo chamado “Jesus Cristo ressuscitou?“. Os jogadores são convidados a ir trocando mensagens com o programa, tentando encontrar alternativas que possam explicar os factos que a história consegue provar relativos ao período em que Jesus Cristo, de acordo com a tradição e doutrina cristã, ressuscitou. Nos primeiros dias, vários milhares de pessoas responderam às questões, de acordo com Macaya.
A ressurreição é o momento central, o momento definidor da fé cristã. Mas não há muito estudo sobre este momento. Será que os cristãos, particularmente os cristãos de Portugal, Espanha, do sul da Europa, sabem tudo o que é possível saber sobre este acontecimento central para a história dos cristãos?
Não, não. Nós fizemos uma pequena campanha com inteligência artificial, na Internet, com um jogo, um chatbot, que está operacional há três dias, e tivemos milhares de pessoas a entrar. Muitas delas escreveram, e o conhecimento é muito superficial, muito pouco profundo. Por isso, animei-me a publicar o livro. Teria preferido permanecer anónimo o resto dos meus anos, mas escrevi-o porque estou consciente de que, até entre os cristãos, o nível de conhecimento é muito superficial. É totalmente necessário alimentar a razão com dados, com evidências, com conhecimento certo.
Porque é que lhe parece que não há tanto estudo e conhecimento sobre a ressurreição, como há sobre outras dimensões da fé cristã?
Primeiro, não há na Europa, penso que por motivos ideológicos. Mas nos Estados Unidos é surpreendente. Qualquer pessoa que ponha no YouTube “Gary Habermas” ou “Resurrection of Christ” vai encontrar auditórios universitários com três mil alunos a ouvi-lo, ou a ouvir Tom Wright, e há debates apaixonantes entre Bart Ehrmann e Craig Evans, por exemplo. Debates de duas horas com dois mil alunos a escutar, apaixonados, os argumentos a favor e contra. Nós estamos aqui na Europa, noutro âmbito, somos mais pós-modernos e um pouco indiferentes, e há uma superficialidade, não apenas na ressurreição, mas em muitos outros âmbitos da vida. Creio que aqui na Europa também acontece uma coisa: preocupa-nos muito o simbolismo, o significado das coisas, ou as repercussões emotivas, a emotividade: a ressurreição dá-nos ânimo, são interpretações emotivas. Neste sentido, gosto de como os americanos se focam nos dados, na evidência, nos acontecimentos. Como eu me aproximei a este movimento da evidência por causa da medicina, isto interessou-me muito.
https://www.youtube.com/watch?v=DOnJSKBVrys
O simbolismo não é um elemento fundamental da fé?
Sim, mas o que acontece é que os médicos como eu, as pessoas da minha idade — com 40 e poucos anos, gente relativamente jovem —, quando ouvimos falar de elementos simbólicos, emotivos ou subjetivos, por exemplo “Jesus tocou-me no coração” ou “Jesus mudou a minha vida”, tendemos a suspeitar de que isso são afirmações subjetivas, mas não são reais. A mim interessou-me procurar a realidade. Porque a realidade está em primeiro, e o sentimento vem depois. A Maria Madalena não era preciso dizer que a ressurreição é muito bonita, porque ela o viu. Gosto de ir a este momento, ao momento da realidade, dos acontecimentos.
Porque é que chamou ao livro Un latido en la tumba [Um batimento no túmulo]?
Eu sou médico, e questionava-me: “Se Jesus ressuscitou, qual foi a primeira coisa a acontecer?” Pensava se seria o cérebro. Não, porque o cérebro precisa de sangue. O fígado? Não, o fígado precisa de sangue. Por isso, primeiro teve de chegar o sangue. E de onde sai o sangue? Sai do coração, que é como uma bomba e envia sangue aos pés, ao cérebro, aos olhos… E pensei: “A primeira coisa que aconteceu foi que o coração bateu”. Isso é muito bonito, e voltamos ao significado das coisas. A primeira coisa a acontecer foi o coração a bater, e o coração é o símbolo do amor. Gostei de pensar nisto. “Um batimento no túmulo”.
Que mensagem quer passar com o livro? Quer que seja lido pelos cristãos que nunca pensaram sobre o que aconteceu na ressurreição de Jesus?
Bom, eu tentei uma coisa impossível. Digo, logo à partida, que é impossível. Escrevi um livro que gostava que fosse lido por todo o planeta, desde os jovens ateus às freiras, aos professores catedráticos, aos cardiologistas, construtores civis, arquitetos. Isto é impossível, porque é impossível fazer um livro assim. Mas tentei. Por isso, pus muitas referências bibliográficas de revistas científicas, mas também pus piadas — aparece o Barça contra o Real Madrid no livro. Aparecem todos os tipos de registos, para que todos, e cada um, pensem o que quiserem pensar. Mas o bom que a história tem é o facto de funcionar como um travão à nossa mente, que às vezes quer imaginar coisas. A história diz-nos: “Os factos foram estes. A partir daqui, pensa como quiseres”. O que eu quero é que toda a gente do mundo pense no momento mais importante da história.