Há já alguns anos que Dan se dedica a monitorizar movimentações militares através de informação pública. Primeiro foi a guerra na Síria. Agora, este anónimo das redes sociais publica várias vezes ao dia informação sobre a mobilização das tropas russas na fronteira da Ucrânia. Há alguns dias, conseguiu, juntamente com outros analistas amadores, comprovar que o 41.º Exército de Armas Combinadas russo estava a mover-se para da base em Yelnya para sul, em direção à fronteira da Ucrânia, para Novozybkov.
O trabalho de Dan e de muitos outros serviu para reforçar a convicção no Ocidente de que a Rússia estava a reforçar os seus contingentes militares junto à Ucrânia. Agora, poucos dias depois, a Rússia assegura que está a retirar algumas dessas tropas. E Dan continua no Twitter a mostrar os sinais de que essa retirada pode não ser efetiva. Ao Observador, deu dois dos exemplos que encontrou nos últimos dias: “É certo que elementos de duas brigadas entraram em comboios na Ucrânia”, diz, referindo-se ao vídeo difundido pelo Kremlin para sustentar a informação de que estaria a retirar homens da península. “Mas podem estar a ir para outra zona próxima da Ucrânia, não saberemos até eles chegarem.”
O outro exemplo trata-se de dois filmes publicados pelo ministério da Defesa russo na sua conta de Youtube que mostram tropas a carregar material para um comboio, como prova de que estariam à beira de partir. “Num dos filmes, eles vão para a direção oposta do primeiro filme. E não sabemos sequer se eles embarcaram, nem vemos o comboio a partir. Nada é claro neste momento.”
Dan é uma das dezenas de pessoas que têm usado ferramentas disponíveis ao público geral para produzir aquilo que se chama de Open Source Intelligence (OSINT). Na prática, amadores utilizam ferramentas disponíveis na internet como as redes sociais, georreferenciação e imagens de satélite para tentar perceber a movimentação das tropas russas e confirmar se as declarações oficiais batem certo com os dados.
As suas conclusões iniciais apontam no mesmo sentido que as declarações de líderes ocidentais como o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, o governo britânico e o Presidente norte-americano, Joe Biden. Todos disseram não ter informação que comprove que a Rússia está mesmo de saída, nem sequer através de informação recolhida pelos seus serviços secretos.
Numa situação que é tudo menos clara, os cidadãos comuns não sabem como avaliar a fiabilidade da informação que lhes é transmitida. E, no meio de tanta informação e contrainformação, surgem outras dúvidas: Quem são as pessoas que têm analisado este tema? Que métodos utilizam? E qual o grau de certeza dos próprios serviços de informação de países como os Estados Unidos, que têm feito uma série de afirmações como a de que Moscovo estava pronto a invadir no dia 16 — algo que não se concretizou?
Para tentar encontrar respostas, falámos com especialistas em assuntos militares e dos serviços de informação. Norte-americanos e russos ficaram de fora: os contactados foram especialistas militares e de informação da Finlândia (que não pertence à NATO) e da Noruega, ambos países europeus que partilham fronteira terrestre com a Rússia. As respostas variam, mas deixam, à primeira vista, algumas coisas claras: a de que as provas fornecidas pela Rússia de uma retirada ainda não são suficientes e que os Estados Unidos têm instrumentalizado a informação dos serviços secretos em público. E mais: que, hoje em dia, já não é possível preparar para a guerra longe dos olhares dos civis, por causa da internet.
Imagens divulgadas pelo Kremlin não chegam para garantir que há uma retirada
Katarzyna Zysk é professora no Instituto Norueguês de Defesa. Não tem dúvidas ao afirmar que a retirada russa ainda não é significativa: “Aquilo que falta é uma mudança claramente visível e significativa nas imagens de satélite”, começa por dizer ao Observador, a partir de Oslo. “A Rússia já mostrou um comboio com alguns tanques a serem movimentados numa ponte da Crimeia e mais alguns vídeos, mas isso não é exatamente uma prova de uma retirada significativa.”
Mais a leste, em Helsínquia (Finlândia), Jyri Lavikainen partilha da mesma opinião. “Em primeiro lugar, mesmo que algumas tropas tenham completado os seus exercícios, ainda podem ser substituídas por novas forças. Tendo em conta que o reforço militar junto à fronteira já decorre há vários meses, a rotação de forças é algo normal”, começa por dizer o investigador Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais. “Em segundo lugar, reduções superficiais de forças em algumas regiões não têm relevância se a posição de força estiver a ser reforçada noutras zonas e se o armamento avançado não estiver a ser retirado e é isso que está a acontecer.”
Para este investigador, especializado na política de segurança russa, só é possível acreditar numa retirada quando for possível ver equipamento pesado, sistemas de defesa aérea e forças de ação rápida a saírem da zona da fronteira. “Tem de haver uma redução significativa desta postura de força, em vez de declarações sobre o fim de exercícios e umas poucas imagens a mostrar comboios em movimento.”
Esta quinta-feira, o aliado de Vladimir Putin na Bielorrússia, Alexander Lukashenko, deixou claro que as tropas podem não ter partido de vez. Depois de ter dito inicialmente, no dia anterior, que “nenhum soldado russo ou peça de equipamento vai permanecer na Bielorrússia”, Lukashenko diz agora que a decisão cabe ao Presidente russo, que quer um centro de treino de lançadores de mísseis Iskander no país, e que as munições ali continuarão mesmo depois da partida das tropas.
Rather different messaging today than yesterday from Belarus pic.twitter.com/JuYFmbxaBo
— Shaun Walker (@shaunwalker7) February 17, 2022
A presença das forças na Bielorrússia é precisamente um dos pontos destacados por Katarzyna Zysk, que fala na possibilidade de os russos deixarem algum material para trás naquele país “para que a Rússia possa voltar a colocar lá forças rapidamente”. “O objetivo é o de aumentar e reduzir a pressão militar à medida que a Rússia achar adequado, para influenciar os países ocidentais e para ir desgastando e desestabilizando o governo ucraniano”, afirma.
O risco, dizem ambos, mantém-se. Como sabem? Em parte pelas imagens de satélite, que têm observado nos últimos dias e que não traduzem a retirada anunciada.
Tik Tok e satélites, as armas dos amadores para fiscalizar a Rússia
Sem acesso às fontes dos serviços de informação norte-americanos (que garantem que não só as tropas podem não estar a ser retiradas, como a Rússia pode estar mesmo a reforçar a presença na região), Zysk e Lavikainen tiram as suas conclusões com base na informação em OSINT que circula, como as imagens por satélite.
Baseiam-se, por isso, no trabalho de pessoas como Dan e de consultoras militares como a Rochan (polaca) e a Janes (norte-americana). Mas também na Rússia há quem faça este trabalho. É o caso da Conflict Intelligence Team (CIT), um grupo de investigadores russos criado em 2014 para procurar informação sobre o envolvimento do país na guerra em Donbass, na Ucrânia. O objetivo da equipa, segundo explicou um dos seus fundadores à ABC, é o de chegar “às pessoas na Rússia que precisam de estar informadas sobre estas coisas”.
O grupo ainda não publicou nada nos últimos dias sobre a anunciada retirada das tropas russas, mas na sua conta de Twitter em inglês republicou um artigo da CNN norte-americana onde se põem em causa os anúncios do governo russo — onde é citado o jornal russo Izvestia, que dá conta que duas das unidades que abandonaram a Crimeia deverão ir para a sua base, que fica em Rostov-on-Don e Belgorod, zonas ainda mais próximas da fronteira leste da Ucrânia.
No passado, a CIT analisou não apenas informação pública, mas recebeu também informação por vias privadas, nomeadamente de soldados russos e das suas famílias, dando conta de que as tropas teriam sido informadas de que poderiam ficar longe das bases durante nove meses, muito para lá dos 10 dias de exercícios militares anunciados recentemente.
E a CIT é apenas uma entre os vários grupos de cidadãos anónimos que se têm dedicado a analisar toda a informação disponível sobre este tema. Para isso, recorrem a ferramentas como as imagens recolhidas pelos satélites SAR da Agência Europeia Espacial, a partir das quais foi possível confirmar em dezembro, por exemplo, a presença de mais de 350 veículos militares numa zona de armazéns abandonada em Klintsy, a cerca de 100 quilómetros da fronteira ucraniana.
As imagens de satélite não são o único recurso. No caso atual da escalada na fronteira ucraniana, uma das principais fontes de informação dos amadores que se têm dedicado à OSINT tem sido a rede social Tik Tok — um dos analistas do Laboratório de Pesquisa Digital Forense do Atlantic Council, que se tem dedicado a este trabalho, diz que 80% das suas fontes vêm do Tik Tok. Por vezes, são os próprios soldados russos que não resistem a colocar um vídeo naquela rede social, que é depois usado para geo-referenciação pelos analistas amadores. “Fico chocado. Não sei se eles não querem saber ou se não têm noção do que estão a fazer”, comentou Konrad Muzyka, da consultora Rochan.
Noutras situações de conflito militar no passado, tal não seria possível. O TikTok obviamente não existia, mas não só: o acesso a imagens de satélites SAR não chegava ao grande público. A Economist recorda que, em 2018, duas startups lançaram os seus próprios satélites SAR com âmbito comercial e que, “ao perceber que não fazia sentido tentar travar o boom, o Pentágono começou a encorajá-lo — em parte porque também aumenta consideravelmente as suas próprias capacidades”. No fundo, se qualquer pessoa pode fazer um pequeno serviço de espionagem de forma gratuita, porque não hão os governos de aproveitá-lo?
Porém, pessoas como o tenente-coronel Tormod Heier, que tem experiência de trabalho nos serviços de informação noruegueses, levantam dúvidas. “De certa forma isto é bom, porque aumenta a transparência e a consciência das pessoas”, começa por dizer ao Observador por telefone, a partir de Oslo. “Mas, por outro lado, há muitas pessoas sem treino para analisar e interpretar as imagens de satélite e outro tipo de informação que vai saindo. Os serviços de informação são muito mais qualificados para fazer essa análise, porque usam várias fontes e procuram padrões de comportamento. Um civil pode fazer uma avaliação tendenciosa ou falsa”, alerta.
O finlandês Lavikainen concorda: “Os amadores podem identificar o tipo de armamento, quanto é, de onde vem e para onde está a ir. Mas para analisar o propósito destas forças militares em termos de que tipo de operações podem levar a cabo, é necessário analistas militares ou soldados profissionais”.
Apesar de reconhecer que é recomendável que os dados sejam analisados por especialistas e sustentados por outras fontes, a professora Zysk é muito mais otimista em relação a este envolvimento de civis. “Esta tendência tem vindo a reforçar-se ao longo de vários anos e as redes sociais tornaram-se uma importante força de informação, a par do desenvolvimento de tecnologias como o reconhecimento facial”, afirma, apontando como um exemplo de sucesso o trabalho do Bellingcat, uma plataforma de jornalismo de investigação que tem recorrido à OSINT para produzir muitos dos seus artigos.
Zysk faz apenas duas ressalvas: a de que exércitos como o russo usam muitas estratégias de camuflagem e disfarce, que podem induzir civis em erro, e a de que, por a informação ser tornada pública, permitir que o outro lado reaja: “Por exemplo, a Rússia em fevereiro de 2019 aprovou uma lei a proibir os soldados de usarem smartphones enquanto estivessem a trabalhar, para evitar o problema de exporem detalhes das operações” — uma medida também aplicada pelo exército ucraniano. Na prática, porém, os soldados têm continuado a postar.
Razão pela qual Lavikainen não tem dúvidas em afirmar que as redes sociais estão a interferir diretamente com estratégias militares, porque agora “é muito mais difícil esconder” o que quer que seja. “As redes sociais estão a tornar-se uma arena onde os conflitos entre estados começam também a ser combatidos. Apesar de os governos perderem a capacidade de esconder as suas movimentações militares, podem por outro lado dar informação diretamente ao adversário e ao grande público. Na prática, as redes sociais podem ser usadas para manipular as perceções públicas sobre os conflitos e os seus participantes”, alerta o investigador finlandês.
A estratégia dos EUA de divulgar informação classificada: eficaz para travar russos ou potenciadora do caos?
É por isso que este investigador do Instituto Finlandês de Assuntos Internacionais considera que a informação mais importante é sempre aquela que é recolhida pelos serviços de informação, os famosos serviços secretos. Isto, porque usam estas imagens satélite, mas corroboram-nas com a informação dos seus agentes e com as interceções de comunicações. “Essa é uma informação que não é divulgada ao público, o que significa que a informação em open source é muito menos definida”, diz.
É com base nessa informação interna que o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse ainda esta quinta-feira que o risco de uma invasão russa se mantém “muito elevado” e que Washington tem “todas as indicações” de que Putin está “preparado para ir para a Ucrânia” nos próximos dias. Mas é possível confiar nessa afirmação quando os EUA têm alertado repetidamente para riscos de uma invasão, tendo até sugerido a data de 16 de fevereiro, que não se veio a confirmar? Ou acreditar em declarações como a dos serviços secretos americanos de que os russos podem estar a preparar uma espécie de cortina de fumo com dados falsos para usar como pretexto para uma invasão?
O tenente-coronel norueguês, Tormod Heier, não tem dúvidas de que o objetivo destas afirmações por parte dos norte-americanos não é a de alertar para uma data específica, mas sim a de dissuadir os russos de avançar. “Eles usam a informação dos serviços secretos como parte do conflito. A administração Biden tem usado a Associated Press, o New York Times e a Der Spiegel como canais a quem passa os seus relatórios quando quer comunicar”. Os propósitos, diz, são dois: “Um é o de mostrar a Putin que uma tentativa de maskirovka [palavra russa para ‘máscara’, que é usada para táticas de guerra híbrida] não vai resultar, porque ‘Estamos de olho em vocês’. É mais difícil para ele atacar se souber que tudo aquilo que equaciona está a ser monitorizado e divulgado.” O outro, acrescenta, é o de comunicar com os próprios aliados da NATO, onde há uma divisão entre países mais apaziguadores com a Rússia como a Alemanha, a França e a Noruega e os mais incisivos como os EUA, o Reino Unido, a Polónia e os Bálticos. “Com os EUA a usarem uma retórica de guerra, é mais fácil para Stoltenberg criar disciplina e coesão dentro de uma aliança que tem 30 membros.”
A estratégia de contrainformação já foi confirmada em órgãos de comunicação social norte-americanos por fontes do governo. “A esperança é que os russos fiquem surpreendidos por nós sabermos estas coisas e que tenham uma reação interna”, explicou um membro dos serviços de informação à CNN. “Aquilo que esperamos é que os russos se comecem a questionar sobre se têm um espião entre eles.” Outras fontes apontam a invasão da Crimeia em 2014 como uma experiência de “aprendizagem” que está a fazer agora a administração Biden adotar outra estratégia perante uma possível invasão russa.
“É difícil saber o que teria feito a Rússia se esta informação sobre os alegados planos operacionais que tinham não tivesse sido revelada pelos EUA. Podemos nunca vir a saber”, reflete Katarzyna Zysk. “Tem uma função de impedir os Estados-membros da NATO de serem surpreendidos como aconteceu em 2014. E também é importante preparar as pessoas para o que pode vir aí.”
Jyri Lavikainen, contudo, não considera que a informação ao grande público seja o principal motor desta decisão e, à semelhança de Heier, aposta mais numa tentativa de desestabilização dos russos. E afirma que é impossível sabermos se a Rússia de facto está a planear uma operação para falsificar um evento ou se tencionava invadir a Ucrânia no passado dia 16. “Esta informação nunca é 100% precisa e é por isso que os serviços de informação se baseiam na confiança que têm nas suas fontes”, explica. “É provável que os EUA tenham divulgado uma informação sobre a qual não estavam 100% convictos, porque não a divulgar podia ter impactos mais graves do que colocá-la cá fora.”
A Rússia continua a negar todas essas acusações e reage até com humor. Maria Zakharova, porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros russo, ainda recentemente disse que gostava que os media ocidentais dessem uma data precisa para a invasão, porque gostava de marcar as suas férias.
A divulgação de informação confidencial traz ainda consigo vários riscos, como a dificuldade de proteger fontes e métodos de recolha. Bem como a possível descrença do público, influenciado por outros desastres do passado como os relatórios de informação em que o governo americano se diz ter baseado para avançar para a invasão no Iraque, em 2003. Os especialistas ouvidos pelo Observador, porém, fazem distinções entre essa situação e o momento atual: “Neste caso, a informação está a ser usada para evitar uma guerra e não para começar uma, como no Iraque”, lembra Zysk. A norueguesa, porém, alerta que “para a próxima, a estratégia pode ser mais difícil de repetir, porque os avisos foram percecionados como exagerados, por não se terem concretizado”.
O tenente-coronel Tormod Heier é ainda mais crítico do que a sua compatriota. “É suposto que o soar dos tambores da guerra tenha um efeito dissuasor sobre Putin, mas a minha experiência diz-me que pode servir mais para aumentar a tensão do que para a baixar”, comenta. “Cria mal-entendidos e suspeitas, o que faz aumentar a probabilidade de acontecerem pequenos acidentes, que podem resultar numa guerra total. Quando ambas as partes estão influenciadas pela informação secreta que diz que a outra parte se está a preparar para a guerra, o teatro torna-se muitas vezes realidade.”
Para este tenente-coronel, é isso que explica a posição do governo ucraniano, que tem repetidamente tentado desvalorizar em público os avisos norte-americanos. “Zelensky está a tentar acalmar a situação para impedir uma guerra com a Rússia e também para acalmar a sua população — e isso não é fácil de fazer quando Washington e Londres usam uma retórica de guerra. É que isto assusta os ucranianos e torna-os presas mais fáceis às táticas híbridas dos russos”, diz, referindo-se a operações como ataques cibernéticos, cortes de energia ou disrupções no sistema de pagamentos que criam “caos na sociedade”.
O facto de ninguém saber ao certo se a Rússia pretende ou não retirar as suas tropas é, para este militar norueguês, uma estratégia clássica do Kremlin, que não quer perder a vantagem negocial que ganhou ao deixar o Ocidente na Rússia. É por isso, diz, que retira algumas tropas para parecer colaborante, mas não as suficientes para dar garantias de que não vai invadir. Manter as opções em aberto, equacionar todos os cenários e evitar ao máximo que o Ocidente saiba o que está a pensar são as estratégias de Vladimir Putin. “Ele gosta de fazer isto, porque assim é mais difícil para os serviços de informação ocidentais perceberem em que é que ele está a pensar e isso aumenta a sua vantagem negocial.” O norueguês lamenta que alguns “não entendam a Rússia”. “Acho que quem a entende melhor é a própria Ucrânia”, afirma.