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FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Batom vermelho ficou muito longe Belém. Marisa perde 300 mil votos e lugar de mulher mais votada

Marisa sofreu uma pesada derrota nestas presidenciais, após ter conquistado em 2016 um resultado histórico em que se tornou a mulher mais votada de sempre. Hoje, o resultado foi bem diferente.

A noite foi de chuva fora e dentro do Pavilhão Centro Portugal, em Coimbra, onde Marisa Matias montou o quartel-general. Se havia chuva lá fora, cá dentro a noite era fria e com pouca emoção. A sala esteve praticamente vazia, havia apenas jornalistas e técnicos. Marisa Matias e os membros do Bloco de Esquerda que estiveram ao lado da candidata mantiveram-se quase sempre pelo andar superior do edifício. Exceção para os momentos dos discursos, em que se alinharam do lado direito do palco. O que se passou no andar de cima ninguém sabe, mas quando desciam as escadas não havia semblantes carregados.

Na história dos números, uma diferença de mais de 300 mil votos a menos entre a noite do Coliseu do Porto e a deste domingo, em Coimbra: em 2016, Marisa Matias somou quase 470 mil mil votos; hoje, o resultado não chegou aos 165 mil. A candidata bloquista que sonhava com “duas mulheres à frente de Ventura” perdeu para João Ferreira, do PCP e ficou em quinto lugar com 3,95% dos votos. Pelo caminho, perdeu ainda a posição de mulher mais votada de sempre em presidenciais – para Ana Gomes – e o direito à subvenção.

No discurso, feito cedo e antes de haver resultados finais, a candidata do Bloco de Esquerda assumiu a derrota e mostrou-se preocupada com a “reconfiguração da direita”. No meio da intervenção final, ainda houve tempo para uma farpa ao PS. Marisa começou pelos agradecimentos a todos os que possibilitaram umas eleições seguras, disse já ter telefonado a Marcelo Rebelo de Sousa para o “felicitar” pela vitória e revelou que ligou a Ana Gomes para lhe dizer que gosta de ver a “solidariedade e frontalidade acima das aldrabices e do ódio de André Ventura”.

Os resultados não são os que esperávamos, não são os que esperei e estão longe do objetivo que traçámos. Dei neste combate o melhor de mim, o resultado não é o que eu desejava (…). Não é também uma falta de comparência.”

A bloquista acaba por lembrar o facto de não ter desistido antes da corrida chegar ao fim, negando qualquer tipo de falta de comparência. Marisa Matias foi pressionada para desistir em prol de Ana Gomes, até com a socialista a frisar por diversas vezes que não era por si que não havia uma convergência da esquerda, mas garantiu sempre que essa opção nunca esteve em cima da mesa.

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As candidaturas à esquerda somaram, se alguma das candidaturas da esquerda tivesse desaparecido a esquerda tinha somado menos. Por que é que a esquerda não somou mais nesta eleição? Essa pergunta terá de dirigi-la ao PS e não a mim.”

Marisa Matias não resistiu, aliás, a atirar as culpas para o PS por não haver um candidato formalmente apoiado pelo partido, o que deixou o eleitorado socialista ‘à solta’ e engrossou a bolsa de votos de Marcelo Rebelo de Sousa..

Há um dado muito preocupante com estas eleições: a direita está em reconfiguração e muitos dos eleitores de direita deste país votaram num candidato de extrema-direita”

A preocupação da noite, maior até do que o resultado da candidatura, foram os números de André Ventura. Depois de nas eleições legislativas de 2019 o líder do Chega ter sido eleito como deputado único do partido, com 1,29% (67.826 votos), esta noite, como candidato presidencial conseguiu quase 500 mil votos. O crescimento do Chega em Portugal esteve no centro da campanha de Marisa Matias, com a candidata permanentemente preocupada com aquilo que dizia ser a “normalização” do fenómeno.

Marisa Matias aproveitou o discurso para apelar a um Portugal em que “ninguém se sinta excluído pela sua cor da pele ou pela sua orientação sexual, em que nenhuma mulher se sinta memorizada, um país solidário de gente igual”. E se a campanha foi pintada com batom vermelho, a bloquista não esqueceu o tema no final e realçou que “a fantástica solidariedade vermelho em Belém tem um significado muito profundo”, que vai “para lá da eleição” e que se vai continuar a refletir num compromisso de “combate pela igualdade”.

O que se consegue perceber pelos primeiros resultados é que na direita há muitos votos que foram para a extrema-direita, uma reconfiguração muito preocupante do nosso ponto de vista, e houve com certeza no eleitorado de centro e também no eleitorado de esquerda muita gente que não quis correr o risco de uma segunda volta.”

A frase é de Catarina Martins, que também falou na noite eleitoral, já mais próximo dos resultados finais, e que sugeriu ter havido uma transferência de votos da direita para a extrema-direita, apesar do esmagador resultado de Marcelo Rebelo de Sousa. Por outro lado, argumentou ainda a coordenadora do Bloco, muito eleitorado optou pelo voto no atual Presidente com receio de uma segunda volta, já depois de o recandidato ao cargo ter dito que uma segunda volta, nesta fase da pandemia, seria uma “exigência acrescida”.

A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou ainda que as projeções que colocavam André Ventura em segundo lugar também pode ter ajudado ao voto em Marcelo Rebelo de Sousa, para que não houvesse a possibilidade de um segundo lugar para o líder do Chega que possibilitasse uma nova ida às urnas.

A condição da reeleição num cenário em que estamos a viver terá pesado, estamos a falar de uma candidatura que já reunia votos muito para além do seu espaço político no momento em que se apresentou a eleições.”

Marcelo ainda teve direito a umas linhas nas respostas de Marisa, porque se está a falar de uma “reeleição de um Presidente, mas também porque estamos a viver uma crise pandémica e económica e social profunda e estamos pela primeira vez a enfrentar o crescimento da extrema-direita em Portugal”. A candidata bloquista considera que “tudo isso”, quer se queira, quer não, condiciona os resultados”.

Na hora da despedida, Marisa prometeu não abandonar qualquer “luta”, seja para ganhar, seja para perder. E há combates que não esquece nem no discurso final, nomeadamente a ideia de que é preciso um “pais mais solidário, um país que se junte pelo SNS e pelos seus profissionais”, mas também um país que “defenda da democracia”.

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

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