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Belmiro de Azevedo: "A diferença entre o nascer e morrer é um fatinho e um par de sapatos"

Belmiro de Azevedo atacou Marcelo, Sócrates, Passos e Guterres. Descreveu a sua forma de gestão. E falou sobre a morte. Algumas das suas frases eram cortantes; outras, eram inspiradoras.

Sobre política

Marcelo Rebelo de Sousa deveria ser eliminado. Não tem categoria. Que retirem a cadeira a esse senhor.
Em entrevista à RTP em 1998
Marques Mendes nem para porteiro da Sonae servia, porque demorava demasiado tempo a explicar como se entra nas instalações.
Em entrevista ao Expresso em 1999
Este governo (António Guterres), tal como alguns medicamentos, passou de prazo.
Em entrevista à Rádio Renascença em 2000
Cavaco Silva é um ditador. Mandou quatro amigos meus, dos melhores ministros, para a rua, assim, com vermelho direto.
Em entrevista à Visão em 2010
Não há exemplo de alguém ter feito tanta coisa mal em tão pouco tempo. [José Sócrates] vai para o Guinness.
Em entrevista ao Jornal de Negócios em 2011
[Passos Coelho] fala muito (…). Não consigo ver, neste momento, a não ser Berlusconi, alguém que precise tanto de uma rolha.
Em entrevista ao Público em 2013
Não aceito a pátria europeia. Aceito, sim, a organização política e económica da Europa. Penso que se pode integrar quase tudo, mas não as culturas, nem os comportamentos sociais.
Em entrevista ao Expresso em 1991
Há uma questão de natureza pessoal que me impede de ir para a política. É que eu gosto de decidir depressa e poderia ter problemas de excesso de velocidade.
Em entrevista ao Expresso em 1999
A minha mulher veta completamente a minha ida para a política.
Em entrevista ao A Capital em 2001
Ninguém que tenha a cabeça em cima dos ombros discute a necessidade de cuidados de saúde mínimos e alguma segurança social. (…) Mas é necessário encontrar soluções alternativas, porque as soluções europeias ao nível da segurança social vão entrar na bancarrota.
Em entrevista ao Público em 1999

[Reveja aqui Belmiro de Azevedo a dizer algumas das suas frases mais provocantes]

Sobre a vida

Costumo afirmar que gostaria que fôssemos todos viciados em aprender e maníacos da perfeição. Isto faz parte da minha filosofia de vida há muito tempo.
Em entrevista à Marketing e Publicidade em 1986
Não fui um marrão nem tinha tempo para o ser. Cheguei a dar 10 horas de explicações por dia. Sou obsessivo quanto ao conhecimento. Há uma coisa que recomendo a todos os estudantes, sobretudo de matemática: nunca passar à frente sem ter percebido tudo. Ganha-se eficiência e confiança.
Em entrevista ao Expresso em 1999
Chegado aos 50 anos, com 25 anos de licenciatura, 25 anos de empresário e 25 anos de casado (…) estou imensamente satisfeito daquilo que fiz juntamente com excecionais colaboradores. (…) Mas, apesar de muita resistência, começo a ficar cansado dos ataques invejosos, da mediocridade da crítica, de alguma inoperância do Governo.
Numa carta enviada a João Cravinho em 1988
Eu tenho fé. Acredito num Deus criador (…) creio na existência de algo sobrenatural. Já quanto à fé religiosa, sou mais cauteloso. (…). Culturalmente sou católico.
Em entrevista ao Expresso em 1999
Levanto-me entre as 5h15 e as 6h30. Leio o jornal, faço o café. E às 7h30 saio de casa. Vou ao health club e faço 100 minutos de exercício físico.
Em entrevista ao Público em 2013
O grande teste para todos os seres humanos será indubitavelmente controlar o processo, para que a própria essência do ser humano não seja destruída, devorada, numa evolução autodestruidora causada pela convergência do poder da ciência com os excessos do liberalismo e com o esbatimento dos valores da nossa civilização.
Em "Belmiro - História de uma vida" de Magalhães Pinto
Afinal, o mais importante (…) nesta curta passagem pela Terra é procurar manter o estar e o ser em harmonia no máximo de tempo possível ao longo da vida. E, quando tivermos de partir, desejar serenamente deixar de estar antes de deixar de ser. Isto é, ver lucidamente a última etapa da vida.
Em "Belmiro - História de uma vida" de Magalhães Pinto
Costumo dizer que a diferença entre o nascer e morrer é um fatinho e um par de sapatos. As pessoas esquecem-se disso. Mas não levam nada. Os egípcios é que metiam nos túmulos muitas jóias.
Em entrevista ao Diário Económico em 2005
Sendo um homem da aldeia, sempre fui visto como um deles. No trabalho, no desporto, nas inaugurações. Comia sempre na cantina da empresa e sempre dei muita importância à promoção da educação durante a vida, para garantir a equidade rigorosa quando chegava a hora das avaliações profissionais.

Sobre a família

A capacidade intelectual da minha mãe e as suas qualidades de trabalho eram superiores. Gostava muito do meu pai, mas ele gostava mais de jogar às cartas, de ir às romarias, de ter uns derriços.
Em "Belmiro - História de uma vida" de Magalhães Pinto
Foi desenhado por mim. Fez a mesma carreira em ziguezague, mas tem vantagens sobre mim, desde logo porque fala fluentemente quatro línguas estrangeiras.
Sobre o filho Paulo, que o sucedeu na Sonae, em entrevista à Visão em 2007

Sobre a gestão

Sou um "risk-taker", mas já cá ando há muitos anos e sei como é: os bancos só emprestam dinheiro quando têm a certeza de não correr riscos. Ao primeiro sinal de as coisas estarem tremidas, de bestial passa-se fácil e rapidamente a besta.
Em "O Homem Sonae", de Filipe Fernandes
Ninguém deve ficar no primeiro emprego e todos devem ter preocupações estratégicas quanto ao empregador, mais de longo prazo e menos de curto prazo.
Em "Belmiro - História de uma vida" de Magalhães Pinto
Os docentes universitários deveriam passar por uma espécie de serviço militar no sector privado, em que o tempo contaria a dobrar, como acontecia aos militares que no Antigo Regime iam para Angola.
Em entrevista ao Expresso em 2007
Gerir em tempos de turbulência é principalmente saber gerir o timing da inovação e, em particular, da inovação tecnológica.
Clube de Negócios
As modas da gestão leio-as todas. Nunca segui nenhuma, mas aprendi muito com elas.
Em "Belmiro - História de uma vida" de Magalhães Pinto
A gestão nada tem de misterioso. É uma arte simples que se reduz a bom senso, mais formação, mais boa informação. E, sobretudo, o que conta é o bom senso.
Em entrevista ao Expresso em 1985
Defendo a gestão participativa e procuro aplicá-la nas nossas empresas. Não é tanto por definição tática, mas no sentido de aproveitar ao máximo as capacidades de todos, mantendo-lhes um estímulo que é essencial para o bom rendimento. Eu acredito que só se pode participar em objetivos quando se colaborou na sua definição.
Em entrevista à Marketing e Publicidade em 1986
Isto tem muito a ver com a minha formação desportiva: ganhar, perder, receber e dar caneladas.
Em entrevista ao Semanário Económico em 1987
Um empreendedor é uma pessoa que nunca acredita na derrota. É uma pessoa que tem o vício de fazer coisas que nunca ninguém fez antes e faz isso um pouco por intuição, por ambição e por inspiração.
Em entrevista ao Diário Económico em 2009
A posse de dinheiro cria a obrigação de o investir bem, de criar emprego. Eu sinto-me um feitor, um curador desse dinheiro. Além disso, não sendo parvo, eu tenho a noção clara de que esse dinheiro não vai comigo para mais sítio nenhum e que, às vezes, até complica, criando problemas de sucessão.
Em entrevista ao Expresso em 1999
Nunca me senti pobre e também não me sinto nada rico. São riquezas contabilísticas porque eu vivo do meu salário, não preciso de mais do que isso.
Em entrevista ao Diário Económico em 2005
Compro os sapatos há 30 anos no mesmo sítio, pelo telefone, e cinco ou seis pares de cada vez para não perder muito tempo.
Em entrevista ao Expresso em 1999
Um hipermercado tem de ser uma máquina eficiente e barata. No fundo, um grande barracão bem decorado, que seja eficiente e tenha bons acessos.
Em entrevista à Marketing e Publicidade
Nas decisões em que é necessário assumir mais riscos uso a emoção.
Em entrevista à Visão em 2001
A intuição, uma certa leitura que faço do rosto das pessoas, os meus sentimentos mais íntimos são fundamentais para o que decido e para o modo como atuo.
Em entrevista à Visão em 2001
A vantagem permanece sempre do lado do atacante e devemos, por vezes, ter a coragem de voltar as costas ao passado, para atacar a concorrência (e a nós próprios, se for necessário) com um novo produto.
Em "Vencer" de Paulo Neves da Silva
A criatividade nasce do desejo de fazer coisas diferentes, de ser rebelde em relação ao status quo, de apostar em situações inovadoras. Não apenas de sistematicamente se estar em oposição, que pode ser insubordinação.
Em "Vencer" de Paulo Neves da Silva

Sobre a Sonae

Podemos ser agressivos uns com os outros na Sonae. Quando se é polido em excesso, corre-se o risco de a mensagem não passar como deve. Um grau correto de pressão é importante. Não conheço ninguém que tenha batido recordes no treino.
Em entrevista ao Financial Times em 1994
A Sonae é uma espécie de escola prática de negócios. Orgulho-me de ser o professor de muitos alunos dessa escola. Isso dá-me tanto gozo como criar riqueza e transformar oportunidades em bons negócios.
Em entrevista à Visão em 1999
Tanto eu como a Sonae comportamo-nos sempre não tanto como contrapoder, mas como não próximos do poder. É bom para a democracia e para o funcionamento do governo que os empresários sejam independentes e discordem.
Em entrevista ao Público em 2005
[A Sonae] sempre perdeu nos negócios que dependiam do Estado português.
Apresentação das contas da Sonae em 2007

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