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A bola oficial do Euro 2020, em grande destaque na "fan zone" de Budapeste, a cidade onde Portugal vai disputar dois dos três jogos da fase de grupos (MARIANA FERNANDES(OBSERVADOR)
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A bola oficial do Euro 2020, em grande destaque na "fan zone" de Budapeste, a cidade onde Portugal vai disputar dois dos três jogos da fase de grupos (MARIANA FERNANDES(OBSERVADOR)

A bola oficial do Euro 2020, em grande destaque na "fan zone" de Budapeste, a cidade onde Portugal vai disputar dois dos três jogos da fase de grupos (MARIANA FERNANDES(OBSERVADOR)

Bertalan, o taxista húngaro que torce pela Seleção e canta em português

O primeiro dia em Budapeste trouxe uma viagem de táxi com um húngaro que torce por Portugal, uma passagem pela "fan zone" e um passeio pela Ilha Margarida, o paraíso verde onde a Seleção está.

Enviada especial do Observador a Budapeste, Hungria

São 8h12, hora de Budapeste, quando Bertalan surge à porta do hotel. De óculos de sol e t-shirt, é o condutor que a aplicação de transportes designou para levar o Observador ao primeiro destino desta quinta-feira. Mal sabia a anónima aplicação o quão certeira era a escolha. Depois de pedir desculpa pelas janelas totalmente abertas que deixavam entrar demasiado vento e de se justificar com o facto de não estar incomodado — é totalmente careca –, pergunta de onde vem a passageira desta manhã. “Lisboa, Portugal”. O sorriso gigante de Bertalan, acompanhado por um “Portugal, a sério?”, deixa desde logo perceber que a viagem será animada.

Bertalan faz a pergunta óbvia: sim, estou cá devido ao Campeonato da Europa e sim, vou acompanhar a seleção portuguesa. “Vocês têm uma grande equipa! Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes, grande equipa, gosto muito da seleção portuguesa!”, atira o condutor, reconhecendo que França também tem um plantel muito forte mas ressalvando que acredita que Portugal pode mesmo voltar a conquistar o Europeu. Para continuar a conversa, até por alguma gentileza, pergunto o que acha da seleção da casa, aquela pela qual deveria teoricamente torcer, a Hungria. “Ah, não temos nada. Não jogamos bom futebol”, diz Bertalan, acrescentando que o “bom futebol” está “em Espanha, em Inglaterra, em Portugal”. “Sou da Juventus e do Ronaldo, nada de Ferencváros ou MTK”, sublinha, referindo dois dos maiores clubes húngaros. Então e Szoboszlai? O jovem médio de 20 anos tem brilhado no RB Leipzig, vai falhar o Euro 2020 por lesão mas é uma das grandes promessas do futebol húngaro e até europeu. Para responder, o condutor ensina-nos uma expressão local. Mal sabe ele que é também uma expressão portuguesa.

A "fan zone" dedicada aos adeptos do Euro 2020, mesmo no centro de Budapeste (MARIANA FERNANDES/OBSERVADOR)

Egy fecske nem csinál nyarat, atira, traduzindo depois para inglês. Em português? Uma andorinha não faz o verão, um provérbio que em Portugal é mais utilizado com a estação da primavera mas cujo significado é exatamente igual. A viagem prossegue. A dada altura, Bertalan começa a digitar no tablet que tem preso no pára-sol do lugar do pendura — abre o YouTube e escreve na caixa de pesquisa. Deixa desde logo um aviso: “Eu sei que não é o mesmo país mas a língua é a mesma”. De repente, em plena Budapeste e com um condutor húngaro ao volante, ouve-se num táxi a música “Ouvi Dizer”, dos brasileiros Melim. “Gosta deles? Eu adoro-os”, explica o taxista, que vai cantando o refrão com o sotaque possível. Não faz ideia do que está a dizer, como acaba por confirmar, mas sabe a música de cor pela fonética. Ouvi dizer que existe paraíso na terra. E coisas que eu nunca entendi, canta Bertalan, longe de perceber a ironia.

O dia em Budapeste continua mas é interrompido antes do almoço por uma forte chuvada que foi a surpresa inesperada de um dia que foi, de forma genérica, cheio de sol e de muito calor. Os dez minutos de tempestade deixam vazia a fan zone do Euro 2020, localizada à esquerda da Praça dos Heróis, um dos pontos de passagem obrigatória na capital da Hungria. Num espaço amplo, para além de um café, estão dois ecrãs gigantes que vão passando em loop os melhores momentos dos Europeus anteriores — incluindo, várias vezes e de forma curiosa, o golo de Nani que acabou por confirmar a vitória portuguesa contra o País de Gales e a passagem à final do Euro 2020. Várias crianças brincam numa zona de atividades com bola, com vários exercícios e remates à baliza, e a zona da restauração circunda um relvado grande que a partir desta sexta-feira vai receber centenas de húngaros para assistirem aos jogos, que vão ser transmitidos nos ecrãs.

5 fotos

Depois da pausa para almoço, é tempo de visitar a Ilha Margarida, a ilha com cerca de 2,5 quilómetros onde fica o hotel em que a Seleção Nacional está instalada. Num autêntico mundo verde, contam-se os inúmeros quiosques, uma piscina cheia de gente e relvados a perder de vista onde muitas pessoas aproveitam os raios de sol, de biquíni ou calções de banho. Numa cidade em que a utilização da bicicleta está totalmente generalizada, algo que é visível em todas as ruas, a Ilha Margarida acaba por ser o ex libris disso mesmo: na estrada, quase não passam carros ou motas e perde-se a conta às bicicletas, às trotinetes e aos patins. Depois de um jardim com vários lagos, que é em tudo semelhante aos lisboetas jardins da Fundação Gulbenkian, seguem-se um outro dedicado às flores. Ali perto, num pequeno pavilhão ao ar livre conhecido como “Poço da Música”, uma orquestra começa a ensaiar. De repente, em Budapeste, estamos no centro de uma obra de um pintor clássico.

Para além da conhecida Torre da Água, que tem mais de 50 metros e só funciona agora como miradouro e sala de exposições, a Ilha Margarida passou este ano a contar com outra atração. Numa zona perto do rio Danúbio, estão 20 mil pedras, cada uma com um número e uma idade idade, que homenageiam as vítimas da Covid-19 na Hungria. O número de pedras diz respeito ao número de mortes que o país registava no final de março mas o governo do país já anunciou que o plano é ir atualizando o memorial.

A homenagem a Neno, a conferência de Danilo, os carrinhos de Bernardo no meinho. O primeiro dia da Seleção em Budapeste

Num dia de muito calor mas com alguma chuva em Budapeste, marcado pelo arranque oficial da caminhada da Seleção Nacional no Euro 2020, uma viagem de táxi trouxe um inesperado adepto de Portugal e um passeio pela Ilha Margarida mostrou o porquê de a comitiva portuguesa a ter escolhido para montar o quartel-general na Hungria. Este sábado, o dia da Seleção volta a girar à volta da conferência de imprensa de um jogador durante a manhã e do seguinte treino, o segundo de preparação para a estreia no Euro 2020 em solo húngaro.

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