“É uma app que, como costumamos dizer, parece uma coisa mágica”, diz Diogo Aires Conceição, diretor-geral do Uber Eats em Portugal. Passado quatro anos desde que o serviço chegou ao país (foi a 26 de novembro de 2017) com 90 restaurantes apenas em parte de Lisboa, muito mudou. Agora, cobre quase todo o território nacional e entrega quase tudo, há problemas com estafetas, queixas sobre as taxas cobradas aos restaurantes e as mochilas deste tipo de serviço tornaram-se tão comuns que são usadas para atividades ilícitas. Mesmo com adversidades, o responsável da plataforma a afirma que o futuro do Uber Eats no país passa por crescer. De que forma? Fazer com que entregar roupa ou compras seja como pedir um jantar pela app ou, como já acontece no Canadá, entregar canábis ao domicílio.
Em março de 2021, Aires Conceição dizia ao Observador que a Uber não conseguia reduzir o preço das taxas cobradas aos restaurantes, algo que volta a reafirmar no início da quinta vaga da pandemia de Covid-19 sob o risco de comprometer o negócio, que tem crescido em Portugal. Atualmente, a aplicação conta com mais de 8.800 restaurantes e comerciantes parceiros em todo o país e cobre mais de 75% da população portuguesa, estando presente em mais de 90 cidades, como revela em entrevista.
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Porém, passados quatro anos desde a entrada em Portugal, o mercado mudou quanto à UberEats. Agora, a novidade já não é entregar Mcdonald’s — é entregar até testes à Covid. Uma palavra, contudo, não muda: “flexibilização”, que é o mote da empresa e de Diogo para defender a relação indireta que tem com os estafetas deste tipo de plataforma, não tendo um vínculo permanente. Um tema laboral que tem sido levantado por ministros e deputados e que poderá mudar a relação que a Uber tem com estafetas e motoristas.
Diogo, que tem 34 anos, chegou à Uber Eats em 2018 como gestor sénior de operações. Em agosto de 2020, tornou-se o líder deste segmento da Uber em Portugal. Antes, foi vice-presidente da JP Morgan em Londres e trabalhou com bancos como o Barclays ou o HSBC. E não estranhe se estiver a reconhecer a cara do líder da plataforma de algum lado: há mais de uma década foi uma das vedetas da série “Morangos com Açúcar”. Contudo, agora é quem decide o rumo da plataforma de entrega de comida no país, até porque assume que ficará neste cargo “num futuro próximo” e que há ainda objetivos por alcançar.
A Uber Eats faz quatro anos em Portugal e mudou o mercado. Como é que se apresentam agora?
Vou começar por descrever estes quatros anos, e a maneira como consigo descrevê-los é com muito orgulho e com um sentido de missão cumprida. Não só já fazemos parte da vida dos portugueses, mas nestes quatro anos mudámos a vida dos portugueses e contribuímos muito para ajudar milhares de restaurantes, comerciantes e parceiros de entrega, que atravessaram realmente algumas fases difíceis durante este tempo. Estivemos lá para ajudar e trazer algum conforto para a vida dos portugueses e para a economia.
Começámos em Portugal com 90 restaurantes apenas no centro de Lisboa e, passado quatro anos, estamos em mais de 90 cidades no país inteiro. Temos mais de 8800 restaurantes e comerciantes parceiros na nossa plataforma e cobrimos mais de 75% da população portuguesa. Estes dados são novíssimos em folha e refletem o percurso que estivemos a fazer neste tempo. Acho que é muito fácil as pessoas esquecerem-se — eu esqueço-me — do que era a nossa vida quando não havia esta experiência mágica desta aplicação. Não me lembro quando — à sexta-feira, ou ao sábado ou durante a semana — precisava de pedir alguma coisa e não tinha a app do Uber Eats. Viemos trazer essa magia à vida do portugueses. É uma app que, como costumamos dizer, parece uma coisa mágica. Parece um jogo em que apertas um botão, começa um bonequinho a mexer na aplicação e, de repente, aparece em casa um estafeta com a nossa comida. Essa experiência mágica que viemos trazer há quatro anos veio mudar a vida das pessoas. Tivemos um percurso gigante desde aí.
Outra coisa que também mudou durante estes quatro anos foi o nosso foco. Começámos com uma aplicação de entrega de comida e refeições a casa e, desde a pandemia, o impulso que houve devido ao comércio online — por esta necessidade de receber as coisas em casa –, passámos de uma app de comida em casa para uma aplicação que entrega tudo em casa. Neste momento, passámos essa experiência mágica de food delivery para entrega de qualquer coisa. As pessoas já podem receber compras do supermercado do Continente, Minipreço e outros parceiros. Podem receber em casa artigos de bem-estar e de beleza da Well’s ou do Boticário, por exemplo. Trazemos a casa testes com a nossa parceria com a Unilabs. Há um leque de coisas que se pode receber que há quatro anos era impossível e viemos proporcionar isso à população portuguesa.
Há um ano, numa entrevista ao Eco, dizia que queria que a Uber Eats fosse uma “Uber Tudo”. Considera que ainda há alguma coisa para fazer?
Sim. Estamos no começo desse percurso em que o mercado de entregas imediatas de outras coisas está ainda numa fase embrionária, muito mais do que a entrega de refeições. Acho que estamos numa fase desse percurso muito parecida com o ponto em que estávamos há quatro anos no setor de refeições.
Começámos com algumas parcerias, mas o hábito — e isso foi muito claro durante a pandemia –, a penetração que há na população portuguesa de food delivery em comparação com outros setores, como o comércio de supermercado, compras, etc. ainda está pouco desenvolvido. Ainda estamos a fazer esse percurso de criar esses hábitos de consumo, trazendo cada vez mais parceiros para a plataforma e diversificar cada vez mais.
Fizemos um esforço muito grande na parte dos supermercados, que era aquele use case mais óbvio e com o qual as pessoas tinham também mais propensão para começar a pedir durante a pandemia. Mas, muito rapidamente, estamos a focar também noutros setores. Não falei, por exemplo, da nossa parceria com a Fnac, que foi muito importante também durante a pandemia. Há um mundo de outras coisas que vamos que estamos muito focados em desenvolver nestes próximos anos, como eletrónica, entretenimento, flores, livros, roupa, se calhar.
Canábis é uma dessas opções, tendo em conta o que anunciaram no Canadá?
[pausa] A minha ambição é entregar tudo o que for legalmente possível em Portugal. No futuro, em relação à canábis, se se tornar legalmente possível e pudermos entregar na plataforma, claro que sim.
Que medidas está a Uber Eats a tomar em relação a pessoas que se fazem passar por estafetas, utilizando malas com a vossa marca, para entregar produtos ilícitos?
Demarcamo-nos completamente desse tipo de atividade e de qualquer ato criminal. A segurança, para nós, é uma prioridade tanto do lado do parceiro, como do lado do consumidor, como do parceiro de entrega. Aquilo em que nos focamos é assegurar que toda a gente que está na nossa plataforma, incluindo os parceiros de entrega, passam por um processo estrito de triagem.
Todos os nossos parceiros de entrega têm de ter mais de 18 anos, um documento de identificação, uma carta de condução válidos e um certificado de registo criminal sem antecedentes. Temos também vários mecanismos de identificação de atividades que são impróprias e trabalhamos com uma equipa de LERT (Law Enforcement Response Team), que é especializada em segurança e coopera diretamente com as autoridades locais para investigar certos reports de potenciais atividades que não são legais. Temos muito investimento feito no desenvolvimento do processo de screening, como no desenvolvimento de mecanismos de identificação e, depois, mecanismo de ação para termos a certeza que qualquer atividade na nossa plataforma cumpre com os requisitos legais.
Mais um ponto aqui. Acho que, apesar de ter havido realmente algum barulho ou ruído na imprensa local sobre a Uber e outras plataformas envolvidas neste tipo de atividades, aquilo que depois se percebeu é que este problema acontece muito mais noutras plataformas do que na Uber.
Falou de uma equipa que têm a fazer essa comunicação com as autoridades. Já identificaram algum caso? Qual o número de casos reportados?
Não tenho dados neste momento. Essa equipa atua separadamente e de uma forma confidencial com as autoridades locais.
Mas já identificaram casos de pessoas que se passam por estafetas e utilizam as vossas mochilas para fazer entregas de produtos ou materiais ilícitos?
Que eu tenha conhecimento, não. Mas, mais uma vez, como esta equipa atua diretamente e confidencialmente com as autoridades locais, não tenho acesso a essa informação. Não é uma coisa que me seja reportada diretamente. Podemos confirmar, mas a informação que me chega é que não temos nenhum caso confirmado do lado dos estafetas.
“A flexibilidade é um benefício: a pessoa pode escolher quanto quer trabalhar, quando quer trabalhar e quanto quer ganhar”
Uma das críticas que às vezes vos é feita é que há estafetas que não falam português, o que pode gerar problemas de comunicação com alguns dos clientes. É algo que estão a tratar? Porque é que isto acontece?
Aqui, o principal é percebermos que nós, na Uber e na Uber Eats, somos uma plataforma livre e de fácil acesso para qualquer pessoa. Desde que essas pessoas cumpram os requisitos de que estava a falar, desde que tenham a documentação que exigimos, podem muito fácil e rapidamente começar a trabalhar e receber rendimento. Isto quer dizer o quê? Que realmente é uma plataforma livre para qualquer pessoa que precise de uma oportunidade de rendimentos fácil e rápida. Por isso é que este tipo de trabalho e este tipo de oportunidades foi tão importante durante a pandemia no ano passado, quando vimos um número de parceiros de entrega com os quais trabalhamos a crescer muito rápida e significativamente. Por duas razões. Primeiro, porque havia essa necessidade de um negócio que estava a crescer e foi um dos poucos setores onde estas oportunidades de rendimentos aconteceram e cresceram relativamente a muitos outros setores onde a tendência era o contrário. Foi um ponto de atração para muitas pessoas que perderam os empregos, viram os seus horários reduzidos, etc. Viram nesta oportunidade algo importante para terem rendimentos durante essa fase difícil. Em segundo lugar, porque é uma oportunidade fácil, flexível e de acesso imediato. Durante a pandemia, foi um colchão de salvação para muitas pessoas que, de outra maneira, ficariam sem rendimentos e, portanto, teve um impacto muito grande na economia portuguesa. Uma das grandes… Está a faltar-me a palavra, só sei o termo em inglês…
Pode dizer em inglês.
Pros [vantagens] da plataforma e deste tipo de trabalho é exatamente esse. Seja para pessoas que estão em transição de um trabalho para o outro, que estejam em transição de um país para o outro, que queiram complementar um trabalho que tenham com esta atividade, que precisem de extrema flexibilidade no seu dia a dia porque têm outras atividades, outros compromissos académicos ou profissionais. Esta oportunidade abrange todos estes casos e é essencial para a vida económica nos últimos anos.
Por isso, não é um requisito que um estafeta fale português?
Não é um requisito que falem português.
Fiz esta pergunta porque estão a apanhar pessoas que estão, como referiu, em momentos de transição, entre empregos, por exemplo. Pessoas que muitas vezes estão numa situação que pode ser considerada precária, o que me leva às próximas perguntas: neste momento, quantos estafetas têm a trabalhar com a Uber Eats em Portugal?
Infelizmente, não reportamos esse número, mas aquilo que podemos dizer é que temos vários milhares de estafetas e que esse número tem aumentado nos últimos anos ao mesmo tempo que o nosso negócio tem crescido. E que, curiosamente, a maior parte destes estafetas que vieram à procura deste tipo de trabalho durante a pandemia, ficam. Quero dizer, não vemos esse número a decrescer e não vemos esse problema como vemos noutros setores em que realmente a mão-de-obra está a escassear. Vemos que esta oportunidade de negócio tem muito valor porque as pessoas dão valor a esta flexibilidade e a todos os outros benefícios que advêm disso. É uma oportunidade que lhes dá muito valor.
Falando em valor, quanto é ganha em média um estafeta por dia em Portugal?
Esses valores variam imenso. E variam de acordo com vários fatores. Depende da cidade onde estão, depende de quanto tempo trabalham. Depende da parte do dia em que trabalham. Esses valores são muito variáveis.
Mas não consegue dizer nada? Cito um estafeta que disse que tanto conseguia fazer “30 euros”, como “nada por dia”. Que valores é que a Uber Eats usa como referência para cativar mais estafetas?
Não dizemos exatamente por isso. Esta oportunidade é muito flexível e é esse o benefício deste tipo de trabalho. É tão flexível que a pessoa pode escolher quanto quer trabalhar, quando quer trabalhar e quanto quer ganhar. Obviamente que se uma pessoa durante uma semana não trabalhar nada, não ganha nada. Mas se trabalhar algumas horas durante os picos de procura — almoço, jantar, isto é muito cíclico — obviamente que vai ganhar mais. Esta flexibilidade é que é importante. É aquilo que eles valorizam. Nós fazemos vários estudos e inquéritos aos nossos parceiros. Ainda, no mês passado, saiu um muito importante, da Copenhagehn Economics, feito em 24 países, incluindo Portugal. Abrangeu cerca de 16 mil estafetas por toda a Europa e teve duas conclusões que, para mim, foram essenciais. Uma é que a principal razão para a grande maioria dos parceiros trabalharem nas plataformas é a flexibilidade que este tipo de trabalho lhes dá. E, depois, já entrando num debate sobre o futuro do trabalho e a legislação laboral das plataformas, o que estudo mostra é que quase 70% dos estafetas iriam ter que desistir de trabalhar, perdendo esta oportunidade de rendimento, se transitássemos para um modelo menos flexível e mais rígido.
Uma das coisas que referiu foi que se um estafeta não trabalha, não ganha. A questão da flexibilização era uma questão quanto a isso poder ser ou não considerado um trabalho precário. Se um estafeta fica doente, não ganha, pois não?
Há aqui dois pontos. Um é que o trabalho independente necessita de ter mais proteções, mais benefícios e fomos das primeiras empresas a nível global a reconhecer isso e até fomos pioneiros ao atribuir alguns benefícios aos estafetas. Por exemplo, somos dos primeiros a dar o benefício de um seguro de acidentes de trabalho e de outros riscos.
Têm uma parceria com a Axa, certo?
Exato. É um seguro que lhes permite ter alguma segurança, apesar de serem trabalhadores independentes — e é 100% dado pela Uber. Temos outros exemplos. Durante a pandemia, fomos os primeiros a financiar e a dar-lhes segurança de que se tivessem de ficar em confinamento, ou se fossem infetados pela Covid-19, pagávamos 14 dias, nem menos, aos estafetas. Distribuímos gratuitamente material de proteção, como máscaras, kits de higiene, etc. Temos sido pioneiros a dar uma proteção ao trabalho independente.
Acreditamos é que não há só duas hipóteses, como temos neste momento: flexibilidade sem proteções, ou trabalho fixo, de contrato de trabalho e proteções. Acreditamos que proteção e flexibilidade não têm de ser mutuamente exclusivas. Tem de haver uma solução que preserve esta flexibilidade dando proteções. Temos visto é que estas soluções que têm sido apresentadas não têm por base aquilo que os trabalhadores realmente querem e de que precisam. Achamos essencial que qualquer consenso ou solução que seja implementada em Portugal ou na Europa tenha em consideração aquilo que os utilizadores da plataforma precisam e querem. Porque uma coisa é oferecer mais proteções a trabalhadores independentes, outra coisa é acabar com o trabalho independente em plataformas.
O Código do Trabalho prevê em Portugal, por exemplo, a isenção de horário de trabalho, ou outras proteções que criaram, como os seguros. São mecanismos que as empresas são obrigadas a facultar aos trabalhadores. Não está a Uber a fazer o mesmo caminho que as empresas acabaram por fazer estando a tentar, ao mesmo tempo, não ficar diretamente ligada a estes estafetas?
Claro que sim. Mas aqui o problema é que o trabalho independente, da maneira como está, faz com que a empresa que contrata este serviço de trabalhadores independentes não lhes possa dar proteções. O que acontece é que isso é considerado trabalho dependente. Portanto, trabalho fixo. Cais no outro extremo, em que se tem de reportar e se perde completamente essa flexibilidade que eles querem. Aquilo por que estamos a batalhar, e que queremos muito — e estamos totalmente abertos para trabalhar com reguladores, com as equipas governamentais, com plataformas, etc. –, é encontrar esta solução que preserve aquilo que eles querem, que é a flexibilidade, e lhes dê proteções. Estamos totalmente abertos a isso.
A Uber Eats está a trabalhar com empresas intermediárias para poder facilitar o trabalho destes estafetas?
Os estafetas podem estar na Uber como trabalhadores independentes, ou podem trabalhar através de um parceiro de frota, que é aquilo que acontece no negócio de rides. Há empresas com frotas de motas e os estafetas podem trabalhar através dessas empresas de frota.
Trabalham com estes dois mecanismos para ter a frota de estafetas indiretamente ligada à vossa plataforma?
Há uma conexão direta com esse parceiro de frota.
“Nunca reduzimos o nosso pricing porque ele é necessário para mantermos um serviço para os restaurantes”
Quanto é que cobram de percentagem máxima a um restaurante?
As nossas taxas não mudaram nunca. O nosso princing sempre teve por base aquilo que é necessário para o nosso negócio ser sustentável e ter futuro, tanto em Portugal como a nível global. A nossa structure pricing é a mesma aqui em Portugal e no mundo inteiro. O nosso princing não se alterou.
Aquilo que fizemos, durante a pandemia principalmente, foi lançar outros serviços que tivessem um pricing mais barato. Isto porque percebemos que existia uma necessidade dos restaurantes de terem serviços diferentes. No princípio, tínhamos um serviço total — serviço de agregação de procura de utilizadores e de potenciais consumidores para os restaurantes — ao mesmo tempo que também oferecíamos um serviço logístico e um serviço de entrega. O que começámos a perceber foi que havia também necessidade de os restaurantes terem serviços separados. Por isso, começámos a lançar outros serviços que agregam apenas parte do nosso serviço global e que têm um pricing mais reduzido. Por exemplo, lançámos o serviço de pedidos online, que é um website para os restaurante no qual podem gerar a sua própria procura, não beneficiando da procura do nosso marketplace, que é um sítio onde investimos bastante e é uma fatia grande dos nossos custos. Se os restaurantes preferem não beneficiar dessa gestão de procura e ter o seu próprio canal, então têm esse produto pelo qual podem optar, com um princing mais reduzido e podem beneficiar, por exemplo, da parte logística.
Lançámos também outro produto que é o pickup. Se os restaurante e as pessoas só preferem fazer pickup e não ter a parte logística, têm também um pricing reduzido porque também não temos o custo de entrega do estafeta. Começámos a lançar vários produtos que se adaptam melhor à necessidade dos restaurantes e dos parceiros que tivemos durante o último ano.
Não vão então reduzir taxas/pricing para os restaurantes nesta quinta vaga?
O nosso foco e a nossa política durante a pandemia teve sempre duas vertentes. Uma, investir em segurança. Se o serviço não é seguro durante a pandemia não existe a confiança necessária tanto do lado do parceiro como do consumidor para utilizarem o serviço. Investimos imenso em segurança no ano passado. Em segundo lugar, investir em ações que gerassem negócio e procura para os restaurantes. Aquilo que fizemos foi investir, e continuaremos a fazê-lo desde que tenhamos as condições adequadas.
Então, não vão reduzir?
Nunca reduzimos o nosso pricing. Até porque o nosso pricing é necessário para mantermos um serviço para os restaurantes. O que fazemos é investir em trazer negócio para os restaurantes porque, neste momento, é muito melhor para o restaurante ter volume e ter negócio do que não o ter. É a única maneira de se manterem abertos e em funcionamento.
Vai continuar à frente da Uber Eats em Portugal? O que é que ficou por fazer nestes quatro anos?
Temos feito muito e queremos continuar a contribuir para o crescimento da economia portuguesa. E só o conseguimos fazer se continuarmos a ter as condições necessárias. Há obviamente muitas peças a mover-se, mas achamos que não faz sentido num momento sensível da economia portuguesa regredirmos como país. O nosso principal objetivo é continuar a investir em Portugal, continuar a crescer, continuar a expandir o nosso serviço para mais cidades, para mais utilizadores, para mais comerciantes e restaurantes. Continuar a contribuir o máximo possível para aumentar este setor de delivery, e, com isso, o negócio dos comerciantes e dos restaurantes. Queremos continuar a investir neste novo setor, como estávamos a falar, de “Uber tudo”. Continuarmos a crescer para setores ainda pouco explorados em termos de ecommerce. E há vários. Queremos continuar a investir na digitalização tanto do consumidor, como dos comerciantes, como da economia portuguesa. Queremos continuar a aumentar este use case de delivery para que não seja só um hábito de conveniência, mas sim um hábito diário em que as pessoas usam o nosso negócio de mobilidade, como o nosso negócio de delivery, numa base diária para irem a qualquer sítio mas também para receberem o que quiserem. São esses os nossos principais objetivos.
Mas vai continuar à frente da Uber Eats em Portugal?
Sim, vou continuar no futuro próximo. Há muito ainda por fazer e estamos ainda só no princípio dessa caminhada.