Às vezes, a ficção e a realidade andam de mãos dadas. Veja-se o exemplo de Héctor Yazalde. No mundo fantasioso do PES (Pro Evolution Soccer), o seu nome é um dos clássicos incontornáveis com um total de 95 (de 0 a 100) na pontaria à baliza, 92 de cabeça, 90 na técnica do remate, 86 na execução do drible, 85 na potência do remate, 83 na stamina e 80 no trabalho de equipa. É um jogador de eleição. É mesmo.
No mundo real, é um goleador implacável. Como poucos. Daí que o dirigente sportinguista Abrãao Sorin desembarque em Buenos Aires com o propósito de assinar contrato com aquele fora-de-série. A oferta de 4200 contos é irrecusável, só que o Independiente torce o nariz a algumas nuances do contrato, sobretudo aos 20% pedidos por Yalzade. Um toque aqui, outro ali e o negócio faz-se finalmente por 3500 contos. Com o dinheiro, Yazalde manda construir uma vivenda em Buenos Aires para os pais e só depois de escolhido o local da empreitada é que viaja para Lisboa, onde chega a 11 de fevereiro de 1971. O assunto é amplamente noticiado. Aos jornalistas portugueses à sua espera no Aeroporto da Portela, diz-se sentir cheio de confiança. “Quero marcar uma época no futebol português.”
Errrr, mais que isso até. Na estreia oficial, demora seis minutos a encontrar o caminho da baliza. Pobre Boavista (4-1). Em quatro épocas de Sporting, o argentino pulveriza recordes, alguns inéditos (primeiro sportinguista a ganhar a Bota de Ouro, em 1974, e primeiro jogador estrangeiro de uma equipa portuguesa a participar num Mundial, também em 1974), outros imbatíveis (46 golos num só campeonato, nem Jardel). No plano desportivo, ganha um campeonato (73-74), duas Taças de Portugal (72-73 e 73-74), duas Botas de Prata como melhor marcador do campeonato nacional e tal Bota de Ouro. No plano social, Yazalde também se dá bem. Muito bem, aliás. Suspense. Suspense enorme. Suspense gigante. Um telefonema de Ponte da Barca para Buenos Aires à meia-noite-e-tal resolve o assunto.
Está lá, é a Carmizé? [claro que é, a conversa já flui há uns dias por whatsapp]
¡Hola! ¿que tal?
Bem, bem. Podemos começar?
Queres começar por onde?
Pelo teu nome.
Maria do Carmo Ressurreição de Deus.
Uauuu. E nasceste onde? A wikipedia diz Guarda.
Nasci ali perto, em Gonçalo, uma vila com pouco menos de duas mil pessoas, perto do Fundão.
Em que ano?
Uffff [e começa a rir-se], hace mucho. Pero me cuido, hã?
Bem sei, já vi as fotos mais recentes.
Tu és de que ano?
1977.
En serio? És do ano do meu filho Gonzalo. De que mês?
Fevereiro.
En serio? De que dia?
16.
Uau, eu sou de 15.
E o ano?
Ainda essa conversa? Jajajaja, sou de 1950.
Quando foste para Lisboa?
Aos cinco anos.
Moravas onde?
Nas Portas de Benfica.
Do Benfica para o Sporting, que viagem.
Jajajaja, a vida é assim mesmo, jajajaja.
Agora a sério, cresceste nas Portas de Benfica?
Gostava de revisitar esse local. Para a direita, Benfica. Para a esquerda, Vendas Novas, Damaia, Amadora. Estava na escola de lá e, enquanto estudava, trabalhava numa boutique muito conhecida chamada Fica Bem, em Benfica. Foi lá que o Vasco Morgado me viu e levou-me.
Para onde?
Para o mundo do showbiz, do espectáculo, do entretenimento. O Vasco era um homem interessante e dono de cinco teatros. Dali a pouco, já estava a fazer teatro.
Começaste a atuar onde?
Teatro Monumental. Jamais me esquecerei desse dia.
Tinhas quantos anos?
Dezassete. Porque ainda era menor, acabava a peça e ia dormir a casa de uma amiga dos meus pais. Ou seja, não ia para a tertúlia até altas horas.
Mesmo assim, deves ter conhecido imensa gente.
Uyyyy, ni te ocurre: Amália Rodrigues, ‘el gordito’ Victor Mendes, Camilo de Oliveira, José Viana, Eunice Muñoz, Nicolau Breyner.
Nicolau Breyner?
Lembro-me perfeitamente dos fins-de-semana em que íamos passear de barco em Setúbal e ele acompanhado por uma dançarina inglesa. Que personagem, divertido.
E o Camilo?
Outro bem animado. Foi ele quem me apresentou o Chirola.
Já o conhecias?
Um dia, estava a entrar no Drugstore Tutti Mundi na Avenida de Roma com uma amiga minha e vejo um homem forte com a Conchita Velasco, no outro lado da rua.
Quem?
Por Díos, não sabes quem é a Conchita Velasco?
Errrrrr, não.
Conchita Velasco era uma actriz/bailarina espanhola muito famosa, uma diva, que estava a fazer uma peça em Portugal.
Então era o Yazalde com a Conchita?
Sim, moravam no mesmo prédio, em cima do drugstore. Ele no 3.º, ela no 1.º. Acho que era assim.
E depois?
O Chirola impressionou-me logo, tinha uma cara de índio.
E depois? (desculpe lá a monotonia nas perguntas)
Sin problema, Miguel. Quando cheguei ao drugstore com a minha amiga, encontrei-me com os outros actores de revista, porque almoçávamos todos os sábados e domingos. Um desses actores era o Camilo de Oliveira, um sportinguista enfermo. Perguntei-lhe quem era ele e o Camilo disse-me tudo, menos o tamanho do pé, jajajaja.
E depois?
Después, fiz um anúncio publicitário no Guincho e o Chirola apareceu lá, por magia, supongo, jajajajaja. A partir daí, nunca mais tirou os olhos de mim. Nem eu dele. Ele ia ver as peças de teatro e ficava na primeira fila. Convidava-me para jantar, só que isso era impossível.
Porquê?
A peça acabava à uma da manhã. A essa hora, já o Chirola tinha de estar em casa, senão era multado pelo Sporting.
Bem, certamente houve um dia em que se juntaram, não?
Obra do Camilo, foi ele que combinou uma noite de fados em Alfama com a mulher dele, o Chirola e eu. Foi tão agradável que começámos aí a namorar.
Ias vê-lo a jogar?
Sempre, marcava tanto golo. Às vezes, eram aos cinco, seis de cada vez [8-0 ao Oriental].
A todo o lado?
Não, só em Alvalade. Eram outros tempos e os jogadores não tinham essa liberdade. Mais, se o Sporting jogasse mal ou perdesse, o castigo dos diretores era obrigar os jogadores a dormir no hotel de domingo para segunda-feira. Quando acordavam, tomavam o pequeno-almoço em conjunto no hall e ainda iam treinar. Só via o Chirola depois do almoço de segunda-feira.
E a Carmen continuava a trabalhar?
Sempre.
A wikipedia diz que foi Miss Portugal.
Noooo, fui Miss Fotogenia, isso sim. Era um concurso para ver quem tinha o look mais parecido à Faye Dunaway. Disseram-me para concorrer, enviei uma fotografia e ganhei.
E o teatro?
Muitas peças, no Monumental e no Parque Meyer. E alguns filmes.
Ah sim?
Siiiim. Aí era conhecida como Britt Nichols. Comecei numa pelí de Amando de Ossorio, “La Noche del Terror Ciego”. E depois comecei a trabalhar com outro realizador espanhol, o Jess Franco. Fiz seis ou sete pelís com ele. Fui mulher vampiro, fui filha do Drácula, fui muita coisa, jajajajaja.
Uauuuu. Essa carreira acabou quando?
Quando recebi uma carta do Roman Polanski para ir ter com ele a Itália.
Então, que pasó?
A época do Sporting acabou e o Chirola entrou de férias. Como tal, levou-me à Argentina para conhecer o país e eu fui, tranquila da vida. A ideia era conhecer e viajar. Às tantas, pedem-me para fazer anúncios televisivos para uma marca de cigarros. Comecei a gostar daquela movida, no país do Chirola. Quando voltei a Portugal, já estava casada. Jajajajaja, o Chirola tratou de toda a papelada desde a Argentina.
Estamos em que ano?
1973. Casámos a 16 de julho. Ele tratou de tudo, tudo, tudo, até a certidão de nascimento de Gonçalo.
Isso é amor.
Pois é, jajajaja. Eu sentia isso constantemente, era um homem arrebatador, muito sensível, muito humano. Quando acabava os treinos do Sporting, havia sempre uns meninos pobres à porta do campo e ele tinha sempre moedas boas, não daquelas de 5 escudos, para lhes dar. O Chirola sempre foi um homem atento aos pormenores e isso fazia a diferença nas relações humanas. Antes dos jogos, era costume haver um carro como prémio para o autor do primeiro golo. Como o Chirola era quase sempre o vencedor e já tinha um BMW bordeaux que adorava, ele fazia papelinhos e sorteava o carro pelos companheiros durante o treino do dia seguinte. Quando não era um carro, era um almoço do Gambrinus. Íamos lá muito com o Di Stéfano, antes e depois de ele ser o treinador do Sporting. Ainda está aberto?
Está, pois.
Que saudades de um almoço daqueles de marisco. Só aí é que bebia um copo de champanhe rosé, era o melhor para acompanhar aquelas ostras.
E o Chirola acompanhava-te na bebida?
Antes de me conhecer, saía muito à noite com Damas e Laranjeira. [silêncio] [Carmen começa a fungar]. O Damas era sensacional e já sei que morreu. E o Laranjeira, que é feito dele?
Está a viver nos EUA.
Arranjas-me o número dele? Bateu-me agora uma saudade desses tempos. Que senhor, o Laranjeira. Sempre educado, bem falante. Como o Juca, sabes? O Juca era daqueles que limpava a cadeira para te sentares ou puxava a porta do carro para entrares. Havia gente top, top, top. No Sporting e também no Benfica. O Chirola sempre se deu bem com o Eusébio, por exemplo. Às vezes, jogavam o dérbi de Lisboa e depois jantávamos juntos num restaurante em Lisboa. Eles e nós, as mulheres. Conheço bem a Flora, como está ela?
Não sei dela desde a morte do Eusébio.
Pois, aqui a notícia do Eusébio foi amplamente divulgada. As pessoas de bem reconhecem o seu talento e também choraram o seu desaparecimento. O Chirola ia visitá-lo a casa quando ele não estava bem e o Eusébio retribuía as visitas durante as lesões do Chirola. Era uma amizade boa. Mas há mais do Sporting, como o Marinho.
Esse sei onde mora: Benfica.
[subida do tom de voz, como se tivesse encontrado um tesouro] Ele sempre morou aí. E também há mais do Benfica. Como se chama aquele alto, que era defesa-central?
Humberto Coelho?
Esse, o Huuuuuumberto. Era alto, hã? E o outro que estava sempre com ele, eram amicíssimos.
O Toni?
O Tooooooni. Como é que estão?
Todos em forma.
Ainda bem, passámos bons momentos.
Dizia que o Chirola andava na noite com o Damas e o Laranjeira.
Jajajajaja, não deixas escapar nada. Antes de me conhecer, o Chirola não podia jogar no Sporting, porque chegou a meio a época, em fevereiro, e porque as duas vagas de estrangeiros já estavam ocupadas. Ele então saía com frequência. A partir do momento em que começámos a namorar, ele passou a fazer uma vida caseira que coincidiu com o início da época em que ele já jogava.
Ai jogava, jogava.
Ele era um íman, todos gostavam dele. E não digo só os adeptos do Sporting, os do Benfica também. Notava-se na rua, o carinho dos adeptos. Ele retribuía com golos, golos e mais golos. Quando foi receber a Bota de Ouro como melhor marcador da Europa, a organização fechou o Lido e o Beckenbauer disse-lhe ‘tens a mulher mais linda de todos os jogadores do mundo’. A mulher do Beckenbauer, a segunda, não a primeira que se parecia com um homem, jajajajaja, também lhe disse o mesmo.
Eram um casal muito famoso?
Nunca conseguíamos passar despercebidos: ele era jogador, eu actriz de revista.
Tanto em Portugal como lá fora?
Mira, não passávamos despercebidos: uma loira e um índio, já viste bem?
Jajajajajajaja. Em Marselha, por exemplo.
Grandes tempos, também. Vivíamos numa rede de apartamentos chamados Jardin. Très bon, très jolie, très tudo. Tínhamos três piscinas, dois courts de ténis e toda uma cidade nova por explorar. Recebíamos em casa todos os novos companheiros de equipa do Chirola.
Saíram de Lisboa, porquê?
O 25 Abril acelerou as coisas, o Sporting já não tinha condições para lhe pagar o ordenado e era obrigatório fazer dinheiro com a transferência do Chirola.
A melhor proposta foi o Marselha?
Havia o Real Madrid ou o Atlético Madrid, só que ele preferiu o Marselha para aprender a falar francês. Tu nem imaginas o profissionalismo do Chirola: ele tinha aulas de inglês, francês, tudo. Queria saber tudo para o futuro. E não falo só do futuro como jogador, também como treinador. Se ele tivesse sorte na vida, seria um dos más grandes.
O Chirola teve azar?
Vê só isto. Estava tão bem no Sporting com uma projeção mediática imensa, sobretudo depois da Bota de Ouro mais a de Prata em anos seguidos, e dá-se o 25 de Abril. Estava tão bem no Marselha, onde ganhou uma Taça de França e continuou a marcar golos, e disseram-lhe para voltar à Argentina, caso quisesse jogar o Mundial-78. Como o Chirola ainda estava desgostoso pela participação no Mundial-1974, em que a Argentina foi eliminada na segunda fase de grupos [um ponto em seis possíveis] embora ele tivesse marcado dois golos [ambos ao Haiti], nem se pensou duas vezes. E fomos para a Argentina.
Assim, sem mais nem menos?
Noooooo, o Chirola teve de pagar 500 mil dólares para poder sair do Marselha, com quem ainda tinha contrato por mais dois anos. Chegámos à Argentina e nada de nada.
Como?
O Chirola não foi convocado.
E jogava?
No Newell’s Old Boys, em Rosario, de onde é o Messi. Jogava, pois. E muito. Só que o selecionador não o chamou para o Mundial e o Chirola entrou em depressão.
Continuou a jogar?
Sim, mas já não era a mesma coisa. Ficou em baixo. Enganaram-no.
Quem?
O presidente.
Julio Grondona?
Viste alguma tristeza na Argentina com a notícia da morte dele? Nem uma, as pessoas simplesmente respiraram de alívio. Este Tapia que está à frente da federação também não é boa gente, enfim.
O Chirola alguma vez recuperou da não-convocatória?
Como te disse, ele teve azar em alguns momentos da carreira. Um dia, quando estava no Newell’s, ele estava cons-ti-pa-do [Carmen divide a palavra por sílabas como que a recuperar o português perdido entre tantos anos de castelhano] e levou uma injeção. Como estávamos nos anos 70, o médico do clube usou a mesma seringa num outro jogador constipado. Resultado, esse jogador tinha hepatite e passou-a para o Chirola. Já não me lembro se era a A, a B, a C, não me lembro mesmo. O Chirola ficou mal, claro. Teve de passar duas semanas fechado num quarto, preso a uma dieta.
Recuperou?
Sim, recuperou. Só isso. Ou seja, a hepatite ficou lá dentro, como que a hibernar. Bastava-lhe um motivo para voltar a atacar. Bastava-lhe um copo de champanhe ou uísque. E não é que muitos anos depois, já depois de ter abandonado o futebol, Chirola bebeu um copo de champanhe nos jogos de cartas com amigos e voltou a ficar mal? Por essa altura, já estávamos separados.
Porquê?
O Mundial-78 passou factura. O Chirola ficou em baixo e começou a ir jantar com amigos aqui e ali. A verdade é que alguns não eram assim tão amigos, daqueles que estavam connosco nas horas boas e más, e ele não reparou nesse pormenor. A vida já não era a mesma e decidimos afastar-nos. Atenção, continuámos amigos até ao fim. Amigos, não; éramos como irmãos. Aliás, nunca me separei do Chirola e ainda hoje sou Yazalde. Gostávamos muito um do outro e até vivia perto dele, até porque tínhamos o Gonzalo para criar.
Isso foi quanto tempo antes da morte do Chirola?
Dez anos antes, em 1987. O Chirola morreu lá em casa, em 1997.
Ainda vivia o Sporting?
Claaaaaaro, foi a melhor experiência da vida dele.
E a Carmen?
Adorava ir aí para ver o estádio novo.
Novo? Estreeou-se em 2003.
Já não vou a Lisboa desde 1997, desde a morte do Chirola [e começa a soluçar] [silêncio]. Tenho de ir aí. Há dias, uma amiga minha enviou-me fotos por Whatsapp desde Faro. Passei momentos muitos lindos com Chirola em Faro, no Algarve. Veio logo uma saudade imensa.
É aparecer e pronto.
Jajajajaja, muy bien, vamos a isso. O problema é isto aqui ò [de facto, o telefone fixo de Carmen toca e toca e toca, parece o tiki-taka do Barça de Guardiola]. Es una pesadilla [e deixa escapar em tom baixíssimo, como se fosse um segredo: porque é que sou madrinha da rádio?]
E o que é isso de ser a madrinha da rádio?
Sempre que vai um convidado à rádio, seja músico, político ou desportista, eles querem falar comigo e trocar dois dedos de conversa sobre tudo. O meu dia é à quinta-feira [confere, olá se confere]. Eu gosto, mas hoje isto bate com o teu telefonema e não páram de me ligar, jajajaja.
Sem ser isso, fazes mais o quê?
Antes, era modelo. Desfilei em todo o lado da Argentina, conheço o país como a palma da minha mão, desde Ushuia a Jujuy. Ia de colectivo [autocarro] porque os aviões para o interior eram muito raros.
Xiiiii.
Outros tempos em que só havia 18/20 modelos e reuníamo-nos na casa de uma delas antes da época começar para definir pagamentos. À falta de agências para nos representar, era assim. Agora não, é tudo muito mais profissional. E há carradas de modelos, algumas delas verdadeiras vedetas mediáticas que nem sempre estão à altura do mundo exigente da moda.
Também fazias anúncios?
Muuuchos.
E televisão?
Tive dois programas.
E filmes?
Entrei numa pelí daqui chamada “Los Reyes del Sablazo”.
Já agora, um filme que te tenha deixado marcas.
Nove Semanas e Meia. Identifico-me imenso com a Kim Basinger.
É poderosa, sem dúvida.
Poderosa mesmo é a Madonna. Se renascer, quero ser a Madonna: é sofisticada sem ser ordinária sexualmente.