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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Carpool Autárquicas com Rui Moreira: "Os meus adversários querem uma guerra suja"

Rui Moreira aproveitou a boleia do Observador e negou as acusações dos rivais: questiona Pizarro, diz não conhecer Álvaro Almeida e classifica o caso Selminho de "campanha suja e chacota política".

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“Este carro é terrível para si. Não consegue chegar o banco mais para trás?”. Rui Moreira tenta desesperadamente acomodar-se no pequeno Smart do Observador. Click! “Ah, já conseguiu”. Menos mal. “Sou gigante para estes carros. No outro dia fui para a Comporta com um carro destes com a minha irmã, pá, cheguei lá…”, desabafa o presidente da Câmara Municipal do Porto. Teme-se o pior: está previsto um percurso de mais de uma hora e meia de viagem pelas ruas do Porto, da zona ocidental à mais oriental da cidade, com os termómetros a marcarem mais de 24 graus e um ar condicionado que teima em deitar bafo quente. Não foi uma viagem até à Comporta, mas foi duro.

Ainda que nunca o admita, Rui Moreira parte para estas eleições com um objetivo claro: conseguir a maioria absoluta que lhe escapou em 2013, quando derrotou o establishment partidário e foi eleito presidente da Câmara Municipal do Porto. As mais recentes sondagens parecem apontar para esse desfecho, à medida que o autarca vai aumentando a distância para o seu adversário mais direto — o socialista Manuel Pizarro.

O fim da relação com o socialista ainda faz mossa. Entrevista após entrevista, debate após debate, os dois continuam num passa-culpas constante sobre quem rompeu com quem. Nesta entrevista ao Observador, o autarca tem algumas dificuldades em manter o discurso oficial. É certo que elogia Pizarro, mas de cada vez que é confrontando com as críticas do ex-aliado, escorrega. “Eu vejo inimigos em todo lado? Ele deve estar a falar para o espelho“; “Pizarro quer fazer pelos dois? Não sei se ele se está a referir a mim ou se se está a referir a alguma música da moda“; “Se gosto do slogan dele? Não vou votar em Manuel Pizarro, não tenho que fazer apreciações sobre o slogan dele”.

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Rui Moreira reagiria sempre assim às críticas. Irrita-se quando é confrontado com o caso Selminho. “É chacota política, é campanha suja, é de quem não tem nenhuma ideia para a cidade”. Desvaloriza os ataques de Álvaro Almeida. “Não conheço Álvaro Almeida, nem lhe conheço propostas”. Nega as acusações do Bloco sobre perseguição a toxicodependentes. “O Bloco de Esquerda entende que os traficantes de droga podem continuar a traficar livremente nos nossos bairros”. Questiona o rótulo de autarca sem obras. “Acho extraordinário que aqueles que nada começaram durante 40 anos o digam”. E ironiza com a alcunha que lhe colaram de Tio Patinhas. “Podem chamar-me Tio Patinhas à vontade“. Foi assim o Carpool autárquicas com Rui Moreira.

Ataques de Pizarro: “Ele deve estar a falar para o espelho”

O encontro entre Rui Moreira e o Observador acontece no parque de estacionamento de Campo Alegre, local pouco ou nada óbvio para começar uma viagem pelas ruas da cidade com o autarca do Porto. O objetivo era iniciar a viagem junto à Câmara Municipal, mas Rui Moreira não quis arriscar ser acusado de estar a aproveitar-se da sua qualidade de presidente para ser beneficiado. Prova de que o autarca sabe que tem um alvo pintado nas costas. “É normal em democracia. Se calhar eles reconhecem que eu sou favorito“.

A conversa com o Observador começaria por aí, pelos seus adversários. Antes de mais, pelo seu antigo parceiro de governação, Manuel Pizarro. O socialista tem acusado Rui Moreira de “ver inimigos em todo o lado” e de ter como único objetivo “atacar as posições do PS”. O autarca portuense é cáustico e rebate todas as acusações.

Não estamos longe da Avenida dos Aliados. Espera receber o FC Porto nas varandas da Câmara já na próxima época?
Gostava, mas já estou muito velho para jogar. Terá de ser o FC Porto a conseguir isso em campo. Mas espero que sim. Quer dizer, quatro anos de seca não é normal…

Da sua resposta depreendo que está confiante que vai ganhar…
Os adeptos portistas estão sempre confiantes…

Não, está confiante que vai ganhar as eleições…
Ai, que vou ganhar as eleições, sim, isso estou confiante.

As sondagens dão-lhe vantagem neste momento…
As sondagens não são o que me preocupam. Se fosse pelas sondagens, da última vez não tinha ganho. Portanto, sou particularmente desconfiando.

Pizarro quer fazer pelos dois? "Não sei se ele se está a referir a mim. Não faço ideia. Ou se se está a referir a alguma música da moda"

E como é que têm sido estes dias de pré-campanha eleitoral? Têm sido muito duros a nível político?
Têm sido muito duros porque tem estado muito calor. Politicamente, nem por isso.

Mas têm sido alvo de muitas críticas dos seus adversários…
É normal que quem está no poder seja atacado pelos adversários, isso faz parte do jogo democrático. Não me preocupa.

Mas até Manuel Pizarro o tem feito. Ainda há tempos disse que Rui Moreira via inimigos em todos os lados…
Ele deve estar a falar para o espelho. No meu caso, sempre tenho dito o que penso de Manuel Pizarro: foi um bom vereador, trabalhou comigo com grande lealdade, fez comigo muitas coisas, muito do que está a ser feito na cidade foi feito numa colaboração muito estreita. É a única coisa que lhe posso dizer. Continuarei a dizer de Manuel Pizarro aquilo que sempre disse. Não mudei de opinião.

A separação ainda dói? Manuel Pizarro propõe-se agora a fazer pelos dois…
Não sei se ele se está a referir a mim. Não faço ideia. Ou se se está a referir a alguma música da moda. Não faço ideia. Tem de lhe perguntar a ele.

Mas gosta do slogan de Manuel Pizarro?
Não tenho slogans. Portanto, não me preocupo muito com slogans. Não vou votar em Manuel Pizarro, não tenho que fazer apreciações sobre o slogan dele.

Álvaro Almeida: “Não sei o que é que ele pensa sobre a cidade”

Por esta altura, seguimos já para a Rua do Ouro, com o propósito assumido de passar junto à encosta da Arrábida, onde estão os terrenos que estão na origem do diferendo entre a Câmara Municipal do Porto e a empresa Selminho, da família de Rui Moreira. Mas ainda há tempo de falar de outro adversário de Rui Moreira: Álvaro Almeida.

O candidato do PSD tem multiplicado críticas ao presidente da câmara, chegando mesmo a comparar o autarca a Donald Trump — pelo discurso anti-partidos e pelo perfil de promotor imobiliário, segundo as palavras do próprio. A referência ao caso Selminho é óbvia e Álvaro Almeida nunca o escondeu. Confrontado com o rótulo, Moreira responde com acidez: “Não fica bem a um funcionário do FMI dizer essas coisas”.

Álvaro Almeida tem sido um dos seus maiores críticos nesta pré-campanha eleitoral. Chegou a compará-lo a Donald Trump, sugeriu que ambos tinham algo em comum, eram promotores imobiliários… Como reage às críticas?
Não fica bem a um funcionário do FMI dizer essas coisas — a não ser que ele não pense voltar ao FMI. Mas não comento as coisas que esse senhor diz. Não tenho por hábito comentar as coisas que os adversários dizem.

Exclui alguém de uma possível solução governativa, se não tiver a maioria absoluta?
Excluirei todos aqueles que não mostrem competência ou carácter para o poderem fazer.

E é o caso de Álvaro Almeida?
Além de perceber o que ele pensa sobre mim, até agora não sei o que é que Álvaro Almeida pensa sobre a cidade e acho que os portuenses também não. Não conheço Álvaro Almeida, não lhe conheço propostas, não sei muito bem qual é o objetivo e portanto como digo avaliarei isso no dia 2 de outubro. Os portuenses é que vão ditar o que querem.

"Não conheço Álvaro Almeida, não lhe conheço propostas, não sei muito bem qual é o objetivo" 

Acha que tem um alvo pintado nas costas? É essa sensação que dá, que são todos contra Rui Moreira…
É normal em democracia. Se calhar eles reconhecem que sou favorito. Por outro, sou eu que tenho vindo a desempenhar o papel de presidente da câmara.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Caso Selminho: “É campanha suja, é de quem não tem nenhuma ideia”

São quase 11 horas da manhã e o sol a pique faz com que o calor no interior do Smart comece a incomodar. Entretanto, o GPS deixa de se fazer entender e atira o carro do Observador para ruas de sentido proibido. A entrevista segue o mesmo caminho: à medida que nos aproximamos da Rua do Ouro e da encosta da Arrábida, a conversa chega ao caso Selminho, tema que Rui Moreira diz estar encerrado.

O presidente da Câmara do Porto irrita-se. Fala em “campanha suja” pelo menos três vezes. Recusa-se a explicar o que já está explicado. Denuncia as “mentiras” que escrevem sobre si e as campanhas de “chacota política” orquestradas contra si. Garante que a sua família em nada beneficiou com este processo e assegura que a empresa não vai sair compensada de forma alguma.

Têm surgido muitas notícias ultimamente sobre o caso Selminho. Acha que os seus adversários estão a tentar trazer essa questão para o debate político?
Têm de lhes perguntar a eles vão continuar a persistir. Pela minha parte, a única coisa que direi sobre a Selminho: tenho muito respeito pela magistratura, pelos juízes e pelo Ministério Público, como tenho demonstrado ao longo da minha vida. Neste caso, o assunto ficou resolvido. Se os meus adversários entendem não mostrar esse respeito depois do assunto ter sido resolvido, é um problema deles. Não vou falar mais sobre o assunto.

A questão não ultrapassa os limites legais? N ão se coloca num plano ético? Por exemplo, não deveria ter dito, ainda em 2013, que tinha esta ligação à empresa? Que havia um conflito entre a câmara e a empresa?
Dei todas as explicações que entendia dar. Eu e a minha família em nada beneficiámos fosse por atos, fosse por omissões da câmara, neste processo.

Tem dito várias vezes isso. Em que medida é que não beneficiou?
Porque não beneficiou. Porque neste momento a Selminho não tem capacidade construtiva…

De qualquer forma vai ser compensada…
Não, não vai. Já expliquei e não vou voltar a explicar. Não vai.

Não acha que é útil aproveitar esta oportunidade para esclarecer…
Não. O assunto está perfeitamente explicado. Só os meus adversários políticos, que querem fazer disto uma guerra suja, é que fingem que ainda não entenderam. O assunto foi esclarecido e foi esclarecido por mim em Assembleia Municipal e foi esclarecido pelo Ministério Público, que nem sequer me quis ouvir. Avaliou a questão, investigou perante uma queixa legítima da CDU e considerou que estava tudo bem. Não tenho de me pronunciar mais sobre essa matéria.

A questão agora vai ser decidida por uma comissão arbitral…
Talvez ou talvez não… Depende.

Mas se for há quem sugira que isto é um caso quase Rui Moreira versus Rui Moreira.
Não é verdade. Isso é uma mentira publicada pelo Diário de Notícias, que sabe que é mentira. Aquilo que está combinado, o que está acordado entre a câmara e a empresa em causa é que, no caso de haver um Tribunal Arbitral, será um árbitro único e será designado pelo presidente do Tribunal da Relação do Porto. Se desconfiam do presidente do Tribunal da Relação do Porto digam-no. Eu não desconfio. Confio na Justiça e no Ministério Público.

E sobre este assunto, peço desculpa, mas não falo mais. É chacota política, é campanha suja, é de quem não tem nenhuma ideia para a cidade e que procura apenas tentar denegrir a imagem de um concorrente. Não o faço relativamente aos meus adversários, esperava que eles não o fizessem. Acho que mais uma vez o povo do Porto será sábio ao definir e ao decidir aquilo que têm em que pensar…

Caso Selminho: "É chacota política, é campanha suja, é de quem não tem nenhuma ideia para a cidade e que procura apenas tentar denegrir a imagem de um concorrente"

Acha que não vai ser penalizado nas eleições?
Não, acho que não.

Até por se recusar nestas sucessivas entrevistas…
Não estou a recusar. Já respondi a esta matéria em detalhe. Respondi em Assembleia Municipal, respondi perante entrevistas que foram feitas, nomeadamente uma vossa, expliquei vezes sem conta que, no caso do assunto ser resolvido por arbitragem, há apenas um árbitro e o árbitro será nomeado pelo Tribunal da Relação do Porto.
Já agora, para esses senhores que dizem que seria eu a decidir, já estão a assumir que vou ser presidente da Câmara, o que é um paradoxo — se forem eles presidentes da câmara, esse assunto nem sequer se suscita. Portanto, para além de achar que isso é um derrotismo, considero que é um assunto que está encerrado. Sobre este assunto não falo mais.

Concorda ou não com o seus adversários quando dizem que os terrenos devem ser revertidos a favor da Câmara?
É o que a câmara está a tentar. Nunca tinha sido feito ao longo dos últimos 40 anos. Comigo como presidente a câmara está a tentar a fazer isso.

Mas a empresa Selminho será compensada…
Não, isso será… Não, não é uma questão disso. Está-se a discutir a propriedade dos terrenos. Esse assunto será discutido em tribunal e a câmara fez aquilo, comigo, que nunca antes tinha feito. Nunca antes a câmara tinha reclamado isso. E comigo a câmara reclamou.

Então não vê qualquer caso de conflito de interesses nesta questão…
Não.

… Como sugere, por exemplo, João Teixeira Lopes…
Não.

… Que é bastante assertivo quando diz que isto é um claro caso de conflito de interesses.
Não.

Rui Moreira faz uma pausa. Nove segundos, mais precisamente. O tema parecia encerrado. Mas o autarca portuense não resiste em responder a João Teixeira Lopes, o candidato do Bloco de Esquerda que substituiu João Semedo, afastado da corrida eleitoral por motivos de saúde.

Eu compreendo que o João Teixeira Lopes, que é um candidato substituto, por razões que eu aliás lamento, precise de encontrar algum tema para falar na cidade. E como não há temas fraturantes tão ao gosto do Bloco de Esquerda, procure vir com uma campanha suja. É uma opção que ele faz”, atira Rui Moreira.

"O assunto está perfeitamente explicado. Só os meus adversários políticos, que querem fazer disto uma guerra suja, é que fingem que ainda não entenderam"

Aleixo: “O Bloco entende que os traficantes podem continuar a traficar livremente”

Quem seguir pela Rua do Ouro até à Rua do Aleixo e depois virar à direita, entra num dos bairros mais perigosos e problemáticos da cidade do Porto. O desconforto de Rui Moreira no interior do carro é percetível. O cenário do que resta do Bairro do Aleixo é grotesco. Há tráfico e consumo de droga a céu aberto. O carro do Observador é acompanhado com desconfiança, à medida que avança pelas ruas do bairro, pintadas com carros enferrujados e abandonados. As duas torres — as que sobreviveram à era de Rui Rio — transpiram degradação.

Rui Moreira reconhece a gravidade da situação, mas desculpa-se com a situação herdada — o Fundo do Aleixo tinha como sócio a Rioforte, do universo BES, e estava completamente descapitalizado. Culpa também o Estado central, por ter deixado de contribuir para os programas de reabilitação urbana, deixando todo o investimento necessário nas mãos das autarquias. E exalta-se quando é confrontado com as acusações do Bloco de Esquerda de perseguição aos toxicodependentes. “Se assim é, o João Teixeira Lopes [BE] que apresente queixa-crime contra mim, contra a Polícia Municipal ou contra os agentes da PSP”, dispara.

Estamos agora a caminho do Bairro do Aleixo. Uma das zonas mais problemáticas da cidade do Porto. Muitos dos seus adversários têm questionado a falta de investimento na reabilitação urbana de bairros sociais. Revê-se nestas críticas?
Não.

Estamos a passar numa zona onde há tráfico e consumo de droga a céu aberto…
Há, há…

Para uma cidade como o Porto que se quer afirmar como um destino turístico de eleição, isto não é uma zona que envergonha a cidade?
É uma zona que deve preocupar qualquer cidadão. É uma questão de segurança, de proteção, de saúde.

Não acha que deveria ter sido mais ativo nestes últimos quatro anos?
Relativamente ao Bairro do Aleixo?

Sim, e a outros bairros problemáticos do Porto.
Gostaria que tivesse sido feito muito mais, mas recordo que, de acordo com a Constituição da República, e isso foi seguido até cerca de 2010, o Estado participava ativamente na construção de habitação social. Tinha o programa Pro Habita, por exemplo, em que cerca de 50% do investimento que era feito em habitação social na cidade do Porto era custeado pelo Estado… Desde então, o Estado abandonou esse papel…

Mas a Câmara do Porto não tem responsabilidades nessa matéria?
… E a Câmara do Porto investiu durante os últimos quatro anos qualquer coisa como 60 milhões de euros em grandes reabilitações e em manutenção de bairros sociais. Esse é um esforço enorme. A cidade do Porto tem cerca de 13 mil habitações sociais, onde vive cerca de 10% da população do Porto — que vive, a meu ver, em condições muito aceitáveis. A maior parte dos bairros…

Há condições aceitáveis aqui no bairro do Aleixo?
… A maior parte dos bairros estão reabilitados. O bairro do Aleixo foi um problema que nós herdámos. Quando cheguei ao poder, há quatro anos, verificámos que tinham sido demolidas duas torres no Aleixo, que os habitantes dessas torres tinham sido espalhados por habitação social existente na cidade sem que tivesse havido construção de qualquer alternativa para eles…

Isso é herança de Rui Rio…
… Mas, pior do que isso, o fundo do Aleixo não tinha dinheiro, nem tinha casas. Perante essa situação, aquilo que entendi foi que devíamos parar com o projeto de demolição e devíamos encontrar uma forma de recapitalização do fundo, o que foi feito. Por um lado, a entrada de um novo acionista demora tempo; depois, porque tínhamos um sócio, que era pouco desejável, a Rioforte, com o qual não pudemos contar para fazer aumentos de capital, nem para tomar nenhuma decisão, e foi preciso arranjar um novo acionista. Foi preciso também que a câmara revertesse para si alguns dos terrenos que tinham sido passados para o Fundo do Aleixo e que não eram no Aleixo…

Mas essa é a questão mais política. Pergunto a nível social.
A nível social…

Os seus adversários, e volto a citar João Teixeira Lopes, já denunciaram vários casos de perseguição a toxicodependentes perpetrada pela Câmara do Porto..
Perseguição? Não…

E excesso de violência…
A Câmara do Porto não persegue, nem exerce violência, até porque a Câmara do Porto não tem competências no âmbito da proteção e da segurança…

Neste caso, seria a Polícia Municipal em conluio com a PSP.
Não, a Polícia Municipal não age nessa matéria. Se o João Teixeira Lopes diz isso que apresente queixa-crime contra as entidades que o fizeram. Pode apresentar queixa-crime contra mim ou contra o comandante da Polícia Municipal ou contra os agentes da PSP. Não há casos desses, não conheço, nem retratados, nem relatados nos jornais. O que sucede é que a Câmara Municipal do Porto tem dado ordem de despejo a traficantes, nos casos em que o tráfico é praticado dentro da habitação social. E é isso que o Bloco de Esquerda não gosta. E nós continuaremos a fazer isso. É o entendimento que tenho, era o entendimento que Manuel Pizarro sempre teve.

Os bairros sociais, onde a esmagadora maioria das pessoas são pessoas que fazem a sua vida, que têm os seus filhos, que têm as suas famílias e que querem viver em tranquilidade, não podem ser centros para a distribuição de estupefacientes. E é isso, exatamente, que o Bloco de Esquerda não quer, porque o Bloco de Esquerda entende que os traficantes de droga podem continuar a traficar livremente nos nossos bairros e que nós não podemos pôr ordens de despejo.

"O Bloco de Esquerda entende que os traficantes de droga podem continuar a traficar livremente nos nossos bairros e que nós não podemos pôr ordens de despejo"

Acredita que há falta de rigor e de laxismo nos bairros sociais? São palavras de Álvaro Almeida, candidato do PSD ao Porto.
Não sei o que é laxismo, não sei se Álvaro Almeida sabe sequer de que é que está a falar.

Álvaro Almeida sugeriu, por exemplo, que os inquilinos que não paguem a renda devem ser despejados. Concorda com essa ideia?
Álvaro Almeida não sabe, ou ignora, que temos uma baixíssima taxa de incumprimento. Quando cá chegámos criámos um plano de amortização de dívidas que eram pré-existentes. Ou seja, que tinham sido acumulados durante o mandato de Rui Rio. Devo dizer que a taxa de pagamento tem sido elevada e neste momento não temos esse problema. Temos menos de 10% dos inquilinos municipais com rendas em atraso. O que é absolutamente notável quando conhecemos outro municípios em que essas taxas de incumprimento atingem 40%.

Concorda que há um problema de segurança no Porto?
Por muito que custe a quem tem uma visão securitária, as estatísticas do crime têm vindo a diminuir ao longo dos últimos três anos, o que demonstra que, apesar de a Polícia de Segurança Pública ter pouquíssimos recursos no Porto — tem efetivos ao nível de 1948 — a verdade é que tem feito um papel que é de uma competência notável.
Além disso, o presidente da câmara do Porto não tem competências diretas na área da segurança. É uma competência do Estado central. Claro, haverá candidatos que ignoram isto, mas podem ler Constituição da República: não posso dar ordens à PSP. E a verdade é que dizer que a cidade é insegura é criar um clima de intranquilidade nos cidadãos que não se justifica.

Mas admite reforçar, por exemplo, o contingente da Polícia Municipal?
Herdámos uma Polícia Municipal com menos de 100 elementos e pedimos ao Governo para irmos até ao contingente máximo, que é de cerca de 250, o que prevemos conseguir atingir em 2018. Estes polícias municipais vão passar a ter competências na área do trânsito, o que vai permitir libertar a PSP para uma área que é sua, que é a área da proteção e da segurança, em que a Polícia Municipal não pode atuar.

O que dizem os seus críticos é que na periferia do Porto, a insegurança, sobretudo a insegurança sentida pelos mais velhos é, de facto, uma realidade.
Não é o que demonstram as estatísticas. Mas devemos compreender o seguinte: hoje, o policionamento é menos visível porque há menos recursos na PSP. Por outro lado, há um envelhecimento da população e a população mais envelhecida sente com mais acuidade o facto de não haver um policiamento de proximidade tão visível. Mas isso, como digo, são questões que não se repercutem no crime violento.

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Futuro político: “Não será necessário fazer um terceiro mandato”

A viagem até à zona de Campanhã faz com que cruzemos a VCI, “um cancro” por resolver na cidade, como reconheceria mais tarde Rui Moreira. Mas as questões sobre o trânsito no Porto estavam reservadas para mais tarde. Era tempo de falar de política e do futuro político de Rui Moreira.

O presidente da Câmara Municipal do Porto reassume o desejo de cumprir apenas mais um mandato e deixar a autarquia em 2021. À medida que o Estádio do Dragão se projeta ao nosso lado direito, a pergunta impõe-se: portista militante, o próximo projeto de Rui Moreira é a direção do FC Porto? O autarca assegura que não, que a presidência do clube está bem entregue. Mas resiste em dar respostas irrevogáveis, mesmo perante insistência do Observador. “Não gosto dessas promessas“, remata.

Tem falado muito da herança de Rui Rio. Porque é que Rui Rio não o apoia nestas eleições? Houve um afastamento entre os dois?
Não sei, isso é uma pergunta que tem de ser feita a Rui Rio. Mas Rui Rio é do PSD, é normal que apoie uma candidatura do PSD.

Também era do PSD quando o apoiou contra Luís Filipe Menezes.
Não, não apoiou.

Deu o apoio tácito.
O apoio a Álvaro Almeida é normal. Rui Rio é um dirigente do PSD e tem aspirações nacionais.

Acredita que ele tem aspirações nacionais?
Ele diz que sim.

E Rui Moreira não tem aspirações nacionais?
Não, não tenho.

Já assumiu que não está disponível para um terceiro mandato…
Considero que um mandato é um muito curto para fazer aquilo que se tem de fazer, dois mandatos parece-me o normal. Não será necessário fazer um terceiro mandato. Espero concluir aquilo que pretendo fazer no Porto no segundo mandato, se os portuenses confiarem em mim.

E depois da Câmara?
Depois da Câmara, vou dedicar-me aos meus interesses, que são muitos e variados. Escrever, tirar fotografias, estar com os meus netos, viajar…

Assumir a direção do FC Porto…
Não, o FC Porto está muito bem entregue.

Não está nos seus planos?
Não.

Nem que Cristo desça à Terra? É uma expressão celebrizada por Marcelo Rebelo de Sousa.
Não gosto muito dessas declarações, dessas promessas.

Assumir a direção do FC Porto está nos seus planos? "O FC Porto está muito bem entregue". Nem que Cristo desça à Terra? "Não gosto dessas promessas"

Metro do Porto: “Não podemos querer o mundo ideal de um dia para o outro”

A VCI está descongestionada. O mês de agosto arrasta-se para o fim e a cidade parece mover-se ainda a meio gás. Não há trânsito, pelo menos não aquele trânsito que entope as artérias do Porto durante o resto do ano. Ainda assim, o problema é reconhecido por todos, atual executivo e oposição.

Rui Moreira acredita que a nova ligação entre a Casa da Música e São Bento pode ajudar a responder ao desafio, incentivando os portuenses a usarem mais os transportes públicos. Mais: enquanto presidente de câmara, compromete-se a lutar, a par com os autarcas da Área Metropolitana do Porto, pelo fim das portagens na CREP, desviando o trânsito que enche sistematicamente a VCI.

Há problemas de escoamento de trânsito na cidade do Porto?
Claro que há problemas.

Como é que se resolvem esses problemas?
Há um problema fundamental que já assinalava há quatro anos e que pedi para ser resolvido, que é o problema da VCI. A VCI é uma autoestrada que passa pelo meio do Porto, uma autoestrada não portajada, o que faz com que trânsito que devia circular à volta do Porto atravesse a cidade. Isso só pode ser conseguido através do fim das portagens na CREP, na grande circular, de tal modo que não sejam incentivadas as travessias pelo Porto. A VCI é um cancro e um problema muito complicado de resolver.

Isso resolveria o problema? Tem sido muito questionada a decisão de fazer a ligação entre Casa da Música e São Bento. Há quem defenda outra solução. Porque é que não foi avante a ligação entre o Campo Alegre e Casa da Música?
A competência do Metro é do Ministério do Ambiente, que tutela a Metro do Porto…

Exatamente, mas a Câmara é parte interessada na administração da empresa.
A câmara foi ouvida relativamente às opções que a Metro tinha nessa matéria… Vamos começar pelo princípio. Eu há quatro anos dizia: “Infelizmente não vamos ter metro”. E durante estes quatro anos, não tivemos. Há dez anos que não se constrói nada no metro do Porto. Portanto, a primeira boa notícia é que finalmente houve algum dinheiro para desenvolver metro. E, nesse âmbito, a Metro do Porto fez um estudo, a meu ver muito bem feito, em que pegou nos recursos existentes e tentou avaliar, através de uma análise custo-benefício e também de procura com o dinheiro existente, o que é que podia fazer.

Era esta a melhor solução?
A ligação ideal seria uma ligação de São Bento, pelo Campo Alegre, até à Praça do Império. Com esta linha agora anunciada, já ficamos mais perto de conseguir concretizar isso. Não é o ideal? Não podemos querer o mundo ideal de um dia para o outro. É evidente que se o Governo disponibilizar mil milhões de euros para a Metro do Porto, sabemos o que é que havemos de fazer. Agora, tem de ser dentro dos recursos existentes. Não podemos falar em recursos não existentes.

Há quem defenda que os estudos que estão na origem dessa decisão foram pensados de um ponto de vista de maximização de lucros.
Não. É evidente que a Metro do Porto, sendo uma empresa pública que depende do Estado e do Ministério do Ambiente, tem que fazer uma escolha judiciosa relativamente aos muitos projetos que existem. É evidente que a Metro do Porto foi procurar os trajetos onde há uma maior procura. Não por causa do lucro, mas por causa sustentabilidade. Queremos ter linhas onde haja procura. Não faz sentido ter linhas onde não haja procura.

Mas o metro também não deve ser pensado do ponto de vista da cidade?
E foi pensado. Havia que resolver um problema do trânsito central. Neste momento, existe uma sobrecarga na linha principal entre a Casa da Música e a Trindade, era preciso fazer um bypass. Ao mesmo tempo, já ficamos na Praça da Galiza, ou seja, já estamos muito próximos do Campo Alegre. A ideia será depois da Praça da Galiza, ir pelo Campo Alegre, apanhar a linha que vem das Devesas em direção ao Campo Alegre — também está previsto numa segunda fase — e depois chegar até à Praça do Império. E aí sim, teríamos a zona ocidental bem servida por parte da Metro do Porto.

"Há dez anos que não se constrói nada no metro do Porto. Se esta nova linha é o ideal? Não podemos querer o mundo ideal de um dia para o outro"

Falta de obra: “Tio Patinhas, eu? Podem chamar-me isso à vontade”

Chegados à zona mais oriental da cidade, Rui Moreira fala dos seus projetos para o futuro da cidade, do centro empresarial do Matadouro, um dos principais projetos do autarca para os próximos quatro anos, e do trabalho que fez e vai fazer em matéria de reabilitação urbana para a zona de Campanhã.

Perante as críticas de falta de investimento nesta matéria, o autarca defende-se mais uma vez com a ausência do Estado Central, que deixou de contribuir para este tipo de programas, e com o currículo dos que o antecederam. “Acho extraordinário que aqueles que nada começaram durante 40 anos falem daquilo que estamos a começar a fazer em quatro anos”, diz, visando PSD e PS.

Tem como plano fazer crescer a cidade para a zona oriental…
Exatamente. Podemos fazer aqui escritórios, podemos fazer aqui habitação. Há aqui um enorme potencial até porque está muito bem servido de infraestruturas, como se pode ver.

Os seus adversários dizem que nestes últimos quatro anos foi feito muito pouco em termos de reabilitação urbana.
Acho extraordinário que se diga isso.

Acusam-no mesmo de ter esquecido a zona oriental da cidade.
Acho extraordinário que aqueles que nada começaram durante 40 anos falem daquilo que estamos a começar a fazer em quatro anos. Há quatro anos, o grande problema do Porto era a reabilitação urbana. O centro histórico estava abandonado. Hoje, o problema já não se coloca. Falavam-se em milhões e milhões de investimento público no centro histórico e não foi necessário. O mercado tratou de resolver o problema do centro histórico. Agora, temos um plano integrado para Campanhã, coisa que nunca existiu, criámos duas Operações de Reabilitação Urbana (ORU) em Campanhã e acreditamos que isso vai fazer de Campanhã uma zona da cidade muito interessante para se viver nos próximos 15 a 20 anos.

Os seus adversários dizem que o investimento não foi suficiente.
O investimento seria suficiente se o Estado tivesse posto a sua quota parte.

E não pôs?
Não. Antes, a Câmara colaborava apenas com metade. Agora, passou a ter de colaborar a 100%. Considerando isso, o investimento nos últimos quatro anos foi um montante muito significativo. É evidente que há outras forças políticas que têm vindo a anunciar, e anunciam com grande frequência, que se vão construir milhares de casas.

Refere-se a quem, exatamente?
O PS anunciou a construção de milhares de casas para colocar à disposição com rendas controladas. Até agora não sabemos como. O Governo diz que tem um plano, mas só anuncia depois das autárquicas. Ou seja, as outras forças políticas vão às cegas. A verdade é que nós sabemos como é que o podemos fazer com o mercado e já o anunciámos.

Concorda com um programa de rendas controladas para a cidade?
Aquilo que propomos, para algumas zonas como Campanhã, é aumentar os índices de construção. Ao fazer isso, baixamos o custo do terreno na construção. A segunda questão passa por disponibilizar terrenos municipais para que lá seja construído pelo setor privado habitação. Com um compromisso: que seja colocada no mercado a preços controlados, de acordo com o que está definido na lei.

"Acho extraordinário que aqueles que nada começaram durante 40 anos falem daquilo que estamos a começar a fazer em quatro anos"

Os seus adversários têm-no acusado de ser um autarca sem obra. Revê-se nessas críticas?
Recordar-se-ão, com certeza, e o eleitorado do Porto tem muito boa memória, que uma das coisas que eu disse é que não prometia fazer pontes e túneis e rotundas.

Nessa altura, isso era uma resposta a Luís Filipe Menezes.
Não, não era uma resposta apenas a Luís Filipe Menezes. As propostas de todos os candidatos eram um fortíssimo investimento público. E eu disse que era preciso antes de mais zelar pelas contas da cidade do Porto. Que era uma herança importante de Rui Rio e que pretendia salvaguardar.

Já terá ouvido certamente os seus adversários a fazerem aquela contabilidade das 23 medidas que se propunha a cumprir e cumpriu 20…
Não, não é verdade. É mentira. Não me vou sequer preocupar em olhar para cada uma delas, mas é mentira. Mais: o que é que era essencialmente o meu programa? Era garantir a continuidade das boas contas, as contas à moda do Porto. Desafio qualquer um dos meus adversários a dizer o contrário.

"Se Tio Patinhas é guardar religiosamente os recursos da Câmara Municipal do Porto e não fazer asneiras podem chamar-me Tio Patinhas à vontade"

Há mesmo quem diga que é o Tio Patinhas do Porto.
Ouça, se Tio Patinhas é guardar religiosamente os recursos que a Câmara Municipal do Porto tem para os gastar em investimento e para não fazer asneiras, podem chamar-me Tio Patinhas à vontade. Os portugueses já perceberam que as boas contas das cidades têm um impacto significativo. Esta preocupação faz com que a obra pública obrigue a um trabalho mais intrincado. As cidades têm de ser feitas em trabalho de relojoaria. Não é fazer grandes obras, não é fazer obras faraónicas.

Isso pode ter muito impacto politicamente, se calhar até seria mais fácil ganhar as eleições. Mas sempre disse que não o faria e não o faço. Uma das maiores conquistas do Porto ao longo dos últimos 16 anos tem sido a redução do endividamento. Hoje temos menos 20% de endividamento do que a cidade Lisboa, o que é muito significativo. E isso vai ter consequências: nos próximos mandatos, a câmara poderá olhar para a questão social de uma forma que em condições normais não poderia.

Agora, equilibradas as contas, não há margem para investir?
Equilibradas as contas, temos margem e, por isso, temos um conjunto de projetos já avançados… Olhe, no Mercado do Bolhão as obras já começaram…

Mas foi um processo que se arrastou durante estes quatro anos…
É normal que se arraste. Mas não podem queixar-se por eu em quatro anos não concluir aquilo que os meus oposit ores, PS e PSD, em 40 anos, nunca lançaram sequer. É mesma coisa com Campanhã, com o Matadouro, com Palácio de Cristal, com o Rosa Mota e com o próprio Bolhão. Em 40 anos, nunca fizeram nada.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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