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Cazenga, o bastião do MPLA, exemplo do país dividido que vai às urnas

Foi aqui que os revolucionários do 4 de Fevereiro prepararam as catanas para o início da guerra colonial, em 1961. Bastião do MPLA até hoje, parece agora dividido. Como todo o país.

Mao Marx não se lembra do pai. Desapareceu na guerra quando ele tinha nove meses — “os meus pés ainda não corriam o chão”. Com dois anos, os seus pés tiveram de correr muito capim, até que o tio o “puxou para os ombros” para cruzarem um ribeiro.

Foi na província do Bengo, a UNITA “entrava e queimava tudo, levava as crianças para depois lhes dar armas”, explica agora este “biscateiro” de Cazenga, subúrbio de Luanda. Essa foi a primeira vez que a família conheceu o chão à volta da capital. Ainda regressou algum tempo para a “lavra”, mas quando os soldados voltaram a invadir a aldeia, fugiu de novo para Cazenga. Tinha seis anos e preferia não ter memória dessa viagem. Baixa os olhos para esta rua de barro, no terceiro município mais populoso do país (depois de Luanda e de Viana), onde fala com o Observador: “Fogo saltou do chão e levou a minha irmã”. Liberdade pisou uma mina.

Com 27 anos, Mao Marx desmente o que alguns “mais velhos dizem”, que os da sua idade “não sabem o que é viver na guerra” e por isso preferem votar no MPLA nesta quarta-feira, porque consideram que lhes dá maior garantia de estabilidade.

“A minha mãe vota” no “partido da situação”, mas “a minha cabeça, a minha carteira, e os meus pés dizem-me outra coisa”. Calça umas chinelas gastas e só há sete anos, mais ou menos, descobriu que tinha o nome de duas figuras históricas — “muito importantes e meio perigosas, meio malucas, não é?” —, Mao-Tsé Tung e Karl Marx.

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As cicatrizes emocionais da guerra não lhe calam a vontade de “experimentar outra coisa”: “Tenho ganas de mudança”, salienta erguendo três dedos à frente da cara (o número três simboliza a UNITA, que ocupa a terceira posição no boletim de voto).

47 anos não é muito tempo? “Que fossem 50, 60”

A vários quarteirões dali, “mamã Ana”, como os angolanos chamam às mulheres mais velhas, tem a decisão tomada há muito tempo. Com 76 anos, viveu várias guerras, a colonial de 61, a civil que estalou em 1975 e parou em 1991, e a que recomeçou em 1992 e se estendeu até 2002.

O MPLA é quem lhe dá mais garantias. Reconhece os problemas de Cazenga, “a praça forte” do partido — “temos água entre aspas, tem momento sim, momento não”.  Mas “muitas coisas melhoraram” com os governos do MPLA: “Antigamente, quando chovia, não se podia estar aqui, ficava tudo alagado”, garante, apontando para o espaço que separa a sua casa do edifício da Administração Municipal.

"Angola não pode dar atenção a todos ao mesmo tempo. Então, se numa casa nos vemos aflitos para assegurar tudo o que os nossos filhos precisam logo, como é que o governo pode fazer isso"?
Ana da Costa, habitante de Cazenga

Para Ana da Costa, o facto de o MPLA estar há 47 anos no poder não tem qualquer relevância. “Que fossem 50,  60”. Angola “teve muitas guerras e não é fácil endireitar um país assim”, continua, com os seus olhos muito vivos. Invoca o exemplo familiar, uma ilustração usada por algumas pessoas com mais de 5o anos para justificar o voto no 8, o número do MPLA no boletim de voto. “Angola não pode dar atenção a todos ao mesmo tempo. Então, se numa casa nos vemos aflitos para assegurar tudo o que os nossos filhos precisam logo, como é que o governo pode fazer isso?”

Nunca viu ninguém com a “cabeça sã” ir buscar comida ao lixo para sobreviver, como muita gente diz. Mãe e avó de vários filhos e netos, pede sabedoria na quarta-feira: “Cada um tem de pensar no seu voto e cuidar do seu voto”, antes de orgulhosamente dizer que “em Cazenga é tudo MPLA”.

Comício da UNITA na segunda-feira no Cazenga

Dulce Neto/Observador

Não conhece ninguém, nenhum vizinho, que vá votar na UNITA? “Não”, diz com firmeza sem fugir da honestidade: “O meu vizinho é a Administração Municipal, que é MPLA, e o primeiro secretário do partido aqui”. A mesma sinceridade está nas suas palavras quando conclui: “Não estou aqui a dizer que vai ganhar ou não, mas, como é o meu partido, sinto-me otimista”.

Mao e Ana são dois exemplos da polarização que marcou a campanha eleitoral. Os angolanos estão muito divididos entre a mudança, proposta a plenos pulmões pela UNITA, e a continuidade, defendida em toda a linha pelo MPLA.

As catanas dos revolucionários de 1961 e o Congo pequeno

Cazenga, que sempre foi bastião do MPLA, “está a mudar, está a mudar”, garante Matias Tudizola. Parêntesis: este apelido podia ser um dos apelos dos últimos dia, o da união e concórdia — significa “vamos unir-nos, ficar um só”, explica o jovem de 22 anos ao Observador.

A mesma perceção é sentida pelo secretário provincial da UNITA em Luanda: “Cazenga já não é o mesmo de ontem, a população cresceu muito e amadureceu do ponto de vista político e cívico”, acredita Nelito Ekuikui. “O MPLA já não goza de hegemonia como no passado, a disputa vai ser renhida, já em 2017 o foi e agora ainda mais. Temos trabalhado muito no Cazenga e a UNITA tem muita aceitação”.

"A emissão dos programas de rádio revolucionários partia de Brazaville e Cazenga era das localidades onde se apanhava o sinal com as perfeitas condições para poder divulgar a mensagem"
Tomás Bica Mumbundo, administrador municipal de Cazenga

Sobem-se as escadas da Administração Municipal e a opinião é radicalmente diferente. Numa sala fresca com sofás de pele branca e um grande retrato de João Lourenço, Tomás Bica Mumbundo tem a postura e a narrativa de um político dinâmico. Este “formigueiro humano” — basta estar na estrada principal para perceber que a expressão usada pelo membro do comité central do MPLA é muito certeira — continua a ser uma “praça forte” do partido no governo, diz vigorosamente.

As razões são, tal como no Cacuaco em relação à UNITA, históricas. “Foi aqui que se prepararam os nacionalistas que pegaram em catanas e fizeram acontecer a famosa epopeia do 4 de Fevereiro”, em que romperam “as cadeias de Luanda” e deram “início à libertação nacional”, lembra Tomás Mumbundo.

Mais tarde passou a ser “chamado o Congo pequeno”, explica. “Na nossa luta, dois países africanos acolheram as delegações do MPLA: o Congo Lepoldville e Kinshasa [hoje República Democrática do Congo] e o Congo Brazaville [hoje Zaire]. A emissão dos programas de rádio revolucionários partia de Brazaville e Cazenga era das localidades onde se apanhava o sinal com as perfeitas condições para poder divulgar a mensagem”, recorda.

Por isso havia o “Congo grande em Brazaville” e em “Cazenga o Congo pequeno”. “Toda a estratégia montada em Brazaville partia depois do Cazenga para Angola”, remata.

Mais perto do poder

Mas não só. “Uma outra componente da luta pela libertação nacional era protagonizada por músicos revolucionários que, como Urbano de Castro, por exemplo, viviam no Cazenga.”

Ou seja, defende o antigo dirigente da JMPLA (Juventude do MPLA), o “berço verdadeiro da revolução é no Cazenga”. O vizinho Sambizanga, onde nasceu José Eduardo dos Santos, teve outro papel, o de ponto de encontro de nacionalistas de outros locais. A pretexto do futebol, “concentravam-se no Ginásio Futebol Clube e a partir daí passavam a mensagem revolucionária”.

O centro dos revolucionários expandiu-se para o Sambizanga “quando a direção do MPLA regressou dos maquis [matos]”. “Grande parte da intelectualidade do partido, da elite, ficou no bairro Operário, no município do Sambizanga, Agostinho Neto teve aí um consultório, por exemplo. Ficaram aí porque estavam mais perto do poder”, remata.

E sendo Cazenga até aqui maioritariamente votante no MPLA, também está mais perto do poder, obtendo com isso benefícios? Nada disso, responde o político. “O Cazenga está mais próximo do poder porque é o único município da província  que faz fronteira com outros quatro — Cacuaco, Luanda, Kilamba Kiaxi e Viana, somos o coração da província. Com as obras que estão as ser feitas, vamos ficar a 15 minutos para o centro da cidade, será uma placa giratória que vai permitir maior mobilidade interna”, afirma.

Mas diz que não se pode falar de favorecimento por se estar perto do poder, uma acusação sistemática da oposição: num “regime de partido único”, só quem tem cartão do MPLA tem acesso a oportunidades, disse Adalberto Costa Júnior em entrevista ao Observador.

Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA: “O problema com a família de José Eduardo dos Santos é de vingança, não de combate à corrupção”

Terá sido mesmo uma teia de interesses clientelar a causa do crescimento do partido, bem como da sua perpetuação no poder, defende Ricardo Soares de Oliveira no livro Angola, Magnífica e Miserável. Nesse sentido vão associações cívicas do Cacuaco, município onde a maioria vota UNITA, que se queixam de “uma gestão discriminatória” por parte do governo, devido às suas inclinações partidárias.

Cacuaco, o bastião da UNITA onde Augusto não tem medo de lutar, mesmo que morra

Tomás Bica Mumbundo, que teve 26 projetos do Programa Integrado de Intervenção dos Municípios lançado por João Lourenço e mais 20 decorrentes do poder municipal, provincial e central, diz que vieram “responder aos anseios da própria população”.

Reconhece que os problemas são transversais e justifica alguma eventual disparidade na afetação de verbas públicas com a demografia. “Quem tem 50 mil habitantes não pode ter o nível e o número de projetos que quem tem dois milhões, o que se traduz em maiores necessidades e dificuldades também”. Cacuaco tem mais de um milhão de moradores.

“Sou do MPLA de sangue, tive muitos benefícios do MPLA”

Fora do edifício da administração municipal, depois de cruzar um pequeno grupo vestido de preto e vermelho que dança ao ritmo da música saído de três trompetes e um bombo, António, de 76 anos, é de uma sinceridade quase tocante:

“Sou do MPLA de sangue. Comecei de criança até hoje, tive muitos benefícios do MPLA. Tanto eu como os meus dois irmãos. Foram todos formados no MPLA, na União Soviética e Alemanha. Por isso eu devo muito ao MPLA, não tenho razão para desviar da linha, embora algumas coisas a gente não concorde, mas em geral está tudo bem”.

Vindo da Luanda com 20 anos para junto da capital, personifica a ala que defende nas ruas e nos gabinetes de Belas, zona de muitos escritórios de empresas, a eleição de João Lourenço. “É difícil em cinco anos o João Lourenço fazer um país como toda a gente quer. É impossível” repete.  Com 27 anos de guerra, “como é que é possível? A guerra destruiu tudo, tudo, tudo, até as mentes destruiu”. E não, 47 anos não é muito tempo, até porque “esse foi o tempo do José Eduardo dos Santos, agora é o do João Lourenço, a situação é outra”.

"Já não há votos naturais, pela tradição, têm de significar bem estar e os últimos cinco anos representaram regressão nas condições sociais e psicológicas".
Kambolo Tiaka-Tiaka, coordenador da PLACA

Cerca de um quilómetro mais à frente, junto a uma rotunda onde é notório que o comércio informal lidera a atividade económica do município, a PLACA — plataforma Cazenga, prepara uma pequena ação de rua. Trata-se de uma “associação juvenil e apartidária”, apesar de ter um coordenador de 42 anos, que pretende lutar pelos direitos humanos dos munícipes e criar espaços de diálogo. Do outro lado está uma tenda da Comissão Nacional Eleitoral para ajudar os cidadãos no processo, guardada, a poucos metros, por um polícia de olhar atento e arma nas mãos.

Quatro jovens montam uma coluna de som, esticam uma faixa grande a dizer “meu voto, meu futuro”. Entre o barulho do trânsito infernal e das zungueiras (vendedoras ambulantes que preenchem todos os passeios e beiras de estrada), Kambolo Tiaka-Tiaka, o líder do grupo, conta como nasceu e cresceu, vítima visível da poliomielite, em Cazenga.

Com a noção de que o município é “um bastião do MPLA”, adianta, ainda assim, que, fruto da não melhoria das condições básicas de vida, não terá muitos votos. “Já não há votos naturais, pela tradição, têm de significar bem estar e os últimos cinco anos representaram regressão nas condições sociais e psicológicas.”

No mesmo sentido argumentam o politólogo Sérgio Dundão e o antropólogo Cláudio Fortuna. O primeiro refere que já ninguém vai votar por ligações históricas ao nacionalismo como no passado e o segundo sublinha que “é a precariedade das condições de vida que determina o voto, e, em geral, isso pende mais para a oposição”.

Se isso acontecer, o MPLA, que nasceu no Cazenga, pode ficar mais fragilizado, mais dividido? “Nem pensar”, diz Tomás Mumbundo. “Basta ver as manifestações culturais e políticas desta campanha para perceber que não está a perder força.”

"O MPLA renova-se permanentemente, é um partido da esquerda dinâmica, conseguimos adaptar-nos aos momentos que vivemos. Está mais unido do que antes"
Tomás Bica Mumbundo, membro do comité centrall do MPLA

Uma das caraterísticas fundamentais do “M” é “a sua unidade interna”, afirma o membro do comité central. O partido já passou por várias “intempéries: a Revolta Ativa, Revolta do Leste, o 27 de maio”, mas prevaleceram “os princípios que estão na base da sua construção política e ideológica: unidade, solidariedade, ,justiça social e, sobretudo, a capacidade de reconhecer quando falha”. É esta “atitude positiva, a capacidade de se reencontrar, reconciliar e seguir o rumo em função dos erros cometidos que distingue o MPLA das demais forças políticas”, acredita.

Recusando que João Lourenço tenha ficado isolado dentro do partido com o rumo que a luta contra a corrupção tomou — sendo apontada muitas vezes como seletiva, afirmação de que discorda —, garante:

“O MPLA renova-se permanentemente, é um partido da esquerda dinâmica, conseguimos adaptar-nos aos momentos que vivemos. Está mais unido do que antes.” Ou seja, como se diz em Angola, “não há tema”.

“O perigo de violência é iminente”

Kambolo Tiaka-Tiaka receia que “se o MPLA perder, não aceite de mão-beijada os resultados”. Mas espera que “se a UNITA ganhar, o partido passe o poder para o vencedor, porque Angola tem de estar acima de todos os interesses partidários”.

A campanha teve muitos “discursos de violência, muito pesados para esta altura” lamenta. “Eu estudo semiótica e a simbologia do ‘matar a galinha’, da ‘cabidela’, incita, nas entrelinhas, à violência. Se ficasse só com ‘o galo que não voa’, que ‘não vai chegar ao galinheiro’, etc. (UNITA é conhecida como o partido do galo), tudo bem, agora matar?”, insurge-se.

Angola. A última semana de uma campanha tensa mas pacífica, onde cresce o medo do “day after”

Por outro lado, se a UNITA perder e tiver bases para dizer que houve fraude, “haverá marchas, protestos, etc”. As pessoas têm ouvido desde que a lei eleitoral foi aprovada que ela permitia irregularidades, há mesas de voto que nem sequer vão ter observadores, porque foram reduzidos de 3.000 para 2.000, etc. Por isso há a percepção de que tudo está montado para que o MPLA ganhe”.

O lider da PLACA está preocupado. “O perigo de violência é iminente”, avisa. “Esperemos que não se repita o que se passou em 1992, [quando a UNITA recusou os resultados eleitorais e a guerra recomeçou]. Eu tinha dez anos, mas vi aqui em Cazenga muitos a caírem e não queremos mais esse derramamento de sangue. Queremos reconstruir um país onde haja alternância, um dos pressupostos da democracia”.

Do outro lado da estrada, um casal faz um negócio sui-generis. Sentou-se a poucos metros de um caixa-banco, o multibanco de Luanda. Há sempre fila para levantar dinheiro. Quem não tem paciência para esperar vem ter com Sergio Luca e a mulher Souki Sinda. Entrega-lhe o cartão de débito, pede-lhe a quantia que quer, Sergio passa-o num terminal, a TPA, móvel, a pessoa marca o código, o comprovativo sai e ele dá-lhe o dinheiro que ela precisa com urgência. Onde está o negócio? “Cobro uma taxa, ela pede 1.o00 kwanzas, eu cobro 1.1oo”, explica a sorrir.

Ação de rua da PLACA em Cazenga

São angolanos cujos pais se refugiaram no Congo durante a guerra. Falam entre os dois lingala, “a língua do negócio”, e não têm dúvidas. “Se o MPLA ganhar, tudo vai ficar pior, há muita gente a comer nos contentores do lixo”, entristece-se Souki. Se assim for, já pensou num plano: “Vou fugir, vou para fora daqui, de Angola. Brasil, Europa, Portugal, tudo será melhor”, responde à pergunta do “para onde”  com um sorriso desconcertante.

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