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O presidente do CHEGA, André Ventura, durante a conferência de imprensa sobre noticias ontem avançadas relativamente ao ministro das Finanças, Fernando Medina, na sede do partido, em Lisboa, 21 de fevereiro de 2023. MANUEL ALMEIDA/LUSA
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Chega acredita que opção de Luís Montenegro pode prejudicar o próprio PSD

MANUEL ALMEIDA/LUSA

Chega acredita que opção de Luís Montenegro pode prejudicar o próprio PSD

MANUEL ALMEIDA/LUSA

Chega acredita que cresce ao ser excluído pelo PSD. E aposta na era pós-Montenegro

Decisão de Montenegro sobre Chega leva Ventura a rever a estratégia e a afastar-se de vez dos sociais-democratas. Partido crê que sai a ganhar com tática do PSD e está atento a futuro de Passos.

O “não é não” de Luís Montenegro ao Chega foi o ponto final num caminho de ziguezagues sobre a posição do PSD relativamente ao partido de André Ventura. O presidente do PSD foi pela primeira vez totalmente taxativo ao dizer que “nunca” fará um acordo político de governação com o Chega, mas o partido de André Ventura não só desvaloriza como há quem veja na renovada estratégia do PSD um “cavar da própria sepultura”.

“A Madeira mostrou um eleitorado absolutamente consolidado”, afirma ao Observador André Ventura, que considera que a declaração de Luís Montenegro “não muda nada” tendo em conta que, insiste, “não haverá governo à direita sem o Chega”. Mais do que isso, no núcleo duro do partido confia-se que as eleições europeias possam mesmo ser um ponto de viragem na vida do PSD e da direita a curto prazo: ainda que Montenegro já tenha dito que é candidato no próximo congresso, altos dirigentes do Chega acreditam que o líder social-democrata não sobrevive a um mau resultado eleitoral em Bruxelas. O que seria uma oportunidade para voltar a pensar em futuros acordos.

Existe, por isso, um óbvio dilema: mesmo acreditando convictamente que a estratégia do “não é não” de Montenegro não lhes retira votos, e que o apelo ao voto útil à direita não está a estancar o crescimento do Chega, é preciso saber de que vale ter 10, 12 ou 15% se continuam politicamente irrelevantes e isolados à direita. A chave pode passar, por isso, pela saída (ou pela derrota) da linha no PSD que defende os cordões sanitários em torno do Chega.

Aos olhos de um membro da direção de Ventura, não há dúvidas de que Luís Montenegro pode “seguramente” abandonar ou ser afastado do PSD no próximo congresso se não vencer as eleições para o Parlamento Europeu. E este é um cenário que agrada ao Chega, independentemente da próxima figura que venha a ocupar a liderança do PSD: porque relançará, pelo menos, o debate sobre alianças à direita.

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Na cabeça de vários dirigentes ouvidos pelo Observador a conclusão é simples: as atitudes do PSD (desde posicionamento face ao Chega ao facto de não se destacarem nas sondagens) têm valido votos a André Ventura e esse é um bom caminho continuar a ser seguido. A tese assenta na ideia de que o Chega se tem alimentado do “desgaste" do PSD, que o partido liderado por Montenegro está a “cavar a própria sepultura” e a prejudicar-se a si próprio, enquanto o Chega vai ficando a assistir na bancada e a crescer com isso.

Sem que ninguém se tenha chegado à frente de forma clara, o Chega não é indiferente à discussão que se vai tendo sobre um eventual regresso de Pedro Passos Coelho, com quem André Ventura já reconheceu ter uma boa relação — o líder do Chega disse até que seria “difícil” avançar com uma candidatura a Belém se o antigo presidente do PSD fosse a votos. Seja como for, e sem saltar capítulos, o Chega anseia pela chegada de uma nova era que possa ter uma visão diferente sobre eventuais acordos à direita.

“Neste momento não há uma indicação de que possa haver qualquer acordo com o PSD”, confirma um dirigente do Chega ao Observador, sublinhando que “nem sequer há a mínima conversa nesse sentido”, pelo que, apesar de o futuro ser desconhecido, no núcleo duro do Chega parece ser melhor a incógnita do que o atual redondo não de Montenegro, que bloqueia qualquer entendimento. “Quem vier a seguir pode recuar e aceitar a existência de um acordo”, resume a mesma fonte, admitindo que tanto do lado do Chega como do PSD haverá pessoas a quem agradaria um acordo.

Na cabeça de vários dirigentes ouvidos pelo Observador a conclusão é simples: as atitudes do PSD (desde posicionamento face ao Chega ao facto de não se destacarem nas sondagens) têm valido votos a André Ventura e esse é um bom caminho continuar a ser seguido. A tese assenta na ideia de que o Chega se tem alimentado do “desgaste” do PSD, que o partido liderado por Montenegro está a “cavar a própria sepultura” e a prejudicar-se a si próprio, enquanto o Chega vai ficando a assistir na bancada e a crescer com isso. Mas o crescimento, sem poder e sem influenciar a tomada de decisões, seria sempre um verbo de encher.

Até ver, as sondagens e as eleições da Madeira (sobretudo elas) não têm penalizado o Chega. Em contrapartida, Luís Montenegro, que, ao afastar o Chega, forçou uma “jogada política” cujo objetivo era “recuperar o eleitorado“, continua sem deslumbrar nas sondagens (antes pelo contrário) e teve um revés doloroso na Madeira. Para o Chega, apesar do discurso de enorme apelo ao voto útil (Miguel Albuquerque ameaçou demitir-se caso não tivesse maioria absoluta), o PSD falhou e o partido de Ventura conseguiu, mesmo assim, afirmar-se.

É esta ideia de que o eleitorado do Chega está “absolutamente consolidado” que anima o partido e que conforta o Chega: nem o voto útil está a ser suficiente para ajudar o PSD. “Não tememos o efeito do voto útil, perdeu adeptos e se isto aconteceu na Madeira, onde o PSD tem o poder que tem, imagine-se no continente”, sinaliza uma fonte da direção. Por outras palavras: se nem Madeira os sociais-democratas conseguiram segurar as pontas da maioria absoluta, apesar de estarem absolutamente enraizados, o que será quando for a doer, em legislativas.

Existe, ainda assim, um óbvio dilema: mesmo acreditando convictamente que a estratégia do “não é não” de Montenegro não lhes retira votos, e que o apelo ao voto útil à direita não está a estancar o crescimento do Chega, é preciso saber de que vale ter 10, 12 ou 15% se continuam politicamente irrelevantes e isolados à direita. A chave pode passar pela saída (ou pela derrota) da linha no PSD que defende os cordões sanitários em torno do Chega.

O renovado cordão sanitário

Nos últimos meses têm-se sucedido episódios em que o Chega é protagonista ou coprotagonista, desde logo na Assembleia da República, sendo que o PSD foi o último a completar o cerco sanitário ao Chega. O “não é não” de Luís Montenegro deixou o Chega ainda mais isolado e é o culminar do agudizar da relação entre os dois partidos.

De resto, o Chega tem aproveitado o palco parlamentar para ensaiar embates diretos com o PSD, aí sem Luís Montenegro e com Joaquim Miranda Sarmento, que vai tentando ignorar olimpicamente as provocações de Ventura. Um dos exemplos mais recentes foi o debate da moção de censura ao Governo, em que Luís Montenegro mais parecia o alvo da discussão e onde o líder do Chega atacou duramente o adversário à direita: “Às vezes penso que deveria liderar o Chega e o PSD ao mesmo tempo“, chegou a provocar.

A dinâmica entre os dois partidos, e o cerrar de posições nos dois partidos, provocou até mudanças de posicionamento dentro do PSD. Miguel Pinto Luz, atual vice-presidente do PSD e ex-candidato à liderança, chegou a ter uma posição (praticamente isolada, é certo) de recusa à fixação de linhas vermelhas tout court em relação ao partido de André Ventura,.

Mais de três anos depois, Pinto Luz veio reconhecer, em entrevista ao Observador no programa Vichyssoise, que as intenções que tinham eram com um “Chega diferente“. “O Chega tem-se vindo a radicalizar muito mais, já lá vão quatro anos dessa entrevista, e o Chega tem tomado posições absolutamente inacreditáveis sobre alguns dos temas”, argumentou.

Perante este fechar de porta definitivo de Montenegro, o partido de André Ventura vê-se obrigado a mudar as agulhas da estratégia e a voltar à narrativa de só o Chega pode liderar a oposição. O primeiro teste é esperar que as eleições europeias de junho de 2024 mostrem que o Ventura é de facto incontornável à direita e que Montenegro é dispensável.

Passos mantém-se na reserva, mas não para alimentar o peditório das presidenciais

 
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