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RUI FARINHA/LUSA

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Rui Moreira: "Acusações do Bloco? Só me posso rir"

Álvaro Almeida foi ao Cerco criticar a "ineficácia" de Moreira. Bloco falou em "tráfico de influências" na Câmara. Manuel Pizarro disse que Moreira está "assustado". O autarca? Riu-se dos adversários.

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Faltam menos de duas semanas para a ida às urnas e os candidatos estão cada vez mais ativos. A partir desta segunda-feira, o Observador acompanha o diário da campanha no Porto, seguindo o dia a dia dos principais candidatos. João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, responde ao Carpool de Rui Moreira com o Observador, quando o independente disse que o BE queria que os traficantes de droga atuassem livremente. Álvaro Almeida, candidato do PSD à Câmara do Porto, arrancou para a estrada com uma ação no Bairro do Cerco do Porto, para denunciar a falta de investimento na reabilitação e prometer o regresso da herança de Rui Rio. Ao fim da tarde, o socialista Manuel Pizarro apresentou o seu programa e respondeu ao “medo” de Rui Moreira não conseguir governar sem maioria absoluta. Ilda Figueiredo, da CDU, confraternizou com trabalhadores municipais e apelou ao voto. Nas autárquicas mas não só. E Rui Moreira? Deu os primeiros passos na campanha e respondeu ao “Bloco Selminho”.

Rui Moreira: “Acusações do Bloco? Só me posso rir”

Foi um “aquecer de motores” para Rui Moreira, como o próprio assumiu. No dia em que as várias forças políticas avançaram para o arranque oficioso da campanha autárquica — oficialmente, a campanha eleitoral só começa terça-feira –, o presidente da Câmara Municipal do Porto aproveitou um jantar com médicos e outros profissionais de saúde para lançar as bases da sua recandidatura. Num discurso carregado de críticas veladas aos adversários, nunca assumiu o desejo de conquistar a maioria absoluta, mas deixou clara a ambição: “Queremos ganhar as eleições“.

Diferente não poderia ser. Ainda assim, o destaque vai para a resposta a João Teixeira Lopes, candidato do Bloco de Esquerda que esta segunda-feira desafiou os restantes candidatos à Câmara Municipal do Porto a exigirem a revogação imediata do acordo extrajudicial celebrado entre a autarquia e a Selminho, empresa que pertence à família de Rui Moreira. Em declarações aos jornalistas, ainda antes da intervenção perante simpatizantes e profissionais de saúde ali presentes, o autarca portuense foi cáustico: “Sobre essa matéria só me posso rir e dizer que o Bloco se está a transformar no Bloco Selminho, à falta de alguma de ideia sobre a cidade do Porto”.

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Depois do jantar, Rui Moreira acabou por centrar grande parte do discurso no percurso percorrido durante os últimos quatro anos, focando essencialmente em três fatores que consideram serem as suas maiores conquistas: a saúde das finanças do Porto, a aposta na reabilitação urbana do centro da cidade e a renovação da oferta cultural do concelho.

Ainda que em modo de pré-campanha eleitoral, e sem nunca os nomear, o presidente da Câmara do Porto aproveitou o discurso para passar ao ataque, dividindo os seus adversários em dois grupos: os que acreditam que os problemas do Porto se resolvem fechando a cidade, numa demanda turismofóbica; e os que acreditam que tudo se resolve despejando “baldes de dinheiro” do erário público para solucionar os desafios causados pelo turismo. Para Rui Moreira, a solução está “em gerir o sucesso” da cidade, intervindo apenas quando e onde “o mercado não é capaz de intervir“.

Sem concretizar medidas, Rui Moreira criticou aqueles que defendem uma “moratória para a construção de hotéis” no centro histórico da cidade — com sugerem Bloco de Esquerda e CDU –, e aqueles que “têm olhos maiores do que a barriga” e defendem a construção “de não sei quantas casas” para atrair a classe média — como propõem Manuel Pizarro e Álvaro Almeida, PS e PSD, respetivamente.

A terminar, Rui Moreira lembrou que, em 2013, enfrentou o establishment partidário — “sem armas nem bagagens”, como sublinhou — para provar que o Porto não se pode fazer exclusivamente à custa do investimento público. E parece ser essa tónica do presidente da Câmara portuense para esta recandidatura: dar todas as condições de investimento aos privados, sem nunca derrapar nas contas públicas.

Maioria absoluta: sim ou não? Nim

Além do caso Selminho, o dia de campanha eleitoral no Porto acabou por ficar marcado pela entrevista de Rui Moreira ao Jornal de Notícias, em que o presidente da Câmara do Porto voltou a falar da questão da governabilidade, de que já tinha falado no debate autárquico na SIC. Na altura, frisou que desde o dia 7 de maio que governava em minoria e, mesmo assim, estava a conseguir governar.” “Tenho conseguido”, disse. Ao JN, votou a não pedir maioria absoluta. “Mas isso não quer dizer que no futuro seja possível” a governabilidade, acrescentou.

“Tenho a consciência de que se as pessoas forem votar, exercerem o seu direito de voto, que no final seria muito importante que tivéssemos condições de governabilidade na cidade. E creio que isso qualquer pessoa entende.”

Mais à frente, aproveitou para lembrar que questões como a redução do IMI ou a criação de uma empresa municipal de cultura “já demonstraram qual é o risco de não haver condições de governabilidade.”

Manuel Pizarro: o voto útil “é no Partido Socialista”

O auditório da Casa das Artes costuma ser a sala de visitas do Cineclube do Porto. Mas, esta segunda-feira, às 18h50, viu-se um filme diferente. O ator principal era Manuel Pizarro, a desempenhar várias atividades na cidade. Houve algumas risadas quando surgiram as imagens do candidato socialista a pedalar numa bicicleta, junto à praia. A acompanhar as imagens estava a narração do próprio, com as suas ideias para a cidade.

Assim começou a apresentação do programa da candidatura do ex-vereador da Habitação e Ação Social do mandato de Rui Moreira. Marcada para as 18h30, o auditório de 150 lugares demorava a encher — talvez por culpa do trânsito, que o candidato socialista também reconhece ser um problema, no programa de 112 medidas, e para o qual apresenta soluções. Um amigo e membro da campanha ia pedindo à audiência conhecida que se fosse sentar mais à frente, em vez de nas últimas filas. Quase toda a gente segurava um dos cadernos de 22 páginas com a visão do candidato socialista, que começa com um texto por si assinado. Nele, afirma que houve progresso, sim, mas “é indesmentível que esta evolução está excessivamente dependente de uma única atividade, o turismo“.

A taxa de desemprego é “muito superior” à média nacional, 15%. O investimento municipal na zona oriental da cidade está “muito aquém do desejável“. Na Cultura, Pizarro quer que a câmara funcione “mais como catalisador e dinamizador” e não tanto como programador, dando mais oportunidades a artistas e programadores independentes. E porque ainda há muitos lugares por preencher, atrasa-se o início da apresentação. Continue-se a leitura, então. “Estamos em condições especialmente favoráveis para promover o diálogo com o Governo que permita resolver várias das questões com que nos defrontamos”, escreve Pizarro, fazendo-se valer do Governo socialista em funções.

Depois do pequeno filme, Pizarro sobe ao palco para anunciar que o programa que a audiência tem nas mãos é fruto de “uma auscultação participada”, fruto da realização de “múltiplos debates”. O mesmo que fez Rui Moreira há quatro anos. Por falar no presidente da Câmara, ei-lo, ausente em corpo mas presente em assunto. “Eu podia discutir o programa eleitoral de Rui Moreira, mas não há“, atira, para mais tarde frisar que a apresentação de um programa eleitoral é “um risco”, mas um ato de respeito democrático. “Temos obrigação de dizer ao que vimos.”

“Diz Rui Moreira que está muito assustado com as condições de governabilidade. Não gosto de ver pessoas assustadas e não acho normal que um portuense se sinta assustado. “© Global Imagens

O candidato socialista aproveita ainda para comentar a entrevista que Rui Moreira deu ao Jornal de Notícias, onde não pede maioria absoluta, mas sublinha os riscos de governar com maioria simples: questões como a redução do IMI ou a criação de uma empresa municipal de cultura “já demonstraram qual é o risco de não haver condições de governabilidade”, disse ao jornal.

“Diz Rui Moreira que está muito assustado com as condições de governabilidade. Não gosto de ver pessoas assustadas e não acho normal que um portuense se sinta assustado”, começa por dizer, sorridente. Pizarro quis demarcar-se daquela visão e promete que “se o povo do Porto” lhe der a maioria para chegar à presidência, “sejam quais forem essas condições, criarei condições de governação tranquila e sustentável. De certeza que é possível estabelecer diálogo com as instituições e forças políticas.” E garante, já mais sério, que não há nenhum problema de governabilidade na Câmara do Porto. “Nem devemos ter medo do julgamento que as pessoas do Porto vão fazer.

De seguida, apela ao voto. E começa a fazê-lo de uma forma diferente: lembra Luís Filipe Menezes, ex-presidente da Câmara de Gaia e candidato ao Porto há quatro anos pelo PSD. Ao recordar que em 2013 houve muita gente a ser mobilizada para votar contra Menezes com o objetivo de “afastar o despesismo do PSD”, Pizarro declara que, desta vez, não há “nenhum perigo vindo do lado sul do Douro” a ameaçar os cofres camarários, mas que continua a haver um voto útil. “E esse voto é no Partido Socialista, é por isso que temos de mobilizar todas as pessoas para virem votar no Partido Socialista para podermos liderar”, merecendo o aplauso mais ruidoso da noite.

Álvaro Almeida critica ineficácia de Rui Moreira e promete investimento nos bairros sociais

Assim que se empurra o que resta da porta, o cheiro é nauseabundo. Está tudo transformado em destroços: o roupeiro, as janelas, até a cama. As paredes estão pintadas de negro e a luz parece não querer entrar naquele compartimento exíguo. Aqui e ali, há penicos espalhados pelo chão do minúsculo T2, cheios sabe-se lá de quê. São restos de uma vida que se sumiu dali. O inquilino, conta o vizinho, bigode negro, pele torrada, desapareceu há pelo menos dois anos, sem deixar rasto. Apesar das queixas recorrentes, garante, a Câmara Municipal do Porto e os serviços de Segurança Social nunca fizeram nada para resolver a situação. O apartamento vazio é uma ameaça à segurança e à saúde da sua família, revolta-se. E é apenas uma das dezenas de casas que estão abandonadas nos 34 blocos que compõem o Bairro do Cerco, na cidade do Porto.

“Quando ganhar, virei cá logo no primeiro ano de mandato e vou avançar logo com as obras de reabilitação e acabar com esse escândalo que é a existência de casas vazias que não estão a ser aproveitadas. Comigo não haverá casas vazias não ocupadas”, assegura Álvaro Almeida, candidato do PSD à Câmara Municipal do Porto. O Bairro do Cerco foi o primeiro local escolhido pelo economista para assinalar o início oficioso desta campanha autárquica e tinha um objetivo claro: denunciar a “incapacidade do atual executivo de responder aos problemas dos portuenses” que habitam nestes bairros sociais.

A estratégia de Álvaro Almeida começa a desenhar-se: em 2013, a candidatura de Luís Filipe Menezes dividiu o PSD e fez com que Rui Rio, então no final dos seus três mandatos, apostasse as fichas em Rui Moreira. Quatro anos depois, com o apoio de Rui Rio e de outras figuras de destaque do partido no Porto — como Paulo Rangel ou José Pedro Aguiar-Branco –, Álvaro Almeida quer recuperar a obra deixada por Rui Rio e assumir-se como o seu verdadeiro herdeiro, algo que, por oposição, Rui Moreira nunca será. O tema da habitação social, escolhido para o arranque oficioso desta corrida autárquica, não foi inocente.

“Como veem este é um bairro muito degradado, que não tem sido objeto de obras de reabilitação. Há um programa de reabilitação dos bairros sociais, que foi iniciado no tempo de Rui Rio, que este executivo de Rui Moreira e do PS continuou, mas a um ritmo muito inferior ao que seria desejável. Sobretudo, muito inferior ao que era no tempo de Rui Rio. Entre 2014, 2015 e 2016, o investimento em bairros sociais nos três anos foi de 19 milhões, enquanto que nos três anos correspondentes ao mandato de Rui Rio, 2010, 2011 e 2012, esse investimento foi de 44 milhões de euros, mais do dobro. O que aconteceu foi que um programa fundamental, que Rui Rio e o PSD iniciaram, foi muito abrandado, o que fez que obras fundamentais fossem adiadas, eternamente prometidas, mas nunca concretizadas”, criticou Álvaro Almeida, em declarações aos jornalistas já no final da ação de campanha no bairro.

Amin Chaar / Global Imagens

Amin Chaar / Global Imagens

Antes, a visita fez-se por entre os prédios descascados do Cerco, pincelados de varandas ferrugentas e de roupa a estender. Sérgio Reis, candidato do Porto Autêntico à junta de freguesia de Campanhã, vestiu o fato de cicerone e conduziu Álvaro Almeida num terreno que o economista ainda não conhece bem — não o do Cerco, que já visitou “três vezes desde janeiro”, mas o da campanha eleitoral, que obriga a ouvir, a estender a mão, a conversar e a meter a conversa. O candidato seguiu quase sempre atrás, acompanhado pelo discreto Pedro Duarte, candidato à Assembleia Municipal e possível futuro challenger de Pedro Passos Coelho. Numa ação de pouco mais de uma hora, Álvaro Almeida ouviu mais do que confortou, mesmo quando os moradores se queixavam de terem sidos “abandonados” pelo atual executivo.

É assim que se sente Maria Soares, de 52 anos. Vive num minúsculo T2, no bloco 1 do Bairro do Cerco, em que as manchas negras de humidade se tornaram num papel de parede hediondo. O marido, Álvaro Cardoso, de 59 anos, sofre de diabetes e foi recentemente operado ao coração. Os filhos do casal foram viver com outros familiares porque a vida naquela casa se tornou insuportável. “Isto é uma vergonha. Nem os animais são tratados assim“, queixou-se Maria.

Só Chiquinho e o amigo destoavam na paisagem. Pouco mais de 10 anos, pele morena, calças de camuflado, os dois seguiram ora à frente, ora atrás da comitiva, empunhando as bandeiras azuis com o símbolo da candidatura do Porto Autêntico que lhes foram entregues pela equipa de Álvaro Almeida. O que não deixa de ser curioso: apesar de ser apoiado pelo PSD, de laranja só mesmo uma tímida bandeira que acabou na mão, precisamente, do Chiquinho. Resta saber se será sempre assim ao longo da campanha.

De resto, relatos como os de Maria e Álvaro foram sendo colecionados à medida que Álvaro Almeida e a comitiva de cerca de 30 apoiantes subia e descia as escadas dos prédios que compõem o Bairro do Cerco. Incursão após incursão, o cenário e as queixas dos moradores repetiram-se: casas comidas pela humidade e a sensação de que o poder político só se preocupa com eles quando é altura de eleições. “Os candidatos à Câmara só vêm cá quando precisam dos votos. O Pizarro e o Moreira não vêm cá há anos. Só vieram quando o Presidente da República cá veio”, ouviu Álvaro Almeida. No final, aos jornalistas, Álvaro Almeida garantiria ser diferente e comprometer-se-ia a voltar ao Bairro do Cerco “quando o Porto Autêntico vencer as eleições“.

PSD descarta qualquer coligação com Rui Moreira

Para a parte da tarde, Álvaro Almeida tinha reservada uma ação de contacto com a população entre as ruas Alves Redol e Damião de Góis. O uso do tempo verbal não é inocente: a ação de campanha realizou-se, é um facto; o contacto com a população é que não — mal se viu vivalma à medida que a comitiva de 13 a 14 pessoas que acompanhava Álvaro Almeida avançava pelo percurso combinado.

Ainda assim, o candidato apoiado pelo PSD aproveitou o momento para reagir ao repto deixado esta manhã por João Teixeira Lopes, candidato do Bloco de Esquerda, que desafiou os restantes adversários a exigirem a revogação imediata do acordo extrajudicial celebrado entre a Selminho e a Câmara do Porto. Desafiado pelos jornalistas a comentar o caso, Álvaro Almeida evitou associar-se ao bloquista, mas reafirmou o que vem dizendo desde o início: “O acordo com a Selminho não devia existir“.

“Trata-se de um acordo para potencialmente permitir a construção por uma empresa privada num terreno que toda a evidência sugere que é da Câmara. Aliás, acho muito estranho que se tenha revisto os termos do acordo quanto aos prazos já depois de ser conhecido que o terreno era da Câmara. O acordo não faz sentido e não devia existir. Mais: “Há um problema de transparência desde o início”, sublinhou o economista.

Quanto à corrida eleitoral propriamente dita, e num momento em que as sondagens existentes apontam para uma possível vitória de Rui Moreira (mas sem maioria absoluta), Álvaro Almeida reassumiu como objetivo principal a vitória a 1 de outubro e garantiu que jamais fará parte de um executivo com Rui Moreira. “Está fora de hipótese ter funções executivas numa Câmara que seja presidida pelo atual presidente“, descartou o candidato apoiado pelo PSD, prometendo, ainda assim, uma “oposição responsável” para assegurar que “a governabilidade da Câmara não estará em causa”.

Ilda Figueiredo: “Ou a CDU tem um bom resultado, ou os prejudicados vão ser vocês”

O encontro está marcado para as 12h15 à entrada das oficinas municipais do Monte Aventino. Mais conhecidos por “estaleiros”, não é arriscado dizer que poucos portuenses terão alguma vez passado por ali. Ilda Figueiredo, sim. Aproveita os 30 minutos de pausa que os pedreiros, calceteiros e outros trabalhadores braçais ao serviço da autarquia têm de almoço, cumprimenta-os com um aperto de mão e serve-lhes o seu programa como sobremesa.

“Os Governos anteriores congelaram os vossos salários”, diz a um trabalhador, depois de lhe perguntar, em frente às duas jornalistas presentes, de que se queixa. Trabalha nas oficinas municipais há 24 anos e ganha 734 euros ilíquidos. “O PCP exige que se descongelem as carreiras”, acrescenta a candidata comunista à Câmara do Porto. Uma exigência que só pode ser feita a António Costa.

Ao lado, um homem mostra-se pouco otimista, depois de ter ouvido dizer que o ministro das Finanças “só tem 200 ou 400 milhões de euros” para gastar. “Se a CDU tiver mais força, garanto que vamos conseguir. Daí a importância do voto na CDU, para dar direitos aos trabalhadores”, reforça Ilda Figueiredo, a apontar para o voto local mas também para futuras eleições legislativas.

A CDU tem pouca obra local para mostrar aos “assistentes operacionais” — é assim que a câmara os designa, sejam pedreiros, carpinteiros ou calceteiros. Durante os últimos quatro anos, a CDU só teve um vereador na câmara, muitas vezes a defender sozinho as suas posições contra as de Rui Moreira, do PS e do PSD.

Ciente dessa limitação, Ilda Figueiredo acena com a relevância a nível do poder central que os comunistas ganharam quando aceitaram apoiar António Costa e tenta conquistar o voto com as lutas nacionais que terão impacto direto na vida dos muitos homens e poucas mulheres que ali trabalham: reposição dos escalões do IRS e descongelamento das carreiras. “O que vos vai aumentar o salário”, simplifica. “Vocês lembram-se que já conseguimos recuperar os feriados, não é?

A visita às oficinas municipais passou mais pelo papel que a CDU pode ter a nível nacional do que municipal. © Observador

Um trabalhador chega junto da equipa de Ilda Figueiredo e dos seus colegas com vontade de falar. Mas ao ver o microfone da TSF, cala-se e foge. Um colega tenta explicar o medo que algumas pessoas têm de falar em política e reivindicar, por temerem ser prejudicados nas avaliações. “Uma autarquia que não defende os trabalhadores não pode ser boa para os munícipes, remata a candidata, antes de continuar o percurso pelos “estaleiros” e passar a mensagem a mais potenciais eleitores. “Vamos continuar a luta”, diz quase sempre que se despede.

Vestida de calças vermelhas e casaco da mesma cor, a candidata comunista não vai conseguir, garantidamente, o voto de um dos trabalhadores, que se apresenta como membro das listas do candidato do PS à Câmara de Penafiel, André Ferreira. “Olhe que às vezes o PS precisa de um puxão de orelhas” diz um membro da pequena comitiva da CDU. Ilda Figueiredo é rápida a concordar. “E grande. E grande!”

Às jornalistas, Ilda Figueiredo criticou a diferença de tratamento que existe entre funcionários diretos da Câmara e outros ao serviço das empresas municipais. Os municipais mantiveram o horário de 40 horas semanais, por exemplo, enquanto os outros beneficiaram da reposição das 35 horas para a função pública. Se for eleita, vai acabar com a “injustiça” que “Moreira e Pizarro” não resolveram.

Bloco exige revogação do acordo entre Câmara e Selminho e fala em “tráfico de influências”

O candidato do Bloco de Esquerda à Câmara do Porto exigiu esta segunda-feira a revogação do acordo entre a autarquia e a Selminho, empresa do presidente do município, o independente Rui Moreira, desafiando as outras candidaturas a reivindicar a mesma “decisão política”.

“Exigimos que seja revogado o acordo extrajudicial feito com a família de Rui Moreira, que prevê a construção de 12 mil metros quadrados ou uma indemnização [para a Selminho]. Apelo aos restantes candidatos que se juntem a nós nessa exigência de revogação imediata por decisão política e afirmação de transparência e justiça. “O escritório do advogado que serviu a Selminho e a família de Moreira foi contratado por ajuste direto para serviços na Câmara do Porto”, denunciou João Teixeira Lopes.

O bloquista acusou o autarca, que se recandidata como independente, de recorrer ao insulto “soez e irritado” contra o Bloco, ao acusar o partido de “favorecer os traficantes” — numa entrevista ao Observador –, e assegurou que o Bloco combate “todo o tipo de tráfico”, incluindo “o de terrenos e de influências”, que a autarquia “tem promovido”.

https://observador.pt/videos/carpool-autarquicas/best-of-com-rui-moreira-bloco-entende-que-os-traficantes-podem-continuar-a-traficar-livremente/

Rui Moreira, que não sabe reagir às críticas e não tem capacidade democrática de diálogo, acusa o Bloco de favorecer os traficantes do Porto, descendo a um nível de baixaria que jamais imaginaria. O BE é único partido que tem uma proposta que seria uma machadada no tráfico desta cidade: as salas de consumo assistido”, acrescentou.

O candidato do Bloco de Esquerda referia-se à afirmação, feita pelo candidato independente ao Observador, de que “o Bloco entende que os traficantes podem continuar a traficar livremente”. Para o bloquista, as afirmações de Moreira “são uma resposta ao facto de o Bloco ter “posições muito sólidas sobre o caso Selminho”, designadamente porque apresentou no tribunal administrativo um processo “a pedir a nulidade do acordo”. “É isso que deve acontecer quando se faz uma promessa de alteração do Plano Diretor Municipal [PDM] sem ouvir o executivo ou a Assembleia Municipal”, rematou Teixeira Lopes.

Por Agência Lusa

Reveja aqui a entrevista de Rui Moreira ao Observador.

Carpool Autárquicas com Rui Moreira: “Os meus adversários querem uma guerra suja”

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