A Ucrânia concretizou, no final de janeiro, um dos seus grandes objetivos desde o início da guerra, quando a Alemanha e os Estados Unidos deram a tão aguardada luz verde para o envio de tanques modernos fabricados naqueles países. Foi mais um passo para tentar alcançar aquele que é o objetivo último das forças de Kiev: a expulsão dos militares russos do território ucraniano ocupado desde fevereiro. Kiev tem, no entanto, mais um pedido na mira — aviões de combate, os caças.
Se o Ocidente volta a ceder à demanda da Ucrânia, ainda não é certo — o tempo dirá qual será o desfecho. Para já, as posições oscilam entre a dúvida francesa e o taxativo “não” da Alemanha e dos Estados Unidos. Apesar das dúvidas sobre a última exigência de Zelensky, a verdade é que o padrão tem-se repetido desde o início do conflito: Kiev vai pedindo armas, carros de combate e munições — e vai conseguindo fazer pressão (e encontrando aliados) para obter armamento mais moderno e sofisticado capaz de fazer a diferença no terreno.
Ouça aqui o episódio do podcast “A História do Dia” sobre as armas fornecidas à Ucrânia.
No final de fevereiro — logo no início do conflito —, a Ucrânia necessitava mais do que nunca de armas para fazer face à invasão. Numa mobilização sem paralelo na história recente, vários países anunciaram o envio de armamento para território ucraniano. Com as principais potências mundiais ainda a gerir o choque provocado pela dimensão da invasão russa, surgia o receio de que o regime liderado por Volodymyr Zelensky colapsasse numa questão de dias. Aliás, três dias era o intervalo de tempo que o Kremlin estimava para que as suas forças chegassem à capital ucraniana — abrindo caminho à entrada em cena de um novo chefe de Estado na Ucrânia.
“Preciso de munições, não de uma boleia.” Durante uma conversa privada com Joe Biden, terá sido essa a mensagem de Volodymyr Zelensky para o seu homólogo norte-americano. A mensagem era clara: o Presidente ucraniano ficaria no país, apesar das ameaças da Rússia (que o definiu como um dos alvos a abater) e faria de tudo para proteger o país. Daí a necessidade urgente de armamento para enfrentar as tropas de Vladimir Putin.
Foi então que, a 26 de fevereiro, os Estados Unidos anunciaram um dos primeiros pacotes de ajuda militar, na ordem dos 350 milhões de dólares (cerca de 321 milhões de euros). Unilateralmente, vários países da União Europeia (UE) seguiram-se no apoio às tropas ucranianas, sendo que, pela primeira vez na história, o bloco comunitário comprou armas e enviou-as de seguida para a Ucrânia.
Estes dois pacotes simbolizaram o tiro de partida para outras iniciativas similares. Praticamente um ano volvido desde o início da guerra, a ajuda militar à Ucrânia foi evoluindo — até chegar aos tanques modernos. Kiev conseguiu mobilizar a opinião da comunidade internacional para a necessidade de armamento mais eficaz. Primeiro foi o sistema de mísseis antitanque Javelin; depois, os sistemas de lançamento de foguetes HIMARS; seguiram-se os sistemas de defesa aérea Patriot; e, por fim, os tanques Leopard-2 e Abrams M1.
Dentro de menos de três semanas, o conflito na Ucrânia assinala o primeiro ano. E, neste momento, a lista de países que já contribuíram com algum tipo de apoio para as forças de Kiev ultrapassa as quatro dezenas — além dos mais óbvios (como os Estados Unidos, a Alemanha, França e Reino Unido), há alguns mais inesperados (com destaque para o Azerbaijão). Nalguns casos, o apoio limitou-se a algumas dezenas de drones com capacidade ofensiva; noutros, está em causa um verdadeiro manancial de guerra entregue aos homens de Zelensky que defendem o território ucraniano dos chamados “invasores”.
Das munições aos carros de combate: as armas enviadas, por país
Com um complexo militar-industrial pujante, os Estados Unidos destacam-se como o país que, em termos absolutos, mais contribuiu para ajudar a Ucrânia militarmente. Joe Biden fez dessa uma das suas prioridades durante o mandato, repetindo por inúmeras vezes a mensagem de que vai apoiar Kiev “o tempo que for necessário”. A União Europeia, através dos seus diferentes centros de poder, adotou a mesma postura.
Dentro da União Europeia, persistem, no entanto, diferenças no auxílio que cada Estado-membro oferece. Se países como a Estónia, a Letónia, a Lituânia ou a Polónia se destacam como os maiores doadores de armamento à Ucrânia, outros — como a Hungria — preferem não ajudar Kiev em termos militares. Pelo meio, há ainda casos como a Bulgária ou a Roménia, que mantêm em segredo aquilo que doaram.
As diferenças não se ficam apenas entre os 27. Mesmo em termos internos, a situação não é completamente linear, havendo certos setores da sociedade que apoiam o envio de armas, enquanto outros se manifestam contra. Nos parlamentos nacionais dos Estados europeus, os partidos mais à direita e mais à esquerda têm sido aqueles que mais têm contestado a ajuda à Ucrânia. Por exemplo, na Alemanha, o AfD (sigla para Alternative für Deutschland, o partido de extrema-direita) e o Die Linke (partido da esquerda alemã) têm advertido que a entrega de armamento pode levar a uma escalada do conflito.
Apesar destas diferenças, a UE tem conseguido manter-se unida, comprar armamento e enviá-lo para a Ucrânia, da mesma forma que tem logrado aplicar sanções contra a Rússia. Numa perspetiva mais técnica — analisando o peso que a ajuda que cada país dedicou à Ucrânia tem nos respetivos PIB per capita —, a Estónia e a Letónia lideram a lista, contribuindo com mais de 1% do seu Produto Interno Bruto. Seguem-se a Polónia e a Lituânia, que dedicaram material e equipamentos num valor equivalente a 0,7% da riqueza produzida internamente.
De acordo com estes dados, os vizinhos da Rússia na Europa parecem, assim, ser os mais preocupados em salvaguardar que a Ucrânia não cai. Nesta categoria, também se incluem a Finlândia e a Suécia (se bem que Estocolmo apenas partilhe fronteiras marítimas com Moscovo), que mantinham, desde o final da II Guerra Mundial, uma política neutral no que diz respeito à sua política externa. Os dois países nórdicos decidiram romper com a tradição e enviar armas para a Ucrânia, além de terem formalizado o pedido de adesão à NATO.
Reino Unido e Canadá, dois países que integram a aliança militar transatlântica, também se destacam no grupo dos que mais ajudaram a Ucrânia. Fora do universo NATO, a Austrália e o Japão também já enviaram armamento para solo ucraniano. Ainda assim, tirando os aliados do Ocidente, não chega a cinco o número de Estados que, na América do Sul, África e Ásia, apoiaram a causa ucraniana.
Em termos de armamento, nem todos os países enviaram o mesmo para a Ucrânia, entre munições, embarcações, meios aéreos, armamento e carros de combate. Por exemplo, a Alemanha, a Austrália, França e o Reino Unido destacam-se pelos carros de combate que já doaram a Kiev, ao passo que a Bélgica, Estados Unidos e Suécia preferiram enviar, sobretudo, armamento.
Países como o Japão, a Lituânia e a Turquia enviaram drones. E os Países Baixos enviaram mesmo drones marítimos. Por outro lado, Estados como Portugal (que já confirmou a disponibilidade para enviar os carros de combate Leopard 2) ou o Canadá preferiam dotar o exército ucraniano com munições.
O início, a resposta, o inverno: armamento entregue, por fase da guerra
De fevereiro a maio: a primeira fase da guerra
O armamento que ajudou a Ucrânia a enfrentar as forças russas, como os lança-foguetes, mísseis e carros de combate, começou a chegar ao terreno logo no início de março. Antes disso, o método “assimétrico” para tentar travar a ofensiva de Moscovo passava por organizar “pequenos grupos de combate” que tiravam partido do conhecimento do terreno e “infligiam” danos a “batalhões e regimentos”, com um número expressivo de combatentes. Como nota o portal ucraniano War Ukraine do Ministério da Defesa ucraniano, chegou haver uma desproporção — em termos de tropas — de 1 para 30, principalmente nos ataques a Kiev e Chernihiv.
Depois de conseguir suster a ofensiva e travar os russos nos subúrbios de Kiev, a Ucrânia — já equipada com algum armamento do Ocidente — foi fazendo frente às tropas russas. O primeiro grande apoio, que já tinha sido pedido antes da guerra, consistiu no envio de mísseis Javelins — que permite destruir veículos blindados russos. Com cerca de 15 quilos, este armamento é capaz de atingir alvos a quatro quilómetros, concedendo mobilidade a quem o utiliza.
Ainda mais móvel é o míssil antitanques NLAW. Fabricado no Reino Unido, o equipamento pesa 13 quilos. Apesar de apenas atingir um alvo a 800 metros, este armamento acaba por disparar o míssil com maior rapidez do que os Javelin. No que diz respeito à Força Aérea, na primeira fase da guerra, também foi vital para o bom desempenho das tropas ucranianas os Stinger, um míssil terra-ar com a capacidade de atingir helicópteros.
“Os oficiais ucranianos rapidamente conseguiram entender a metodologia e como usar os mísseis antitanques Javelin e também os NLAW. Implementaram depois os chamados ‘ataques rápidos’: pequenos grupos de militares das Forças Armadas ucranianas, equipados com dois a três tanques com meios antitanques, destruíram equipamento inimigo“, explica ainda o site War Ukraine. Ora, isso foi fundamental para conseguir retirar as tropas de Moscovo dos arredores de Kiev, algo que aconteceu no final de março e acabaria por materializar-se na primeira grande derrota de Vladimir Putin.
No entanto, grande parte do território ainda continuava sob controlo russo: a Ilha das Serpentes, Kherson, Kharkiv e o Donbass. E houve um veículo aéreo não tripulado que também fez a diferença — os drones turcos Bayraktar TB2. Na Força Aérea, as tropas ucranianas ganharam precisão com este equipamento.
“Com a ajuda dos drones, as Forças Armadas da Ucrânia destruíram numerosos comboios de equipamento militar e armas que estavam a mover-se rumo à capital ucraniana desde a fronteira bielorrussa, e também através das regiões de Chernihiv e Sumy”, reforça o portal War Ukraine, acrescentando que estes meios também desempenharam um “papel importante” no combate naval. “Em particular, a marinha ucraniana usou os drones Bayraktar para atacar a Ilha das Serpentes, navios e veleiros que abasteceram a frota do Mar Negro da Rússia.”
De junho a setembro: os preparativos para o “ponto de viragem”
Após o duro golpe no moral das tropas russas, quando a Ucrânia prova que consegue evitar uma tomada rápida e sem resposta da sua capital e de outros territórios-chave, começa a ganhar força a ideia de que, afinal, enfrentar (e travar e repelir) a ofensiva russa não é um objetivo impossível. As dificuldades permaneciam em grande parte do território, mas um ataque de larga escala que levasse a destituição de Volodymyr Zelensky parecia cada vez menos provável. Havia, ainda assim, o objetivo de voltar a conquistar as províncias perdidas para a Rússia — e o Ocidente voltou a dar uma ajuda que se revelou crucial.
Um das grandes lutas diplomáticas em que a Ucrânia venceu foi a doação dos HIMARS (sigla para High Mobility Artillery Rocket System), um lançador de foguetes produzido nos Estados Unidos e com um nível de eficácia bastante elevado. “Em cerca de dois minutos, uma única bateria de foguetes (nove lançadores MLRS) pode disparar 108 foguetes de 23o milímetros, cada um com ogivas de 90 quilos”, explicou Mark F. Cancian, antigo militar norte-americano, ao Observador, em agosto.
Com este armamento, a Ucrânia conseguiu atingir alvos como armazéns de armamento que estão para lá da linha da frente russa. Em consequência, o ritmo de reabastecimento da artilharia acabou por se atrasar, forçando os russos a fazer recuar o armazenamento. “Esta arma de alta precisão acabou por ser uma espécie de ponto de viragem na guerra em favor da Ucrânia, porque permitiu às tropas atacar a maior distância a artilharia russa”, lê-se no site War Ukraine.
Preponderante, nessa fase da guerra, foram também os obuses norte-americanos M777. De proporções gigantescas, este foi o maior armamento de sempre doado à Ucrânia. Tal como os HIMARS, o carro de combate “permite atingir alvos do inimigo a longas distâncias e rapidamente proceder ao ataque desses mesmos alvos”. Este armamento permitiu e continua a permitir “destruir posições, armas e equipamento militar dos invasores russos”.
Mas não foi apenas dos Estados Unidos que chegou armamento fulcral para essa fase da guerra. Por volta de junho, começaram a chegar ao terreno os obuses franceses Caesar, que permitiram atingir “alvos a distâncias de 20 quilómetros ou mais na linha da frente com alta precisão”.
De setembro a dezembro: da contraofensiva bem-sucedida ao inverno
Todo este armamento permitiu que a Ucrânia arrancasse com uma contraofensiva bem-sucedida no final de agosto, cerca de meio ano após o início do conflito. Inicialmente, essa resposta centrava-se no sul, nomeadamente em redor da cidade Kherson. No entanto, apanhando a Rússia desprevenida, as tropas leais a Zelensky conseguiram expulsar, em meados de setembro, todas as forças russas de todo o oblast de Kharkiv (no norte), numa ação que foi encarada como uma das maiores vitórias do país.
Foi também a primeira vez que o Presidente russo reagiu a um desaire, o que deu ainda mais ânimo às tropas da Ucrânia. Na segunda comunicação ao país desde o início do conflito, Vladimir Putin ordenou, a 21 de setembro, a mobilização parcial de combatantes russos e ameaçou o Ocidente com a utilização de armas nucleares.
Se, a norte, a situação se resolveu rapidamente, e a Ucrânia recuperou numa questão de dias uma área de cerca de 3.000 quilómetros quadrados, na contraofensiva a sul o cenário foi mais complexo. Entre avanços e recuos, as tropas ucranianas conseguiram retomar o controlo da cidade de Kherson em meados de novembro, libertando a margem ocidental do rio Dnirpo.
A conquista teve um forte cariz simbólico, permitindo à Ucrânia recuperar uma das suas maiores cidades. A Rússia já tinha sinalizado que ficaria em Kherson “para sempre”, logo, a perda desta cidade foi encarada como um pesado revés nas pretensões de Moscovo, mas não motivou uma resposta tão musculada da parte de Vladimir Putin. Até porque o inverno aproximava-se.
Com os primeiros nevões e temperaturas negativas, as tropas ucranianas e russas enfrentaram condições difíceis para se imporem no terreno. Assim sendo, a atenção da Ucrânia virou-se para outro problema: os ataques às infraestruturas civis levados a cabo pela Rússia com drones de fabrico iraniano. Numa altura em que alguns pontos do território ucraniano chegavam aos 20 graus negativos, Moscovo atacou o setor energético do país, deixando a população civil sem luz e sem eletricidade.
A Ucrânia tentou, então, mobilizar a opinião pública internacional para a doação de geradores e também de sistemas de defesa aérea. Havia um desejo em particular na lista de Zelensky: os Patriot, um sistema de mísseis guiados terra-ar norte-americano capaz de atingir um alvo em pleno voo, que tenha sido disparado da terra ou do mar. Tem um cariz essencialmente defensivo, podendo intercetar ataques aéreos até 160 quilómetros — sejam de aeronaves, mísseis balísticos ou até drones.
Em meados de dezembro, chegou o tão desejado ‘sim’. Os Estados Unidos concordaram enviar o sistema Patriot para a Ucrânia, decisão que foi selada durante a visita de Volodymyr Zelensky a Washington, a primeira visita oficial do Presidente ucraniano após o início da invasão. Simultaneamente, o ponto mais quente da guerra estava no Donbass, mais concretamente em redor da localidade de Bakhmut. O resto do território em disputa continuava congelado — nos dois sentidos da palavra.
De janeiro até à primavera de 2023: a esperada contraofensiva ucraniana
Com a chegada de 2023, e com o permanente conflito congelado no Donbass, a Ucrânia tentou agir. Ainda que o inverno esteja longe de terminar, o solo fica mais rijo (o que facilita a passagem dos carros de combate) e a primavera está mais perto. E, como aconteceu entre abril e junho, é necessário preparar uma contraofensiva para recuperar totalidade do território. Esse é objetivo de Kiev — e também parece ser o do Ocidente.
O tiro de partida foi dado, pela primeira vez no conflito, por França. O país liderado por Emmanuel Macron não costumava estar na dianteira no apoio à Ucrânia (tanto que manteve conversas com Vladimir Putin frequentemente, numa tentativa de manter a porta aberta a uma resolução do conflito pela via diplomática). Mas isso mudou no início de janeiro, quando Paris decidiu enviar os tanques ligeiros AMX-10 RC — os primeiros fabricados no Ocidente que passariam agora a fazer parte do arsenal ucraniano. E isso deu azo a que os dirigentes ucranianos colocassem pressão sobre outros países, nomeadamente a Alemanha. Desde o início da guerra, Kiev aspirava a um acesso aos modernos Leopard-2.
Mas não foi fácil. Berlim manteve a indecisão durante algumas semanas, temendo que o envio de carros de combate sofisticados pudesse causar uma escalada do conflito. Contudo, outros países — como a Polónia ou a Finlândia — disponibilizaram-se ao enviar os Leopard-2 e aguardavam pela autorização alemã, um passo obrigatório para que os tanques pudessem ser enviados para solo ucraniano.
Apesar da resistência, e de uma primeira ‘nega’ na reunião na base aérea alemã de Ramstein (que ocorreu a 20 de janeiro), a Alemanha acabou por ceder e dar a luz verde para que outros países pudessem enviar os tanques. Esse acabou por ser o mais recente sucesso diplomático da Ucrânia, que acredita que estes carros de combate poderão dar um contributo fundamental, quer na contraofensiva quer no esperado ataque que a Rússia estará a preparar também para a primavera.
Depois da Alemanha, uma coligação de 12 países estará disposta a enviar um conjunto de 80 Leopard-2 para a Ucrânia. Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos (que poderão ter sido fundamentais para desbloquear o impasse, já que Berlim havia dito que apenas avançaria com o envio dos tanques modernos se Washington cedesse a fornecer os seus carros equivalentes às forças de Kiev) decidiram dotar o arsenal ucraniano com 31 tanques Abrams M1.
A Ucrânia falou numa “dia histórico”, mas o entusiasmo durou pouco. Já na reunião em Ramstein Volodymyr Zelensky havia sinalizado que gostaria de contar com os caças modernos do Ocidente, nomeadamente os F-16. A pressão foi aumentando do lado ucraniano, lembrando as vantagens que esses meios aéreos teriam para o desenrolar da contraofensiva.
No entanto, até ao momento, poucos países parecem estar dispostos a entregar caças à Ucrânia. Apenas os Países Baixos e a Polónia já mostraram disponibilidade e França não recusou por completo a ideia. Mas Alemanha, Estados Unidos e Reino Unido já adiantaram que não estão disponíveis para fornecer a Ucrânia com aviões de combate — os F-16 norte-americanos; F-35 e Typhon, no caso de Londres; e também os Typhon e os Tornado, no caso de Berlim. O treino que é necessário para os manusear, argumentam, demora meses — e pode não vir a tempo da contraofensiva.
Tal como o secretário da Defesa norte-americano, Lloyd Austin, referiu, durante uma conferência de imprensa após o encontro em Ramstein, a Ucrânia tem uma “janela de oportunidade” entre dois momentos: agora e a primavera. Atualmente, o responsável prioriza o envio de armas do Ocidente para a Ucrânia, bem como o treino das tropas ucranianas, de maneira a que estas consigam manusear de forma eficaz o equipamento que lhes tem sido — e continuará a ser — entregue por dezenas de potências ocidentais. Tudo isto será importante para quando Kiev “iniciar a operação”.
Nesta lógica, os Estados Unidos anunciaram, na última quinta-feira, que enviarão mísseis de longo alcance, algo que foi colocado de parte num momento inicial. O Pentágono recuou e decidiu fornecer as tropas da Ucrânia com bombas de pequeno diâmetro e equipamentos para conectar todos os diferentes sistemas de defesa aérea que os aliados ocidentais entregaram a Kiev.
Este armamento vai ajudar a Ucrânia a preparar a contraofensiva e a enfrentar um eventual ataque russo nos próximos tempos. Mas o verdadeiro contributo destes equipamentos no desenrolar do conflito, só no futuro será possível perceber.