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Esta segunda-feira, uma missão de especialistas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) dirigiu-se para a central nuclear ucraniana atingida por diversos bombardeamentos em agosto

DDP/AFP via Getty Images

Esta segunda-feira, uma missão de especialistas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) dirigiu-se para a central nuclear ucraniana atingida por diversos bombardeamentos em agosto

DDP/AFP via Getty Images

E se a central nuclear de Zaporíjia não resistir à guerra? Radioatividade espalha-se pelos países europeus (mas não chega a Portugal)

Tudo depende do vento e da chuva. Simulação sugere que pluma radioativa de Zaporíjia chegaria à Polónia, à Rússia, à Bielorrúsia, aos países bálticos e a outros Estados vizinhos.

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Por favor, carregue no play (atenção: Portugal não está no mapa). Se carregou, está a ver a mancha vermelha, amarela e verde espalhar-se pela Europa. No vídeo (aqui em baixo), o desastre já aconteceu em Zaporíjia, a maior central nuclear da Europa. O que se vê é a simulação da pluma radioativa e a forma como os ventos a levariam de país em país, depois de um acidente nuclear. A Ucrânia é, na simulação oficial do Instituto Hidrometeorológico do país, a grande afetada — uma zona de 30 a 50 quilómetros em redor de Zaporíjia teria de ser evacuada e, o mais provável, era tornar-se zona interdita e inabitável.

[Vídeo com a simulação do Instituto Hidrometeorológico Ucraniano ]

Esta segunda-feira, uma missão de especialistas da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) dirigiu-se para a central nuclear ucraniana atingida por diversos bombardeamentos em agosto — de que Kiev e Moscovo se acusam mutuamente — para avaliar os danos físicos e a funcionalidade dos sistemas de segurança. No dia 25, a central ficou “totalmente desligada” da rede elétrica (ainda que temporariamente), um dos motivos que pode causar um acidente. A 1 de setembro, quinta-feira, os inspetores chegaram à central, depois de atrasos provocados por bombardeamentos russos na rota pré-acordada para a missão.

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Os efeitos do desastre nuclear não ficariam dentro da fronteira ucraniana, seja a oficial — que a leste só termina onde a Rússia começa —, seja dentro daquela pela qual o presidente russo se bate. Os territórios ocupados por Moscovo, na região de Donbass, seriam afetados pela radioatividade, assim como algumas zonas do país liderado por Vladimir Putin. A Crimeia, anexada em 2014 pela Rússia, conseguiria evitar os efeitos do desastre, segundo a simulação feita com base nas condições atmosféricas de 15 a 18 de agosto. Noutra altura, com outras condições, a península ucraniana poderia não ter a mesma sorte.

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No vídeo, a nuvem segue viagem: Polónia, Bielorrússia e países bálticos estão no caminho da radioatividade — um trilho que dependerá sempre das condições do vento e da chuva. Assim, se neste cenário estes são os países afetados, com ventos mais fortes, os especialistas defendem que a radioatividade poderia chegar até à Turquia ou à Alemanha. 

Moldávia, Roménia, Sérvia, Hungria e Eslováquia também seriam afetadas pela nuvem libertada por um acidente nuclear na central ucraniana, controlada pelo exército russo desde março, se os ventos soprassem como sopraram naqueles quatro dias de agosto. A Rússia, que fez simulações semelhantes às da Ucrânia, aponta para a chegada de radiação até à Escandinávia.

O mapa apresentado pelo Ministério da Defesa russo com a propagação da radioatividade

A 18 de agosto, um dia depois de a Ucrânia ter apresentado a simulação, a Rússia fazia o mesmo. Coube ao comandante das Forças de Proteção Radiológica, Química e Biológica do Exército russo, o tenente-general Igor Kirillov, apresentar aos jornalistas um mapa com o pior cenário possível. Alemanha, Polónia e Eslováquia seriam os mais afetados por um acidente nuclear, depois do território ucraniano, e Dinamarca, Suécia e Noruega também sentiriam os efeitos se um dos reatores vazasse um quarto do seu material radioativo.

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Já a Energoatom, empresa que opera a central nuclear, fez a sua própria avaliação do risco, segundo a especialista em energia nuclear, Olga Kosharna. “A 27 de julho de 2022, estimaram que, dependendo da direção do vento, humidade, precipitação e temperatura do ar, a pluma radioativa atingiria a Roménia, Crimeia ou Bulgária em seis ou sete horas e a Turquia em 23 horas. No entanto, a maior parte da precipitação contaminaria o Krai de Krasnodar [região no sul da Rússia].”

Sobreaquecimento é o maior perigo

Kirillov foi claro. As ações de Kiev mostram que as lições de Chernobil (1986) e de Fukushima (2011) foram esquecidas. O militar russo recordou que os acidentes em ambas as centrais nucleares — a primeira na Ucrânia Soviética, a segunda no Japão — aconteceram devido a falhas nos sistemas de proteção, interrupções no fornecimento de energia e fecho completo dos sistemas de refrigeração. “Isso levou a um sobreaquecimento da energia nuclear e à destruição do reator”, explicou.

Chernobyl Disaster Chernobyl: first pictures after the nuclear disaster. UKR: Chernobyl UKR: Chernobyl

Naroditchi, 1990: moradores recusam sair de vila interditada; Chernobil, 1986: primeiras imagens depois da explosão; Floresta Vermelha, 1998; Ratos geneticamente modificados pela radioatividade

Getty Images

É um cenário destes que Moscovo diz temer na sequência dos ataques ucranianos à central (os mesmos que Kiev acusa a Rússia de cometer): sobreaquecimento do núcleo “e, como resultado, a destruição dos reatores da maior central nuclear da Europa, com a libertação de substâncias radioativas na atmosfera e a sua propagação por centenas de quilómetros”, alertou Kirillov. Outro efeito do desastre seria a migração em massa, defendeu, com “consequências mais catastróficas do que a iminente crise de energia na Europa”.

O exemplo real, e geograficamente mais próximo de Zaporíjia, aconteceu também na Ucrânia, no século passado, quando o país integrava a União Soviética. A 26 de abril de 1986, durante um teste de segurança na Central Nuclear de Chernobil, várias falhas levaram a uma explosão, a um incêndio, e ao acidente nuclear com maior número de vítimas da História. Na Escala Internacional de Acidentes Nucleares da AIEA, Chernobil e Fukushima são os únicos eventos de nível 7, a classificação máxima.

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A cinza nuclear contaminou, na Ucrânia, na Rússia e na Bielorrússia, cerca de 100 mil quilómetros quadrados (quase o tamanho de Portugal), e em toda a Europa foram detetados níveis de radiação superiores ao habitual. Só uma zona escapou: a Península Ibérica. Foi, aliás, o facto de na Suécia ter sido detetado um valor anormal de radiação que levou a URSS a assumir o acidente perante o mundo.

Pripiat, a cidade vizinha de Chernobil, não foi evacuada, nem avisada imediatamente do que tinha acontecido. Horas depois da explosão, vários moradores começaram a sentir-se indispostos, com fortes dores de cabeça, tosse, vómitos e sabor metálico na boca. Só 36 horas depois, a cidade que ficava a três quilómetros da central foi evacuada, prevendo-se então que os habitantes ficassem três dias ausentes de casa. A 28 de abril, aumentou-se 10 quilómetros a zona de evacuação e, dez dias depois, passou a ser de 30 quilómetros. Pripiat faz parte, até hoje, da zona de exclusão de Chernobil que se desenha num raio de 30 quilómetros a partir da central, albergando 2.700 quilómetros quadrados (a região do Algarve tem 4.997 km²).

Dentro da central nuclear, segundo os registos históricos do acidente, houve trabalhadores que receberam quase cinco vezes a dose fatal de radiação, com o corpo a absorvê-la em menos de 60 segundos. Na sala de controlo, os homens mantiveram-se sem qualquer tipo de proteção. Três semanas depois, todos tinham morrido por envenenamento com radiação. Mais de 135 mil pessoas foram deslocadas das regiões vizinhas nos dias após o acidente.

Segundo a AIEA, “césio e outros isótopos radioativos foram soprados pelo vento para o norte na Suécia e na Finlândia e sobre outras partes do hemisfério norte”. Nas três semanas seguintes, “o nível de radiação na atmosfera em vários lugares ao redor do globo estava acima do normal, mas recuaram rapidamente”. A agência relata ainda que houve pelo menos 1.800 casos documentados de cancro da tiroide em crianças e jovens (que tinham até 14 anos na altura do acidente), mas nenhum estudo provou uma correlação entre o acidente nuclear e o aumento de riscos para a saúde fora da Ucrânia, Rússia e Bielorrússia.

Deserted Nursery School

Pripiat, 2006. Zona de exclusão de Chernobil

Martin Godwin

Entre plantas e animais (como ratos da região que, desde 1986, têm sido estudados ao longo de gerações) ocorreram mutações genéticas e deformações físicas.

Este ano, a 31 de março, pouco dias depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia, fontes oficiais norte-americanas e ucranianas revelaram que soldados russos cavaram trincheiras na Floresta Vermelha, zona altamente contaminada, situada num raio de 10 km de Chernobil, tomada por Moscovo no início da guerra. Cerca de 300 soldados russos acabaram internados na Bielorrússia: 36 anos depois do acidente nuclear foram envenenados com a radiação que ainda contamina o local.

Vídeo mostra trincheiras russas na Floresta Vermelha perto da central nuclear de Chernobyl

Em declarações à BBC, Claire Corkhill, professora de Degradação de Material Nuclear na Universidade de Sheffield (Reino Unido), desdramatiza. Um acidente em Zaporíjia “não seria tão grave quanto o de Chernobil, mas poderia levar à propagação de radioatividade. E isso depende do lado para que soprar o vento”. Apesar disso, acredita que há um risco real de algo correr mal na central nuclear, pondo Rússia e o resto da Europa em perigo.

Centrais nucleares não foram desenhadas para cenários de guerra

Num ponto, ucranianos e russos concordam (pelo menos, oficialmente). Um ataque à central nuclear em Zaporíjia causará problemas em toda a Europa. Dmytro Gumenyuk é responsável pelo departamento de análise de segurança do Centro Científico e Técnico do Estado para Segurança Nuclear e Radiológica da Ucrânia. “As centrais nucleares não foram desenhadas para cenários de guerra nem para uso militar”, disse em entrevista à Deutsche Welle. Apesar disso, o especialista acredita que Zaporíjia poderá aguentar algumas investidas militares, suportando, inclusive, a queda de um avião de até 20 toneladas.

“Não há cálculos simulados, mas, na minha opinião, um impacto direto de um míssil no vaso do reator não resultaria na destruição completa da central nuclear”, argumentou. No entanto, lembrou que não há qualquer tipo de recomendações de segurança, nem protocolos para seguir, numa situação como a atual. “Não existem recomendações, porque nunca ninguém no mundo pensou que centrais nucleares pudessem ser usadas para fazer chantagem”, sublinhou Dmytro Gumenyuk. A equipa tem, isso sim, indicações sobre o que fazer em caso de acidente. Conseguir pô-las em prática sobre a mira de uma Kalashnikov é outra história.

“A implementação destas instruções, em especial na sala de turbinas, é muito difícil porque os ocupantes estão a pressionar os trabalhadores, que estão constantemente sob stress. Durante a formação, vemos que se podem realizar ações erradas. Se houver sirenes e homens armados com metralhadoras por perto, a eficácia das ações será ainda menor”, diz o especialista ucraniano.

A britânica Claire Corkhill defende a mesma teoria. Se houver um acidente, os trabalhadores têm de estar na sua melhor forma, algo que provavelmente não estarão, disse à BBC.

Ainda assim, Dmytro Gumenyuk garante que a central é bastante segura, quando comparada com centrais russas equivalentes, já que foram implementadas novas medidas de segurança, principalmente depois do acidente de Fukushima, em 2011. Mas volta a tocar na mesma tecla: “Não estava previsto que a central funcionasse em condições de hostilidades, guerra, ocupação. Não há sistemas ou mecanismos de proteção contra bombardeamentos. Danos a sistemas importantes podem levar a consequências negativas”, conclui.

Tal como o tenente-general russo Igor Kirillov, o ucraniano fala do risco do sobreaquecimento. Uma central nuclear não é uma chaleira, diz. “Desliguei o gás, a água parou de ferver e tudo parou… Não. Requer operações dos sistemas para remover energia do núcleo do reator. Se esse sistema não funcionar, pode levar ao colapso do núcleo, como aconteceu em Fukushima.”

Zaporíjia seria mais semelhante a Fukushima do que a Chernobil

A 10 de agosto, data da entrevista à DW, Dmytro Gumenyuk frisava que das quatro linhas que ligam a central à rede de energia ucraniana, apenas uma estava em funcionamento. Essa ligação é necessária para manter o sistema de refrigeração a funcionar e evitar o sobreaquecimento dos reatores.

“Se as hostilidades continuarem e a última linha que liga Zaporíjia ao sistema de energia for danificada, a única maneira de refrigerar as unidades será através de sistemas alimentados por geradores a diesel”, explica. O problema? Estes geradores funcionarão enquanto tiverem combustível para fazê-lo. Embora exista combustível na central, ele não chega para manter os geradores a funcionar sequer um mês. “Ao mesmo tempo, não sabemos se as tropas russas usaram esse combustível”, lamenta Gumenyuk. Assim, se houver um apagão completo (como aconteceu a 25 de agosto) e nada for feito, “depois de três horas a unidade de energia em funcionamento pode repetir o destino de Fukushima”.

Magnitude 8.9 Earthquake And Tsunami Devastate Northern Japan Evacuees Are Screened For Radiation Exposure In Fukushima Deserted Streets In Nuclear Exclusion Zone As Towns Are Abandoned Homes And Businesses In Fukushima As Five Year Anniversary Of Devastating Tsunami Approaches

Fukushima, 2011: central depois do terramoto, tsunami e explosão na central nuclear; Radiação é medida em moradores; Paisagem deserta, 2016: 5.º aniversário do acidente

DigitalGlobe via Getty Images

Na central nuclear japonesa não era dia de teste de segurança, como tinha acontecido em Chernobil. Mas, também ali, tudo correu mal. A 11 de março de 2011 um terramoto de magnitude 9,1, escala de Ritcher, abalou o Japão. Em Fukushima, o tremor foi suficiente para destruir a principal fonte de energia da central. Os geradores, tal como os que existem em Zaporíjia, entraram em funcionamento e mantiveram a central segura até chegar o tsunami, com ondas que atingiram mais de 10 metros. A água destruiu os geradores. Em três reatores houve sobreaquecimento e fusão do núcleo (derreteu). A acumulação de hidrogénio originou várias explosões e a pluma radioativa contaminou mais de 1.000 km². Água radioativa chegou ao Pacífico.

Tal como em Chernobil, a área de evacuação foi aumentando: começou por ter um raio de 2 km, depois 3, depois 10. No dia seguinte, chegou aos 20 quilómetros, no final de março aos 30 — cerca de 1.650 km² tornaram-se zona proibida. Apesar disso, nos últimos anos, os trabalhos de descontaminação permitiram o regresso dos moradores a algumas zonas.

Entre os trabalhadores da central, houve uma morte — confirmada em 2018 pelo governo japonês — na sequência de um cancro causado pela exposição à radiação.

Nos armazéns, há 170 contentores carregados de combustível nuclear

Em Zaporíjia, não são só os reatores que preocupam Gumenyuk. Além destes, na zona de armazenamento de combustível nuclear há 170 contentores carregados.

“São aproximadamente duas mil toneladas de dióxido de urânio, mais do que o combustível em todos os seis reatores da estação. Danos nesta zona podem levar a consequências muito negativas, e as consequências, dependendo da situação, podem ser uma Fukushima, seis Fukushimas ou várias Chernobils”, frisa o responsável pelo centro estatal ucraniano para a segurança nuclear e radioativa.

É por isso, pela incerteza sobre o que pode acontecer, aliada às condições atmosféricas do momento e à capacidade de reação dos funcionários ucranianos que continuam a manter a central, que Gumenyuk não consegue desenhar, com certeza absoluta, as consequências de um desastre nuclear em Zaporíjia.

O mesmo se passa com os planos de evacuação, que existem, mas não para um país em estado de guerra. “Os cálculos que fizemos não estavam relacionados com ações militares”, argumenta. “Esses mostram que em caso de apagão completo, em caso de acidente grave, se o escudo protetor falhar, a evacuação chegará a grandes distâncias. Será necessário evacuar Energodar e as cidades próximas.”

No pior cenário possível, Gumenyuk acredita que a radiação poderá chegar aos países vizinhos, obrigando-os a deslocar as suas populações.

 
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