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Esteve preso, vendeu cachorros-quentes e as filhas já estiveram em Portugal. Sete factos sobre a vida de Prigozhin

Há mais ou menos 20 anos, o líder do grupo Wagner escreveu e ilustrou um livro infantil. Nessa altura, já tinha deixado o negócio dos cachorros-quentes e servia refeições a Putin.

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Roubou umas botas e uns brincos de ouro, esteve preso durante cerca de nove anos e começou a vender cachorros-quentes quando a União Soviética desapareceu. Prigozhin, o líder do grupo Wagner que morreu esta quarta-feira, viveu muitas vidas, matou e, pelo meio, ainda escreveu um livro infantil. Acabou a ganhar milhões com os seus restaurantes, ainda teve um crocodilo embalsamado em casa e guardou várias perucas nos armários da sua mansão em São Petersburgo.

Os crimes que o levaram à prisão

Ainda faltavam cerca de dez anos para a queda da União Soviética quando Prigozhin cometeu os primeiros crimes. Foram estes, aliás, que o levaram à prisão, onde esteve durante aproximadamente nove anos. Em 1980, por exemplo, assaltou uma mulher e roubou-lhe as botas e os brincos de ouro. Mas da lista de acusações constam ainda assaltos a casas e fraudes. Um ano depois de assaltar a mulher que terá também agredido, Prigozhin foi então condenado.

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A saída da prisão e os cachorros-quentes

O até hoje líder do grupo Wagner saiu da prisão quando tinha cerca de 30 anos e também quando a União Soviética chegou ao fim, no início da década de 1990. Nessa altura, não começou logo o negócio que mais tarde lhe trouxe milhões. Foi mais modesto e decidiu começar a vender cachorros-quentes na cidade onde nasceu, em São Petersburgo.

Pouco tempo depois de abrir o primeiro ponto de venda, o mercenário russo conseguiu montar uma rede comercial.”Fizemos mostarda para os cachorros-quentes em minha casa e tivemos de pagar à máfia por cada ponto de venda”, chegou a revelar, citado num artigo do DailyMail.

Os restaurantes

Dos cachorros-quentes, Prigozhin passou para os restaurantes. E aqui, sim, foi a época dourada do líder do grupo Wagner, que lhe valeu ainda o nome de “chef de Putin”, já que o Presidente russo era cliente dos seus espaços. Por exemplo, em 2003, coube-lhe mesmo organizar uma festa para celebrar o aniversário do Chefe de Estado russo.

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SPUTNIK/AFP via Getty Images

As ligações entre o Presidente da Rússia e o líder do grupo Wagner foram-se tornando conhecidas e mais claras ao longo dos anos. Em 2011, soube-se de um contrato milionário em Prigozhin assumia o fornecimento a todas as escolas de Moscovo — num acordo que ainda estará em vigor. Um ano depois, em 2012, passou a assegurar a alimentação dos militares russos e, em 2014, começou a garantir os serviços de limpeza.

A mansão, as perucas e o crocodilo embalsamado

Uma das últimas notícias sobre a vida de Prigozhin, além de dados sobre relativos à liderança do grupo Wagner, surgiu, no mês passado, quando o Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB, na sigla em inglês) fez buscas numa das suas mansões. Entre armas, munições, barras de ouro e passaportes falsos, as autoridades russas encontraram também um crocodilo embalsamado e várias perucas guardadas num armário, relatou a SkyNews.

As fotografias dos objetos começaram a circular nas redes sociais e até foram partilhadas alegadas fotografias de Prigozhin disfarçado com as perucas encontradas pelas secretas russas na sua mansão em São Petersburgo.

4 fotos

A fábrica de trolls russos

Chama-se Agência de Pesquisa na Internet e ficou ainda mais conhecida em 2018, quando os 13 trabalhadores da “fábrica de trolls russos” foram acusados pelo FBI por suspeitas de interferirem nas eleições norte-americanas. Porém, três anos antes, através de investigações da Novaya Gazeta, surgiram teses de que seria Evgeny Prigozhin o grande financiador desta “fábrica” com sede em São Petersburgo. Mais tarde, uma investigação do FBI apontou igualmente nesse sentido.

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As queixas de antigos trabalhadores, que relataram as suas experiências, permitem perceber como era o ambiente dentro daquela empresa cujos ordenados são pagos por Prigozhin e que serve para tentar moldar a opinião nas redes sociais. Os trabalhadores são distribuídos por departamentos — Facebook, Instagram, ou outra rede social — e cada um deles fica responsável por criar contas para partilhar a informação pretendida. “A cada dois turnos, tinha de atingir uma quota de cinco posts políticos, dez posts não políticos e 150 a 200 comentários em posts de outros funcionários”, disse uma antiga trabalhadora ao Guardian.

As filhas em Portugal para participarem em provas de cavalos

Polina Evgenievna Prigozhina e Veronika Evgenievna Prigozhina, as duas filhas do líder do grupo Wagner, já estiveram em Portugal para participarem em provas de cavalos. E passaram, pelo menos, duas semanas em Vilamoura, no Algarve, em 2020, entre fevereiro e março, altura em que o país entrou em confinamento por causa da pandemia. Mas há três anos, as duas jovens passaram despercebidas durante a sua estadia, escreveu o Expresso no início deste ano, já que nessa altura o seu apelido ainda não constava nas listas de sanções internacionais.

E esta não foi, aliás, a primeira vez que as filhas estiveram no país. Pelo menos a mais velha, Polina, já participou em dezenas de competições de cavalos e a primeira prova que fez fora da Rússia foi precisamente em Portugal. De acordo com os dados da Federação Equestre Internacional, Polina viajou até Portugal quando tinha 18 anos, em julho de 2011, e fez parte do grupo de 130 atletas que participaram no Campeonato da Europa da Juventude de Saltos de Obstáculos, na Comporta. Ficou em 86º lugar.

Um livro infantil: “Indraguzik”

O livro tem mais ou menos 20 anos, mas foi publicado numa fase em Prigozhin tinha já influência política na Rússia — e até já conhecia Putin. A história foi recordada em junho desde ano pelo Moscow Times, que conta que o líder do grupo Wagner escreveu e ilustrou uma história destinada às crianças, que contou com a colaboração das suas duas filhas.

Chama-se “Indraguzik” e, ao longo de 90 páginas, Prigozhin juntou dois irmãos, Indraguzik e Indraguza, que vivem numa terra “de pessoas pequenas” e decidem ir até à terra de pessoas que têm um tamanho normal. Ao longo da história, aparece um mágico, que tem o poder de transformar pessoas pequenas em pessoas de tamanho normal. No entanto, caso se enganasse, as pessoas ficariam gigantes.

Acredita-se que este livro nunca tenha sido publicado e que os cerca de dois mil exemplares foram dados a pessoas próximas de Prigozhin.

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