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Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Vice-Admirante, Henrique Gouveia e Melo. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR
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O vice-almirante Gouveia e Melo respondeu a perguntas do público

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O vice-almirante Gouveia e Melo respondeu a perguntas do público

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Gouveia e Melo vacinou a audiência, Nick Clegg não apareceu e, ainda, empreendedores de Leiria. O dia 2 da Web Summit

A fórmula para o segundo dia da Web Summit teve vacina de Gouveia e Melo, uma mudança de Nick Clegg e startups de Leiria que olham para o remoto num evento presencial. O resumo do dia dois do evento.

Quem deambula pelos pavilhões da Web Summit no Altice Arena pode não reparar que a primeira edição presencial do mundo pós-pandemia só contou com pouco mais de metade do número de participantes registados em 2019. O segundo dia daquela que é referida como a maior conferência do mundo de tecnologia e empreendedorismo da Europa registou 42.751 participantes, muito abaixo das 70.469 pessoas que acorreram ao evento em Lisboa há dois anos (e das 100 mil que assistiram à edição online em 2020). Mesmo assim, o dia teve vários momentos altos e baixos e algumas novidades.

Věra Jourová, vice-presidente da Comissão Europeia para os Valores e Transparência, pode não ter sido um ponto alto nem baixo, mas defendeu o uso ético dos dados pelas grandes empresas. Além disso, a 53 dias para o Natal, Simon Segars, da Arm, avisou que é necessário começar já a fazer compras.

E houve mais. No dia em que o Governo — na pessoa do ministro da Economia, Pedro Siza Vieira — e o Banco Europeu de Investimentos anunciaram um investimento de 100 milhões de euros em apoios a startups através do Portugal Tech, também falaram desportistas, como Thierry Henry.

O Observador resume o que mais convenceu na Web Summit esta terça-feira, aponta o que mais desiludiu e descobriu uma startup nacional com planos fora da caixa.

O que mais gostámos

Henrique Gouveia e Melo, o coração da Web Summit

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Vice-Admirante, Henrique Gouveia e Melo. Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

O vice-almirante Gouveia Melo falou num dos palcos secundários do evento, mas fez deste um palco principal

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A ovação com que Henrique Gouveia e Melo foi recebido no palco Q&A esta tarde teria sido digna de uma receção no palco principal da Web Summit. Vestido com a farda azul da Marinha portuguesa, dezenas de pessoas aproveitaram o encontro com o vice-almirante para confessarem o apreço que têm pelo trabalhou que desenvolveu. “Você é o meu herói”, confidenciou uma das participantes depois de o próprio moderador se ter referido a ele como “um homem especial para Portugal, mas também para toda a Europa”.

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“Você é o meu herói”. Gouveia e Melo recebido por plateia ao rubro na Web Summit

Gouveia e Melo não coloca de parte a possibilidade de regressar à liderança de uma nova task force para a vacinação contra a Covid-19. O vice-almirante assumiu que, se o Governo entender que deve regressar à coordenação da distribuição de doses de reforço de modo alargado no país, não recusaria a proposta. Mas também admitiu que o preocupa o facto de tantos países menos desenvolvidos ainda não terem acesso facilitado às vacinas — ao ponto de ter dúvidas sobre se o processo de vacinação em Portugal e em todo o mundo ocidental é legítimo, ética e estrategicamente.

Henrique Gouveia e Melo admite que o plano de comunicação instaurado pela task force foi fundamental para garantir que a população portuguesa confiasse na vacinação. O segredo, revela, é não esconder a informação, nem mesmo as incertezas ou as más notícias, mas descodificá-las de uma linguagem científica para uma entendível por toda a população. Isso, e “não ser político”, atirou Gouveia e Melo, arrancando gargalhadas ao público.

O vice-almirante deixou um apelo para que as questões do clima sejam levadas a sério, apontando as alterações climáticas e a pressão exercida pelos humanos na natureza como a fonte desta pandemia e possível provocadora de outras no futuro. Fazê-lo é chegar à “raiz” do problema, considerou Henrique Gouveia e Melo. Por isso, de todas as conferências a que assistimos, foi a que mais marcou o segundo dia da Web Summit.

O que menos gostámos

A ausência física de Nick Clegg, um dos cabeça de cartaz deste dia

Web Summit: Segundo dia da Web Summit, no Parque das Nações, em Lisboa. Intervenção de Nick Clegg, VP of Global Affairs & Communications Meta (Facebook). Lisboa, 2 de novembro de 2021. JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nick Clegg apareceu por videochamada no evento

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Nick Clegg, o vice-presidente para assuntos globais do Facebook, ia estar presente fisicamente no palco principal da Web Summit. Pelo menos, era o que tinha sido antecipado. Contudo, chegada a hora marcada desta conferência, não é Clegg que sobe a palco. Esta conferência era especialmente esperada depois de, no dia anterior, Frances Haugen, a denunciante que expôs documentos que mostram que, alegadamente, o Facebook (que agora chama Meta à casa-mãe) promove más práticas. Só mais tarde é que Clegg sobe a palco — cerca de meia hora mais tarde –, mas através de um ecrã.

Afinal, Nick Clegg, vice-presidente do Facebook, não veio à Web Summit

“Clegg não conseguiu chegar a Lisboa”, diz o moderador. A milhares de quilómetros de distância, Clegg falou dos principais problemas que a rede social está a enfrentar, sem nunca falar diretamente de Haugen. “Fizemos um progresso significativo”, afirmou, voltando também a negar as alegações feitas pela denunciante. Mesmo assim, quem esperava ver ao vivo o antigo político britânico, tornado rosto das redes sociais de Zuckerberg, sentiu que estava novamente numa conferência online, como em 2020.

A ideia mais inusitada

A startup de Leiria que está preparada para voltarmos ao remoto numa Web Summit presencial

Luis, Sisnando e Hugo criaram a ushowMe durante pandemia

MANUEL PESTANA MACHADO/OBSERVADOR

Quem andasse nesta terça-feira pelo pavilhão 2 da Web Summit ia deparar-se com Luís Ferreira (37 anos), Sisnando Filipe Costa (34 anos) e Hugo Castro (43 anos). Num dos muitos stands nos quais empreendedores de todos o mundo fazem o pitch a quem passa, falaram rapidamente com o Observador sobre a UshowMe, a startup que criaram durante a pandemia que quer permitir que qualquer evento possa ser “em formato híbrido” (presencial e remoto). E, para isso, têm um stand apetrechado com câmaras que mostram como podem transmitir qualquer evento à distância.

De certa forma, pode afirmar-se que a UshowME, de Leiria, de onde é Hugo, quer poder concorrer um dia com a plataforma digital para eventos que o própria Web Summit criou. De génese remota — Luís é do Porto e Sisnando é de Mafra –, esta equipa quer “ajudar os artistas e as editoras e as salas de espetáculos a evoluírem para o híbrido”, como explica Hugo. “Temos uma plataforma de live streaming interativo e gravações para espetáculos ao vivo”, explica o empreendedor que assume que ajudam os clientes a criar “novas fontes de receitas digitais”.

Como contaram ao Observador, tudo começou durante o início da pandemia de Covid-19 — “conhecemo-nos no Tech4Covid” –, e arrancaram com a primeira plataforma ainda em abril de 2020. Na altura, tinham outro nome, mas em maio deste ano lançaram oficialmente a startup à qual já se dedicam a 100%, afirmam. Apesar de Hugo e Luís já terem estado noutras edições da Web Summit com outros projetos, a UshowMe, tal como Sisnando, marca presença neste evento pela primeira vez.

Desde maio, referem que receberam um investimento de 100 mil euros através da aceleradora Demium e até preparam a expansão para Espanha. Quanto à presença na Web Summit, dizem que querem “validar o produto” junto de outros investidores e, apesar de não revelarem a faturação que já tiveram por terem estado ligados ao festival Emergente, dizem querer chegar brevemente às centenas de milhares de euros.

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