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Dos 48 países da Europa 19 já têm mais casos do que no pico da pandemia, 37 estão em 2.ª vaga. As novas medidas para travar a Covid-19

Países que menos sofreram com o início da pandemia estão a ser atingidos em força agora. Espanha contrasta com Itália e atinge picos maiores do que em abril. Europa prepara-se para a segunda batalha.

Dezanove dos 48 países da Europa já têm um maior número de casos diários de infeção pelo novo coronavírus neste mês de setembro do que no pico da epidemia de Covid-19, em abril. 13 deles pertencem à União Europeia. Os dados do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC) elencados pela plataforma Our World in Data mostram ainda que há 37 países europeus que podem estar já a viver uma segunda vaga, com um número de novos contágios que, após um período de estabilização, voltou a disparar.

(pode conferir todos estes dados no gráfico)

Um deles é França. Na quinta-feira, as autoridades de saúde francesas contabilizaram mais 10.593 novos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 em apenas 24 horas, um número que bateu largamente o recorde anterior, 7.578 novos infetados diagnosticados, no pico da pandemia. Na República Checa, cujo número máximo de novos casos diários até agora tinha sido de 377 a 27 de março, registaram-se 1.377 infeções em 24 horas esta quinta-feira. E a Ucrânia, que parecia ter sido poupada entre março e maio, já registou agora mais de 3.500 casos num só dia.

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No lado oposto do espectro está Itália, um dos países mais massacrados pela pandemia, que é apontado como a porta de entrada da pandemia na Europa e que chegou a contabilizar 6.554 casos em 24 horas em março. O gráfico italiano confirma um aumento no número de novas infeções pelo novo coronavírus desde o início de agosto — o país é, de resto, um dos que pode estar já a entrar na segunda vaga de Covid-19 —, mas de forma muito mais subtil e controlada do que se verificou até meados de maio. Os números sugerem que, desta vez, os italianos podem estar a ser poupados, enquanto os países que menos casos registaram no pico da pandemia podem agora ser os que mais sentirão os efeitos da segunda vaga.

Novas medidas: muitas limitações em Madrid, restrições no Reino Unido, França e Áustria

Com a Europa mergulhada naquela que parece ser então a segunda onda de Covid-19, muitos países estão a preparar-se para a enfrentar.

Em Espanha, já tinham sido anunciadas medidas para a região de Madrid, que é neste momento o foco da maior parte dos casos de infeção pelo SARS-CoV-2 no país, mas na tarde desta sexta-feira foram conhecidos ainda mais limitações.

A partir de segunda-feira, são proibidos os ajuntamentos com mais de seis pessoas em toda a capital espanhola. Nas 37 áreas madrilenas que têm mais de mil casos por cada 100 mil habitantes (consideradas as mais preocupantes), o número máximo de pessoas que pode participar em velórios, funerais e cremações é de 15 em espaços abertos e 10 em espaços fechados. Nessas mesmas áreas vão realizar-se 857.193 testes rápidos, num esforço para detetar mais eficazmente os casos ativos de infeção.

Entre estas 37 áreas mais preocupantes para as autoridades de saúde espanholas, as 26 zonas que ficam em Madrid serão sujeitas a restrições de mobilidade: hotéis, ginásios, escolas de condução, centros desportivos, centros comerciais e as esplanadas de restaurantes e bares terão de reduzir a capacidade para 50%; e os parques e os jardins vão fechar totalmente. Todos os estabelecimentos devem fechar até às 22h no máximo, mas os serviços de entrega de comida, farmácias, centros de saúde, veterinários, combustíveis e outros serviços essenciais podem alongar o horário.

Há restrições semelhantes, e também elas a serem implementadas a nível local, no Reino Unido. Os britânicos não têm vivido picos de Covid-19 maiores do que os registados no início da pandemia, mas a evolução no número de novos casos tem alertado as autoridades de saúde para o surgimento de um aumento rápido de novos casos.

Por isso, e de forma a “proteger o Natal” — a expressão usada pelo primeiro-ministro Boris Johnson —, ninguém pode conviver com pessoas fora do agregado familiar no noroeste de Inglaterra. Os restaurantes e bares têm de se cingir ao serviço de mesa e fechar entre 22h e as cinco da manhã (a mesma regra se aplica a outros espaços de entretenimento e lazer, como os cinemas), os habitantes só devem usar os transportes públicos para ir trabalhar ou para a escola; e são aconselhados a evitar eventos desportivos amadores ou semi-profissionais.

Em Wolverhampton e Oadby & Wigston, nas Midlands, a partir de terça-feira os residentes também serão proibidos de socializarem com outras pessoas que não as do agregado familiar. A regra também se aplicará em West Yorkshire, nas cidades de Bradford, Kirklees e Calderdale, a partir de 22 de setembro. E todo o Reino Unido tem já a “regra dos seis” a seguir: todos os ajuntamentos com mais de seis pessoas estão proibidos.

Em França, onde a segunda vaga parece estar a chegar em força, estão proibidos os ajuntamentos com mais de dez pessoas e todas as pessoas a partir dos 11 anos têm de usar máscara em espaços públicos — aliás, em cidades como Paris, Lyon ou Marselha, a utilização é obrigatória também na rua. Em Bordéus e Marselha, nenhum grande evento ao ar livre pode receber mais de mil pessoas (um quinto do número fixado até aqui), as feiras, mercados, festas académicas, visitas de estudo e arraiais estão proibidos; é obrigatório usar máscara até um raio de 50 metros em torno de pavilhões desportivos, teatros, universidades e conservatórios; os balneários não podem ser usados e é proibido ainda consumir álcool na rua.

Na Áustria, a partir da próxima segunda-feira, não pode haver ajuntamentos de mais de 10 pessoas em espaços interiores e de mais de 100 na rua, com exceção para os funerais, que não terão um número máximo de participantes. Além disso, as máscaras serão obrigatórias em espaços comerciais ao ar livre, bem como em cafés e restaurantes, excepto quando o cliente estiver a consumir.

E como está Portugal?

Mas de todos os países da Europa, a Hungria é aquela cuja evolução da Covid-19 mais preocupa: o número total de casos confirmados de Covid-19 duplicou em 12 dias, revelam os gráficos da Our World in Data: o país passou de 7.892 casos a 6 de setembro para 16.111 esta sexta-feira. Também a Geórgia precisou de apenas 15 dias para passar de 1.548 casos a 3 de setembro para 3.119 esta sexta-feira. Espanha, por exemplo, demorou 42 dias para dobrar o número total de casos confirmados. Portugal fê-lo em 107 dias.

Mas há outras métricas menos positivas para Portugal. Apesar de Andorra, Montenegro e República Checa liderarem os gráficos no que toca ao número diário de novos casos por milhão de habitantes (582,4 no primeiro; 337,6 no segundo; 291,6 no terceiro), os portugueses estão a meio do terceiro pior grupo dos oito da Our World in Data, com 75,5 casos por milhão de habitantes. Aparece equiparado ao Reino Unido (50), Suíça (61,2), Croácia (60,9), Macedónia (89,3), Hungria (97,4), Roménia (87,3), Ucrânia (82) e Malta (79,3).

Desde terça-feira que o estado de contingência trouxe novas medidas de contenção a Portugal que tem assistido a um aumento considerável no número de novos casos diários. Chegaram a 780 esta sexta-feira, nono dia com números mais elevados desde o início da pandemia, depois de quinta-feira ter registado 770.  O país parece longe dos 1.516 casos registados a 10 de abril, o pico da epidemia portuguesa, mas o primeiro-ministro António Costa avisou que “a manter-se esta tendência, seguramente na próxima semana chegaremos a mil novos casos por dia”, embora isso não seja “uma inevitabilidade”.

Na verdade, Portugal só esteve acima de mil casos em dois dias desde o início da pandemia: nesse dia 10 de abril, com os tais 1.516; e antes, a 31 de março, com 1.035; o terceiro número mais alto de casos aconteceu a 28 de março, e foi de 902. Daí estes últimos dois dias da semana, quase nos 800 contágios, terem entrado para o top 10. A média de casos por semana só tinha sido tão alto até meio de abril, no pico da pandemia.

Estão proibidos os ajuntamentos com mais 10 pessoas e a maior parte dos estabelecimentos comerciais só pode abrir a partir das 10h e, por decisão municipal, com base na situação epidemiológica da cidade, devem fechar entre as 20h e as 23h. Os ajuntamentos não podem ser de mais de quatro pessoas em restaurantes de centros comerciais, nem em restaurantes, cafés e pastelarias a um raio de 300 metros das escolas. O governo proibiu ainda o consumo de bebidas alcoólicas na via pública e a sua compra a partir das 20h.

Mas podem vir aí novas medidas já na próxima semana, disse António Costa na conferência de imprensa após a reunião convocada de emergência com o Gabinete de Crise para o acompanhamento da evolução da Covid-19 em Portugal. O líder do Governo confirmou que a Direção-Geral da Saúde (DGS) irá apresentar um “plano específico” para fazer frente ao outono e inverno, que trará ainda o combate à gripe sazonal, sublinhando contudo que o país não pode voltar a fechar. E não quer também restrições no Natal.

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