José Cardoso, que apresentou uma candidatura à sucessão de João Cotrim Figueiredo quando tudo fazia prever uma corrida a dois, acredita que não podia ficar de fora para que o partido não se rendesse à ideia de “inevitabilidade” e por considerar que “entre a cópia e o original, é o original”. “Apresentaram-nos uma ideia de inevitabilidade onde tínhamos de escolher entre arroz e arroz”, acusa o candidato.

Com os olhos postos no futuro, o conselheiro liberal aponta para a necessidade de a IL “eleger de forma sustentável”, crescendo em cada votação e elegendo na Madeira, Açores e Parlamento Europeu. Apesar de não estabelecer números específicos para estas eleições, José Cardoso garante que as pré-coligações são uma linha vermelha e deixa o Chega ainda mais distante.

“A IL baseia a sua ideia em factos e em ciência, não em populismo. Portanto, como é que vai governar com o Chega? Nós defendemos a liberdade individual das pessoas, o Chega ostraciza certos grupos de pessoas. O Chega faz propostas em que é o Estado que controla. Há um mar, um oceano, entre a forma de fazer política dos dois partidos”, garantiu, perante uma audiência de 14 pessoas, num restaurante em Lisboa, onde deu o ponto de saída para as últimas duas semanas de campanha em que vai procurar recuperar a desvantagem relativa aos adversários.

Aos olhos do liberal, o partido tem de aproveitar a maioria absoluta do PS para ganhar “confiança” e para “construir um partido capaz de governar”. “Tem de ser um partido de confiança que é capaz de governar uma câmara municipal e tem de estar no Governo e mostrar que está à altura.”

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Um dos rostos maiores da oposição interna à atual direção, nomeadamente através do lugar no Conselho Nacional, abdicou de ser novamente cabeça de lista a esse órgão para levar o partido a apostar num “liberalismo de proximidade” em que os cidadãos estão antes da direção, uma das críticas que faz aos responsáveis que estão à frente da IL.

Na moção estratégica que leva a votos na próxima Convenção, baseia-se em “três pilares”: organizacional, humano e intelectual. José Cardoso ambiciona um partido-escola em que se documentam os “procedimentos para futura utilização por novos eleitos” e onde pretende que se use o digital para a consolidação funcional.

É exatamente nas críticas que fez ao funcionamento do partido nos últimos anos que encontra espaço para novas propostas, desde logo na sugestão de uma “política transparente de remunerações e benefícios”, mas também no que toca a “remunerações pessoais para com o Conselho Nacional”. Para que tal aconteça, uma das propostas de José Cardoso é a criação de uma “política de remunerações”, que deve ser proposta ao Conselho Nacional e incluída no Regulamento Financeiro.

No geral, pede mais transparência em todo o partido, de donativos a despesas, mas foca-se também na ideia de convocar uma Convenção Estatutária em 2023, onde irá propor o fim do direito a voto da Comissão Executiva no Conselho Nacional.

Por outro lado, quer abrir o Conselho Nacional a observadores, tal como os coordenadores dos núcleos territoriais, e quer que sejam estes a propor ao mais importante órgão entre convenções os nomes dos candidatos autárquicos. No mesmo sentido, quer aumentar a autonomia desses mesmos núcleos, tendo para isso proposto uma revisão dos estatutos desses órgãos locais, e esperam que os núcleos passem a receber 100% do valor das quotas correspondentes (sendo que neste momento só recebem 1/3 do valor).

A equipa de José Cardoso quer rever os regulamentos para dar “mais força aos direitos dos membros” e centrar o poder no indivíduo e pretende ainda que seja criada uma Academia Liberal com formação permanente para os membros e para os eleitos da IL pelo país.

Na visão do conselheiro também a comunicação interna deve ser melhorada “através de rotinas de comunicação” e deve ser usada tecnologia para “otimizar” os processos. Uma das propostas é a criação de uma aplicação que dê aos membros o “acesso pleno” ao partido, onde pode fazer “todo o tipo de ações da vida partidária e aceder a toda a informação de que necessita”.

A Iniciativa Liberal pretende ainda que seja feita a revisão de um programa político e que a IL se assuma com uma “postura de programa de Governo e não de protesto”.

Na lista apresentada por José Cardoso surgem os vice-presidentes João Pereira, engenheiro do Montijo, e Cristina Nunes, gestora de Recursos Humanos de Lisboa. Para secretário-geral foi escolhido o também conselheiro nacional Paulo Lopes, e para tesoureiro, do núcleo de Coimbra, o contabilista Simão Bernardino.

Para vogais, José Cardoso escolheu João Monteiro, diretor comercial e membro do núcleo de Vila Nova de Gaia, Marcos Tony, empresário de Vila Real, Armando Gonçalves Pereira, diretor de marketing e membro do núcleo de Lisboa, Luís Aguiar Santos, de Lisboa, docente e investigador universitário. Carla Coradinho, contabilista, de Setúbal, Mariana Cristina, gestora de comunicação, de Vila Nova de Gaia, e Nuno Silva, business manager, de Lisboa, também fazem parte da lista.

Entre os 19 nomes escolhidos pelo conselheiro estão ainda Alexandre Matos, consultor de gestão de projetos, de Barcelos, Hélder Alvares, engenheiro, de Santa Maria da Feira, João Pedro Pinto, consultor financeiro, de Guimarães, Joaquim Lourenço, empresário, de Portimão, Luís Proença, gestor, do Porto, e Vasco Marcial, gestor comercial, do núcleo da Madeira.