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A primeira frase foi “Kim Jong-un foi submetido a uma cirurgia cardíaca e está a recuperar”. A segunda foi “os EUA estão a monitorizar de perto os relatos sobre a saúde de Kim”. Horas depois, parte da internet já tinha saltado para a conclusão de que o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, pode estar à beira da morte. Como é habitual quando se fala sobre o país do qual se sabe quase nada, a especulação transforma-se em exagero num segundo.
O rumor da cirurgia, divulgado inicialmente por um relato de um jornal de língua inglesa gerido por dissidentes norte-coreanos, o Daily NK, tem por base apenas uma única fonte. Mas, com a publicação algumas horas mais tarde de um artigo da CNN que cita fontes dos serviços secretos norte-americanos a assegurarem que estão a “monitorizar” o que se passa no “Reino Eremita”, o estado de alerta sobre a saúde de Kim Jong-un subiu de tom. Dois fatores ajudam a reforçar a teoria de que o líder norte-coreano pode não estar bem: o facto de ter excesso de peso e ser fumador não abona a favor da sua saúde; e a sua ausência das cerimónias do Dia do Sol, a celebração mais importante do calendário norte-coreano, a 15 de abril, também parece estranha.
Os analistas que estudam de perto da Coreia do Norte estão cautelosos e vão emitindo apenas pequenos palpites no Twitter. “Não posso confirmar nenhuma da especulação sobre Kim Jong-un”, escreveu o ex-conselheiro de George W. Bush para a Coreia do Norte, Victor Cha. “A não ser que surja uma segunda ou uma terceira fonte a corroborarem a história, continuamos às escuras e poderemos ficar assim durante algum tempo.”
Jung H. Pak, ex-analista da CIA especializada no país, também avisa “contra especulação desinformada”. Mas isso não significa que não se possa olhar e pensar sobre o país, acrescentou: “Mesmo não sabendo ao certo o que se passa com a saúde de Kim não significa que devamos ‘acalmar-nos’ ou ‘relaxar’. Não saber não significa que não seja possível analisar”.
No caso do domínio da família Kim, analisar, nestas circunstâncias, também significa olhar para os possíveis sucessores. Haverá um plano? Será uma luta pelo poder? Ou ficará tudo dentro da família? Esta última hipótese, afastada à primeira vista — uma vez que o líder norte-coreano nunca assumiu qualquer filho —, pode, afinal, ser mais provável: Kim Yo-jong, a irmã que sempre viveu “na sombra”, aparece cada vez mais — incluindo nas cimeiras com Donald Trump — e cada vez mais colada à imagem do irmão.
O desmentido da Coreia do Sul e a linguagem evasiva dos norte-americanos
O problema com estas duas notícias sobre o estado de saúde de Kim é que foram rapidamente desmentidas quer pelo governo da Coreia do Sul — cujos serviços secretos também monitorizam de perto o que se passa do outro lado da fronteira —, como pela China, aliada de Pyongyang.
“Não foram identificados nenhuns sinais diferentes vindos da Coreia do Norte. Não há nada para que possamos confirmar o alegado problema de saúde do Presidente Kim”, anunciou o porta-voz do governo sul-coreano, Kang Min-seok, de acordo com a agência de notícias do país Yonhap. Também uma fonte oficial do Partido Comunista Chinês disse à Reuters não acreditar que Kim Jong-un esteja doente — embora, sabendo que Pequim é aliada do regime norte-coreano, tal possa valer de pouco.
Mais relevante é o facto de, como explicou um especialista do governo norte-americano que não se quis identificar, na mesma peça da Reuters, “qualquer relato direto credível relacionado com Kim é informação secreta altamente compartimentalizada e muito dificilmente chegaria aos jornais”. Como se explica então que a CNN garanta que os serviços secretos dos EUA estão em cima do assunto? O segredo pode estar na linguagem utilizada: “Há muita diferença entre dizer que ‘responsáveis norte-americanos pensam que Kim Jong-un está em estado grave’ ou dizer ‘responsáveis norte-americanos leram relatos não-confirmados nos media de que Kim Jong-un está em estado grave’”, apontou o editor do Voice of America em Seul, William Gallo.
Na verdade, olhando com atenção para a peça da CNN, aquilo que é dito por ambas as fontes é que os serviços secretos dos EUA estão a “monitorizar” ou a “analisar” as informações sobre o alegado estado de saúde do líder norte-coreano — mas nunca é claramente confirmado por estas fontes que ele esteja de facto doente. É, no fundo, como disse uma fonte ao diretor de outro jornal especializado na Coreia do Norte (NK Watch), Chad O’Carroll, os EUA estão “sem dúvida a monitorizar” este tema. Mas “não fiquem surpreendidos” se de repente Kim Jong-un aparecer como se nada tivesse acontecido.
https://twitter.com/chadocl/status/1252415959421206535
A ausência misteriosa de Kim e o historial de doença cardíaca na família
Para lá do relato do Daily NK e da provável análise da CIA ao que se passa, é tempo de olhar para os outros fatores que têm dado algum peso a este rumor: a ausência de Kim no Dia do Sol e a sua saúde, que já é relativamente frágil.
O primeiro é o facto de o líder da Coreia do Norte não ter estado presente nas cerimónias deste ano do chamado Dia do Sol, a 15 de abril. A data é de extrema importância no calendário do país, porque assinala o aniversário do fundador do regime, Kim Il-sung (avô de Kim Jong-un), e funciona, portanto, como uma espécie de feriado nacional. Nunca aconteceu o próprio Kim ou até o seu pai, Kim Jong-il, terem faltado antes a estas cerimónias.
“Este é um dia em que há paradas gigantescas nas ruas e as pessoas vão ao mausoléu para ver Kim Il-sung. É um dia extremamente importante e Kim Jong-un não esteve lá. Não apareceu e isso criou logo imenso burburinho”, resume a jornalista do Washington Post e autora do livro O Grande Sucessor (Casa das Letras), Anna Fifield.
Como se não bastasse, o último teste de lançamento de mísseis não foi sequer noticiado pelos media estatais da Coreia do Norte, como aponta o NK News. Tal não só contraria a política habitual do país como demonstra que muito provavelmente Kim não terá estado presente, já que é habitual serem divulgadas fotografias do “Grande Líder” a assistir ao lançamento.
De acordo com a BBC — que sublinha que os desmentidos sul-coreano e chinês não negam ter havido uma cirurgia, dizendo apenas que desconhecem que Kim esteja doente — a última aparição do líder norte-coreano em público foi a 12 de abril. Nesse dia, os media locais divulgaram fotografias de Kim Jong-un a inspecionar material militar.
O segundo fator que substancia alguns destes rumores é o facto de Kim Jong-un, com 30 e poucos anos (não é possível saber com certeza a sua data de nascimento), ter excesso de peso, ser fumador e ter um historial de doença cardíaca na família. Tanto o seu avô, Kim Il-sung, como o pai, Kim Jong-il, morreram de enfarte agudo do miocárdio. “Quando os media estatais da Coreia do Norte deram a notícia em dezembro de 2011 de que o líder Kim Jong-il tinha morrido aos 70 anos de ataque cardíaco por ‘excesso de trabalho’, eu era uma jovem analista na CIA”, descreveu Jung H. Pak no seu ensaio The Education of Kim Jong-un (A educação de Kim Jong-un), publicado em fevereiro de 2018. “Toda a gente sabia que Kim [Il-sung] tinha problemas cardíacos — tinha até tido um AVC em 2008 — e que algum dia iria ter de lidar com o historial de doença cardíaca na família e com a sua vida passada a fumar, beber e divertir-se. O seu pai, o fundador Kim Il-sung, também tinha morrido de ataque cardíaco, em 1994. Mesmo assim, a sua morte foi um choque.”
É a este historial a pesar-lhe nos ombros que Kim Jong-un junta o facto de ter claramente excesso de peso — uma recomendação que terá sido dada por alguns para que se assemelhasse mais ao avô, de acordo com um perfil exaustivo da Vanity Fair feito sobre ele, em 2015. E os vários encontros que teve com os Presidentes sul-coreano, Moon Jae-in, e o norte-americano, Donald Trump, permitiram que o resto do mundo conseguisse olhar um pouco mais de perto para Kim Jong-un e confirmar isso mesmo com os seus próprios olhos.
“Quando os dois líderes coreanos deitaram terra para um pinheiro plantado no seu primeiro encontro, o Presidente sul-coreano de 65 anos pareceu fazê-lo com facilidade. Já o norte-coreano de 34 anos, contudo, pôde ser visto a arfar e bufar. O seu rosto ficava rosado ao mínimo esforço. Numa reunião prévia, a mulher de Kim Jong-un disse aos enviados da Coreia do Sul que andava a tentar convencê-lo a deixar de fumar, mas que não conseguia”, relata Anna Fiefield, do Washington Post, n’O Grande Sucessor.
A vez em que o New York Times noticiou a morte falsa de Kim Il-sung; e o AVC escondido de Kim Jong-il
Mas são estes dados suficientes para se concluir que Kim Jong-un teve um problema cardíaco digno de urgência para ser operado? Não. Podem, no entanto, ser indícios de que tal pode ter acontecido ou ser provável de vir a acontecer? Sim.
É por isso que, resume Jung H. Pak, a Coreia do Norte é considerada “o alvo mais difícil entre os mais difíceis” dentro da CIA. Porque o controlo sobre a informação dentro do país é tão apertado, que é difícil tirar conclusões exatas — e quanto mais próximo da liderança, mais apertado é esse controlo. “Temos sempre de ter muito cuidado com qualquer rumor que venha da Coreia do Norte, porque aquele local é um buraco negro”, resume Anna Fifield.
Não é sequer a primeira vez que este tipo de rumores surgem e que acabam por ser mentira. Em 1986, por exemplo, os jornais sul-coreanos e o próprio The New York Times noticiaram que a Coreia do Sul anunciou a morte do líder Kim Il-sung, que foi prontamente desmentida pela China. A notícia era falsa — Kim Il-sung, avô de Kim Jong-un, só viria a morrer oito anos mais tarde.
That time in 1986 when the death of Kim Jong Un's grandfather was front page news. He actually died in 1994. pic.twitter.com/DcOXsv1DSr
— Alastair Gale (@AlastairGale) April 21, 2020
Mas, no que toca ao pai, Kim Jong-il, a história foi diferente. Não só os media estatais demoraram dias até confirmar oficialmente a sua morte, como, antes disso, outro evento relacionado com a saúde do líder foi escondido. Em 2008, Kim Jong-il não participou na parada do 60.º aniversário do país, o que de imediato provocou uma série de rumores sobre a sua saúde. Pyongyang classificou oficialmente os rumores como “uma teoria da conspiração”, mas em privado acelerava o transporte de um neurologista francês, François-Xavier Roux, para Pyongyang, a fim de tratar o AVC que afinal tinha atingido Kim Jong-il.
Jean H. Lee, investigadora do Wilson Center, mas à altura correspondente da Associated Press para ambas as Coreias, recordou no Twitter como a situação atual traz ecos desse incidente: “Estou a ter flashbacks de setembro de 2008, quando o pai de Kim Jong-un, o então líder Kim Jong-il, não apareceu numa parada militar a propósito de um aniversário nacional. ISSO foi motivo de preocupação. Emitimos de imediato um alerta noticioso”, recorda.
Nos dias seguintes, “massacrámos os responsáveis dos serviços secretos até finalmente termos confirmação de várias fontes credíveis de que Kim Jong-il tinha sofrido um AVC semanas antes e estava em coma. A Coreia do Norte manteve isto em segredo durante semanas! Assim se prova o controlo sobre a informação que o regime tem”, relembra no Twitter.
O próprio Kim Jong-un já foi alvo de um escrutínio semelhante em 2014, quando esteve 40 dias sem aparecer em público, sendo depois revelado que foi operado a um tornozelo para remover um quisto. Mas, durante vários dias, especulou-se que talvez o jovem líder tivesse sido alvo de um golpe de Estado. “O que isto revela é quão difícil é fazer jornalismo sobre a Coreia do Norte quando não se está lá”, sublinha Jean Lee.
No fundo, quando se espreita pelo buraco da fechadura, é difícil ter noção de tudo o que se passa na sala — mas surgem, por vezes, alguns detalhes que ajudam a formar uma ideia vaga. Steve Evans, ex-correspondente da BBC em Seul, contou, num artigo de opinião publicado esta terça-feira, a conversa que uma vez teve num almoço com um agente dos serviços secretos da Coreia do Sul sobre o seu trabalho em relação à Coreia do Norte: “Muito do que ele fazia era, por exemplo, analisar fotografias publicadas nos media estatais. Ele chegou a concluir que uma mulher que estava ao lado de Kim Jong-un e usava sapatos rasos poderia estar grávida, por esse facto [de usar sapatos rasos]. As mulheres ali presentes concordaram que era possível, mas que esta é uma forma muito frágil de obter informação sobre um país. E, no entanto, talvez seja o melhor que se consegue.”
Kim Yo-jong, a mulher que se segue?
Independentemente de ser verdade ou mentira, revelador de algo ou totalmente enganador, a verdade é que rumores como este, sobre o estado de saúde de Kim Jong-un, podem servir para refletir sobre outras matérias relacionadas com um país do qual conhecemos tão pouco. Como, por exemplo, o que aconteceria caso “O Grande Líder” tivesse um problema de saúde tão grave que o mantivesse afastado do poder ou, até, que lhe provocasse a morte.
Uma mudança de regime é um cenário altamente improvável que praticamente todos os especialistas colocam de parte. “Até mesmo na ausência de Kim Jong-un, a elite de Pyongyang é uma base sólida”, resumiu o sul-coreano Cheong Seong-chang ao Washington Post. Resta, portanto, a questão da sucessão: quem poderia tomar o poder numa dinastia em que o cargo de “Querido Líder” foi ocupado por avô, pai e filho?
Um novo herdeiro direto está, por enquanto, fora de questão. Apesar de Kim Jong-un ser pai, não tem nenhum descendente em idade adulta. Nenhum filho foi reconhecido oficialmente nos media estatais norte-coreanos, mas há rumores de que terá tido um rapaz nascido em 2010 , uma rapariga que terá atualmente oito anos e possivelmente um segundo menino, ainda mais novo. “O mais certo é nem sequer haver um plano de sucessão formal, porque criá-lo seria o mesmo que conspirar para derrubar o líder”, resumiu o especialista russo na Coreia do Norte, Andrey Lankov.
Quando se fala em sucessão, contudo, um dos nomes que surge recorrentemente é o de Choe Ryong-hae, número 2 do regime. Mas, como relembra o jornal sul-coreano Joongang Daily, “o seu papel é sobretudo cerimonial e foi, alegadamente, reduzido através de alterações feitas à Constituição no ano passado”. Uma luta pelo poder dentro da elite é por isso possível, considera Fyodor Tertitskiy, que arrisca mesmo dizer que uma figura como Ryong-hae pode apressar-se a assumir o poder para garantir que não é eliminado por outros.
Mas este investigador também equaciona a possibilidade de “instalar no trono uma figura representativa da família Kim”, de forma a preservar a tradição dinástica. E, perante esse cenário, a pessoa com melhores hipóteses é apenas uma: Kim Yo-Jong, a irmã de Kim Jong-un que até há bem pouco tempo o mundo nem sequer conhecia, mas que agora parece estar em todo o lado.
Se em 2017 a analista da CIA, Jung H Pak a descrevia como uma figura “que se movimenta na sombra do irmão” e que “não é importante por si própria, mas sim como parte da regência por esta dinastia”, esse perfil parece ter-se alterado desde que Yo-Jong foi escolhida pelo irmão para representar o país nos Jogos Olímpicos de Inverno na Coreia do Sul, em 2018.
A filha mais nova de Kim Jong-il estudou na Suíça, como o irmão, e tem neste momento 30 anos, de acordo com informação do Departamento do Tesouro norte-americano. Tem estado frequentemente ao lado do líder, inclusivamente nas cimeiras internacionais com Moon Jae-in e com Donald Trump, fazendo parte da pequena entourage que acompanhou e aconselhou o líder da Coreia do Norte.
Desde então, e na sequência do fracasso das negociações com Trump, Kim Yo-jong foi afastada dos holofotes durante algum tempo. Mas eis que nos últimos dois meses, Yo-jong voltou a dar nas vistas. Em março, confirmou em público que o irmão recebeu uma carta do Presidente norte-americano a sugerir enviar ajuda ao país para lidar com a crise do novo coronavírus — que oficialmente não afetou a Coreia do Norte. E, a 11 de abril, foi novamente nomeada pelo irmão para o politburo do Partido dos Trabalhadores da Coreia do Norte.
“Ela tem acesso direto e muito influência sobre Kim Jong-un”, resumiu o professor Leonid Petrov ao jornal The Guardian. “Ela não está associada a quaisquer purgas nem tem ligações militares, mas sabe tudo sobre essas áreas. É uma figura política de confiança, que ajuda Kim a manter uma imagem pública positiva quando tem de lidar com estrangeiros ou com a Coreia do Sul”, acrescenta o investigador.
Tudo isto parecem ações feitas para destacar o perfil público de Kim Yo-jong, que é já amplamente discutida pelos académicos como uma possível sucessora do irmão. Mas não é certo que a escolha de uma mulher para o cargo de líder, numa sociedade conservadora como a da Coreia do Norte pudesse resultar, apontam outros.
“Por que não a sua irmã? Ela é mulher e não é filha do líder. SE ela fosse SUBITAMENTE elevada, poderia levar a muita confusão, mas ela tem o sangue da dinastia e por isso é tecnicamente legítima”, relembra Duyeon Kim, investigadora do Crisis Group especializada na Coreia do Norte.
Em pleno dia de informação e contra-informação sobre o estado de saúde do líder do país, esta investigadora da Coreia do Sul foi ao Twitter relembrar que é “preciso cuidado” com os rumores sobre os Kim, mas que “é natural fazer a pergunta ‘e se’?”.
Why not his sister? She's a woman & not the leader's son, but *IF* she's ever *suddenly* tapped, it could lead to much confusion, but she's Mt Baekdu bloodline so technically legit. Unless they take a page from Chosun dynastic era of his wife acting until child is old enough ..9/
— Dr. Duyeon Kim (@duyeonkim) April 21, 2020
A resposta, essa, é mais complicada. “Quaisquer questões futuristas sobre uma transferência estável do poder dependem do facto de Kim Jong-un ter ou não um plano de sucessão preparado. Se não tiver nenhum e houver uma morte súbita, provavelmente teremos uma luta pelo poder. Mas, até agora, ele provou ser bastante esperto”, afirma Duyeon. “Tudo isto para dizer que não iremos saber nada até sabermos tudo…”. O que, vindo da Coreia do Norte, já vem sendo habitual.