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Rui Tavares considerou uma vitória do Livre os resultados eleitorais
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Rui Tavares considerou uma vitória do Livre os resultados eleitorais

ANDRE KOSTERS/LUSA

Rui Tavares considerou uma vitória do Livre os resultados eleitorais

ANDRE KOSTERS/LUSA

O Livre da convergência chega ao Parlamento com uma maioria absoluta do PS

Rui Tavares tem falado sempre da convergência à esquerda. Continua a fazê-lo, mesmo sabendo que o PS garantiu maioria absoluta.

Rui Tavares nunca quis que dissessem que o Livre era um partido unipessoal, mas é assim que vai chegar à Assembleia da República. Um deputado. Rui Tavares foi eleito por Lisboa, onde aliás nas autárquicas foi eleito vereador — e vai manter-se, segundo apurou o Observador. O Livre não conseguiu eleger o deputado pelo Porto. Não conseguiu fazer o grupo parlamentar que ambicionava.

Mas Rui Tavares não deixa de ver o que chama o regresso do Livre à Assembleia da República como uma vitória. “É uma vitória”. E desfiou as razões: foi o único partido à esquerda do PS a crescer de 2019 para 2022 e é a maior votação do Livre em legislativas mas ainda não foi o melhor resultado (em número de votos) de todas as eleições.

Nas legislativas de 2022 obteve 68.971 votos. Em 2014, conseguiu, nas europeias, mais de 71 mil votos, mas não chegou para eleger.

Elege agora em Lisboa, onde obteve um total de 28.834, tendo ficado como a sétima força mais votada no círculo da capital. E com isso elegeu Rui Tavares, que garantiu participação nos debates depois da Comissão Nacional de Eleições (CNE) ter defendido que o Livre, por ter elegido em 2019 uma deputada (Joacine Katar-Moreira que depois se desvinculou do partido). Os debates foram a rampa de lançamento do Livre nestas eleições. No partido acredita-se que a prestação do seu fundador e do futuro deputado iniciou um caminho para uma campanha de “elevação”.

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Com o mais baixo orçamento da campanha e com funcionários que são “bem menos do que os dedos de uma mão”, o Livre acredita que “a missão foi cumprida”. Agora é avançar para o Parlamento. Para ficar. Disse-o na campanha e reafirmou na noite eleitoral. “A primeira mensagem é que a esquerda, verde e europeia, e o partido da liberdade, regressa ao Parlamento para ficar”. Regressar ao parlamento foi uma expressão várias vezes usada pelo Livre que aponta agora baterias ao futuro: o caminho é de crescimento. “Baseámos a campanha em trazer conteúdo para a política e elevação para o debate. Assim vai ser na Assembleia da República”.

E mesmo sabendo que o PS chega à nova legislatura com maioria absoluta, Rui Tavares não deixa de apelar à convergência da esquerda, mesmo que ela não seja necessária. Diz mesmo que vai pedir uma reunião com PS, PCP, Bloco de Esquerda e PAN. Alguns destes partidos, fez questão de dizer Tavares, “foram a nossa voz quando não estávamos na Assembleia”.

Temendo que a maioria do PS se possa fechar em si mesma, Rui Tavares atira a bola a António Costa, lembrando-lhe que disse que mesmo em maioria não deixaria de negociar. “Queremos ver se António Costa é fiel à palavra que deu. A bola está desse lado”. Como será o Livre no Parlamento quando não é necessário para fazer o número da maioria? “Pautaremos a nossa ação de forma diferente conforme a maioria se feche ou seja capaz de fazer convergência à esquerda”. E se juntar os votos do PS com as restantes forças de esquerda “há uma maioria maior à esquerda. É pela esquerda que devemos ir. Sabem que o Livre tem essa abertura”. E por isso prometeu que “continuaremos a trabalhar em conjunto”.

Os resultados provam que “quando o eleitorado de esquerda vê que a esquerda não se entende desmobiliza. Quando oferece soluções em conjunto mobiliza-se. Em 2019 mobilizou-se, em 2022 desmobilizou-se”. A leitura de Rui Tavares do que aconteceu à esquerda em que o voto útil foi mais reforçado. Mas, no seu entender, ficou “provado do lado do Livre que, sofrendo o voto útil como outros e vindo de uma fasquia mais baixa, tem sempre uma solução construtiva. No Livre havia soluções”.

"Queremos ver se António Costa é fiel à palavra que deu que com maioria não deixaria de negociar. A bola está desse lado. Atentos a isso, pautaremos a nossa ação de forma diferente conforme a maioria se feche ou seja capaz de fazer convergência à esquerda. Há uma maioria maior à esquerda."
Rui Tavares eleito pelo Livre para a Assembleia da Repúblcia

Vai fazer oposição? “Oposição a tudo aquilo que considerarmos ser antiecológico, anti-social, antiprogressista seremos oposição, naquilo que considerarmos que seja ecológico, progressista e social seremos parte da solução, como sempre”.

Uma das primeiras propostas que o Livre vai levar para medir o pulso ao PS é o da constituição na Assembleia da República de uma subcomissão dos direitos humanos. Reforça o programa que vai levar ao Parlamento, nomeadamente a das casas com condições de habitabilidade, ou armadilha dos salários baixos. As bandeiras do Livre durante a campanha voltaram a surgir no discurso de vitória de Tavares.

“Há um mês davam-nos como acabados”, por isso, esta eleição “é, em certa medida, uma segunda oportunidade. Não vamos pedir uma terceira. Vamos trabalhar de forma serena, construtiva e série e com sentido de humor. Vamos nas próximas eleições recuperar todo o caminho que perdemos e recuperar toda a gente que se revê na esquerda verde europeia”. E estabelecer o Livre como “partido nacional”. Daí que Tavares acredite que “só vai crescer, não vai voltar atrás”.

Rui Tavares terminou a noite a cantar A Internacional

ANDRE KOSTERS/LUSA

Direita democrática tem de refletir e Tavares promete muro de contenção ao Chega

Não querendo alongar-se no comentário ao que aconteceu a outros partidos, Rui Tavares comentou o facto do Chega ter ficado como terceira maior força política. E diz que a direita democrática tem de refletir sobre isso. E também por isso Rui Tavares diz que as eleições vieram na pior altura, quando a direita democrática estava a arrumar a casa.

“Quando a política tradicional não consegue entender-se nem construir em conjunto soluções que o país precisa, é normal que apareçam fenómenos perturbadores da vida política normal”. Era preciso “mais tempo para a direita democrática arrumar a casa e não estarmos agora com um problema que nasceu há dois anos. É como se o génio que não é do bem tivesse saído da lâmpada e para o meter lá dentro novamente vai dar muito trabalho”.

Muita gente está “frustrada, zangada e acha que a solução é votar em quer acabar com a democracia isso só dá provas que a democracia traz futuro. Há uma série de coisas assustadoras, mas há soluções. É mais difícil falar dessas razões, mas é mais duradouro. A família política dos verdes europeus é a que mais faz muros de contenções contra a extrema direita e consegue fazer alternativas. Em Portugal também vai acontecer, é uma promessa a médio prazo mas vão ver”.

A direita democrática foi demasiado permissiva em relação à extrema direita, avalia Tavares, realçando que mesmo estando do outro lado do espectro política deseja que a direita democrática arrume a casa e “ponha a extrema direita a um canto”.

Numa noite eleitoral que começou com a esperança de eleição de um grupo parlamentar, mas que acabou com a vitória do regresso do Livre ao Parlamento e, pela primeira vez, Rui Tavares no papel de deputado na Assembleia da República, o partido acabou a comemorar o seu próprio aniversário. Não sei antes se entoar na Casa do Alentejo, onde decorreu a noite eleitoral do Livre, A Internacional. Só depois chegaram os parabéns. O Livre faz a 31 de janeiro oito anos.

[Como se desenhou um mapa cor-de-rosa absoluto. O filme da noite eleitoral:]

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