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O surto no lar de Reguengos provocou 18 mortes
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O surto no lar de Reguengos provocou 18 mortes

NUNO VEIGA/LUSA

O surto no lar de Reguengos provocou 18 mortes

NUNO VEIGA/LUSA

O que falhou no lar de Reguengos? Tudo, diz o relatório da Ordem dos Médicos

Hospital reservou camas para "outros surtos" e por isso não recebeu todos os doentes. Delegado de Saúde não foi ao local porque tem mais de 70 anos. Relatório critica gestão do surto em Reguengos.

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Foi uma “estratégia poupadora de recursos hospitalares“, com o objetivo de reservar camas para “outros surtos que pudessem vir a ocorrer”, que impediu a transferência para o hospital de todos os utentes infetados com Covid-19 no lar de Reguengos de Monsaraz. A denúncia é feita no relatório da comissão de inquérito da Ordem dos Médicos, a que o Observador teve acesso, sobre o surto naquela instituição — que levou à infeção de 162 pessoas e à morte de 18 (16 utentes, uma funcionária e um homem, devido à propagação na comunidade).

Segundo o documento, “a hipótese de transferência para o hospital de todos os utentes infetados” defendida pelo presidente da Câmara, José Calixto, “não era viável de acordo com os médicos hospitalares ouvidos” — e que estiveram no lar a analisar a situação. “Esta decisão parece ter sido baseada numa estratégia poupadora de recursos hospitalares, de modo a salvaguardar a capacidade de resposta do hospital a outros surtos que pudessem vir a ocorrer”, pode ler-se. Porém, para a Ordem, “não se justifica reservar camas hospitalares para possíveis surtos”, quando o lar não tem disponíveis “os recursos necessários para cuidar doentes frágeis já infetados“. O Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE) rejeita que tenha existido uma “estratégia poupadora de recursos hospitalares”.

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A palavra “recursos” é repetida 20 vezes no relatório de 48 páginas, mas para traçar a escassez de meios com que o lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva (FMIVPS), em Reguengos de Monsaraz, funcionava antes e continuou a funcionar após detetado o primeiro caso de Covid-19, a 17 de junho. O documento contém relatos “muito críticos“, segundo os quais “vários doentes estiveram alguns dias sem fazer a terapêutica habitual por não haver ninguém que a preparasse ou administrasse”. Aliás, concluem os autores: a maioria das mortes não ocorreram devido à Covid-19, “mas sim por outras causas, nomeadamente falência renal, provavelmente por impossibilidade de uma monitorização contínua clínica e laboratorial adequada em ambiente de enfermaria”.

Entre atrasos nas respostas das entidades responsáveis — como aconteceu com o delegado de saúde, que não se deslocou ao lar por ter mais de 70 anos e estar num grupo de risco, optando por delegar essa tarefa —, falta de preparação de funcionários e voluntários, ou inexistência de circuitos para separar infetados de não infetados, uma combinação de fatores “poderão ter posto em causa a saúde dos utentes“, aponta a Ordem. Houve “descoordenação logística”, falta de cuidados de higiene e uma carência de recursos humanos que deixou utentes sem medicação durante dias e em “circunstâncias penosas“. Tudo parece ter faltado no lar de Reguengos.

A este relatório juntar-se-ão pelo menos outros dois — que não farão a mesma descrição que o da Ordem dos Médicos. Já depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter dito que os vários documentos  “não têm exatamente a mesma versão sobre os acontecimentos”, também o Governo insistiu esta terça-feira que as análises feitas pelas várias entidades têm “elementos contraditórios”.

Estão em causa relatórios feitos pela Segurança Social, ainda em julho, e pela Administração Regional de Saúde do Alentejo, na tutela do Ministério da Saúde. Ambas as entidades recusaram enviá-los ao Observador.

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Depois do diagnóstico, infetados continuaram a partilhar espaços com restantes utentes

O primeiro caso de infeção no lar de Reguengos de Monsaraz — de uma funcionária de 40 anos — foi detetado a 17 de junho. Nos dois dias seguintes, foram feitos testes a todos os idosos e trabalhadores: 43 utentes deram positivo, assim como 15 funcionários. A maioria dos utentes com teste positivo ficaram em quartos separados dos restantes. Porém, alguns doentes, ainda não diagnosticados, estiveram “‘misturados’ com doentes positivos confirmados nos mesmos quartos”. Ou seja, ao contrário do que ditam as orientações da DGS, não existiam, numa fase inicial, “circuitos definidos para separação de pessoas infetadas e não infetadas”. Esses circuitos apenas foram desenhados dia 26 de junho, nove dias depois de detetado o primeiro caso.

“Desde o início que os lares são prioridade total do Governo e de todos nós”, garante Ana Mendes Godinho

Pior: nos relatos feitos à Ordem relativos ao dia 20 de junho, é referido que “todos [infetados e não infetados] circulam pelos mesmos corredores e áreas comuns“, como as casas de banho. Além disso, “nunca usam máscara cirúrgica ou comunitária: nem os utentes infetados, nem os que aguardam resultado”.

À medida que os utentes eram diagnosticados, iam “sendo mudados de quartos na tentativa de os isolar”. O problema é que o “processo de rastreio demora cerca de 3 dias, e durante esse tempo, todos os doentes que aguardam a realização da zaragatoa e/ou resultado da mesma, co-habitam nos quartos, nos corredores, nos espaços comuns, partilham casas-de-banho”, aponta o relatório.

Segundo o documento, “desde o primeiro dia” que os médicos responsáveis pela avaliação inicial dos utentes relataram às suas chefias a “falta de condições no Lar para abordarem estes utentes/doentes”.

Não é possível manter os doentes em isolamento, nem com a distância social exigida pela norma da DGS. Não há sistema de ventilação do ar. Não existem circuitos definidos de “sujos” e “limpos”. Não existem condições para as equipas vestirem e despirem os EPIs [equipamentos de proteção individual] em segurança. Não existem protocolos de tratamento de resíduos infetados.

Cheiro “horrível”, lixo e urina seca: “Doentes não foram tratados de acordo com as boas práticas clínicas”

A 23 de junho, uma equipa médica deslocou-se aos quartos dos utentes para repetir os testes a quem testou negativo da primeira vez. E a descrição dos profissionais revela a falta de condições de higiene e de nutrição em que ficaram os doentes do lar.

Descrevem ‘quartos de 4 ou 5 camas, numa parte do edifício antigo, degradado, com calor extremo, cheiro horrível, lixo no chão, vestígios de urina seca no pavimento. Os doentes estão deitados em camas quase lado a lado, sem espaço para nos movimentarmos. Vemos doentes acamados, desidratados, desnutridos, alguns com escaras com pensos repassados, alguns só usando uma fralda, completamente desorientados‘”.

Os funcionários do lar estiveram “em contacto com os doentes, utilizando apenas uma máscara cirúrgica, sendo que os doentes não utilizavam qualquer tipo de máscara”.

Primeiro caso positivo no lar da Fundação Maria Inácia Vogado Perdigão Silva foi detetado a 17 de junho

FILIPE AMORIM/OBSERVADOR

Nessa visita, a 23 de junho, um dos médicos sentiu-se mal após realizar 15 testes e deslocou-se ao ginásio para remover o equipamento de proteção individual (EPI). Mas “não encontrou zona delimitada para a retirada do mesmo em segurança“. Também “não dispôs de casa de banho para se lavar, desinfetar, mudar a roupa que estava toda molhada”. Além disso, a equipa médica não conseguiu realizar todos os testes de rastreio porque havia quem constasse da lista, mas que não estava no lar. “Ninguém lhes conseguiu dar a informação sobre o paradeiro dessas pessoas: alguns seriam utentes transferidos para o hospital; outros funcionários que estariam em quarentena no domicílio”. Nesta altura, já 70 pessoas tinham testes positivos. Os utentes que testaram negativo foram transferidos para outra instituição.

Os profissionais de saúde deram ainda conta de que os EPIs que lhes foram disponibilizados naquele dia “não tinham o tamanho adequado (eram pequenos), constituindo perigo de falha na segurança dos profissionais de saúde”. “Nenhuma das instituições [Lar e pavilhão, onde mais tarde foram colocados os doentes] possuía os recursos necessários para uma intervenção emergente sendo esta provável dado o contexto“, conclui a Ordem dos Médicos.

Criaram-se condições para rápida disseminação com responsabilidades para quem geria o espaço, o processo de rastreio epidemiológico e a aplicação das normas da DGS.”

Falta de funcionários deixou utentes sem medicação durante dias

Um dos “maiores” problemas relatados foi a falta de recursos humanos para a prestação de cuidados aos utentes. Primeiro porque, antes do surto, “já estavam no limite da necessidade”. Depois, porque “muitos dos funcionários testaram positivo e tiveram que ficar de quarentena“.

"Descrevem 'quartos de 4 ou 5 camas, numa parte do edifício antigo, degradado, com calor extremo, cheiro horrível, lixo no chão, vestígios de urina seca no pavimento. Os doentes estão deitados em camas quase lado a lado, sem espaço para nos movimentarmos. Vemos doentes acamados, desidratados, desnutridos, alguns com escaras com pensos repassados, alguns só usando uma fralda, completamente desorientados'."
Excerto do relatório da Ordem dos Médicos

Uma das “consequências mais graves” foi que “vários doentes estiveram alguns dias sem as terapêuticas habituais, por falta de quem as preparasse ou administrasse”. Houve ainda casos em que a medicação foi preparada e administrada “por pessoal sem formação de enfermagem“.

Além disso, “não havia controlo da medicação que era prescrita ou administrada”, segundo a descrição relativa a 26 de junho.

Não houve qualquer transmissão de informação clínica relevante ou entrega de processo clínico/informação organizada. Os médicos colheram alguma informação nas bases de dados da USF [unidade de saúde familiar], com risco de não possuírem informação atualizada nomeadamente das terapêuticas prescritas”, refere o documento.

Ficaram por administrar “fármacos tão importantes como a varfarina por se desconhecerem as prescrições (ausência de processos clínicos organizados e atualizados), ou insulina por falta de canetas”. As equipas médicas ainda tentaram “rever a terapêutica e promover ajustes, principalmente com suspensão de alguns fármacos, como hipotensores e diuréticos, que se mantinham apesar do estado de desidratação dos doentes”.Porém, foi-lhes comunicado “não ser possível os ajustes terapêuticos, uma vez que a medicação era toda preparada para vários dias e que não estando os comprimidos identificados, não era possível retirar um comprimido: ou se deitava tudo fora e basicamente não faziam medicação ou faziam tudo o que estava na prescrição habitual”.

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O relatório aponta ainda uma falta de preparação dos funcionários do lar: “[Os médicos] verificaram que os funcionários do Lar não tinham conhecimento sobre a forma de tratamento dos resíduos contaminados, pelo que colocaram os EPIs num saco, levando-o para a USF [Unidade de Saúde Familiar]”. E dos voluntários: “A maior parte das pessoas que prestam voluntariamente apoio aos idosos infetados não têm formação sobre atuação em cenário COVID”.

Médicos terão avisado várias vezes sobre as condições do lar. Mas foram ameaçados com processo disciplinar

A 24 de junho, precisamente uma semana depois de o primeiro caso ter sido diagnosticado, os médicos destacados para o lar reuniram-se com a direção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alentejo Central e a Autoridade de Saúde Pública. E, segundo o relatório, foram ameaçados com um processo disciplinar, caso não regressassem ao lar cujas condições criticaram em diversas ocasiões. “Na reunião, os médicos são informados pelo Dr. [José] Robalo de que devem manter a prestação de cuidados no Lar porque caso contrário incorreriam em processo disciplinar“, pode ler-se.

Surto em lar de Reguengos. “Tenho a consciência tranquila” diz Presidente da Autoridade de Saúde do Alentejo

À Rádio Observador, José Robalo, diretor da ARS do Alentejo, garante que “não houve processos disciplinares” porque os profissionais cumpriram as escalas definidas, mas recusa a existência de “ameaças”. Questionado sobre se teve conhecimento das denúncias dos médicos sobre a falta de condições, o responsável disse que essa informação não lhe dizia diretamente respeito. “Não está dentro da minha competência qualquer transferência desses utentes para outra instituição”, repetiu. Essa responsabilidade, adiantou, é de autoridades como a Proteção Civil, a Autoridade de Saúde e a Segurança Social. “Estou com a consciência tranquila“, concluiu.

Os médicos com quem José Robalo se reuniu regressaram ao lar que continuava, por esta altura, sem” zonas delimitidas para vestir ou despir” os EPIs. Também não havia “cartazes afixados com a informação das boas práticas clínicas a ter em atenção nestes procedimentos”. Nem frascos de gel de desinfeção das mãos nos quartos ou nos corredores, ou  aparelhos de climatização ou circulação do ar, “pelo que os quartos se encontram a temperaturas elevadas”. “Há obras no exterior, e portanto também há muito barulho”, lê-se ainda.

A direção do ACES só reconheceu a 25 de junho a “falta de condições de segurança”. Ainda assim, determina que “os médicos devem continuar a prestar os cuidados possíveis aos utentes infetados do Lar”. Até esta altura, nunca foi dado a conhecer aos médicos e enfermeiros o Plano de Contingência da instituição, necessário segundo as regras da DGS. “A instituição não cumpriu as regras estabelecidas e não teve assim condições para enfrentar com rigor o surto”, afirma a Ordem dos Médicos.

Nem todos os doentes infetados foram para o hospital por “estratégia poupadora de recursos”. HESE rejeita

A transferência para um hospital de todos os utentes infetados “não era viável” na opinião dos médicos ouvidos pela comissão de inquérito da Ordem dos Médicos (e que visitaram o lar para avaliarem as condições em que este funcionava). Um desses profissionais ouvido pela comissão foi recentemente designado para o cargo de coordenador da área “Covid” do Hospital do Espírito Santo de Évora (HESE).

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Segundo a Ordem, a decisão desses médicos foi baseada numa “estratégia poupadora de recursos hospitalares, de modo a salvaguardar a capacidade de resposta do hospital a outros surtos que pudessem vir a ocorrer“. “Não se conseguiu apurar se há uma decisão escrita do Conselho de Administração do HESE, nomeadamente da Direção Clínica, que suporte esta estratégia”, aponta o relatório. O Observador tentou contactar o HESE nesse sentido, mas aguarda resposta.

A Ordem é, porém, perentória: “Não se justifica reservar camas hospitalares para possíveis surtos, quando não temos disponíveis no Lar os recursos necessários para cuidar doentes frágeis já infetados.”

Ao Observador, o HESE garante que “nunca houve, nem podia haver” uma “estratégia poupadora de recursos hospitalares”. “Todos os utentes do Lar que necessitaram de cuidados hospitalares e que tinham critérios para internamento foram internados no HESE e foram criadas todas as condições para dar resposta a esses doentes. Inclusivamente, o HESE reestruturou-se e abriu uma segunda enfermaria COVID, por forma a garantir a resposta necessária para todos os doentes que viessem a necessitar de internamento hospitalar”.

O hospital “disponibilizou, desde o dia 24 de junho, uma linha telefónica direta, dedicada e exclusiva,  24/7, através de telemóvel da responsabilidade do Chefe de Equipa do Serviço de Urgência do HESE para uma articulação direta na apreciação dos casos que pudessem eventualmente necessitar de cuidados médicos hospitalares”.

Transferência para o pavilhão “peca por tardia”

A 27 de junho, dia em que é registada a terceira morte, a equipa médica responsável pelos doentes transferiu mais utentes para o hospital. No fim de semana de 28, já “vários doentes mostravam agravamento do seu estado clínico, com sinais de desidratação, desnutrição, disfunção renal”. Durante estes dias, vários médicos deslocam-se ao lar, além da equipa permanente. E “sistematicamente, as equipas médicas alertam autoridades competentes de que não dispõem das condições necessárias para tratar os doentes de acordo com as boas práticas clínicas”.

"A instituição não cumpriu as regras estabelecidas e não teve assim condições para enfrentar com rigor o surto."
Excerto do relatório da Ordem dos Médicos

Só a 3 de julho, 16 dias depois de detetado o primeiro infetado (e quando já se contabilizavam 8 mortos e 138 casos ativos), é que os doentes são transferidos para um pavilhão no Parque de Feiras de Reguengos de Monsaraz. A 4 de julho o número de vítimas mortais devido ao surto chega às 12.

Esta transferência peca por ser tardia porque ocorreu apenas duas semanas após o primeiro diagnóstico de infeção”, critica a Ordem dos Médicos. No pavilhão, os doentes foram colocados em enfermarias com 6 a 8 camas cada uma “com distância adequada entre as mesmas”. Mas são ainda relatados casos de falta de preparação — desta vez de voluntários. Numa visita do médico destacado pelo ACES ao pavilhão, o responsável “não dispõe de fardamento à chegada“. Por isso, recebe um “pijama idêntico ao usado pelos doentes no internamento hospitalar”. Só que “muitos deste pijamas estavam rasgados / cortados, pois devido ao calor os voluntários cortaram as pernas / mangas dos mesmos”.

A decisão de transferir os utentes para o pavilhão “foi tomada com atraso significativo, e com repercussões graves na morbilidade e mortalidade dos doentes”.

Delegado de Saúde não visitou lar porque tem mais de 70 anos

No lar de Reguengos não existem “fármacos de emergência, capacidade de suporte avançado de vida ou cardioversão elétrica”. Mas a Autoridade de Saúde Pública “não visitou o Lar para avaliar localmente estas circunstâncias” e delegou as funções noutro responsável. Porquê? Porque o delegado de saúde coordenador pertence, ele próprio, a um grupo de risco (tem mais de 70 anos). Por isso, “resolveu “delegar” esta função a uma enfermeira do HESE”, que visitou a instituição a 23 de junho — o mesmo dia em que a Segurança Social visitou o espaço.

“Aquando do diagnóstico inicial do surto COVID no Lar, tardou a visita da Autoridade de Saúde para delinear o perfil de saúde dos utentes”, aponta a Ordem. Como consequência, “os responsáveis, que foram alertados pelos profissionais, não agiram atempadamente e em conformidade, mantendo os doentes em circunstâncias penosas e facilitando o crescimento do surto, antes da transferência para o pavilhão”.

À falta de “liderança clínica” juntou-se a “descoordenação logística”

A Ordem considera ainda que “falhou o processo de governança clínica”, com uma “descoordenação logística de meios e do pessoal de saúde” e de “articulação com o pessoal auxiliar e voluntário”, que trouxe “prejuízo para os doentes”. Essa falha é “atribuível à Autoridade de Saúde e à ARS do Alentejo”.

“Este alojamento sanitário – como o designou a Autoridade de Saúde – melhorou as condições na prestação de cuidados aos doentes, mas revelou falha de coordenação e de organização de trabalho, designadamente na completa inexistência de protocolos de atuação clínica, bem como falhas na gestão e administração de medicação. As equipas gerem-se praticamente a si próprias e são notórias as dificuldades de controlo de entradas e saídas no espaço, por exemplo dos voluntários, que desconhecem, ou não aplicam, procedimentos tão básicos como vestir, usar e despir EPI.”

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