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No Chile, uma grande campanha de vacinação não foi suficiente para evitar uma nova vaga

JAVIER TORRES/AFP via Getty Images

No Chile, uma grande campanha de vacinação não foi suficiente para evitar uma nova vaga

JAVIER TORRES/AFP via Getty Images

Os países apostam tudo na imunidade de grupo, mas pode ser muito difícil chegar lá

É o objetivo declarado, mas os cientistas começam a duvidar que alcançar a imunidade de grupo seja uma tarefa fácil. Das variantes à própria natureza das vacinas, há muitos desafios no caminho.

A expressão entrou no nosso glossário coletivo logo que a pandemia chegou em força à Europa, mas começámos por desconfiar dela.

Em março de 2020, o caos em Itália já mostrara aos europeus as consequências dramáticas do recém-chegado coronavírus, e a maioria dos países, incluindo Portugal, adotaram fortes medidas restritivas, mergulhando o continente num inédito confinamento sanitário. Porém, um país resistiu. Inicialmente, o Reino Unido optou por não impor um confinamento generalizado. O governo britânico incentivou o teletrabalho, mas manteve escolas, serviços e estabelecimentos abertos, não proibiu grandes eventos e argumentou que uma política restritiva dura só faria pior. Pelo contrário: era importante proteger os mais vulneráveis, mas deixar que a infeção se propagasse pela generalidade da população para alcançar a chamada “imunidade de grupo”. Na altura, Londres já tinha as contas feitas. Se pelo menos 60% da população fosse infetada e desenvolvesse anticorpos contra o coronavírus, a imunidade de grupo trataria de fazer a doença dissipar-se naturalmente.

epa09145255 A COVID-19 vaccine hub set up at Caselle airport, Turin, Italy, 19 April 2021.  EPA/Tino Romano

A vacinação tem sido apontada como via para a imunidade de grupo — mas o caminho é mais complexo do que parece

Tino Romano/EPA

A estratégia britânica não resistiu muito tempo. Perante as estatísticas avassaladoras, sobretudo em comparação com o resto da Europa, não restou outra hipótese a Boris Johnson senão recuar e anunciar, ainda em março de 2020, um confinamento rígido no país.

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Todavia, o conceito de imunidade de grupo manteve-se como meta comum, a chave para o regresso à normalidade. Quando uma porção considerável da sociedade for imune ao coronavírus — resultado da recuperação da doença ou da vacinação —, será possível voltar a uma aproximação da normalidade pré-pandémica, sem medo das consequências dramáticas do vírus.

Mas será assim mesmo? A incerteza sobre a eficácia das vacinas na prevenção da transmissão do vírus, a desigualdade no acesso à vacinação, as novas variantes do vírus e até as questões do comportamento humano estão a levar a comunidade científica a afastar-se do conceito de imunidade de grupo como solução para o regresso ao normal.

O que é a imunidade de grupo?

A Organização Mundial da Saúde define a imunidade de grupo — ou a “imunidade da população” — como “a proteção indireta de uma doença infecciosa, que ocorre quando uma população está imune quer pela vacinação, quer pela imunidade desenvolvida por uma infeção prévia”. Porém, nem todos os meios são legítimos para a alcançar. “A OMS apoia que se chegue à imunidade de grupo através da vacinação, mas não através de permitir que uma doença se espalhe por qualquer segmento da população, uma vez que isso resultaria em casos e mortes desnecessários”, alerta a organização.

Na prática, a imunidade de grupo atinge-se quando há pessoas suficientes imunes ao vírus para impedir que a disseminação de uma epidemia continue. Não é preciso que toda a gente esteja imune — basta que haja anticorpos suficientes para que quem não está imune também não corra o risco de contrair a doença, uma vez que não há cadeias de transmissão ativas. Por outras palavras, se uma pessoa infetada não tiver a quem passar a doença, aquela cadeia de transmissão extingue-se ainda antes de começar.

"A OMS apoia que se chegue à imunidade de grupo através da vacinação, mas não através de permitir que uma doença se espalhe por qualquer segmento da população, uma vez que isso resultaria em casos e mortes desnecessários"
Organização Mundial da Saúde

A percentagem de pessoas imunes para alcançar a imunidade de grupo não é igual para todas as doenças. “Por exemplo, a imunidade de grupo contra o sarampo requer que cerca de 95% de uma população esteja vacinada. Os restantes 5% vão ser protegidos pelo facto de o sarampo não se disseminar por aqueles que estão vacinados. Para a pólio, o limite é cerca de 80%”, explica a OMS. Embora não seja ainda possível afiançar, com o mesmo grau de certeza, qual o limite para a Covid-19, a maioria das projeções científicas colocam-no entre os 60% e os 70% — e tem sido essa a meta assumida por autoridades de saúde e governos por todo o planeta.

É nesse sentido que Portugal está a caminhar. De acordo com a segunda fase do Inquérito Serológico Nacional, um estudo de grandes dimensões que está a ser continuamente desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) e cujos resultados foram divulgados esta segunda-feira, 15,5% da população residente em Portugal até aos 80 anos de idade já se encontra imune à Covid-19. A maioria desta imunidade (13,5% da população) foi conferida através da infeção com o coronavírus.

O atual ritmo de vacinação em Portugal deixa o Governo confiante de que a imunidade de grupo será alcançada em breve. “Se as previsões se concretizarem, naquilo que são as vacinas, então, durante o verão, mais para o início do que para o final, chegaremos aos 70% da população adulta vacinada”, disse esta segunda-feira o secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes.

O desafio da vacinação

A vacinação é o principal caminho para alcançar a imunidade de grupo. Porém, importa clarificar à partida o que fazem exatamente as vacinas. Na verdade, as principais vacinas atualmente em uso na maioria dos países, como a da Pfizer/BioNTech, a da Moderna ou a da Johnson&Johnson, não foram desenhadas primordialmente a pensar na sua capacidade para bloquear a transmissão do vírus, mas para evitar que uma pessoa desenvolva uma doença grave caso seja infetada com o vírus.

Os ensaios clínicos daquelas três farmacêuticas nem sequer incluíram o rastreio da transmissão do vírus. “Não era a principal preocupação na altura dos ensaios. Era garantir que as pessoas não ficavam doentes”, explicou ao National Geographic o virologista Jason Kindrachuk, recordando que as vacinas foram desenvolvidas em tempo recorde e com o principal objetivo de salvar vidas.

De facto, nem todas as vacinas são desenhadas para bloquear a infeção. “O Santo Graal do desenvolvimento de vacinas é sempre impedir as pessoas de serem sequer infetadas, mas isso é monumentalmente difícil de atingir”, acrescentou o mesmo virologista. Essas vacinas, tecnologicamente mais complexas de produzir, não se limitam a proteger a pessoa da doença caso o vírus entre no corpo — impedem o próprio vírus de penetrar nas células.

"O Santo Graal do desenvolvimento de vacinas é sempre impedir as pessoas de serem sequer infetadas, mas isso é monumentalmente difícil de atingir"
Jason Kindrachuk, virologista, ao National Geographic

Na prática, aquilo que se pode exigir às vacinas atualmente em distribuição não é que bloqueiem a transmissão, mas que impeçam a doença. Por outras palavras, uma pessoa vacinada não fica isenta de contrair o coronavírus, mas tem uma enormíssima probabilidade de ser assintomático e de nem sequer dar pelo facto de ter estado infetado. Os resultados dos ensaios clínicos das vacinas, bem como as primeiras observações dos efeitos das campanhas de vacinação, incluindo em Portugal, mostram que a administração do imunizante está a ser eficaz no que toca ao controlo da doença. Porém, um problema mantém-se: um infetado, mesmo assintomático, pode transmitir o vírus, o que cria um obstáculo à imunidade de grupo.

A imunidade de grupo só é relevante se tivermos uma vacina que bloqueie a transmissão”, disse à Nature a bióloga e matemática Shweta Bansal. “Se não tivermos, então a única maneira de alcançar a imunidade de grupo na população é dar a toda a gente a vacina.”

Embora ainda haja poucos dados sobre a capacidade das vacinas atuais para bloquear o contágio, alguns pedaços de informação extraídos dos ensaios clínicos mostram como há esperança de que as vacinas possam ser relativamente eficazes nesse campo. O exemplo mais notável é o da farmacêutica Moderna, que durante o ensaio clínico testou todos os participantes no momento em que receberam a segunda dose. Nessa ronda de testes, foi detetada uma queda de dois terços no número de infetados assintomáticos no grupo que fora vacinado com a primeira dose, em comparação com o grupo de controlo, que recebera um placebo.

Embora esta conclusão seja baseada apenas em dois testes com um mês de diferença (o que significa que há casos positivos que podem ter escapado ao controlo), trata-se de um sinal de que a vacina da Moderna não se limita a impedir a doença em pessoas infetadas, mas pode mesmo reduzir os contágios. Outras farmacêuticas envolvidas na produção de vacinas, incluindo a AstraZeneca, também realizaram testes aos participantes durante o ensaio clínico e registaram uma queda nos casos de infetados assintomáticos.

Enquanto não for possível entender qual a real capacidade das vacinas para bloquear o contágio, a mera administração de vacinas não poderá ser interpretada como conduzindo indubitavelmente à imunidade de grupo.

Imunidade nacional não chega

Mas, mesmo admitindo que as vacinas atuais são eficazes no bloqueio do contágio do coronavírus, há outro fator que pode criar obstáculos à imunidade de grupo: as profundas desigualdades no acesso à imunização. Mesmo que uma comunidade esteja maioritariamente vacinada contra o coronavírus, as cidades, as regiões e os países não são bolhas — e a imunidade de grupo só será capaz de levar a pandemia a dissipar-se caso todo o planeta atinja o limiar da imunização.

Claramente, não é isso que está a acontecer. Basta pensar no caso de Israel, o país que lidera a distribuição de vacinas e que esta semana já tinha mais de 60% da sua população com pelo menos uma dose tomada — e onde a vida já praticamente regressou à normalidade pré-pandemia. Porém, Israel é uma ilha no Médio Oriente e todos os países vizinhos estão muitíssimo abaixo daquele nível de vacinação. Na Jordânia, menos de 6% das pessoas receberam uma dose da vacina; no Líbano e na Palestina, essa percentagem não chega a 4%; na Síria e no Egipto, nem chega a 1%.

É evidente que nenhum país é verdadeiramente uma ilha. Se o resto dos territórios com os quais uma população interage não estiverem também vacinados acima dos 60%, dificilmente essa meta representará uma verdadeira imunidade de grupo dentro de um país. Esta realidade é ainda mais marcada no Ocidente, onde as viagens internacionais se tornaram num dado adquirido, e particularmente no espaço da União Europeia, onde a livre circulação além fronteiras é um direito fundamental.

O que é certo é que dentro do Espaço Económico Europeu o ritmo de distribuição de vacinas não tem sido igual em todos os países. Por exemplo, em Portugal já foram administradas 29,7 doses de vacina por cada 100 habitantes, um número mais baixo do que em Espanha (38,2 em 100), em França (40,8 em 100), em Itália (39,9) ou na Alemanha (36,7 em 100). Já a Hungria, que ao contrário do resto da UE optou por negociar unilateralmente a compra de vacinas à Rússia e à China, já distribuiu um total de 70,6 doses por cada 100 habitantes.

No Espaço Económico Europeu, a distribuição de vacinas também não está a decorrer ao mesmo ritmo, como mostra o mapa do ECDC

As desigualdades sentidas de modo ligeiro na Europa são ainda mais graves quando olhamos para a globalidade do planeta. Na semana passada, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para o enorme precipício entre os países mais ricos e os mais pobres no acesso às vacinas. “Quase 900 milhões de doses de vacinas já foram administradas a nível global, mas mais de 81% foram para países de rendimentos elevados ou médios, enquanto os países mais pobres receberam apenas 0,3%”, avisou o líder da OMS. Os países em vias de desenvolvimento têm recebido as vacinas através do consórcio internacional COVAX, gerido pela OMS como modo de fazer chegar a imunização aos países com menos capacidade negocial. Ainda assim, esse esforço tem sido insuficiente para garantir uma justa igualdade no acesso à vacina.

Em fevereiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, já tinha criticado o “ultraje moral” associado à injustiça na distribuição de vacinas. Naquela altura, 10 países tinham administrado 75% de todas as vacinas a nível global e mais de 130 ainda não tinha recebido uma única dose. Guterres condenou os países ocidentais por não contribuírem para um processo mais justo e lembrou que será o próprio Ocidente a sofrer se não garantir a imunização de todo o planeta — uma vez que os surtos se vão continuar a multiplicar até que a imunidade de grupo seja uma realidade mundial, e não nacional.

As novas variantes que ameaçam a imunidade

Supondo que a vacina é eficaz para bloquear os contágios e que é justamente distribuída por todo o planeta até que 60% ou 70% da população global esteja vacinada, há um outro fator a perturbar o caminho rumo à imunidade de grupo: as novas variantes do vírus, que estão a surgir a um ritmo maior do que as vacinas.

Em dezembro de 2020, quando as vacinas já eram uma realidade tangível e alimentavam a esperança da Humanidade num regresso rápido à normalidade, uma mutação do vírus identificada inicialmente no Reino Unido, entretanto batizada como “variante britânica”, veio lembrar-nos de que a vacinação não seria o fim da Covid-19. Com uma capacidade muito mais elevada para se propagar, a nova variante do vírus lançou a dúvida inquietante: será a vacina inútil?

71% mais transmissível, com mais facilidade de entrar nas células. O que torna a mutação do Reino Unido perigosa?

Entretanto, outras variantes começaram a emergir: várias no Brasil, uma sul-africana e, mais recentemente, uma particularmente preocupante na Índia. O problema? As vacinas foram desenvolvidas e testadas com o objetivo de lutar contra a versão “clássica” do vírus, detetada durante o ano de 2020. Porém, as novas variantes tornaram-se rapidamente dominantes.

Em Portugal, as principais variantes que preocupam a comunidade científica já foram detetadas. De acordo com dados divulgados esta terça-feira durante a reunião quinzenal dos especialistas que aconselham o Governo, a variante britânica já representava 89% dos casos de Covid-19 em Portugal. Por seu turno, a variante de Manaus, a principal do Brasil, já fizera 73 casos, enquanto a sul-africana fora responsável por 64 casos. No caso da variante indiana, foram detetados recentemente os primeiros seis casos no país.

É, portanto, uma corrida contra o tempo — e a natureza, em princípio, vai sempre à frente. Será preciso monitorizar o mais rapidamente possível o surgimento de novas variantes, perceber se as vacinas atuais funcionam contra elas e desenvolver novas vacinas caso não funcionem.

Até agora, as vacinas desenvolvidas com base no vírus clássico têm sido capazes de mitigar os efeitos da doença provocada pelas novas variantes. No que toca à variante britânica, as vacinas da Pfizer, da Moderna, da Johnson&Johnson e da AstraZeneca já se mostraram eficazes no combate à doença, embora a proteção seja ligeiramente menor do que no caso do vírus clássico. No caso da variante sul-africana, os resultados preliminares dos testes laboratoriais mostram que a vacina da Moderna é eficaz no reconhecimento e combate ao vírus, mas a vacina da AstraZeneca tem uma eficácia mais limitada quando confrontada com essa variante. A vacina da Johnson&Johnson tem uma eficácia de 85% contra a variante sul-africana, enquanto a da Pfizer mantém a mesma eficácia que tem contra o vírus clássico. Mas nem todas são igualmente eficazes: a Novavax, por exemplo (uma das já encomendadas pela UE, mas ainda não aprovadas pela EMA) tem 89% de eficácia contra o vírus clássico, mas apenas 50% contra a variante sul-africana.

epa09134291 A woman undergoes a nasal swab test to detect COVID-19 amid a spike in infections, at the backpackers' hotspot of Khaosan road in Bangkok, Thailand, 14 April 2021. Authorities are stepping up both testing and vaccinations in high risk areas following the recent spike in COVID-19 cases.  EPA/DIEGO AZUBEL

Um dos principais desafios da comunidade científica tem sido o de perceber a disseminação de novas variantes do coronavírus

DIEGO AZUBEL/EPA

A variante brasileira tem suscitado mais preocupações entre a comunidade científica, mas a Pfizer já veio anunciar que a sua vacina é capaz de neutralizá-la. Também a AstraZeneca já garantiu que a sua vacina é eficaz contra a variante brasileira. Por outro lado, a variante indiana ainda está a ser estudada pelos cientistas, no sentido de se perceber qual a eficácia das vacinas contra ela. Esta terça-feira no Infarmed, o investigador João Paulo Gomes, o especialista que tem apresentado as informações sobre a sequenciação genética das variantes em Portugal, sublinhou que todas elas partilham um conjunto limitado de mutações genéticas, embora em combinações diferentes, o que significa que, em princípio e para já, as vacinas vão ser capazes de mitigar a doença causada pelas diversas variantes.

Porém, uma coisa é certa: as novas variantes do vírus são um desafio contínuo à comunidade científica. Se, até agora, as vacinas atuais se mostraram capazes de mitigar — pelo menos em parte — os efeitos das variantes que se têm multiplicado nos últimos meses, não é certo que isso vá ocorrer sempre. É inevitável que algumas variantes do vírus sejam capazes de escapar às vacinas atuais, o que vai obrigar a um esforço da comunidade científica para adaptar, renovar ou recriar novos imunizantes. A pensar nesta inevitabilidade, o governo britânico já assinou um protocolo com a CureVac para assegurar o rápido desenvolvimento de vacinas contra novas variantes no futuro, com a garantia de compra de pelo menos 50 milhões de doses.

Igualmente incerta é a duração da imunidade garantida por qualquer uma das vacinas e o modo como a Humanidade irá passar a relacionar-se com o coronavírus. Uma das hipóteses mais populares entre a comunidade científica é a de que o coronavírus não vai desaparecer. Pelo contrário, tem tudo para se tornar numa doença endémica para a Humanidade, tal como a gripe comum. Gradualmente, os humanos poderão tornar-se cada vez mais resistentes à Covid-19, mesmo que surjam novas variantes com frequência, e a estratégia pode passar por adotar um modelo semelhante ao da gripe: vacinar os grupos mais vulneráveis com vacinas atualizadas a cada ano.

Por quanto tempo a vacina é eficaz? Vai ser preciso tomar outra dose? E as variantes? Quatro pontos para entender o que esperar da vacinação

No fim de contas, chegar à imunidade de grupo que vai significar o fim da pandemia é um percurso cheio de obstáculos que a comunidade científica começa a classificar como “provavelmente impossível”. Até porque, em última análise, tudo depende do modo como uma comunidade for capaz de manter a prevenção contra os contágios enquanto a imunidade de grupo não for uma realidade completa. Veja-se os exemplos díspares de Israel e Chile, dois dos países que mais vacinas administraram a nível global: enquanto Israel já retomou uma grande parte da vida normal mantendo muitos dos cuidados quotidianos a que já nos habituámos, o Chile não está a escapar a uma terceira vaga devastadora.

epa09149441 A Kashmiri man receives a shot of the vaccine against COVID-19 at a vaccination center in Srinagar, the summer capital of Indian Kashmir, 21 April 2021.  EPA/FAROOQ KHAN

A vacinação em massa é fundamental para que todo o planeta alcance a imunidade contra o coronavírus

FAROOQ KHAN/EPA

Um dos principais problemas do Chile foi justamente a falha na perceção de que as comunidades não são bolhas, como assumiu recentemente ao The Guardian a epidemiologista chilena Ximena Aguilera, uma das conselheiras do governo do país para o combate ao coronavírus. “A questão da comunicação não tem sido consistente no governo”, admitiu. O sentimento de falsa segurança associado a uma rápida campanha de vacinação levou os chilenos a irem de férias de verão no início do ano. Ao mesmo tempo, a abertura de fronteiras atraiu milhares de turistas ao país, que importaram novas variantes. “As novas variantes que chegaram ao Chile são uma grande preocupação e, efetivamente, temos uma pandemia em cima de outra”, assumiu Aguilera. O país precisa agora de vacinar uma percentagem muito maior de cidadãos para que a esperada imunidade de grupo seja eficaz.

“O governo estava demasiado otimista a acreditar que o seu programa de vacinação bem-sucedido iria evitar uma nova onda de infeções”, disse ao Financial Times o economista chileno Eduardo Engel, autor de um estudo recente sobre o processo de vacinação no país. “Isso levou a que as pessoas ficassem demasiado relaxadas, enquanto o governo não foi muito rígido na implementação das restrições. Outro fator é que o governo fez pouco para impedir que novas variantes entrassem no país, apesar de saber desde dezembro que esse era um dos grandes fatores de risco.”

 
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