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Os salões de cabeleireiro, a vida em Lisboa e as gravações: as histórias de António Variações

António Variações morreu há 35 anos e há um concerto que lhe presta homenagem este sábado em Lisboa. Quem o conheceu recorda ao Observador instantes memoráveis com o cantor.

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Considerado a primeira estrela pop da música portuguesa, e mais recentemente reavaliado como ícone gay, António Variações morreu há 35 anos e este sábado terá um concerto de tributo no Jardim da Torre de Belém, em Lisboa, a partir das 22h, com entrada livre. “António & Variações” é também o espetáculo de encerramento das Festas de Lisboa deste ano, organizadas pela EGEAC, empresa municipal de cultura. Vão estar em palco Ana Bacalhau, Conan Osiris, Lena d’Água, Manuela Azevedo, Paulo Bragança e Selma Uamusse. A Orquestra Metropolitana de Lisboa, dirigida por Cesário Costa, vai acompanhá-los, assim como o coro Gospel Collective e o acordeonista João Gentil.

António Variações teve uma carreira muito breve, de apenas três anos e meio, se se contar o início a partir de fevereiro de 1981, quando se estreou no programa da RTP  “Passeio dos Alegres”, de Júlio Isidro (embora já tivesse um curto histórico de atuações ao vivo). A morte prematura e a imagem fora do comum, mais as canções com marca de autor e raízes na música tradicional portuguesa, fizeram dele uma figura icónica que ao longo das décadas nunca esteve esquecida. A prová-lo estará o filme biográfico “Variações”, de João Maia, com Sérgio Praia no papel principal, que chega às salas a 22 de agosto, depois de mais de 15 anos de preparação.

[o trailer de “Variações”:]

António Joaquim Rodrigues Ribeiro nasceu a 3 de dezembro de 1944 no lugar de Pilar (freguesia de Fiscal, concelho de Amares, distrito de Braga) e morreu a 13 de junho de 1984 em Lisboa, no Hospital da Cruz Vermelha, supõe-se que com uma infeção causada pelo vírus da sida. Em 1982, tinha gravado o máxi-single “Estou Além”, que incluía uma versão de “Povo que Lavas no Rio”, de Amália Rodrigues, seguido de dois álbuns apenas: Anjo da Guarda, em 1983, e Dar & Receber, em 1984, dois registos históricos da música portuguesa.

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Se muitas versões da sua vida foram já relatadas e escritas – principalmente desde que em 2006 saiu a biografia António Variações: Entre Braga e Nova Iorque, de Manuela Gonzaga –, a homenagem deste sábado deu o mote ao Observador para desenterrar episódios inesquecíveis: as gravações em estúdio, a forma como se vestia e as ruas de Lisboa onde viveu. Mas comecemos pelas fotografias que o imortalizaram e que estão prestes a surgir em livro.

Dois anos e meio de fotografias

O videoclip não era ainda um objeto indispensável na promoção musical em inícios de 80 e por isso não existem hoje muitas imagens em movimento com o cantor minhoto. Também foram escassas as atuações dele na televisão. E conhece-se uma presença apenas no cinema, como figurante em “O Bobo”, de José Álvaro de Morais. É por isso que quem acabou a fazer história foi a fotógrafa oficial de Variações, Teresa Couto Pinto, que o imortalizou na meteórica carreira (ainda que as capas dos únicos dois álbuns tenham sido criadas por outros: Rui Cunha, Mónica Freitas e Rui Renato).

"Conheceram-se em Lisboa em 1976, na loja Parafernália, da Rua Castilho, onde Teresa trabalhava. Passaram a conviver à noite no Bairro Alto. António era ainda cabeleireiro, não tinha iniciado a carreira musical, mas atuava esporadicamente em espaços como o Scarllaty Club, de Carlos Ferreira, no Príncipe Real."

“Tenho perto de 300 fotografias do António, quase todas as que existem dele, mas correspondem apenas a dois anos e meio, os dois últimos anos e meio de vida”, recorda Teresa Couto Pinto. “Eu estava mais à mão, porque era amiga, andava sempre com a máquina fotográfica atrás e ele gostava das fotos que eu ia fazendo. Foi por isso que trabalhámos juntos”, acrescenta. Esses retratos que ora pareciam surrealistas ora remetiam para a pintura clássica vão em breve aparecer em livro, com provável publicação no fim deste ano e vários inéditos incluídos.

“Para já, não quero falar muito sobre o livro, para não criar expectativas”, diz a fotógrafa. “Estive estes anos todos sem publicar as fotos, por isso, não tenho pressa. Vai ser um livro de grande formato, um ‘coffee table book’, mas terá de sair num momento em que tenha visibilidade própria, para não estar associado a outros projetos. Acho que só me vou sentir em pleno, no que às fotos do António diz respeito, quando lançar o livro, porque conseguirei reabilitar um pouco a imagem dele. Digo reabilitar porque quem hoje faz filmes ou peças de teatro sobre ele não o conheceu bem, ou não o conheceu de todo, e tem uma ideia que não corresponde à realidade. Inventa-se um pouco. Já vi porem uma personagem do António a comer uma lata de sardinhas com um garfo, quando ele jamais faria isso. Punha a mesa nem que fosse para comer pão com queijo. Era uma pessoa muito delicada e sensível”, conta Teresa Couto Pinto.

António Variações, por Teresa Couto Pinto

Conheceram-se em Lisboa em 1976, na loja Parafernália, da Rua Castilho, onde Teresa trabalhava. Passaram a conviver à noite no Bairro Alto. António era ainda cabeleireiro, não tinha iniciado a carreira musical, mas atuava esporadicamente em espaços como o Scarllaty Club, de Carlos Ferreira, no Príncipe Real. “O meio era muito pequeno, as pessoas cruzavam-se todas. Jantávamos juntos e frequentávamos os mesmos ambientes, ambos conhecíamos o Manuel Reis”, dono de uma loja de decoração na Travessa da Queimada, depois fundador do restaurante Pap’Açorda, do bar Frágil e da discoteca Lux. “O António e o Manuel Reis foram dois príncipes da noite, dois self-made men, extremamente educados e cultos, donos de uma cultura autodidata. Eram pessoas interessadas, criativas, sobretudo muito sensíveis e de bom gosto.”

As novas imagens do filme biográfico sobre António Variações

Teresa levava a máquina fotográfica para todo o lado, exceto nas saídas noturnas, e sempre que surgia uma oportunidade fotografava o amigo, prestes a tornar-se famoso. “Podia ser no salão onde ele trabalhava, num café, fotografávamos onde calhasse. Por isso é que todas as fotos são com luz do dia, luz que vinha da janela, por exemplo. Não usei iluminação de estúdio. Não tinha pretensões a ser fotógrafa, mas tinha sido casada com um diretor de fotografia e cheguei a trabalhar em cinema, portanto, tinha esse interesse e ia fazendo. Naquela época não havia telemóveis, claro, e nem toda a gente andava com uma máquina fotográfica. Como tínhamos bastante confiança e à vontade um com o outro – no fundo, pensávamos da mesma maneira –, ele acabou por me convidar para trabalharmos juntos. Eu sabia o que o António queria em termos de imagem e ele sabia o que eu poderia dar, não precisávamos de nos explicar muito.”

O momento em que Tóli César Machado conheceu o cantor pessoalmente ainda hoje está presente. “Foi num hotel, penso que em Carcavelos. Combinou-se um encontro com o António, que levou um gravador de cassetes com as suas gravações, para nos mostrar. Ele cantava só com uma caixa de ritmos, uma Casio que parecia uma máquina de calcular, e fazia assim as maquetes.”

Foi assim que no início da década de 80 Teresa largou a companhia de seguros Império, onde desempenhava tarefas sem criatividade, e iniciou um percurso que duraria apenas dois anos e meio, durante o qual fixou para a eternidade o génio visual do artista minhoto. “Fiz um bocadinho de tudo. Além das fotos, organizava e vendia os espetáculos, quase tudo festas de emigrantes, que era o que existia na altura. Os espetáculos eram em playback, porque o som ao vivo não tinha qualidade. Nem se fazia de outra maneira naquela altura. Curiosamente, tenho poucas fotos do António ao vivo, porque entretanto fui mãe e não tinha hipótese de viajar com ele e estar em todos os concertos.”

Ninguém se zangou em estúdio

Era conhecido pelas opiniões fortes e até por um certo mau feitio, mas da gravação do primeiro disco chegam relatos de um António Variações de bom trato. Desse registo de estúdio saíram clássicos como “É Pr’Amanhã”, “O Corpo é Que Paga” ou “Voz Amália de Nós”. Nos Estúdios da Valentim de Carvalho, em Paço de Arcos, esteve do princípio ao fim Tóli César Machado, fundador dos GNR em 1980 (com Alexandre Soares e Vítor Rua). “Fiquei supercontente por ter feito aquele trabalho, por ter trabalhado com o António, mas só tive noção disso mais tarde”, recorda agora. “Na altura percebi apenas que ele era um tipo muito à frente.”

Vítor Rua também entrou como produtor, mas saiu a meio e deu a vez a Moz Carrapa. Tóli César Machado acabou por ter créditos como coprodutor e músico, tendo tocado bateria e piano. Quando hoje ouve alguns temas, “Linha-Vida” ou “Onda-Morna”, que não são dos mais conhecidos, emociona-se “um bocado”.

[“É Pr’Amanhã”:]

Natural do Porto, onde vivia, Tóli deslocava-se a Lisboa naquele tempo com alguma frequência, por razões de trabalho, e além dos seus próprios projetos entrava como produtor em trabalhos de outros, o que era habitual: arranjos, produção, instrumentos. Foi parar às sessões com Variações a convite de Francisco Vasconcelos, diretor da Valentim de Carvalho, que terá achado que ele e Vítor Rua seriam as pessoas indicadas, mesmo tendo ainda pouca experiência. “As maquetes do António pediam alguma criatividade na gravação e terão visto isso em nós. O António já tinha publicado um single, de que eu gostava muito [“Estou Além”, “Povo Que Lavas no Rio”], mas estava bem feito demais, tinha um som muito limpo.”

O momento em que conheceu o cantor pessoalmente ainda hoje está presente. “Foi num hotel, penso que em Carcavelos. Combinou-se um encontro com o António, que levou um gravador de cassetes com as suas gravações, para nos mostrar. Ele cantava só com uma caixa de ritmos, uma Casio que parecia uma máquina de calcular, e fazia assim as maquetes.”

Comprava tecidos, recorria à modista, ia à Feira da Ladra à procura de acessórios, não se fazia rogado em usar peças associadas ao sexo feminino, como uma liseuse, espécie de casaquinho de senhora, que Teresa Couto Pinto lhe vendeu em 1976 na loja de roupa em que trabalhava, momento em que se fizeram próximos.

Na memória de Tóli ficou também “um tipo de trato fácil, educadíssimo, que sabia perfeitamente o que queria”. Não tinha formação na área e, no entanto, dava indicações muito claras aos músicos. “Lembro-me perfeitamente de estar a tocar uma coisa na bateria e de ele dizer que não gostava muito, se eu podia fazer outro ritmo. Sabia o que queria, mas também aceitava as ideias dos outros. Fartei-me de dar ideias para aquele disco. Às vezes, nas gravações, os músicos desentendem-se, há desaguisados, quase nem se falam, mas com ele as coisas correram muito bem. Talvez a produção tenha sido mais ingénua do que no segundo álbum, ainda assim, é um disco feliz.”

Anjo da Guarda viu a luz do dia em março de 1983 e Tóli afastou-se depois um pouco, até porque os GNR estavam num período conturbado com a saída de elementos e novas entradas. Só depois da morte de Variações é que começou a aperceber-se da dimensão histórica do registo. “Tenho algum pudor em voltar a ouvir discos que gravo, mas por acaso peguei há dias neste primeiro álbum do António e ainda acho que algumas coisas que ali fiz estão bem feitas. Foi uma sorte ter estado ali com ele.”

[“Anjinho da Guarda:”]

Se o álbum de estreia surgiu depois de grande indecisão da editora, com quem o cantor tinha assinado contrato em 1978, o segundo, Dar & Receber, saiu por insistência do próprio, já que a Valentim de Carvalho queria adiar a edição devido aos problemas de saúde do cantor, segundo Jaime Rodrigues Ribeiro, irmão de António Variações e representante dos herdeiros. Mas “ambos são clássicos da música portuguesa”, no entender de Tóli César Machado.

O segundo registo de estúdio teria como músicos Carlos Maria Trindade, Paulo Pedro Gonçalves, António José de Almeida, Paulino Vieira e Pedro Ayres Magalhães, além dos convidados Eugénia Lima, no acordeão, e Jorge Fontes, na guitarra portuguesa. “Canção de Engate” aparece aí, com a voz a acusar alguma debilidade. “Esse tema é um estoiro, será a coisa mais imediata dele. Claro, passa pela produção, que está muito bem feita, mas a canção é dele e é extraordinária”, analisa Tóli César Machado.

Rede de capoeira numa festa pós-moderna

Não era raro que o artista se apresentasse à amiga Teresa Couto Pinto com uma indumentária nova. “Chegava e dizia: ‘Olha, estou roupa veio agora da costureira’. Ele era um bocadinho narcisista, como todos os artistas são, e de cada vez que vinham peças nova, vestia-as logo.” As lojas de pronto-a-vestir eram já muito comuns em Lisboa, mas António Variações recusava os modelos que todos os outros também iriam usar. Ainda a biografia escrita por Manuela Gonzaga: “Ia trabalhar de botas cardadas ou de pantufas de feltro com fecho éclair ao meio, que se vendiam nas feiras para as pessoas usarem por casa” e “atravessava os dias com o seu ar de Leonardo da Vinci, de boina carmim, camisola interior, calças largas, em balão, de roupão de inverno, aos quadrados, usado como sobretudo, mais o bigode descolorado e a barba noutro tom”. No fim da década 70, “não havia mais ninguém em Portugal que ousasse vestir assim”, um “espetáculo público, gratuito e fascinante” ou então “afrontoso, para os mais preconceituosos.”

Foto de Rui Renato que fez a capa do álbum “Ano da Guarda”

Comprava tecidos, recorria à modista, ia à Feira da Ladra à procura de acessórios, não se fazia rogado em usar peças associadas ao sexo feminino, como uma liseuse, espécie de casaquinho de senhora, que Teresa Couto Pinto lhe vendeu em 1976 na loja de roupa em que trabalhava, momento em que se fizeram próximos. “De dois lenços transparentes atados ele fazia uma camisa. Se via um modelo de gostava, mandava copiar na costureira, tinha blusões da tropa em vários feitios, em vários tecidos, íamos muitas vezes comprar a lojas em Peniche, aqui e ali”, recorda. “Ele não seguia modas, ditava as modas, como se costuma dizer. Para já, naquela época a roupa era toda muito cinzenta. Nos anos 70, depois do 25 de Abril, as pessoas usavam todas calças de bombazine, t-shirts, casacos de feltro. Só depois é que começaram a surgir os criativos, como a Manelinha Gonçalves e o Carlos Gonçalves, o irmão. Toda a essa panóplia de gente intelectual, artistas, estetas, pintores, escultores.”

Teresa Couto Pinto é muitas vezes descrita como manager e consultora de imagem de Variações, mas desvaloriza o título, admitindo que muitas vezes o aconselhou. Foi assim quando se preparavam para uma festa temática sobre o pós-modernismo, organizada em 1983 na Sociedade de Belas-Artes, na Rua Barata Salgueiro, em Lisboa, no âmbito do ciclo de exposições “Depois do Modernismo”, que Luís Serpa então coordenou.

“Ele queria ir vestido com uma rede de capoeira, mas não sabia bem o que haveria de pôr com aquilo. Queria por dobradiças e fechaduras e eu é que o aconselhei. Era assim que surgiam as ideias, um palpite aqui, outro palpite ali”, relata amiga.

Variações nas ruas de Lisboa

Através do livro de Manuela Gonzaga António Variações: Entre Braga e Nova Iorque, editado em 2006 e republicado em 2018 em versão revista e aumentada, único trabalho biográfico de fundo sobre o cantor, podemos hoje reconstruir a sua geografia lisboeta. A rua foi um dos espaços decisivos na vida de António Variações porque lhe serviu, por muito tempo, como palco para ensaiar a personagem pública que hoje conhecemos. Isso mesmo afirmou em 1983 numa entrevista a Rui Monteiro, citada pela biógrafa. “Era uma fuga à frustração de não ser músico e uma defesa contra a timidez.”

Também entre viagens, por volta de 1976, quando Isabel Queiroz do Vale abre no Centro Comercial Imaviz um salão de cabeleireiro que ficaria célebre, António junta-se ao projeto – é na Avenida Fontes Pereira de Melo. Em 1978, vai trabalhar para o Baeta, no centro comercial da Praça de Alvalade. E no número 70 da Rua de São José abre a própria barbearia, Pró Menino e Prá menina, em 1979.

António Joaquim Ribeiro chega à capital em janeiro de 1956, com 12 anos cumpridos em dezembro, e vai morar num quarto alugado no número 167 da Rua do Vale de Santo António, entre Santa Apolónia e a Graça. Começou por trabalhar numa mercearia, tal como muitas crianças da mesma idade que à época saíam da terra em direção a Lisboa. Dos dez irmãos de António, três já o tinham feito.

Mantém-se naquela rua íngreme e soalheira até pelo menos meados da década de 60. Decide estudar à noite na Escola da Voz do Operário e frequenta a Feira da Ladra, ali a dois passos, escreve a biógrafa. Na década seguinte, passa temporadas fora do país, em Londres e Amesterdão, e por algum tempo terá estado num quarto alugado no início da Avenida da Liberdade, quando se sobe. Entre viagens, exerce como cabeleireiro (ou barbeiro, assim preferia dizer) num salão na Parede, concelho de Cascais. Depois, conhece numa praia da Costa da Caparica Fernando Ataíde, com quem irá namorar e que lhe arranjará trabalho no famoso Salão Ayer. Passam a viver juntos na Avenida Infante Santo até ao fim da década.

Manuela Gonzaga: “Era impossível não amar António Variações”

Também entre viagens, por volta de 1976, quando Isabel Queiroz do Vale abre no Centro Comercial Imaviz um salão de cabeleireiro que ficaria célebre, António junta-se ao projeto – é na Avenida Fontes Pereira de Melo. Em 1978, vai trabalhar para o Baeta, no centro comercial da Praça de Alvalade. E no número 70 da Rua de São José abre a própria barbearia, Pró Menino e Prá menina, em 1979.

Chegados à década de 80, já com a carreira a despontar, mora na Rua Gonçalves Crespo. Em 1982, é aí que Manuela Gonzaga o entrevista pela primeira vez, para o jornal “Música & Som” – onde assinava entrevistas feitas à hora de almoço, à mesa com os artistas mais conhecidos de então. António Variações tinha publicado no ano anterior o máxi-single “Estou Além”, que incluía uma versão de “Povo que Lavas no Rio”, de Amália Rodrigues (com direção musical e produção de Pedro Ayres Magalhães e Carlos Maria Trindade).

[“Estou Além”:]

“O nosso diretor, Artur Duarte Ramos, pediu-me para ir entrevistar o António e a minha primeira reação foi achar que não tinha interesse nenhum. Pensei: ‘Vou detestar falar com um cabeleireiro que canta Amália.’ Todos somos preconceituosos, por isso é que muitas vezes entendo a raiz do preconceito”, lembrou a jornalista ao Observador, numa entrevista de 2018 a propósito da reedição do livro biográfico. “Lá fui a casa dele. Quando aquele ser me abre a porta, fiquei absolutamente desarmada. Aquela casa, o avental dele que era igual à toalha de mesa, os pratos das Caldas, as cores, os objetos considerados de mau gosto… A certa altura, comecei a rir, levámos o almoço todo a rir, com as lágrimas a caírem pela cara. A decoração daquela casa, com aquele critério, com aquele bom gosto, aquilo era um happening.”

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