Ações não são mais do que fatias de uma empresa, uma percentagem do seu negócio. E se é verdade que, quando falamos na Google, por exemplo, a fatia pode ser muito pequenina, também é verdade que nos dá direito aos lucros que a empresa tiver no futuro. “É uma parte do negócio”, explicou Emília Vieira, fundadora e CEO da Casa de Investimentos. “Nas empresas grandes, cotadas, somos donos de uma pequena parte, mas que vai crescer na mesma proporção da dos maiores acionistas, que na maioria das vezes são famílias, como em muitas das empresas que temos em carteira”. A Amazon tem em Jeff Bezos o detentor da maior fatia de capital, enquanto a Google é detida por Sergey Brin e Larry Page. “Não deixam de ser negócios familiares, só que gigantescos”.
A avaliação profunda e criteriosa das empresas onde investir
Emília Vieira admite que, na componente de ações, é fundamental uma avaliação profunda das respetivas empresas. “Para avaliar as ações, para nos desligarmos da necessidade de adivinhar o ciclo – e inerente à filosofia de investimento em valor – precisamos de fazer uma análise, precisamos de compreender o negócio”. Ou seja, entender de que forma a empresa ganha dinheiro, como funciona o negócio subjacente. Depois, esclarece Emília Vieira, há que analisar as suas vantagens competitivas, definidas como o ‘moat’, ou fosso, que protege a empresa dos seus concorrentes, permitindo-lhe ter ganhos acima da média de mercado. “Na Idade Média, havia o fosso que protegia o castelo dos inimigos. Na economia, a analogia é a empresa ter um conjunto de vantagens competitivas, seja pela força da marca (como a Apple, a Google ou a Johnson & Johnson, por exemplo), pela dominância que tem no seu setor ou efeito de rede…”. Ou seja, a vantagem competitiva que permite à empresa distinguir-se favoravelmente dos concorrentes faz com que a empresa produza retornos acima da média. “Quando analisamos o negócio, o que queremos é ver se a empresa tem condições de manter [as vantagens competitivas] duradouras”.
Outro aspecto enfatizado por Emília Vieira, é a necessidade de o investidor estar atento à força do balanço da empresa, ou seja, se não está demasiado endividada ou com dificuldade de acesso a liquidez. “Uma empresa como a Google tem mais de 130 mil milhões em dinheiro no seu balanço, o que é impressionante”.
A executiva abordou ainda neste episódio as denominadas avenidas de crescimento. Dando o exemplo das tecnológicas, que tendem a não pagar dividendos, uma vez que estão permanentemente a investir, Emília Vieira assumiu que gosta dessas empresas. “Ao reinvestirem os lucros, tendo boas avenidas de crescimento e conseguindo aplicar o dinheiro a retornos elevados, criam a melhor forma de não interromper o ciclo de rendimento composto”.
A qualidade e incentivos da gestão foram igualmente abordados neste episódio. “Os gestores têm interesse no capital? São pagos em ações? O pagamento da remuneração está estendido no tempo? Não queremos ver gestores a tomarem decisões trimestrais. Queremos gestores a tomarem decisões a cinco, 10 ou 20 anos”. Ou seja, Emília Vieira defende que o ideal é que os gestores tomem as suas decisões tendo em conta uma estratégia a longo prazo.
Saiba mais em Save & Grow by Casa de Investimentos