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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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Por entre chuva de críticas ao Governo, PS rejeita ónus de provocar instabilidade. "Temos de ser pacientes"

Socialistas não querem fazer destas eleições motivo para uma queda do Governo, mas dizem que vitória corrigiria "arrogância" da AD. César pede paciência. E acusações de despesismo entram na campanha.

As críticas ao Governo invadem a campanha do PS em força, à medida que os dias passam rumo à reta final destas europeias. Ainda assim, o PS tenta agora ser cuidadoso e focar o discurso: consciente de que as críticas constantes à “campanha permanente” do Governo de Luís Montenegro podem ser confundidas com uma vontade de fazer o Executivo cair, colando ao PS uma ideia de instabilidade, o partido tenta agora explicar que quer acima de tudo, sim, vencer as europeias — mas para corrigir a “arrogância” da AD e alterar o rumo da governação nesta legislatura.

As referências à governação de Luís Montenegro têm sido constantes, tão constantes como a presença de Pedro Nuno Santos na campanha, sempre disponível para malhar no Executivo — sobretudo enquanto se vão conhecendo medidas e intenções do Governo, incluindo o novo plano para a imigração, que fazem os socialistas levantar o sobrolho e falar num “timing” que não será inocente. Não são poucos os nomes do PS que vão passando pela campanha europeia, mas apontando a mira diretamente à governação nacional.

No entanto, esta terça-feira ficou claro que o PS quer que haja uma leitura nacional sobre estas eleições e as posições em que PS e AD se encontram — o que não significa que queira pedir a cabeça de Montenegro no minuto em que este, hipoteticamente, perca as eleições; o significado de uma vitória do PS nas europeias significaria sobretudo um desgaste da AD e um reforço da energia socialista.

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Num comício em Guimarães, Pedro Nuno Santos desenhou uma espécie de guião sobre a forma como quer que a sua liderança, e a sua ação no Parlamento, seja lida. Se é certo que o PS tem conseguido fazer aprovar, com os votos da esquerda e do Chega, uma série de medidas contra a vontade do Executivo, Pedro Nuno fez questão de recuar e ir buscar os momentos em que alinhou com o PSD — para superar o impasse relativo à eleição do Presidente da Assembleia da República, por exemplo — para mostrar que o PS “não é uma força de bloqueio”. Mas tem uma “visão do país” e promete “continuar a lutar por ela”.

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Depois, passou ao guião de leitura que o PS quer distribuir sobre os futuros resultados destas legislativas: uma vez que o PS “só quer poder participar e ser ouvido”, e que acusa o Executivo estar mais focado em combater a oposição do que em governar, o líder socialista faz agora votos de que estas eleições ponham fim à forma como o Governo “ignora o Parlamento”. E se as eleições são para a Europa, Pedro Nuno diz que também se votará “por uma forma de estar na política e na sociedade”.

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Carlos César, que com frequência faz o papel de voz da consciência do PS, foi ao mesmo comício deixar a mensagem de uma forma ainda mais clara, chegando mesmo a pedir “paciência nesta eleição” ao PS: “Agora é o tempo das europeias. Quando for tempo disso, serão as eleições para o novo Governo, que esperamos ser do PS. Temos de ser pacientes”. Gelo nos pulsos, esperar pelo tempo certo e não embarcar em entusiasmos exagerados antes do tempo — apesar de até ter sido o líder do PS a lançar, na pré-campanha, a ideia de que o objetivo seria “ganhar na Europa para logo a seguir ganhar Portugal”, e de no PS não faltarem dirigentes que acreditam que o Governo está numa situação periclitante e em risco de queda a qualquer momento.

Ainda assim, neste momento o foco tem de estar nas europeias, com as leituras que daí vierem a ficarem para depois. César, que tinha aparecido na arruada da tarde, em Braga, já a pedir uma vitória socialista que traga uma dose de humildade à AD, fez questão de deixar o recado completo em Guimarães: “É bom lembrar que o voto na AD não é um voto nem na estabilidade nem na instabilidade — é uma má escolha para a Europa mas pode ser também um indesejável suplemento de arrogância para o Governo português”.

Os dirigentes socialistas escreveram, assim, uma espécie de bula sobre os efeitos secundários que o resultado das europeias pode desencadear — para o bem e para o mal. César acabaria por seguir o mesmo raciocínio de Pedro Nuno — descreveu um Governo que gosta mais de fazer propaganda do que de governar, mais focado em “desvalorizar a oposição” do que em “valorizar a governação”, que não deve ter “roda livre” no Parlamento. E assegurou sempre que o PS sabe que o seu papel não é governar a partir da Assembleia da República, caso dúvidas houvesse.

No partido está presente, sobretudo, uma prioridade muito clara: é preciso desfazer a ideia de que o PS quer ativamente provocar instabilidade. Por isso, e mesmo que Pedro Nuno Santos até vá insinuando os pacotes de medidas que a AD vai apresentando o vão afastando de cada vez mais do Governo (e do próximo Orçamento do Estado?), a regra é não cair no erro de oferecer esse trunfo à AD — por alguma razão, horas depois do comício em Guimarães, Sebastião Bugalho acusava o PS de ter “a instabilidade como fim”.

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O futuro primeiro-ministro, segundo César. E o guião das críticas à AD

As referências ao significado destas eleições vão, assim, variando na formulação, mas pouco no conteúdo: são importantes, podem vitaminar o PS, mas, como resumia César a partir do palco vimaranense, esta “é uma eleição importantíssima para a Europa, mas não por causa das próximas eleições legislativas, que havemos de vencer — porque não misturamos alhos com bugalhos”. Ao mesmo tempo, o presidente do partido insistia que o país beneficiaria em ter Pedro Nuno como primeiro-ministro — “e vai sê-lo”, assumia. O PS só não sabe arriscar quando.

O resto dos últimos dias do PS têm consistido, no que toca à intervenção de outros protagonistas — uma vez que a cabeça de lista, Marta Temido, continua focada sobretudo nos temas europeus e no ataque à AD ao nível da candidatura europeia — numa chuva variada de críticas ao Executivo de Luís Montenegro, mas com alguns pontos em comum.

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Uma das críticas mais populares será aos moldes da redução de IRS, e do IRS Jovem, que foi sendo criticada por figuras como Francisco Assis, Augusto Santos Silva, Alexandra Leitão ou Pedro Nuno Santos. Mas no iníco desta segunda semana acrescentou-se um segundo passo a este raciocínio: além de o PS acreditar que o desenho da medida é injusto e beneficia os mais ricos, acrescenta-lhe acusações de despesismo, lembrando que o IRS Jovem significará uma perda de receita de mil milhões de euros.

Se Pedro Nuno Santos se queixou da falta de escrutínio às contas das medidas da AD e concluiu que o Governo já está a desenhar o próximo Orçamento do Estado, Santos Silva subiu o tom e chegou a falar num “risco de desequilíbrio orçamental”. E esta terça-feira também Temido disparou: “Quando nos preocupámos em fazer o país avançar e manter as contas certas não foi para que se corresse o risco de desbaratar o legado”. A defesa do património das contas certas voltou a marcar a campanha. E mesmo fora dela, o PS carrega no discurso: esta terça-feira de manhã, o dirigente António Mendonça Mendes avisava, “com grande preocupação”, na rádio Observador que o país “não tem mil milhões de euros” para gastar com o IRS Jovem.

Outras críticas recorrentes são à constante apresentação de novas medidas: Leitão chamou-lhe uma “torrente” de anúncios, Pedro Nuno resume-as repetidamente a “Powerpoints” com pouco conteúdo e novidade, que servem para o Governo mostrar que se está a mexer. Aplicou essa crítica ao plano para a imigração, ainda que apontando a sua preocupação com a eliminação da figura de manifestação de interesse, que acredita que contribuirá para aumentar a imigração ilegal. E aplicou-a também ao novo plano de emergência para a Saúde: quase no plano tudo é gestão corrente do SNS, argumentou, mas a orientação para os privados levará ao “definhamento” do serviço público.

Em resumo, para o PS este é um Governo que está em “campanha” frenética, a anunciar medidas atrás de medidas mas a resolver poucos problemas concretos, sobretudo os que afetam a “maioria esmagadora” das pessoas. E os socialistas pintam-se, é claro, do lado oposto deste quadro político: de partido que quer dialogar para resolver problemas concretos e que vai contra um muro no Parlamento. Uma coisa é certa: nenhum dos dois lados quer ficar com nenhum ónus da instabilidade, se esta vier a colocar-se numa legislatura que muitos não acreditam que vá até ao fim.

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