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Daily life in Lisbon amid COVID-19 pandemic
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NurPhoto via Getty Images

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Portugal já atingiu o pico da quinta vaga. Terá sido a 29 de janeiro, depois de os casos em crianças começarem a diminuir

Números máximos em Lisboa e no Norte, diminuição dos casos nas crianças e positividade a diminuir confirmam que Portugal já passou pelo pico no fim da semana passada.

Portugal já ultrapassou o pico de novos casos da quinta vaga, confirmaram ao Observador os especialistas que têm acompanhado a pandemia de Covid-19: foi no fim da semana passada, a 29 de janeiro, quando se registaram quase 56 mil casos diários em média.

Os números da próxima quarta-feira ainda deverão ser superiores aos perto de 51 mil anunciados esta tarde, mas há três dias consecutivos em que os números de casos diários são inferiores aos registados nos mesmos dias da semana passada. É um sinal de que a quinta vaga não só entrou numa fase de estabilidade, como que a onda de novos casos já começou a decrescer.

A redução no número de novos casos foi apontada ao Observador por Fernando Batista, professor e investigador do Instituto Politécnico de Leiria, que tem monitorizado as vagas de Covid-19 em Portugal. O especialista apontou o dia 29 de janeiro como o pico da pandemia, altura em que a média a sete dias foi de 55.756 casos: o ponto de inflexão, aquele em que a curva começa a dar sinais de estabilidade, com os números a aumentar cada vez menos, atingiu-se entre 22 e 23 de janeiro. “A curva é um seno [um gráfico cuja linha é semelhante a um sino] e o ponto de inflexão costuma estar a dois terços da altura”, explicou Fernando Batista.

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Entre as crianças até aos nove anos, principal motor da quinta vaga e fonte dos contágios que se alastraram para as outras faixas etárias, a incidência sofreu uma queda de 12% nos últimos cinco dias, indiciando já a chegada do pico geral.

Mas a descida do número de casos gerais é apenas uma das manifestações da ultrapassagem do pico. Entre as crianças até aos nove anos, principal motor da quinta vaga e fonte dos contágios que se alastraram para as outras faixas etárias, a incidência sofreu uma queda de 12% nos últimos cinco dias, indiciando já a chegada do pico geral, apontou Óscar Felgueiras, matemático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, ao Observador — um passo necessário para que toda a onda de novos casos começasse também a decrescer. Se até agora foram elas, à conta da reabertura das escolas e à explosão de casos em contexto escolar, que ditaram o tom da subida de casos, também serão elas a liderar o ritmo com que a pandemia vai decrescer.

Nas outras faixas etárias, também já se regista a passagem de uma estabilização para uma verdadeira descida de casos. Só não está a acontecer ao mesmo tempo que na faixa etária das crianças: o pico nas outras faixas etárias não será coincidente com o pico nas crianças porque a subida também iniciou mais tarde. A única exceção são os grupos etários a partir dos 70 anos, onde as incidências são mais baixas — porque é um dos grupos populacionais mais protegidos por causa da sua vulnerabilidade em caso de infeção —  mas vão continuar a aumentar antes de iniciarem finalmente uma descida. Os idosos foram os últimos a reagir à subida dos casos e serão os últimos a reagir à redução deles.

Só há três regiões a empurrar a incidência para cima — Centro, Algarve e Açores —, mas o impacto delas é pouco. As regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, as que têm mais influência, já ultrapassaram os picos entre os 25 e os 29 de janeiro.

Embora admita que o pico “ainda não está muito definido numa só data” e que a descida é “uma tendência que se começa a desenhar”, Óscar Felgueiras afirma que o pico da infecciosidade — isto é, o dia em que mais novas pessoas se contagiaram com o SARS-CoV-2 — já foi ultrapassado numa janela temporal centrada no dia 25 de janeiro. E o pico de diagnósticos também: “O índice de transmissibilidade tem sempre um atraso, mas já deve estar a baixar para menos de 1”, prosseguiu o especialista.

Carlos Antunes, engenheiro da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, confirma isso mesmo: o pico de casos costuma ser sinalizado numa altura em que o R(t) ainda não atingiu 1 — o ponto de estabilização em que o número de novos infetados não aumenta, nem diminui — porque esse indicador tem um atraso de três a quatro dias. Só há três regiões a empurrar a incidência para cima — Centro, Algarve e Açores —, mas o impacto delas é pequeno. As regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo, as que têm mais influência, já ultrapassaram os picos entre os 25 e os 29 de janeiro.

Só há um aspeto em que os três peritos discordam: a rapidez com que os novos casos vão diminuir daqui para a frente. Carlos Antunes não acredita numa “descida abrupta” e defende que Portugal Continental vai viver o mesmo que está a acontecer na Madeira. Fernando Batista e Óscar Felgueiras acreditam que a descida será rápida. “A situação em que estamos agora é insustentável porque deixa de haver pessoas para infetar. Quanto mais alto se está, mais se cai”.

E a positividade, uma métrica que indica quantos casos positivos são detetados em cada 100 testes realizados em Portugal, também está a diminuir, aponta Carlos Antunes. Isso significa que o ritmo a que as autoridades de saúde estão a detetar os casos positivos está a ser igual ou superior à velocidade com que a infeção percorre a população.

Só há um aspeto sobre o qual os três peritos discordam: a rapidez com que os novos casos vão diminuir daqui para a frente. Carlos Antunes não acredita numa “descida abrupta” e defende que Portugal Continental vai viver o mesmo que está a acontecer na Madeira: uma redução mais lenta do que foi a subida, com os casos a demorarem 18 dias a passarem para metade. A variação não estará acima dos 7% por dia.

Fernando Batista e Óscar Felgueiras acreditam, porém, que a descida será rápida. “A situação em que estamos agora é insustentável, porque deixa de haver pessoas para infetar. Quanto mais alto se está, mais se cai”, defendeu o matemático da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. A questão é que, para Carlos Antunes, há mais interrogações que certezas nessa tese: não só a nova variante é mais transmissível, como tem a capacidade de infetar mesmo quem está totalmente vacinado ou já recuperou de outras infeções.

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