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Hulton Archive/Gareth Copley/Arthur Edwards - Getty Images

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Prata, ouro e diamante: a história dos jubileus que encheram as ruas em homenagem a Isabel II, a "rainha do povo"

Eventos de rua, cortejos no Tamisa e até atuações no cimo do Palácio de Buckingham fizeram parte dos jubileus. Mas também mortes, sustos de saúde e uma música assombraram os gloriosos dias da rainha.

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(Este artigo foi inicialmente publicado em janeiro de 2022. É atualizado agora após a morte de Isabel II esta quinta-feira, 8 de setembro de 2022)

Brian May a tocar o hino nacional no topo do Palácio de Buckingham, príncipe Carlos a chamar “mommy” à monarca perante a atenção do mundo e milhares de pessoas nas ruas para ver uma rainha passar, em 1977, 2002 e 2012. Isabel II foi a monarca britânica há mais tempo no trono e celebrou o Jubileu de Platina este ano. Mas antes disso, outros três fizeram história e foram determinantes para a construção e manutenção de uma tão precisa popularidade real.

Jubileu de Prata (1977): carruagem de ouro, multidões sem precedentes e a canção que enfureceu a rainha

A realeza tem um certo apreço por festas populares, não há como o negar. O primeiro monarca britânico a assinalar os 50 anos no trono de maneira significativa foi Jorge III (1738-1820), seguido da rainha Vitória (1819-1901). Mas foram os 25 anos de reinado de Jorge V (1865-1936), avô da atual monarca, os primeiros a serem publicamente celebrados, talvez com intuito de animar a população numa altura de “depressão económica e ameaça renovada de uma guerra mundial”.

O entusiasmo de 1977, porém, confirmou como nunca o caso de amor entre um país e uma monarca. Uma carruagem de sonho, centenária e banhada a ouro, milhões de pessoas nas ruas com bandeiras em riste e uma rainha tingida de cor de rosa da cabeça aos pés — o mesmo tom alegre e vivo que curiosamente levou ao Jubileu de Prata do avô — ajudam a contar a história. E tantos anos depois, as imagens subsistem. Os 25 anos de ascensão ao trono de Isabel II foram assinalados a 6 de fevereiro, mês que ficou marcado por diversos serviços religiosos, mas um aniversário que a protagonista optou por celebrar em Windsor na companhia e privacidade da família. As grandes e festivas celebrações estariam reservadas para o inesquecível verão de 1977.

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Foi durante esse ano que Isabel II embarcou numa tour de grandes proporções para atender ao desejo expresso de conhecer tantas das suas pessoas quanto o possível. A vontade traduziu-se num feito assinalável: nenhum outro soberano visitou tanto o território do Reino Unido num período limitado de três meses. As seis tours com o carimbo do jubileu levaram a monarca numa longa viagem por 36 condados. As visitas em casa arrancaram em Glasgow, a 17 de maio desse ano, e trouxeram para as ruas da cidade escocesa multidões inéditas. Continuaram depois por Inglaterra — em Lancashire, mais de um milhão de pessoas marcaram presença num só dia — e pelo País de Gales. Em agosto, Isabel II e o marido visitavam pela primeira vez em 11 anos a Irlanda do Norte, deixando mais de 30 mil polícias em sobreaviso durante a estadia de dois dias. No livro A Rainha: A Nova Biografia de Isabel II, outros ambientes de entusiasmo coletivo são descritos, quando na zona londrina de Cricklewood os bombeiros foram chamados para montar as 25 camadas do bolo do jubileu concebido por um eletricista local ao longo de seis meses. Ou quando em Bath Isabel II foi recebida com um banho de 500 mil pétalas de rosa, vindas dos jardins da cidade. Ainda em Fulham, as “bermas dos passeios foram pintadas de vermelho, branco e azul, e as fachadas das casas extravagantemente enfeitadas com bandeirolas”.

Royal Walkabout
Isabel II caminha entre as multidões em 1977, no Jubileu de Prata
Hulton Archive/Getty Images
Jubilee Crowd
A monarca é recebida por uma enchente de pessoas no norte de Londres, ainda em 1977
Hulton Archive/Getty Images
Jubilee Queen
De rosa, verde e azul, mas sempre diante dos súbditos
Graham Wiltshire/Getty Images
Queen In Australia
Isabel II em Brisbane, na Austrália
Tim Graham Photo Library via Get

Para fora, a monarca viajou para Samoa, na Polinésia, Austrália, Nova Zelândia, Tonga, Fiji, Tasmânia, Papua Nova Guiné, Canadá e ainda para as Índias Ocidentais (que dizem respeito às ilhas do Caribe denominadas Antilhas e Bahamas). Estima-se que o casal real (a monarca e o príncipe Filipe, que morreu em abril de 2021 aos 99 anos) tenham percorrido mais de 90 mil quilómetros. “Esta digressão de cerca de 90 mil quilómetros é a da reconquista. Se a monarquia não estava na melhor das formas em 1976, a imprensa, no ano seguinte, não pára de falar na ‘febre do jubileu’ e sublinha a excecional popularidade da soberana. ‘Ela teve uma história de amor com o país’, explica um dos conselheiros mais próximos que a acompanhou por todo o lado e pôde auscultar a emoção popular que se notava à sua passagem”, lê-se em Isabel II – Uma vida, um reino de Marc Roche.

O início de junho marcou o clímax das celebrações, quando a 7 desse mês multidões amontaram-se na avenida londrina The Mall para ver a rainha passar no Coche de Estado, em ouro, que não era usado desde 1953, o ano da coroação. Nesse mesmo dia, um serviço de Ação de Graças ocupou a Catedral de São Paulo com a presença de chefes de estado de todo o mundo, incluindo ex-primeiros-ministros do Reino Unido (ao todo foram 2.700 os convidados). A monarca, juntamente com alguns membros da família real, ainda almoçou no edifício Guildhall, onde fez um discurso que ficaria para a história ao relembrar o voto feito no passado, em 1947, quando aos 21 anos prometeu dedicar a vida ao serviço da nação: “Embora esse voto tenha sido feito quando eu ainda era muito jovem e o meu julgamento ainda não estava suficientemente maduro, não me arrependo nem retiro uma palavra ao que então disse”. E foi nas ruas que a dedicação da monarca foi devolvida.

Se pela televisão cerca de 500 milhões de pessoas acompanharam a procissão real, muitas outras aglomeraram-se nas ruas para estarem mais próximas da monarca — algumas estariam ali há horas a marcar o lugar, debaixo de um tempo incerto e chuvoso. Escreve o Daily Mail que o momento que capturou o espírito deste jubileu foi quando rainha caminhou junto à multidão que a aguardava no exterior da Catedral de São Paulo. Até então, Isabel II conseguira conter a emoção, mas foi perante os vários milhares de súbditos que deixou cair a guarda. “Está toda a gente feliz?”, perguntou a certa altura a um conjunto de espectadores. Antes que estes respondessem, apressou-se a desfazer qualquer dúvida: “Eu estou”. Mais tarde diria ainda: “Que dia bonito, temos muita sorte”. O passeio de Isabel entre a catedral e Guildhall, onde almoçaria e faria o tal discurso, era suposto durar exatamente 20 minutos, mas o entusiasmo ter-lhe-á feito perder a noção das horas e o tempo previsto quase duplicou num ápice. Isabel II chegara à catedral na pele de uma figura real distante no apego, trazida por uma carruagem dourada, mas dali saiu a “rainha do povo”. “Viemos aqui porque a adoramos”, alguém comentou. “Consigo senti-lo e significa muito para mim”, retribuiu a rainha.

Crowd hailing Queen Elizabeth II in her gilded state coach

O Coche de Estado (em ouro) a percorrer as ruas de Londres em 1977

Ken Goff/Getty Images

Momentos antes, cerca de 100 mil pessoas chamavam pela monarca no exterior do Palácio de Buckingham gritando “QUEREMOS A RAINHA!” — os cânticos tornaram-se em fervorosos aplausos assim que a família real se aproximou da famosa varanda. O sentimento era de regozijo nacional, com várias festas de rua a espalharem-se pelo país que nem cogumelos (só em Londres terão sido 4 mil). O evento que finalizou a semana central das comemorações consistiu num cortejo no rio Tamisa, com a última aparição da noite da rainha a ser depois da meia-noite, que terá sido empurrada para a varanda do palácio pela irmã, a princesa Margarida, de tão assoberbada que estava pela onda de afeto que lhe fora dirigida.

Apesar da admiração que terá apanhado a monarca de surpresa, o Jubileu de Prata — que, para os mais atentos, é destacado no final da terceira temporada da série “The Crown” — não se fez sem alguma polémica à mistura. 1977 foi também o ano em que o movimento punk colidiu com as celebrações da monarquia, com a banda inglesa Sex Pistols a lançar a 27 de maio, dias antes das grandes celebrações, o tema “God Save the Queen”segundo a BBC, a canção, que era uma crítica social a um país que atravessava momentos difíceis e ameaçava pôr de lado as gerações mais novas, polarizou tanto a sociedade britânica como o tema “Rock Around The Clock”, de 1955. Ainda hoje subsiste o rumor de que a música foi impedida de chegar ao número 1 do pódio musical; o certo é que alcançou o segundo lugar na semana dos 25 anos de ascensão ao trono, ficando atrás de Rod Stewart. Para a histórica fica ainda a tentativa da banda em atuar no rio Tamisa também durante o Jubileu.

"Aos vinte e um anos, dediquei a minha vida ao serviço de nosso povo e pedi a ajuda de Deus para cumprir esse voto. Embora esse voto tenha sido feito quando eu ainda era muito jovem e o meu julgamento ainda não estava suficientemente maduro, não me arrependo nem retiro uma palavra ao que então disse."
Discurso de Isabel II no Jubileu de Prata, que comemorou os 25 anos no trono

Jubileu de Ouro (2002): 50 anos no trono assombrados pelas mortes da mãe e irmã

Casamentos, divórcios e até funerais reais anteciparam as celebrações de mais um marco: 50 anos no trono, uma meta alcançada em 2002, dez anos depois do famigerado “annus horribilis” — Isabel II tornou-se, à data, a primeira monarca britânica desde a rainha Vitória a celebrar o Jubileu de Ouro. A década de 1990 que agora ficava para trás das costas fora tumultuosa, com o início do novo milénio a revelar-se mais simpático para a relação entre o povo britânico e a família real: em 2005, recorda o Canal História, a maioria do público apoiou o casamento do príncipe Carlos com Camilla Parker-Bowles (Diana, a princesa de Gales, morrera anos antes, no verão de 1997, vítima de um acidente rodoviário em Paris).

A dupla perda da irmã, a princesa Margarida, e da mãe, com poucas semanas entre si, foi uma nuvem constante a pairar sobre as celebrações: três dias depois da data que assinalara meio século no trono chegavam as más notícias. Já a madrugada ia avançada, no dia 9 de fevereiro de 2002, quando a princesa Margarida, quatro anos mais nova do que a monarca, foi levada do Palácio de Kensington para o hospital, onde haveria de morrer — mas, primeiro, Isabel II passou a noite em branco. Soube da morte da irmã com os filhos ao lado da cama. “Nos degraus da capela, ao ver o caixão de Margarida ser levantado no carro funerário, Isabel vacilou; com a mão enluvada de preto, enxugou as lágrimas. Em público, a Rainha acompanhava os assuntos do ano jubilar a decorrer; em particular, os seus pensamentos estavam voltados para Margarida”, segundo se conta no livro A Rainha: A Nova Biografia de Isabel II. Volvidos apenas três dias, Isabel e Filipe iniciavam um novo périplo pelas terras distantes da Commonwealth, partindo para a Jamaica, numa altura em que a monarca ligava diariamente à mãe, receando mais más notícias.

  • Queen Crying And Linley And Sarah
    A rainha deita uma lágrima no funeral da irmã, a princesa Margarida
    Tim Graham Photo Library via Get
  • Princess Margaret Funeral
    Um carro funerário com o caixão da princesa deixa a Capela de São Jorge no Castelo de Windsor, a 15 de fevereiro de 2002, a caminho do Crematório de Slogh
    Sion Touhig/Getty Images
  • Royals Follow Coffin
    O caixão da Rainha-Mãe nas ruas de Londres
    Tim Graham Photo Library via Get
  • Queen Mother Funeral / Queen Elizabeth II & Duke of Edinburgh
    Isabel II despede-se da mãe, que morreu a 30 de março de 2002
    PA Images via Getty Images

Na verdade, o luto não impediu a soberana de viajar quase 65 mil quilómetros, com paragens ainda na Austrália, Nova Zelândia, Canadá e até no Caribe (a contagem inclui a última tour do jubileu, em outubro, no Canadá). O modelo dos 25 anos no trono repetiu-se, com Isabel e o marido a calcorrearem o reino e a visitarem 70 cidades e vilas em 50 condados do Reino Unido em apenas 38 dias, entre maio e agosto — quase o dobro dos condados visitados em 1977 (no País de Gales visitou a estação de comboios com o maior nome do mundo, Llanfairpwllgwyngyllgogerychwyrndrobwllllantysiliogogogoch). As extensas tournées tanto em casa como na Commonwealth — além dos museus inaugurados e das cerimónias comemorativas nas catedrais de Glasgow, Belfast, Bangor e Manchester — resultaram num ano verdadeiramente intenso para o casal real em afazeres e obrigações.

No misto das celebrações e da agenda preenchida, a tristeza. Sete semanas distaram da morte da princesa Margarida até ao derradeiro adeus à Rainha-Mãe, que morreu a 30 de março, num sábado de Páscoa à tarde, já Isabel tinha regressado das visitas à Commonwealth— a monarca estava, aliás, ao lado da mãe aquando da morte desta. Poucos funerais foram planeados com tanto rigor e mais uma vez a multidão saiu à rua para apoiar a sua monarca duplamente enlutada. “O aplauso do povo fez jus à inscrição numa moeda comemorativa do Jubileu de Ouro: “amor populi praesidium reginae” (“o amor ao povo é a proteção da Rainha”)”, lê-se no livro acima citado.

Mais uma vez o foco central das comemorações foi o fim de semana do jubileu, de 1 a 4 de junho, que arrancou com um concerto de música clássica nos degraus do Palácio de Buckingham. Já na segunda-feira, dia 3, multidões assistiram a um outro espetáculo musical, desta vez com nomes sonantes a subir ao palco: desde Paul McCartney e Bryan Adams a Elton John e ainda Shirley Bassey (por esta altura já os Sex Pistols tinham desintegrado a banda, fora algumas reuniões esporádicas). Para a história ficou a performance de Brian May no topo do palácio, onde tocou o hino nacional britânico; o solo, acompanhado por uma orquestra, deixou milhares de pessoas nos jardins do palácio de olhos vidrados no céu. Estima-se que, através do pequeno ecrã, 200 milhões de pessoas em todo o mundo tenham assistido ao momento icónico — à data, o “Party at the Palace” foi considerado um dos concertos pop mais vistos da história. A noite terminaria com um espetacular fogo de artifício (foram necessárias 2.5 toneladas de material para o efeito) e com a rainha a acender um dos cerca de 2 mil archotes espalhados em cadeia por todo o Reino Unido e pela Commonwealth.

Queen Crowd Flags
Isabel II é recebida por multidões, em 2002
Tim Graham Photo Library via Get
Gold Coach Procesion
O Coche de Estado sai uma vez mais à rua
Tim Graham Photo Library via Get
Queen Sovereigns And Consorts
A monarca é anfitriã de uma festa com os congéneres soberanos reinantes da Europa
Tim Graham Photo Library via Get
Queen And Family Balcony
Do topo da famosa varanda do Palácio de Buckingham saúda cerca de um milhão de pessoas
Tim Graham Photo Library via Get

Do programa real fez ainda parte o serviço religioso na Capela de São Jorge, em Windsor, onde anos depois o príncipe Harry casaria com a norte-americana Meghan Markle, mas também o serviço de Ação de Graças na Catedral de São Paulo, agora em Londres, que sucedeu a habitual procissão cerimonial com origem no Palácio de Buckingham (também aqui rainha e marido viajaram a bordo do Coche de Estado). Da varanda, Isabel II foi recebida por uma multidão estimada em um milhão de pessoas, contrariando os receios da imprensa que temia o fracasso do jubileu. Posteriormente, o The Guardian falaria em “restauração real”, e a 5 de junho escrevia que era preciso “encarar os factos: “As celebrações do jubileu de ouro da rainha em 2002 foram, em todos os aspetos, mais bem sucedidas do que os organizadores temiam ou os críticos esperavam”. Feitas as contas, 3.521 meios de comunicação de mais de 60 países foram credenciados para cobrir o evento.

A somar a estas celebrações, 27 aeronaves sobrevoaram o palácio no culminar do fim de semana do jubileu, mas talvez o momento mais cool tenha sido a festa que 20 cientistas do British Antarctic Survey deram, mesmo perante uma temperatura de 20 graus negativos, lá está, na Antártica. No Castelo de Windsor, tal como aconteceu aquando das bodas de ouro de casada, a rainha ainda comemorou o jubileu com uma festa para os demais soberanos reinantes da Europa, isto é, o reis da Bélgica, Países Baixos, Espanha, Dinamarca, Noruega, Suécia e Luxemburgo; participou num jantar com cinco dos seus ex-primeiros-ministros e sentou-se à mesa com os governadores-gerais dos países da Commonwealth dos quais é rainha.

“De fevereiro a agosto, a rainha e o duque de Edimburgo viajaram pelo Reino Unido e pelo mundo, conheceram pessoas de todas as idades, religiões e nacionalidades, viajaram em inúmeros meios de transporte, realizaram inúmeras receções, festas no jardim e dois grandes concertos, e participaram em mais de 50 caminhadas. No entanto, também foi um momento muito triste para a rainha, que perdeu a sua mãe e a sua irmã em sete semanas”, leu-se no comunicado divulgado pelo palácio a 7 de agosto.

Golden Jubilee 2002

No seu discurso em Guildhall, a propósito do Jubileu de Ouro, Isabel II enumerou os sentimentos que nutria pelo seu país: “Gratidão, respeito e orgulho, estas palavras resumem o que sinto pelas pessoas deste país e da Commonwealth — e o que este Jubileu de Ouro significa para mim”. Sobre mais um jubileu, o príncipe Filipe diria, segundo o livro “A Rainha: A Nova Biografia de Isabel II”, ser “uma experiência muito interessante” — “É impossível não ser estimulado pelo entusiasmo das multidões”.

Jubileu de Diamante (2012): presentes invulgares, a hospitalização do príncipe Filipe e um 007 ao serviço de Sua Majestade

Ainda antes do Jubileu de Diamante, o mundo assistiu e comemorou o 80.º aniversário da monarca, em 2006, e os 60 anos de casamento com o príncipe Filipe, em novembro do ano seguinte. Em 2012, chegaria a vez de a monarca alcançar o marco das seis décadas no trono (só em 2015 passaria a ter o reinado mais longo que o Reino Unido já testemunhou, superando a marca da sua trisavó) e de receber presentes tão insólitos como um lama vivo, um modelo em lego da famosa carruagem e até um ovo de avestruz. Talvez o presente mais original tenha vindo do governo britânico, que renomeou parte da Antártica em sua homenagem, ainda que a cadeia de televisão norte-americana ABC levante a dúvida sobre se a área em causa seria mesmo pertença britânica.

A década anterior a este jubileu foi decididamente mais calma do que a de 90, que antecedeu as celebrações dos 50 anos no trono. Exemplo disso foi o tão bem recebido casamento do neto mais velho, quando William e Kate trocaram votos de matrimónio diante da atenção de milhões em abril de 2011. Vendo com a perspetiva que só o tempo permite, o ano de 2012 trouxe uma importante vaga de festejos que vieram comprovar uma “recuperação de popularidade”, tal como se lê em Isabel II, Uma Vida, Um Reino, que fala também no “incrível êxito dos festejos populares organizados em sua honra”.

As habituais viagens pelo Reino Unido (ainda que, desta vez, outros membros da família real tenham visitado os países da Commonwealth), os “Almoços do Jubileu” e o cortejo no rio Tamisa com 1.000 barcos vindos de todo o reino ajudaram a fazer do calendário festivo um sucesso. Apesar da chuva e do vento, um cortejo não invadia assim o Tamisa há 350 anos — a rainha, num conjunto em moiré branco adornado com cristais Swarovski concebido por Angela Kelly, e o duque de Edimburgo, com o uniforme da Marinha, foram a grande atração.

Não esquecer também o concerto organizado pelo cantor dos Take That, Gary Barlow, para a BBC, que contou com a participação de Will.i.am, Stevie Wonder, Grace Jones e Kylie Minogue. Além das atuações desse dia, o discurso do príncipe Carlos, com Paul McCartney e Elton John nas costas, que não só se referiu à monarca como “mommy”, como aludiu ao pai que, infelizmente, não pôde estar presente — aos 96 anos, Filipe foi hospitalizado de urgência, a 4 de junho, devido a uma infeção na bexiga. Não obstante, Carlos, herdeiro ao trono, impeliu o público a clamar pelo pai para que, assim, o duque de Edimburgo o “conseguisse ouvir”.

Queen Elizabeth II Visits North East As Part Of Her Diamond Jubilee Tour
Isabel II alcançou a meta dos 60 anos no trono em 2012
Arthur Edwards - WPA Pool /Getty Images
Diamond Jubilee - Carriage Procession And Balcony Appearance
Na varanda do Palácio de Bunckingham, desta vez com Kate Middleton
Dan Kitwood/Getty Images
Diamond Jubilee - Thames River Pageant
O cortejo no rio Tamisa contou com mil barcos vindos de todo o reino de Isabel II
Getty Images Gareth Copley/Getty Images
Diamond Jubilee - Thames River Pageant
A monarca e duque de Edimburgo foram a principal atração do cortejo
Chris Furlong/DP/Getty Images

Mas não foi apenas o Jubileu de Diamante a fazer história: a 27 de julho, a monarca inaugurou os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de Londres com a ajuda do espião britânico mais famoso do mundo, já aí interpretado por Daniel Craig. Ambos protagonizaram uma curta-metragem realizada por Danny Boyle. Foi sem dúvida, um dos momentos altos da cerimónia, ainda que a rainha apenas tenha proferido quatro palavras, “Good evening, Mr. Bond”, e tenha deixado o agente 007 à sua espera. No pequeno vídeo vemo-la a deixar os seus fiéis corgis no terraço do Palácio de Buckingham para subir a bordo de um helicóptero na companhia do famoso espião — já na cerimónia, duplos vestidos à sua imagem e semelhança saltam de paraquedas perante um estádio ao rubro.

Jubileu de Platina: podem os príncipes Harry e André sabotar as celebrações?

Este 6 de fevereiro de 2022 Isabel II ultrapassa mais um marco, ao ser a primeira monarca britânica a assinalar o Jubileu de Platina. À semelhança do que já aconteceu, as celebrações que pretendem assinalar os 70 anos no trono prometem estender-se ao longo de vários meses de 2022 (os 65 anos de reinado foram bem mais discretos, com a divulgação de uma fotografia por altura do Jubileu de Safira). Mas no horizonte pairam dúvidas: o anúncio de que o príncipe Harry vai lançar um livro autobiográfico, a chegar aos escaparates em outubro, promete fazer estragos (sobretudo a julgar pela entrevista dos Sussex a Oprah Winfrey). Por essa altura, outro momento mediático ameaça assombrar as celebrações da rainha, já que recentemente soube-se que o príncipe André, acusado de agressão sexual por Virginia Giuffre, exige um julgamento civil — “um julgamento por júri” que poderá agitar também os últimos meses do ano.

Desfiles e pudins, assim será o Jubileu de Platina de Isabel II

Festas de rua, pudins, cortejos e visitas reais podem não ser suficientes para abafar manchetes menos dignas para a reputação da família real britânica. A somar a isso, o livro The Palace Papers de Tina Brown, que também assina o bem sucedido The Diana Chronicles. A obra promete detalhar a história da família real desde a morte de Diana até ao afastamento do príncipe Harry e de Meghan Markle e está prevista para abril.

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