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Prem Rawat Foundation

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Prem Rawat: o pregador que a elite adora

Falou pela primeira vez em público aos 4 anos e aos 8 sucedeu ao pai como guru supremo da Missão da Luz Divina. Quem é e o que faz este indiano que os seguidores veneram e os detratores odeiam?

Os corredores dos Paços do Concelho estavam quase tão desertos como Lisboa. Com um calor abrasador e o jogo Portugal-Hungria a decorrer, poucos cometiam a loucura de sair à rua. Na Câmara Municipal de Lisboa, no entanto, estava em curso uma azáfama discreta. A Sala do Arquivo, um espaço nobre no piso térreo do edifício histórico, fora preparada para receber Prem Rawat, um ativista da paz que começou como guru na Índia aos oito anos, enfrentou o Apartheid aos 14 e fez conferências em algumas das mais destacadas universidades do mundo, incluindo Harvard e Oxford. Tudo para transmitir os princípios do Conhecimento, uma técnica de meditação que, garante ele, permite a qualquer homem ou mulher atingir a paz interior.

Em Portugal, poucos reconhecerão sequer o seu nome, mas há um conjunto de seguidores que esgota sucessivamente as palestras para audiências restritas que vem dando no país, desde os anos 70, para plateias muitas vezes compostas por gente das classes mais altas. Não se sabe ao certo quantas pessoas se interessam pelos seus ensinamentos no país.

Prem Rawat esteve em Lisboa e foi recebido na Câmara Municipal

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No ano passado, por exemplo, a convite do município de Cascais, Prem esteve em Portugal para falar a um pequeno grupo da Young Presidents Organization, que junta líderes de empresas de mais de cem países, no Palácio da Cidadela, em Cascais. A organização e a câmara convidaram vários homens de negócios e até membros do governo, como António Pires de Lima, que não compareceu por incompatibilidade de agenda. Na mesma ocasião, aproveitou para visitar a cadeia do Linhó, no âmbito de um programa que está a desenvolver mundialmente junto da população prisional.

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Cada vez que é anunciado um novo evento aberto ao público na página oficial de Prem Rawat, os lugares desaparecem. Há até quem viaje de propósito de outros países para o ouvir. Este ano, não foi diferente. Os bilhetes para a palestra que deu para mais de 1500 pessoas no domingo, 26 de junho, na Aula Magna, em Lisboa, esgotaram numa hora. Prem esteve em Portugal para promover o livro Quando o Deserto Floresce e outras histórias, cuja edição portuguesa foi apresentada na quinta-feira, 23, numa sessão reservada a convidados, na Fundação Champalimaud.

Dois dias antes, Prem Rawat era esperado na Câmara de Lisboa, algum tempo antes do início da conferência. Na sede do município, parecia que estava para chegar uma estrela de rock. “Vamos cumprir o horário”, diz Juni, responsável pela organização dos eventos internacionais.

Cada vez que é anunciado um novo evento aberto ao público na página oficial de Prem Rawat, os lugares desaparecem. Há até quem viaje de propósito de outros países para o ouvir. Este ano, não foi diferente. Os bilhetes para a palestra que deu para mais de 1500 pessoas no domingo, 26 de junho, na Aula Magna, em Lisboa, esgotaram numa hora.

Meia dúzia de homens engravatados e mulheres de saltos altos movimentavam-se suavemente de um lado para o outro, ultimando os preparativos para receber o ativista da paz. Entre os convidados da organização e do próprio, havia vários representantes do corpo diplomático, nomeadamente das embaixadas dos Estados Unidos e da Alemanha, e muitos anónimos.

Em breve as cadeiras de coxins brancos, milimetricamente alinhadas, estariam todas ocupadas por senhoras de vestidos compridos ou traje de festa e homens de fato e gravata. Não era preciso muito para perceber que o evento não era para qualquer um. Na sala, havia ainda oito câmaras preparadas para filmar as palavras de Prem Rawat: umas pertenciam à equipa que o acompanha, outras à RTP e outras a uma equipa contratada pela organização para registar o evento.

Às 18h30 em ponto, apareceu a comitiva. O homem que todos queriam ouvir surgiu de fato azul escuro e gravata, acompanhado pela mulher, uma filha (tem quatro filhos, no total) e outros elementos do seu staff mais próximo, incluindo seguranças. Cumprimentou os presentes com um sorriso afável e subiu ao primeiro andar.

Era lá que estava montado um autêntico estúdio de televisão: três operadores de câmara, um de som e um sistema de iluminação profissional. Prem Rawat não dá muitas entrevistas, mas sempre que fala com um jornalista, a conversa é registada para publicação no seu site. As regras foram confirmadas no próprio dia: 30 minutos de conversa, não mais, apesar dos pedidos sucessivos para prolongar esse tempo — no fim, foram 38. “Um privilégio”, garante um dos elementos da organização do evento.

Prem Rawat na Fundação Champalimaud

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Para quem está habituado a fazer entrevistas a dois, há uma multidão na sala: além da equipa técnica, assistem a mulher de Prem, o relações públicas e elementos estrangeiros e portugueses envolvidos na preparação da visita. Entre eles estava Maria Teresa Salema Vejarano, amiga pessoal da família que, mais uma vez, tratou da organização da vinda de Prem Rawat, seu amigo pessoal desde que viveu nos Estados Unidos, nos anos 80.

Quando se mudou para lá, Maria Teresa já conhecia a mensagem do mestre indiano. Começara a ouvi-lo por sugestão de um amigo. “Juntávamo-nos numa sala da rua Coelho da Rocha, em Campo de Ourique, para ouvir as cassetes com os discursos dele. Mais tarde passaram a ser vídeos”, diz ao Observador. Nunca imaginou que um dia viriam a ser vizinhos em Miami Beach e que os seus filhos se tornariam amigos dos de Prem.

Quando veio a Portugal pela primeira vez?
Nos anos 70. Foi muito engraçado: eu tinha um passaporte indiano e não podia entrar no país.

Antes da Revolução…
Sim, ainda durante a ditadura, não havia relações diplomáticas [com a Índia]. Mas eu tinha um cartão de residente nos Estados Unidos e tive de pedir o visto com esses documentos.

Onde é que falou e para quem?
Em Lisboa, mas já não me lembro do local. Só sei que apareciam sempre pessoas. Acontecia o mesmo em todo o lado. Os seres humanos estão sedentos de se sentirem realizados. Há muitas fórmulas e pessoas que se dedicam a experimentá-las. Outras questionam-me: “Já vi gente tentar diferentes abordagens e elas não funcionam. Há alguma novidade na sua?” E não, não há. Digo-lhes: “Não preciso de criar nada. A paz que procuram está dentro de vós, a alegria e o amor também. Aquilo de que precisam é de autoconhecimento”. Sócrates dizia: “Conhece-te a ti mesmo”. Quando as pessoas pensam sobre o que isso quer dizer, chegam lá. Se soubermos qual é o nosso potencial, a nossa essência, aquilo que existe em nós, pomos as coisas em perspetiva e entendemos que a primeira coisa de que precisamos é de paz — e depois de prosperidade. Precisamos de prosperidade, todos temos sonhos, enamoramo-nos por certas coisas.

O Prem também?
Toda a gente precisa! Absolutamente! Isso faz parte da natureza humana.

O que é que desejava quando era pequeno?
Queria ser feliz.

Referia-me a bens materiais.
Eu já falava em público e vi que iria continuar a fazê-lo. Havia muitas pessoas muito ricas, que tinham satisfeito muitas das suas ambições. A determinada altura, não teria sido estranho que eu tivesse querido ser como elas. Mas eu apercebi-me de que só queria ser feliz, sentir-me realizado, descobrir-me, aprender mais sobre a vida, entender por que gosto de acordar de manhã. Queria saber o que é que torna o orvalho tão mágico. Queria saber mais sobre o céu azul, sobre as nuvens e por que é que o sol é tão bonito.

Mas, ainda assim, adora aviões, carros…
Não os adoro. Só posso amar aquilo que interage comigo. Gosto dessas coisas, não as amo.

Como é que começou a gostar de aviões, por exemplo?
Foi no meu primeiro voo na Índia. O piloto conhecia-me, eu já tinha saído nos jornais. E convidou-me para ir ao cockpit. Isto foi antes de haver problemas de segurança e aviões desviados. Lembro-me de estar no cockpit e de olhar para aqueles interruptores… Foi mágico. “Uau! Isto voa mesmo. Vai a sítios diferentes!” Logo que tive oportunidade [quis aprender a pilotar]. Pensei que nunca seria possível. Era mais do género: “Seria excelente se acontecesse. Mas não sei como…” Eu estava na Índia e achei que não conseguiria. Quando me mudei para o Ocidente, inscrevi-me em escolas de aviação. Ainda era menor, mas como ninguém me perguntava a idade e eu parecia mais velho, inscrevi-me e comecei a aprender a voar.

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Aos comandos de um avião /Foto: Prem Rawat Foundation

Quando quer muito uma coisa, o que é que faz? A sua mensagem fala no poder da oração.
Trabalho muito para conseguir isso. Se for possível, devemos esforçar-nos para lá chegar. E percebemos de imediato que temos de gerir bem o nosso dinheiro. No início, há a tentação de não limitar os nossos sonhos. O problema é quando isso nos leva à bancarrota e percebemos que precisamos de gerir aquilo com que sonhamos. É uma realidade.

"Discursei pela primeira vez em público quando tinha quatro anos. Percebi que os seres humanos tinham os seus dramas e traumas, mas havia um desejo incrível de alcançar a paz e de ser livre, uma vontade de entender…" 
Prem Rawat

Prem Pal Singh Rawat nasceu em Haridwar, no norte da Índia, a 10 de dezembro de 1957, descendente de uma família de marajás. Era o quarto e último filho de Hans Rawat, o guru que fundara a Missão da Luz Divina em 1960 e viajara por toda a Índia e Paquistão para promover a sua mensagem. Segundo Prem, o pai desde cedo o preparou para um dia seguir os seus passos, pedindo a todos para ouvir aquilo que ele tinha para dizer, ainda que lhes parecesse apenas uma criança.

Na família, nem todos corroboram esta versão. Durante anos, Prem Rawat, então conhecido como Guru Maharaj Ji e considerado o Satguru (o mestre perfeito), assumiu a liderança espiritual do movimento. A mãe e o irmão mais velho tomaram conta dos restantes aspetos da gestão. Em abril de 1975, no entanto, de acordo com o New York Times, Shri Mataji (a mãe sagrada) reconheceu que o filho era “espiritualmente imperfeito” e manifestou a intenção de o afastar das funções que exercia. Atacou aquilo que considerou um “desprezível afastamento do vegetarianismo, do celibato, da abstinência do álcool e de outras substâncias”. Um porta-voz do filho desvalorizou a atitude da mãe.

Nessa época, Prem Rawat já vivia nos Estados Unidos, onde casara com aquela que seria a mãe dos seus quatro filhos — a mãe dele nunca aceitaria a união. O miúdo chegara ao país com apenas 13 anos, no papel de menino guru e, apesar de conquistar milhares de seguidores, causava estranheza nalguns setores da população.

No início, a reação da imprensa americana em relação a si não foi muito boa. Viam-no como uma ave rara que tinha aparecido de repente.
De um modo geral, eles foram bastante amáveis, mas eles achavam que isto era apenas uma coisa para ganhar dinheiro e que não ia durar muito. Achavam que alguém ia ganhar muito dinheiro e que depois [eu] desapareceria.

Havia razões para isso?
Não, não havia. Mas era a especulação natural de quem olhava para mim e tentava perceber: “Isto é mesmo a sério ou é uma fraude?”. Se não tivermos informação suficiente para perceber que se trata de uma coisa séria, podemos ficar convencidos de que é uma fraude. Foi isso que aconteceu. As pessoas assumiram que eu era uma farsa e que não tinha nada para lhes dizer.

Foi difícil para si?
Foi, no sentido em que eu sabia que eles estavam a mentir, que não entendiam o meu compromisso. Diziam: “Ah, daqui a dois anos isto já era. Daqui a três anos isto já não existe”. E, na verdade, eu aproveitara essas minhas férias de verão para perceber se as pessoas do Ocidente se interessariam pela minha mensagem. Eu não sabia. As culturas eram distintas. De repente, a porta do avião fechou-se e, no momento seguinte, eu estava no aeroporto de Fiumicino [em Roma] e o meu mundo mudara. Nunca tinha visto uma televisão a cores. A primeira vez que vi, em Roma, fiquei chocado. Era um mundo totalmente diferente. Lembro-me de algumas pessoas virem ver-me de manhã. Eu estava sentado numa cadeira à frente delas, olhava para elas e elas para mim.

Começou a falar em público quando era uma criança muito pequena. Como é que isso aconteceu?
Discursei pela primeira vez em público quando tinha quatro anos. Percebi que os seres humanos tinham os seus dramas e traumas, mas havia um desejo incrível de alcançar a paz e de ser livre, uma vontade de entender… Esta busca existe há tanto tempo… Filósofos e outras pessoas analisaram-na a partir de diferentes prismas. Alguma coisa dentro de mim me levou a subir ao palco e a dizer às pessoas: “Oiçam: todos vocês têm muita sorte por estarem vivos” — foi um discurso relativamente curto — “e precisam de perceber aquilo que significa, na verdade, esta oportunidade de estar vivo”.

Tinha quatro anos e apercebia-se disso tudo.
Eu já tinha noção de que estar vivo era muito bonito. Vi várias vezes a forma encantadora como as crianças pequenas celebram a vida, a paixão com que se levantam de manhã. Eu era assim. Lembro-me de ver o sol nascer, de os meus pais ainda estarem a dormir e de querer sair, explorar… Queria ver as gotas de orvalho da manhã, ouvir os pássaros acordar, ver o nascer do sol. De certa forma, talvez isto não seja muito filosófico, mas é uma celebração da vida. É acordar de manhã e sentirmo-nos felizes por estarmos vivos nesse dia.

Na escola St. Joseph’s Academy, Dehradun

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E, no entanto, o seu pai morreu quando ainda era pequeno.
Tinha nove anos. Ele assumira esta responsabilidade de fazer chegar às pessoas uma mensagem de paz. Mas não falava inglês e muito do trabalho que fez na Índia foi desenvolvido depois da cisão que deu origem à Índia e ao Paquistão. Na verdade, uma grande parte do seu trabalho foi feito no Paquistão. Viajou pela Índia, foi a vários lugares, e as pessoas adoravam aquilo que ele dizia.

Ele falava sobre isso em casa ou era apenas um pai como outro qualquer?
Era apenas o nosso pai e era disso que precisávamos, porque não o víamos muito. Passava a maior parte do tempo longe. Nos poucos dias em que ele estava em casa, fazíamos por estar junto dele. Gostávamos tanto dele.

O seu pai morreu de quê?
Não sei bem. Recordo-me de estar na sala de aulas e de o motorista entrar a chorar. Disse qualquer coisa à professora, ela ficou chocada e disse-me: “Vai para casa”. Foi assim que eu soube.

Como é que se tornou o herdeiro dele?
Ele tinha sido muito claro em relação a quem ele queria que continuasse o trabalho dele. Foi por isso que se assegurou de que eu aprenderia a falar inglês. Fizemos um evento na cidade onde eu estudava. Convidei todos os meus professores, amigos. O meu pai mandou-me levantar e falar. E disse a todos: “Ele tem um corpo pequeno, mas não prestem atenção ao tamanho. Escutem aquilo que ele vos diz”.

Sentia-se especial?
Não. Nunca quis convencer-me de que era especial, de que era isto ou aquilo. Não queria isso. Quando eu ia para a escola, os meus amigos não olhavam para mim como alguém especial. Nunca me viam a falar, nem nas digressões onde discursava para milhares de pessoas. Eu chegava à escola, saía do carro, levava a minha mochila, punha-me na fila para tudo.

Era bom aluno em que disciplinas?
Eu saía-me bastante bem na escola. Não faltava às aulas. Sempre gostei de aprender, mesmo antes de ir para a escola. Foi assim que decidi aprender a pilotar aviões. Tudo o que eu queria era aprender, aprender, aprender.

Ficar com a missão do seu pai depois da morte dele foi um fardo?
Não, mas as viagens eram difíceis. Eu só podia ir a diferentes pontos da Índia durante as férias de inverno ou de verão. Imagine o que é estar nas férias de verão, com 40 graus de manhã, e andar pelo país a viajar. Isso era muito difícil. Enquanto os outros miúdos brincavam e gozavam, eu andava de um lado para o outro.

Quem é que ia às suas palestras?
No início, eu era uma novidade, o miúdo de nove anos que falava em público. Ninguém acreditava que era eu. Havia quem dissesse que não era eu quem discursava, que a mensagem era transmitida por um gravador e eu só mexia os lábios. Diziam: “Não é ele. Como é que um miúdo tão pequeno pode falar sobre assuntos como estes?”.

Parecer-lhe-ia estranho ouvir outro miúdo de nove anos fazer o mesmo que o Prem fez?
Não! Provavelmente dar-nos-íamos muito bem. Do tipo: “Diz-me, então, quais são os teus problemas? Vamos juntar-nos e colaborar um com o outro!”.

Como é que foi parar ao Reino Unido?
Umas pessoas que tinham viajado pela Índia e me tinham ouvido falar enviaram-me um convite.

Quem eram essas pessoas?
Eram apenas pessoas que procuravam a resposta [sobre o sentido da vida] no Oriente. Muita gente ia à Índia, era o tempo dos Beatles e toda a gente procurava soluções na Índia. Nessa altura, eu tinha 12 ou 13 anos e conseguia falar com eles, o que era surpreendente para eles. Eu sabia, realmente, falar inglês. E convidaram-me para ir para Inglaterra.

Foram eles que pagaram todas as despesas?
Na verdade, foi muito engraçado. Eles compraram-me um bilhete de primeira classe para a viagem da Índia para Londres. Mas o pessoal que controla o embarque no aeroporto olhou para mim e viu que eu era indiano. Devem ter pensado: como é que um indiano pode viajar em primeira classe? E mandaram-me para a parte de trás do avião. Acabei por ir em económica. Não sabia que existia a primeira classe, nunca tinha visto.

Foi a primeira vez que viajou de avião?
Não, tinha feito voos domésticos.

Quanto tempo ficou em Inglaterra?
Não muito. Passei a maior parte do tempo numa carrinha junto à embaixada Americana à espera de um visto para os Estados Unidos. Eu viajava e as pessoas convidavam-me, queriam que eu fosse falar às casas delas. Eu ia onde podia. Dei entrevistas à BBC. As pessoas sabiam que havia um miúdo indiano que andava por lá a falar sobre a paz. Mais tarde até fui ao Festival de Glastonbury.

Que memórias guarda dessa experiência?
Foi engraçado. Eu não queria ir. Não queria mesmo. Aquilo era um concerto de rock. O que é que eu ia dizer a uma audiência que tinha ido a um concerto para ouvir aquele “bum! bum! bum!”? Era suposto que eu parasse o concerto e começasse a dizer coisas como: “A propósito: precisam de paz na vossa vida?!”.

Que tipo de música ouvia nessa altura?
Alguma música indiana, gostava de Kris Christopherson. Ainda não me tinha encantado muito pelos Beatles.

Conquistou o público em Glastonbury?
Eles prestaram atenção. Ficaram de boca aberta a olhar para mim, como [quem pensa]: “Quem é este? O que é isto?”. Eles ouviram. Mas eu fiz um discurso muito curto de propósito.

Quantos minutos?
Dez minutos. Acho que toleraram bem a coisa.

Durante os anos 60, em pleno movimento New Age, muitos jovens ocidentais partiram para a Índia à procura do respostas interiores e de vivências espirituais que revolucionassem as suas vidas. Para milhares de pessoas, o discurso simples de Prem Rawat fazia todo o sentido. De tal maneira, que aderiram na totalidade à filosofia defendida pelo pequeno mestre. Alguns viriam mesmo a viver em ashrams, comunidades onde desenvolviam a sua espiritualidade. A mensagem espalhou-se por todo o mundo e tanto cativou fiéis humildes como elementos da elite financeira, cultural e social.

O miúdo começou a convidado para falar dentro e fora do seu país, para todo o tipo de audiências, mais e menos seletas. Portugal não foi exceção. Os ecos sobre a mensagem de Prem chegaram ainda antes da revolução, mas devido ao corte de relações diplomáticas entre o antigo regime e a Índia, só depois da revolução é que o guru entrou no país pela primeira vez. A atriz Isabel Ruth foi das primeiras pessoas a ouvi-lo.

Maria Teresa Vejarano apenas conheceu a sua mensagem anos depois. “Ao princípio, aquilo pareceu-me tudo estranhíssimo e fui ouvir com algum receio, mas ainda bem que fui porque isso tem-me ajudado muitíssimo ao longa da vida”, diz ao Observador.

O contacto próximo com a família Rawat nos Estados Unidos ainda aumentou mais a sua admiração. “Eu vi que eles aplicavam no dia-a-dia aquilo que ele defendia, sempre tendo em conta o princípio de que as pessoas têm de se lembrar de ser felizes. Para mim, que tinha sido educada num colégio de freiras e aprendera que era importante ter espírito de sacrifício, aquilo era extraordinário.”

India, Lucknow, OpenEvent,

Evento aberto na Índia. Foto: Prem Rawat Foundation

Recebeu sempre aplausos ou alguma vez foi apupado?
Uma vez fui a uma Universidade na Califórnia e os miúdos começaram a gozar. Disse-lhes: “Desculpem. Estou aqui para vos passar uma mensagem. Deem-me uns minutos e, se não gostarem, saiam. Se gostarem, escutem-me, porque aquilo que tenho para vos dizer está dentro de vós”. Ficou tudo em silêncio e eu consegui falar.

Como é que correram as coisas com o regime do Apartheid, na África do Sul?
Foi uma experiência muito intensa, porque, com aquela idade [14 anos], eu não entendia a ideia de uns serem bons e outros maus, de uns serem mais abençoados do que outros. Para mim, todos eram iguais. Quando lá fui, não era permitido voar diretamente a partir da Índia. Tive de ir por Nairobi [no Quénia]. Fiquei lá uma noite, numa casa de indianos abastados que tinham um criado.

Um criado negro?
Sim. Comecei a falar com ele. E perguntei-lhe: “Como é a tua vida?”. Uns minutos depois, alguém me disse: “Não fales com ele. Não podes”. Perguntei: “Porque não? É um ser humano”. Quando cheguei à África do Sul, disseram-me que não podia fazer eventos mistos. Tinha de fazer uns para brancos e outros para negros. Disse-lhes: “Não, não vou fazer isso”. Quebrei todas as regras.

Não teve receio? Nem por um minuto?
Não. O que é que eles iam fazer? Expulsar-me? Bem, na verdade, foi isso que eles fizeram. Deixaram o meu visto expirar e recusaram-se a renová-lo. Fui banido.

Ficou lá quanto tempo?
Estive lá um mês e depois não pude regressar.

Mas pediu a renovação do visto?
Sim, e eles disseram que eu não podia lá voltar.

Até quando?
Só depois da queda do Apartheid. Durante esse período, consegui ir à Suazilândia e fazer conferências lá.

Alguma vez foi às ex-colónias portuguesas?
Não.

"Eles compraram-me um bilhete de primeira classe para a viagem da Índia para Londres. Mas o pessoal que controla o embarque no aeroporto olhou para mim e viu que eu era indiano. Devem ter pensado: como é que um indiano pode viajar em primeira classe? E mandaram-me para a parte de trás do avião."
Prem Rawat

Os seguidores faziam qualquer coisa para ter acesso ao mestre, nem que fosse por breves instantes. Michael Finch, que durante 30 anos seguiu Prem Rawat e depois se afastou, desapontado, recorda no livro Whithout the Guru [Sem o Guru], a primeira vez que esteve cara a cara com o mestre, em agosto de 1970.

Deslocara-se de Londres à casa de Prem em Dehra Dun, na Índia, apenas para o ver: “Ele estava sentado numa varanda, rodeado pelos irmãos e cerca de 200 discípulos eleitos. (…) Mas o mais especial de todos os ali presentes naquele dia era eu, o único ocidental presente naquela pequena reunião, que fora especialmente convidado para ir de Deli (…) visitá-lo e curvar-me perante o Satguru daquela época, entregando-lhe a minha vida”.

Finch recebera instruções claras sobre a forma como deveria comportar-se perante o Guru Maharaji. Até lhe trouxera um presente. Como sabia que ele gostava de aparelhos eletrónicos comprara um gravador para lhe dar. “Também levara uma fita especial para lhe atar à volta do pulso como sinal de lealdade e amor eternos. Além disso, devia pedir-lhe o sopro sagrado”, escreveu Finch no livro de 2009.

O ritual consistia em encostar a orelha direita aos lábios de Prem para que ele soprasse gentilmente, transmitindo-lhe a graça divina. “O ato supremo era curvar-me perante ele e beijar-lhe os pés (os Pés de Lótus, como lhes chamavam), um sinal claro de que estava disposto a servi-lo com devoção e a pedir-lhe que derramasse sobre mim a sua Graça, que me iluminasse e conduzisse ao último patamar que um ser humano pode alcançar: Liberdade, Paz e Amor totais”. No entanto, para desilusão de Michael Finch, o que mais interessou o guru foi o gravador.

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Milhares de pessoas ouvem Prem Rawat num evento aberto. Foto: Prem Rawat Fundation

Durante três décadas Finch praticou os ensinamentos de Prem Rawat e acreditou que a proximidade com o mestre o ajudaria a alcançar o autoconhecimento que procurava. Numa longa carta aberta publicada no seu próprio site e na página www.ex-premie,org, onde ex-seguidores do mestre partilham experiências, Michael Finch reconhece que aprendeu muito com Rawat. (Os seguidores de Prem, no entanto, acusam estas páginas de serem feitas por um grupo de ódio anónimo ou composto por pessoas que já tiveram problemas com a justiça.)

Finch, por seu lado, assumiu claramente a sua opinião no livro publicado em 2009 e na carta aberta escrita mais tarde. “Tive de investir muito — demasiado — para perceber o que tinha feito. Agora, o sentimento dominante é de luto e raiva (…) pelos empregos de que desisti para estar às suas ordens, pelas relações que desperdicei para estar no ashram ou ‘disponível para o serviço’, pelo dinheiro que dispensei para me libertar do ego (dei-lhe uma casa, heranças, salários e dinheiro de sobra, durante 30 anos, que me permitiriam hoje ter uma situação financeiramente confortável até ao resto da vida)”.

Nos diferentes sites de antigos seguidores de Rawat, há outros testemunhos relacionados com o estilo de vida opulento do mestre. Em março de 1982, a dissidente Maggie Shivers disse ao jornal The Washington Post que o guru tinha “uma coleção de 30 carros e um Boeing 707 com cintos em ouro.” Prem Rawat terá vendido o avião pouco depois. Hoje comanda aeronaves fretadas e ainda se dedica ao restauro de carros antigos, garante ao Observador fonte oficial. O mesmo porta-voz assegura que Prem não cobra pelos seus discursos e que vive da venda do seu livro, de exposições de arte fotográfica, da música (toca piano) e de outros negócios pessoais.

Se fizer uma pesquisa com o seu nome na Internet, e estou certa de que já o fez, verá que existem inúmeros sites e livros contra si. Porque é que isso acontece?
Quando se faz a mesma coisa há 50 anos, é natural que surjam ervas daninhas aqui e ali que não desejamos. Mas entendo perfeitamente o que eles querem fazer e de onde vêm. No momento em que se aproximaram [de mim], tinham uma ideia de quem eu era. Pensavam que eu era isto e aquilo. E eu disse: “Não, não sou”. Ao fazer isso, as aspirações deles [caíram por terra]… Mas eu nunca defendi que era alguma daquelas coisas. Sempre lhes disse uma coisa: “Se gostam daquilo que eu tenho para vos oferecer, experimentem e fiquem. Se não, vão embora”. Eu já dizia isto antes de sair da Índia! Sabia que algumas dessas pessoas não gostariam daquilo que eu dizia. É como quando alguém compra um carro: aquele é O carro mais perfeito, O mais incrível. Enquanto espera que lho entreguem, torna-se ainda mais mágico na cabeça dessa pessoa. Até que, de repente, olham para ele e pensam: que carro é este? Mas todo aquele processo de imaginação está feito. Quando crescemos numa casa, os quartos parecem-nos enormes. Se lá voltarmos daí a 30 anos, vemos: “Ups, este quarto não é assim tão grande”. É isto que eu digo às pessoas: “Se gostarem da minha mensagem, ótimo. Se não, ótimo na mesma. A paz estará sempre presente”.

Há alguma contradição entre a sua mensagem e o facto de ter uma vida de luxuosa? Essa é uma das maiores críticas que lhe fazem.
Há pouco tempo, uma senhora veio ter comigo e fez-me a mesma pergunta: “Então e o Lamborghini? E as casas?”. Disse sempre o mesmo: não quero que as pessoas se tornem eremitas! Pode comprar um Lamborghini? Compre! Tem dinheiro para dez aviões? Força! Corra atrás daquilo que sonha. Mas o que é que vem primeiro? Se puser estas coisas antes de si, não terá nada. Nunca disse que era um eremita. Eu venho da realeza. Os antepassados do meu pai são os marajás Rawat. Nós vivíamos bem. E nunca disse às pessoas para renunciarem ao mundo.

Então nunca passou pela experiência de milhões de pessoas no seu país de origem.
Não fui criado assim. Tínhamos carros, fomos à escola, ninguém tinha de cozinhar. Sei que há pessoas que vivem numa pobreza extrema na Índia. Mas esta é a minha mensagem: ricos ou pobres, desde que que estejam vivos, têm a paz dentro deles. Renunciar às coisas não lhes adianta nada. Se tivermos tudo, também não. Não podemos levar connosco tudo aquilo que temos. As coisas ficam cá. Deixamo-las para trás. Ponto final.

Quando é que percebeu que se tinha tornado uma pessoa importante?
Nem hoje sou uma pessoa importante. Faço isto há 50 anos, espero que nunca me suba à cabeça.

Pode não querer admiti-lo, mas quando aparecem centenas de milhares de pessoas para o ouvir, há que reconhecer que se tornou alguém importante.
O que é que é isso de ser importante? Costumo dizer isto nas minhas palestras: ajudem-se a vocês próprios porque vocês precisam de paz. Isso é que é importante. Isto podia subir-me à cabeça e tornar-me um egocêntrico maníaco e a dizer: “Olhem para mim, sou isto e aquilo”. Mas depois o que é que acontecia? Prem Rawat seria destruído e substituído por alguém que não se importa com os outros. Se eu não quiser saber dos outros, da paz e da vida, então Prem Rawat perde o seu propósito. Prem Rawat passou demasiado tempo da sua vida dedicado à paz, às pessoas. Se ele deixasse de querer saber disso, ficaria reduzido a nada.

"Há pouco tempo, uma senhora veio ter comigo e fez-me a mesma pergunta: 'Então e o Lamborghini? E as casas?'. Disse sempre o mesmo: não quero que as pessoas se tornem eremitas! Pode comprar um Lamborghini? Compre! Tem dinheiro para dez aviões? Força! Corra atrás daquilo que sonha. Mas o que é que vem primeiro? Se puser estas coisas antes de si, não terá nada."
Prem Rawat

Se é um facto que há sites inteiros dedicados a atacar Prem Rawat, é inegável que os seus seguidores o defendem com um fervor inabalável, assegurando a importância dos ensinamentos do mestre nas suas vidas. Os fiéis têm por ele uma reverência semelhante à que um católico muito devoto dedica ao Papa. E encontram resposta para cada crítica que lhe é feita. Para eles, só há uma biografia que faz justiça ao mestre: Peace is Possible: the life and message of Prem Rawat[A Paz é Possível: a vida e a mensagem de Prem Rawat], de Andrea Cagan.

Um dos mais destacados fiéis de Prem é Ron Geaves, um dos mais reputados professores de estudos comparados sobre religião do Reino Unido, que segue os seus ensinamentos há mais de 45 anos. Além de realizar vários estudos sobre Rawat, falou várias vezes em público sobre as suas técnicas de meditação e coube-lhe a tarefa de fazer o discurso de apresentação quando o mestre foi convidado para falar na prestigiada Universidade de Oxford. Nessa pequena introdução, Geaves reconheceu a inspiração transmitida por Prem Rawat e as mudanças que aconteceram pelo caminho.

Não foram mudanças pequenas: com o tempo, o mestre ocidentalizou-se. Deixou de usar os trajes indianos, de querer ser conhecido como guru, até hoje assumir que o seu movimento não tem cariz religioso. Passou a assumir-se apenas como ativista da paz.

https://www.youtube.com/watch?v=tYpXbt7EnDY

De resto, nos últimos anos, Prem Rawat tem dado conferências em algumas das mais destacadas instituições do mundo, incluindo as Nações Unidas e a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Através da Prem Rawat Foundation tem desenvolvido projetos humanitários em vários setores, desde o apoio humanitário em situação de catástrofe ao desenvolvimento de ações e promoção da paz junto da população prisional.

O Peace and Education Program, que consiste num conjunto de sessões de meditação dedicadas a dez temas diferentes, está hoje implementado em prisões de vários pontos do mundo, incluindo Portugal. Foram, aliás, as questões relacionadas com a paz, que promoveram a aproximação entre Prem Rawat, o arcebispo Desmond Tutu e respetivas fundações.

O papel de Prem Rawat neste campo já foi reconhecido por várias instituições. Foi nomeado Embaixador do Compromisso para a Paz da Declaração de Bruxelas, promovida pelo Parlamento Europeu, em 2011, e recebeu a mesma distinção da Tutu UK Foundation.

Sei que acaba de regressar da África do Sul, onde está a desenvolver um projeto com a população prisional, tal como em Portugal. Como foi essa passagem por lá?
Há alguns anos que visito prisões. A primeira vez que fui a uma cadeia era miúdo. Fui convidado para ir lá falar e foi uma loucura. A determinada altura, sem me aperceber disse: “E um dia serão livres”. Toda a gente ficou louca. Foi a maior ovação que pode imaginar. Aquilo que eu digo é que, se nos entendermos a nós próprios enquanto seres humanos, um dia seremos livres. Quando o PEP (Peace and Education Program — Programa para a Educação e para a Paz) começou, a Universidade de San Antonio, no Texas, interessou-se pelo assunto. E percebeu que estava a ter resultados numa prisão de alta segurança. Os prisioneiros enviaram-me uma carta a convidar-me para ir lá falar. E eu fui. Foi muito comovente. Eles são seres humanos, não estou ali para julgar, nem para castigar, nem para entreter.

Nunca teve medo nessas cadeias?
Porque é que haveria de ter?

Já visitou cadeias onde estavam presos extremamente perigosos.
É verdade. Mas eu vou lá falar de paz e vejo o sorriso na cara dos reclusos. Quando fui à prisão de Zonderwater [em Joanesburgo], vi um preso com um sorriso rasgado na cara. E ele disse-me: “Nunca imaginei que [o Prem] um dia viria aqui”. Os outros tinham esperança, ele não. E eu disse-lhe que ele ainda era um ser humano, que ainda respirava e que ainda podia procurar a paz. É isso que eu faço.

A discursar na prisão de Zonderwater, África do Sul

Prem Rawat Foundation

Como está a correr o programa nas cadeias portuguesas? Sei que visitou a do Linhó no ano passado.
Sim, visitei uma prisão para jovens. Foi incrível. Eu começava uma frase e eles acabavam. O entusiasmo deles [era comovente.]

Apesar de já vir a Portugal há muitos anos, o seu nome não é conhecido pela maioria da população. E há uma certa ideia de que as suas palestras cá são apenas dirigidas a uma elite. É verdade que fala, sobretudo, para pessoas influentes?
Não é verdade. Falo com qualquer pessoa que me queira ouvir. Eu faço eventos e qualquer pessoa pode ir. Não estou atrás de gente influente. Quando vou à Índia e falo em comunidades rurais, algumas daquelas pessoas não têm sequer dinheiro para comprar um bilhete de autocarro, quanto mais outras coisas. E vão a pé! Não julgo ninguém, não quero fazer conferências para uma audiência exclusiva, não quero dirigir-me à elite, à classe média nem aos pobres em particular. Quero chegar aos seres humanos, a pessoas que se interessam pela paz.

O que é que lhe falta para sentir que a sua missão está cumprida?
Isto é o tipo de missão nos acompanha até ao nosso último suspiro. Não se conquista nada, não há uma escada, nem limites. O que importa é levar às pessoas uma mensagem esperança, alegria e uma mensagem de paz por todo o mundo até poder.

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