892kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

i

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Rem Urasin, o pianista que trocou a Rússia pelo Algarve: "Quando a guerra começou, senti que não podia continuar a viver lá"

Rem Urasin nasceu na Rússia e é pianista. Quando a guerra começou, veio viver para Portugal — nunca tendo visitado país antes. Adaptação foi difícil, mas pianista sente que Algarve já é a sua "casa".

    Índice

    Índice

Começou a tocar piano por influência da mãe, aprendeu o instrumento em Kazan, cidade em que nasceu, frequentou o conservatório em Moscovo e atuou pelo mundo, ganhando vários prémios pelo caminho. Em 2022, quando a guerra da Ucrânia começa, o músico Rem Urasin decide vir viver para Portugal. “Adoro a Rússia, mas havia muito ódio, muitas coisas que não conseguia suportar”, diz o pianista em entrevista ao Observador, a propósito da sua vinda a Oeiras para fazer parte de um júri de um concurso de piano.

Rem Usarin vive em Lagos e já sente que é a sua “casa”. Antes de ter vindo viver para Portugal, nunca tinha visitado o país e até conta que tinha um “preconceito parvo”: “Que Portugal era parecido com Espanha”. O Algarve é onde agora se sente feliz: “Sinto-me muito confortável, como se estivesse em casa”. Apesar de considerar que a Humanidade não está a “viver os seus melhores tempos”, o músico sente que Portugal é um refúgio. “Também acontecem coisas más, mas o país está mais protegido do que outros.”

Ganhando a fama de ser um embaixador de Frédéric Chopin, o pianista russo frisa que sempre sentiu uma admiração e que “entendeu” as composições daquele músico nascido na Polónia: “Penso que me influenciou muito. É muito difícil dizer porquê, é um pouco irracional”. Rem Usarin chegou a Portugal e esteve oito meses sem concertos; contudo, já tocou no final de maio no Centro Cultural de Belém — e tem projetos para o futuro.

Rem Usarin era um músico reconhecido na Rússia e tinha vários concertos em solo russo e em vários países. Chegou a atuar, por exemplo, num concerto privado na embaixada russa no Reino Unido. Ao longo da entrevista com o Observador, o pianista nunca elaborou as questões de âmbito político, apesar terem sido abordadas. Ainda assim, reconhece que na origem da decisão de sair do seu país natal, esteve o facto de não se poder dizer “abertamente muitas coisas”, algo que, a seu ver, “não é natural”. E que, quem sabe, talvez justifique ainda a relutância em mencionar sequer o nome de Vladimir Putin.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A infância em Kazan e a certeza de que sempre “seria um músico profissional”

Está em Oeiras para julgar pianistas, alguns deles muitos jovens. Como é que essa tarefa e como é que os avalia? Qual é o processo por detrás?
Quando julgo pianistas adultos não é fácil, mas o meu sistema de avaliação é claro. Eu avalio como a audiência, porque a ideia principal é se é interessante ou não. Apenas escuto. Sei que alguns pianistas profissionais dizem que não conseguimos ouvir como o público, porque é o nosso trabalho. Discordo. Eu ouço sempre assim. Claro que existe a técnica, a maneira como tocam e esse tipo de coisas. Claro que tenho isso em consideração. Mas o principal é se estou interessado e se tem valor para mim. Se estou interessado, se penso que é intrigante ou mesmo se que quero tocar essa música, então provavelmente é uma boa atuação. E se tenho o desejo de comprar bilhetes para ir à performance dessa pessoa, se assim é, então ele ou ela é um bom músico.

Em Oeiras, também vai avaliar crianças. É mais difícil avaliar pianistas mais novos?
É um pouco diferente, porque tem de se ter em consideração que eles também têm muito espaço para melhorar. Há que ter em mente essa perspetiva. Quando se avalia uma criança, também estamos a avaliar o seu professor. Mas claro que existe algo distintivo em todos eles, mesmo músicos muito jovens têm isso. Pode ser muito fascinante.

Lembra-se de quando era jovem quando está a avaliar outros? Como é que começou a tocar piano?
Claro que sim. Tinha cinco anos.

Como é que entrou na música? Foi por influência dos pais?
Era muito novo, mas é difícil dizer porquê. Mas foi influência da minha mãe, ainda que ela não fosse música. Ela era geóloga — nada a ver com música. Mas adorava música e viveu durante muitos anos numa cidade muito musical na Rússia, Nizhny Novgorod, que é perto de Moscovo e que tem uma vida cultural rica. Foi há muito tempo.

Na altura da União Soviética…
Sim. Ela contou-me que ela e uma amiga dela compravam muitos bilhetes e gastavam quase todo o seu salário em bilhetes. Eram completamente apaixonadas por música. E a minha mãe queria que eu tocasse qualquer instrumento, mas apenas pela diversão e não para competir como um músico profissional. Quis até que tocasse violino, porque adora. Mas eu nunca pensei em tocar violino. Daquilo que me consigo lembrar, sempre tive a certeza que seria um músico profissional.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Desde muito novo, desde quando? Quando era criança?
Sim, sim, muito jovem. A minha mãe comprou-me uma piano de brincar e era muito engraçado. Eu já sabia tocar e memorizar algumas melodias. Lembro-me quando a minha mãe comprou um piano real. Foi um excelente dia. Outro dia fantástico foi quando entrei numa escola secundária com ensino musical. Era muito boa e o sistema educacional russo também é.

Foi em Moscovo?
Não, foi em Kazan, onde nasci. Tive uma professora muito boa em Kazan. Acabei a escola secundária em Kazan. E depois é que fui para o conservatório em Moscovo.

Como é que foi essa experiência em Moscovo? Foi muito diferente de Kazan?
Sim, foi diferente, mas não foi assim tanto para mim. Eu já conhecia muita gente da minha idade, muitos músicos, porque tinha participado e tinha ganhado algumas competições a partir dos 15 anos. Tinha feito várias atuações, algumas delas já profissionais.

Conhecia as pessoas, então.
Sim. Fiz também parte de um programa internacional na Rússia muito bom chamado “New Names” para crianças e para jovens até aos 20 e tal anos. Estive nesse programa e conhecia muitos músicos, muitas pessoas. Não foi, por isso, uma mudança muito dramática.

“Senti que era fácil conectar-me e entender a música de Chopin”

Mudando de assunto, foi considerado um embaixador de Frédéric Chopin. Quando é que se interessou pela obra do pianista polaco?
Honestamente, não sei (risos). Existe uma história na família, não me lembro, porque tinha apenas um ano, mas contaram-me. A minha mãe contou-me que eu estava a brincar com alguns brinquedos no chão. Ela ligou a televisão e estava a dar um concerto de Chopin. E pus os brinquedos de lado e comecei a ouvir. Sei que parece uma piada… Mas a minha propensão para a música de Chopin talvez tenha vindo da minha primeira professora de piano que me inspirou.

Como é que a forma de Chopin tocar o influenciou? Como toca piano?
Penso que me influenciou muito. É muito difícil dizer porquê, é um pouco irracional.

É música, é irracional?
Não, há muitas coisas racionais na música. Claro que não é uma ciência precisa e há muitas coisas que vêm da intuição. Vou dizer uma coisa estúpida, mas o problema é que todas as pessoas que gostam [de Chopin] e que tocam Chopin sentem que são as que melhor interpretam e as que sentem melhor Chopin. Melhor do que qualquer pessoa. Vou dizer que senti isso, que senti mesmo a música dele, até porque via pelas reações da audiência. Talvez fosse porque a música de Chopin foi mais fácil de entender para mim, o significado da música. A música não é apenas uma bonita harmonia ou melodia; existe uma mensagem que o compositor quer enviar. Penso que não é uma boa ideia tentar colocar essa mensagem em palavras, porque a música perderia significado, assim como a existência da música. De qualquer modo, eu senti que era fácil conectar e entender a música de Chopin.

Viajou pelo mundo e, pelo meio, ganhou alguns prémios. Como é que foi essa experiência de atuar em tantos países e diante de todas culturas? Havia diferentes reações do público?
Sim, depende da cultura. Existem tradições e diferentes formas de ouvir a música. Por exemplo, quando fui ao Japão pela primeira vez, fiquei surpreendido a tocar para japoneses. Existe muita disciplina, mas as pessoas são muito temperamentais. No entanto, eles não mostram quase nenhuma emoção até o fim do concerto. Parecem frios. Mas depois o aplauso… Consegue sentir-se no palco. No final do concerto, eles reagem de forma efusiva. É diferente em vários sítios.

E aqui em Portugal? Tocou no Centro Cultural de Belém no final de maio. Como é que foi essa experiência de tocar pela primeira vez em Lisboa, como é que foi a reação do público?
Foi uma reação muito boa. Senti que o público que mesmo que eu tocasse. Sente-se isso. As pessoas estavam atentas e queriam saber, não era apenas diversão. Adoro o silêncio quando toco. Às vezes isso é respeitado, outras vezes não. Na China é um problema.

Na China? Fazem barulho?
Sim, às vezes. Mas em Portugal… Já toquei algumas vezes, especialmente no Algarve — onde moro e onde estive pela primeira vez em Portugal —, e há silêncio.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

A “mudança dramática” para Portugal de Rem Urasin, que considerava que havia muito “ódio” na Rússia

Disse que mora no Algarve e morou na Rússia a vida toda até 2022. Como é que a conexão com Portugal começou? Como é que conheceu o país?
Foi muito imprevisível. Foi uma mudança dramática nas nossas vidas, quando vim com a minha mulher para Portugal. Quando começou a guerra [na Ucrânia], sentimos que não podíamos continuar a morar na Rússia. Começámos a pensar aonde poderíamos ir. E tivemos um convite de uns amigos que se tinham mudado para o Algarve, para Portugal. Não houve nenhuma razão especial.

Tinha estado em Portugal antes?
Nunca tinha estado em Portugal.

E a sua mulher já? É russa?
Sim, ela também é russa. Ela já tinha estado em Portugal, em Lisboa e na Madeira, como turista. Tinha gostado muito. Antes de vir, tinha um preconceito muito estúpido, que muitas pessoas têm: pensava que Portugal era parecido com Espanha. Mas é totalmente diferente. Fui parvo. E também pensei, em 2022, que não ia gostar de um país no sul da Europa, porque preferiria viver no Norte. Mas depois vim para Portugal e adorei. Sinto-me muito confortável, como se estivesse em casa.

Mas o tempo deve ser muito diferente da Rússia…
O tempo é totalmente diferente. Por acaso, até adoro o inverno russo com a neve e a geada. Mas não sinto falta, ainda que já tenha perdido dois invernos. Adoro a natureza aqui, é fantástica. Não é muito exuberante, é uma natureza suave. Adoro, é muito especial e bonita. Já fizemos muitos amigos aqui.

O Algarve e Portugal inspiram-no? No Algarve, imagino que o som das ondas possa inspirá-lo…
Sim. Nunca fui, contudo, um grande amante do mar. Claro que gosto, mas o oceano… Já o tinha visto na Austrália, no Japão, mas nunca durante muito tempo. Sempre adorei zonas montanhosas. Mas Portugal tem uma natureza muito bonita e vistas incríveis. Isso é importante, mas o mais importante são mesmo as pessoas.

Disse que deixou a Rússia depois de a guerra ter começado. Por é que deixou a Rússia? Por é que era importante para si? Opôs-se à guerra na Ucrânia? Isso esteve relacionado…
Senti que havia muito ódio na Rússia. Infelizmente. Adoro a Rússia, mas havia muito ódio, muitas coisas que não conseguia suportar. Não se pode dizer abertamente muitas coisas. Não é natural. Não é normal que alguém tenha o direito de ditar o que se deve pensar ou falar.

Viveu a vida toda na Rússia, embora tenha viajado pelo mundo. Sentiu que as coisas ficaram piores ao longo do tempo?
Foi em todo o lado. Não estamos a viver os melhores tempos. É um ciclo, mas temo que os tempos não sejam os melhores. Não se sabe para onde vai a Humanidade. Eu não diria uma coisa destas há dez anos. Há mais tensão, mais maldade… Estou feliz por não sentir tanto isso em Portugal.

Pensa isso? Acha que Portugal é pacífico?
Também acontecem coisas más, mas o país está mais protegido do que outros.

Tem tocado em Portugal? Como é que foi a transição? Como é foi esse processo de se instalar num país novo ao ser músico?
Teria sido muito difícil sem a ajuda dos nossos amigos que nos convidaram e com os nossos amigos que entretanto fomos fazendo. Continua a não ser fácil, ainda assim. Foi uma mudança muito dramática. A coisa mais dramática é que a minha mulher e eu ainda não temos autorização de residência, porque é um processo muito longo. E os russos não podem agora ir livremente a muitos países sem vistos. Podemos ficar em Portugal, mas não podemos ir a lado nenhum. E isso é prejudicial para um músico que tem uma carreira internacional. Parece que é uma segunda versão da quarentena.

Como assim?
Bem, a pandemia da Covid-19 afetou todos… E a pandemia até teve um lado positivo para os músicos. Nunca entendi aqueles que se queixavam de que não podia estar no palco. Foi apenas um período curto, não é nada quando comparado com as nossas vidas. Foi uma ocasião rara. Para um pintor, por exemplo, foi a oportunidade para se distanciar e olhar para as suas pinturas com outra perspetiva. Foi uma oportunidade muito boa. Pensar nas coisas, parar um pouco. Mas para mim e para a minha mulher talvez tenha sido mais fácil, porque nós vivíamos numa zona rural. Se tivéssemos ficado numa grande cidade e num pequeno apartamento, teria sido horrível. Mas tivemos sorte.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Ninguém sabia quem era eu em Portugal. Não tive concertos durante oito meses”

Voltando à sua adaptação a Portugal, quando chegou, teve concertos?
Não tinha nenhuns concertos. Ninguém sabia quem era eu em Portugal. Não tive concertos durante oito meses, o que é bastante tempo.

O que fez durante esse tempo?
Ensaiei e compus muitas coisas. Usei aquele tempo para muitas coisas. Eu até sinto que não foi tempo suficiente, porque sempre tive muitas coisas para fazer. E escrever. Escrevi um livro sobre a música do [compositor russo Piotr Ilitch] Tchaikovsky de um ponto de vista musicológico. Tentei usar esse tempo, porque é muito difícil quando se tem muitos concertos. É uma atividade totalmente diferente.

Em compensação por esse tempo parado, alguma vez teve a agenda muito cheia?
Nunca tive assim muitos concertos — como três, quatro, cinco meses com concertos quase todos os dias. Às vezes tinha digressões durante dois meses e fazia 30 a 35 performances durante dois meses. Mas tentava sempre fazer alguma coisa diferente. Esses tempos mais preenchidos são como uma espécie de laboratório em que dá para experimentar várias coisas.

Em Portugal, quais são os seus planos para o futuro?
Tenho alguns projetos. Um é muito interessante. É um projeto chamado “Grandes Dinâmicas”. Não é apenas com música, é uma espécie de um storytelling cronológico da vida de Chopin para crianças muito novas. É fascinante fazer uma performance de toda a sua obra e vida desde o início ao fim, mostrando-a à audiência. A música de Chopin serve para isso, porque tocou piano em todas as suas composições. Pensei que era necessário narrar [a sua obra e vida] e dizer ao público algumas coisas. Perguntei a uma amiga guionista, que já fez documentários musicais. Trabalhámos juntos e fizemos um argumento composto por cartas, memórias dos contemporâneos ou artigos de jornais. Não é um tarefa fácil, por causa do tempo, que tem de ser entre 15 a 20 minutos.
Depois, gostaria de fazer um projeto de larga escala de grande génios. Consiste em música de Franz Liszt, Franz Schubert, Robert Schumann, Chopin claro, Felix Mendelssohn e Johannes Brahms. É muito interessante, porque eles conheciam-se, encontraram-se, viveram durante a mesma altura e conheceram as mesmas pessoas. Já comecei este projeto na Rússia, mas depois tive de desistir, porque saí da Rússia. Gostaria de mostrar este projeto à audiência portuguesa. É muito interessante. Não é fácil, porque é necessário encontrar um narrador. Tem de ser um ator que entenda de música, porque é teatral.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

“Nunca senti estigma” por ser russo em Portugal

Em Portugal, ainda sente saudades da Rússia? Se sim, o quê?
Sim. Ainda continuo a tocar música russa, que adoro. Continua a ser uma mudança dramática, mas tenho uma vida interessante. É um novo país, é muito interessante. Também continuo interessado em música, fiz um arranjo para o Júlio Branco Santos. Adoro a sua música.

Consegue conectar-se com a música portuguesa? O que acha da música que se produz em Portugal?
Não é só fado, isso é certo. São muitas coisas. Existem muitos estilos de folclore, que são totalmente distintos entre si. Especialmente no Algarve, no Alentejo e no Norte de Portugal. Existem culturas distintas; é muito interessante porque Portugal não é um país grande, mas existem tantas diferenças entre regiões e áreas.

Tem algum artista português favorito?
Maria João Pires, claro. Toda a gente a ama. Ela é um génio e incrível. E penso que ela é uma das melhores pianistas do mundo, mas infelizmente nunca a conheci. Pode acontecer um dia. Nunca a vi ao vivo.

Disse que a Humanidade vive tempos mais sombrios. O que a música pode fazer neste contexto? Pode ter uma forma de apaziguar?
A música não é sempre pacífica. Mas acredito que a música pode mudar algo e muitas coisas desde tenra idade. Eu defendo que cada atuação pode mudar alguma coisa. Que nós, músicos, temos uma grande responsabilidade. Em oposição, penso que é assustador pensar sobre como tudo pode mudar rapidamente. Muito rápido, às vezes até parece que é uma ilusão. Parece que, com o acesso à cultura, a Humanidade é mais pacífica e mais ponderada. Mas há muitas coisas que mostram que nada mudou. Esta camada cultural é muito fina.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

Mesmo assim, qual é o valor da música neste contexto?
É elevado. A música apela aos melhores sentimentos. Normalmente, existe alguma tristeza quando alguns génios tocam. Esta tristeza, este sentimento, torna tudo um bocadinho melhor.

O Rem é russo. Desde o início da guerra, tem sido debatido que, por causa da guerra, os russos têm sido estigmatizados no Ocidente. Sentiu alguma vez estigma em Portugal?
Não, em Portugal, nunca senti.

Considera que existe uma espécie de boicote à cultura russa, por causa da guerra?
Apenas sinto pena que algumas pessoas, que não são muito inteligentes, divulguem inverdades sobre a cultura russa. Boicotar escritores, compositores ou pintores é algo muito estúpido, mas provavelmente é inevitável. É por isso que esta situação me deixa incrivelmente triste, porque, claro, é injusta.

Pensa voltar à Rússia?
Não tenho a certeza sobre isso. É muito difícil dizer isso agora, porque tenho uma vida em Portugal. É diferente, mas gosto muito e sinto que eu e a minha mulher estamos a planear ficar aqui. Não sei se para o resto das nossas vidas ou não, mas provavelmente estamos a pensar seriamente ficar, porque mudámos a nossa casa e sentimos que Portugal será a nossa nova casa. Já o é. É muito difícil garantir, especialmente depois do que aconteceu em 2022. Não fazíamos ideia do que poderia ter acontecido.

Vive no Algarve, mas já explorou outras parte do Portugal?
Já estive em Lisboa, no Alentejo, no Norte um pouco. Gosto de ir como turista. Se tiver tempo e dinheiro, quero ir a mais sítios.

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.