Durante os meses de confinamento, Portugal e o mundo “congelaram” e bares, restaurantes, cafés e outros negócios do género viram-se forçados a seguir as regras dos especialistas de saúde e políticos que ditaram o chamado “lockdown”, o encerramento como forma de combater o avanço do novo coronavírus. Hoje, apesar da solução para a crise sanitária ainda não estar 100% visível, as restrições aligeiraram e isso significa que o setor em questão voltou ao ativo, pronto para enfrentar a dura batalha que ainda só agora está a começar — sobreviver economicamente e reconquistar a confiança dos seus clientes.
Muitos espaços já reabriram mas outros projetos que viram a sua inauguração adiada lançam-se agora ao público, de portas abertas e prontos para singrar. É precisamente com isto em mente que nas linhas que se seguem encontrará uma lista com algumas novidades e reaberturas que agora já pode visitar e provar. Entre Lisboa e Porto, tome nota dos que mais lhe interessarem e desconfine com tranquilidade e confiança.
Craveiral Farmtable por Alexandre Silva
Craveiral Farmhouse, Estrada Municipal 501, Zambujeira do Mar; 283 249 170; 30 a 40 euros (preço médio p/pessoa)
Foi uma das surpresas do estado de emergência (apesar de ter inaugurado oficialmente uns bons dias depois deste ter terminado): o chef estrelado no Loco e que tinha inaugurado há pouco tempo o Fogo, ambos em Lisboa, rumava a sul para um novo desafio. Alexandre pegou na experiência de trabalhar com o fogo e montou no resort Craveiral Farmhouse um autêntico “inferno” de chamas e brasas onde cozinha grande parte daquilo que é plantado nesta unidade hoteleira nos arredores de São Teotónio, na Costa Vicentina. Peixe da lota assado inteiro, ovo cozido na lenha com kale e presunto, xerém de amêijoas, açorda de tomate e pato com arroz de forno são algumas das sugestões que aqui pode encontrar, tudo sempre “on fire”. A carta muda com frequência por estar muito ligada à sazonalidade por isso não estranhe se não encontrar nenhum destes pratos — seguramente que os que ocuparão o seu lugar serão igualmente deliciosos.
Osso Bento
Rua Correia Garção, 15, Lisboa. 213 900 997. Das 12h às 14h30 e das 19h às 22h30 (fecha segunda e terça-feira). 25 a 30 euros (preço médio p/pessoa)
Pouco mais de dez meses depois do chef Vítor Sobral ter inaugurado, nesta mesma morada, o Talho da Esquina, uma “reorganização da sociedade detentora do restaurante” mudou tudo. Sobral deixou o projeto para se dedicar a novas aberturas e à frente desta casa ficou o chef Jorge Melgas, que já era o chef executivo anteriormente. Os carnívoros que relaxem porque aqui continua a dominar a proteína animal da mais alta qualidade: pode contar com uma perna de borrego com puré de batata e espargos, espetada de beijinho Black Angus com milhos fritos, costeleta maturada 60 dias, tártaro de novilho com avelãs tostadas e muito mais (com uma ou outra referência sem ser de carne). O espaço continua a ter uma sala privada, no andar inferior, que pode reservar com antecedência e por lá celebrar um aniversário ou fazer um almoço de negócios. Destaque também merece o Osso Market, projeto que devem estrear em breve que não é nada mais que uma loja onde onde pode comprar alguns dos produtos e carnes que aqui vai poder provar.
Aperta Restaurante
Rua Dr. Tello da Gama, Campo Maior. Das 12h30 às 15h30 e das 20h às 23h (domingo só almoço, segunda fecha). 20 a 25 euros (preço médio p/pessoa)
É uma espécie de regresso de um clássico. Em tempos viveu em Campo Maior um espaço famoso chamado ApertaAzeite, um restaurante e discoteca que rapidamente se tornou num favorito da região. Hoje, 20 anos depois, nasce nestas mesmas quatro paredes o novo projeto do chef Henrique Mouro, o Aperta. Agora só em modo restaurante, esta casa (que em tempos também foi um lagar de azeite) foi totalmente remodelada e redecorada de forma a homenagear os três grandes ex-libris da região: o café, o vinho e o azeite. Com capacidade para 90 pessoas, este Aperta tem numa carta muito ligada à sazonalidade e, por isso, mudará com frequência. A cozinha alentejana domina, se bem que apresentada de forma mais cuidada em sugestões como a terrina de coelho com pinhão, tomilho e puré de alho; o bacalhau com alho e sopa de pão; a galinha de fricassé com arroz no forno ou o arroz com caldo de hortelã, enchidos e porco ibérico. Há sempre uma opção de menu executivo que pode ficar ou a 9,50€ ou a 12,50€, consoante queira ou não sobremesa.
Revolução
Rua da Misericórdia, 95, 1º andar, Lisboa. Das 12h30 às 15h e das 19h30 às 23h (fecha domingo e segunda-feira). 25 a 20 euros (preço médio p/pessoa)
O chef Nuno Diniz é um dos nomes mais respeitados do panorama gastronómico nacional e muito disso por “culpa” do seu extensíssimo trabalho de investigação e valorização das receitas e produtos típicos portugueses — especialmente os que dizem respeito ao fumeiro. Aos 60 anos e a desafio do foodie Rodrigo Menezes lançou-se neste projeto a nome próprio que pretende revolucionar o mundo dos restaurantes em Portugal. Como? Dando a conhecer o nome de todos os seus fornecedores, trabalhando apenas com ingredientes nacionais, respeitando os direitos laborais de quem trabalha com ele e cingindo-se apenas ao receituário típico nacional. Situado no primeiro andar da Associação 25 de Abril, em Lisboa, esta casa que tem mesas e cadeiras desenhadas por Álvaro Siza Vieira, servirá pratos como massada ao jeito de Vila do Bispo; galo estufado em Douro Tinto com arroz de forno; sopa de alheiras; bacalhau albardado da Borralheira; sopas de Bacalhau com figos, cabeça de xara, papas de sarrabulho e muito mais. É visitar.
Âmago
Rua da Alegria, 41C, Lisboa. Aberto ao jantar, mediante reserva (fecha domingo e segunda-feira). 40 euros por pessoa. Reservas em amago.restaurante@gmail.com
A pandemia do novo coronavírus trocou as voltas a muita gente e o casal de cozinheiros Marta Caldeirão e André Coelho são exemplo disso mesmo. Com passagens por casas como Altis Belém Hotel & Spa, o Epur, o Pesca ou a Cave 23, estes dois jovens de 29 anos tinham o seu Âmago pronto a arrancar quando a Covid-19 pôs tudo em stand by. Face à impossibilidade de abrir portas decidiram criar uma alternativa, o The Sandwich Project, que os pôs a vender sanduíches para entregar ao domicílio. Terminado o estado de emergência o Âmago finalmente ganhou luz verde para abrir e agora está à distância de uma reserva. Aqui tudo fica à volta de uma mesa com capacidade para dez pessoas e o menu fixo é sempre composto por cinco momentos que vão estar em mudança consoante a sazonalidade e disponibilidade de ingredientes. Poderá encontrar sugestões como um snack de chip de kombu confinado em soja com creme de algas à Bulhão Pato, gel de limão e açafrão; um waffle com cachaço de porco cozinhado durante 24h, caramelo salgado e molho de peixe; ou língua de novilho cozinhada por 48 horas com puré de bolbo de aipo, nectarinas braseadas com miso, creme de avelã, gel de gengibre em pickle e molho feito da redução dos sucos da cozedura da língua.
ZunZum Gastrobar
Edifício Norte, Doca do Jardim do Tabaco, Terminal de Cruzeiros, Santa Apolónia. Das 17h às 23h (fecha segunda e terça-feira). 25 a 30 euros (preço médio p/pessoa).
É uma das aberturas mais aguardadas dos últimos tempos: o regresso da chef Marlene Vieira, um dos nomes maiores do panorama gastronómico português. Depois de fazer sucesso no seu espaço no Time Out Mercado da Ribeira e ter tido uma aventura no Panorâmico do Tagus Park, nos arredores de Lisboa, a chef regressa em força com este projeto que a pandemia ia hipotecando. O ZunZum mora no terminal de cruzeiros de Lisboa, num bonito edifício do arquiteto Carrilho da Graça, e esteva para ser inaugurado por volta da mesma altura em que a Covid-19 chegou em força a Portugal e tudo parou. Agora o cenário é outro e qualquer um já pode ir provar as iguarias criativas e portuguesas da chef Marlene. Pratos como a tartelete de bacalhau, ceviche de espadarte com maracujá e pimenta da terra, o arroz de pato, as espetadas de porco preto ou carbonara de aipo e legumes da época moram então num espaço sofisticado onde também mora uma pequena mercearia de produtos portugueses e outra novidade que só estreará mais para a frente, o fine dining puro chamado Marlene que deverá abrir na reentré. É como se fosse um dois em um: de um lado este divertido e descontraído ZunZum e do outro o espaço mais sério, provavelmente com pretensões maiores, que está virado para o rio e ainda só funcionará daqui a uns tempos.
Chapitô à Mesa
Costa do Castelo, 7, Lisboa. Das 12h às 15h30 e das 19h às 23h (não fecha). 20 a 25 euros (preço médio p/pessoa)
O Chapitô à Mesa, restaurante da conhecida escola de arte circenses (e não só) em Lisboa, é talvez um dos espaços com melhor vista da capital. Virado para a zona da baixa e com o rio como pano de fundo, este espaço foi durante vários anos a casa do chef Bertílio Gomes — que entretanto se mudou para a valorosa Taberna Albricoque — mas agora passou para as mãos de Pedro Abril, jovem cozinheiro que passou por sítios como o Bairro Alto Hotel, a Taberna do Sal Grosso ou a Casa da Comida e agora se assume a título próprio. O restaurante ganhou uma patine mais descontraída, com base em comidas para partilhar muito assentes no receituário nacional mas com toque mais contemporâneo. Ficou mais vincada a divisão entre a zona de esplanada — mais para “picar” qualquer coisa e beber uns copos — e o restaurante coberto — um pouco mais cuidado sem ser pretensioso. Nos últimos tempos Pedro criou o evento Friendly Fire, um sucesso enorme (regressará em setembro), em que todas as segundas-feiras dos últimos meses o melhor da nova geração de cozinheiros portugueses se juntava para servir refeições divertidas e descontraídas e isso é um bom exemplo da nova vida que fervilha nesta varanda para Lisboa. Na carta (que muda com frequência) pode encontrar sugestões como um escabeche de coelho, meia desfeita de bacalhau, salada de polvo, bacalhau grelhado, atum grelhado e o clássico leite-creme.
Gambrinus
Rua das Portas de Santo Antão, 23, Lisboa. Das 12h às 23h (não fecha). 213 421 466. 45€ (preço médio por pessoa)
Os clássicos nunca morrem e prova disso é o regresso do famoso Gambrius, mítica casa lisboeta que ao longo dos seus 84 anos nunca passou tanto tempo fechada como durante o período de estado de emergência — pouco mais de dois meses, no total. Foi no passado dia 5 de junho que voltaram a receber os seus “clientes e amigos”, como anunciaram na altura, e apesar de pouco ter mudado neste paraíso de madeiras escuras, veludo vermelho e vitrais coloridos (como o famoso onde aparece Gambrinus, o lendário rei do povo da Flandres que inspirou o nome do restaurante) há uma diferença que os fãs do balcão, principalmente, vão notar de imediato: as barreiras de acrílico. Quem agora se sentar na barra e pedir, por exemplo, o famoso croquete e o prego no pão vai ter uma divisória plástica a separá-lo da equipa do restaurante. Os talheres, claro, também passam a ser entregues numa espécie de caixa em cartão, na porta de entrada vai ver a brilhar o símbolo Clean & Safe do Turismo de Portugal. Todas estas novidades à parte, a verdade é que o Gambrinus continua a ser fiel a si próprio garantindo não só os seus pratos clássicos como também o requinte de serviço que não deixa ninguém indiferente.
Paparico
Rua da Costa Cabral, 2343, Porto; 22 540 0548. Das 19h30 às 23h (fecha domingo e segunda-feira). 50 a 100 euros (preço médio por pessoa)
O Paparico é um daqueles restaurantes que dispensa apresentações, já que há 12 anos que é conhecido por apresentar menus de degustação com uma base portuguesa numa mais abordagem contemporânea. A pandemia obrigou a casa a fechar quatro meses e a ver desaparecer o público turístico das mesas, foi assim que Sérgio Cambas, o homem ao leme do negócio, e o chef Rui Martins, que já liderou a cozinha RIB Beef & Wine, adaptaram o conceito imposto, “sem subtrair a experiência de degustação e a personalização” ou “comprometer a qualidade dos produtos”. O restaurante tem agora um serviço à carta onde a partilha é possível e é o cliente que escolhe a cadência de cada prato. Arroz de carabineiro com a cabeça gratinada, vaca velha minhota com salada de tomate coração de boi, caldeirada de chocos à setubalense ou figos pingo de mel são algumas opções que vai poder encontrar numa carta livre, versátil e renovada todos os meses, como bem manda a sazonalidade.
Callejero
Rua das Oliveiras, 118, Porto; 22 405 5719. Terça a sábado, das 12h às 00h; domingo, das 12h às 23h. 20 a 25 euros (preço médio por pessoa)
Andrés Montes é mexicano, Laura Flores é espanhola, ambos são artistas plásticos e conheceram-se, e apaixonaram-se, em Madrid. Chegaram ao Porto em março de 2019 e na bagagem traziam vários elogios à comida mexicana confecionada por Andrés. Ganharam coragem e arriscaram tudo, compraram uma pequena carrinha e aventuraram-se no street food, de Lisboa a Aveiro, vendendo tacos e guacamole feitos na hora. Com algumas limitações próprias deste tipo de negócio, o casal tencionava abrir um espaço fixo, onde pudesse colocar à prova toda a sua criatividade. O estado de emergência obrigou a atrasar a inauguração, mas permitiu decorar o espaço tal e qual como tinham idealizado, cheio de cor e personalidade. À mesa pode-se provar “comida de festa” como burritos, totopos e molhos caseiros, sem esquecer um ceviche com tubarão e abacate fresco ou o brunch mexicano, com tortilhas estaladiças com ovos, feijão e chiles frescos. A grande atração são mesmo os tacos, das tiras de carne de vaca com cebola e citrinos ao ombro de porco, passando pelo de camarão e vegano, regue tudo com margaritas e viaje sem sair do lugar.
Habitat
Rua do Passeio Alegre, 250, Porto; 96 930 6188. Terça a sábado, das 12h30 às 22h30; domingo, das 12h30 às 16h. 30 a 40 euros (preço médio por pessoa)
Há sete anos à frente do Reitoria, restaurante famoso pela carne e pelas focaccias, Frederico Azevedo sentiu a necessidade de apostar num conceito diferente. Escolheu uma casa antiga na zona da Cantareira, na Foz, para instalar o seu novo Habitat. Aqui a escolha do fogo como processo de confeção é evidente, tal como a pegada da gastronomia asiática. No piso de baixo, reinam as sandes, as saladas e as tapas para comer a qualquer hora do dia. Das amêijoas da Ria Formosa à fritata, do satay de frango à couve-flor confitada em caril, da paelha de robalo e lavagante ao porco ibérico na brasa com batata doce e bulgur, há muito para escolher. No piso superior, os pratos são mais tradicionais e o menu mais curto. Polvo na brasa, robalo com molho de espumante, lombo de boi, entrecôte ou massa fresca caseira são apenas algumas opções. Pela primeira vez o grupo contratou um pasteleiro para elevar a fasquia das sobremesas e assim nasceram o folhado de nectarina com gelado de nata, o brûlée de maracujá ou a tarte de chocolate, caramelo e avelã, tudo para mal das nossas dietas.
Praça
Rua de Agramonte, 248, Porto; 22 600 0360. Segunda a sábado, das 12h às 00h; domingo, das 17h às 00h. 20 a 25 euros (preço médio por pessoa)
A zona da Boavista está cada vez mais apetecível e já há restaurantes a migrarem da Baixa para lá. É o caso do Praça, um dos spots mais badalados da movida portuense, uma espécie de bar de praia no meio da cidade conhecido pela decoração descontraída e pelas tostas XXL, o guacamole e, claro, os mojitos. Quatro anos após o fecho de portas, os três fundadores alargaram a sociedade ao chef João Freire Pimentel para desenvolver uma versão 2.0 de um conceito capaz de juntar influências do mundo. Os clássicos mantiveram-se, como a tosta de frango ou o guacamole com pico de gallo e totopos artesanais, e a eles juntaram-se as croquetas de camarão, peixe do Atlântico e mexilhão, as batatas bravas, o arroz frito asiático, as lulas satay com puré de ervilhas, o caril vermelho ou o hambúrguer com carne alentejana DOP. O chef assegura que a carta é viva e terá um terceiro up grade em breve, estando previsto um lombo de salmão com crosta de mostarda e pão ralado, lima e ervas, um bife australiano e sobremesas como a tarte de banoffe ou pastéis de nata recheados com maracujá, matcha ou hortelã e manga.
Tenro by Digby
Rua da Restauração, 366, Porto; 222 449 615. Segunda a domingo, 11h30 às 23h. 25 a 30 euros (preço médio por pessoa)
O restaurante do hotel Torel Avantgarde aproveitou o confinamento para mudar totalmente a filosofia da carta, agora mais focada na carne, explorando diferentes raças e cortes. Até chegarem à mesa, todas as peças, da barrosã à arouquesa, do porco bísaro ao frango de Lafões, passam por um processo de preparação de vários dias, entre salmoura e marinada, até ao cozimento final, a baixa temperatura, que pode demorar até 12 horas. Transmontano de gema, o chef Hugo Portela, confessa identificar-se mais com este conceito de slow cooking, processos lentos e à moda antiga. O cliente do Tenro by Digby ganha também a liberdade de combinar pratos e acompanhamentos, como milhos fritos de azeitona, gratinado de couve-flor ou legumes assados, e, assim, construir o seu próprio menu. Os molhos feitos na casa são outra carta na manga do chef, que destaca o de presunto e o de cogumelos silvestres com vinho do Porto. A vista para o Douro mantém-se.
Café Corcel
Rua São João de Brito 52, Porto; 22 617 4793. Quinta a sábado, das 8h à 00h; domingo a quarta, das 8h às 22h. 10 a 15 euros (preço médio por pessoa)
Inaugurado em 1967, o Café Corcel era um conhecido ponto de encontro para poetas, artistas e políticos no bairro de Pinheiro Manso, sendo uma das moradas preferidas de músicos da cidade, como Rui Veloso ou Pedro Abrunhosa. Apesar de continuar sempre a funcionar como café, ao longo dos anos o espaço foi-se deteriorando, mas em junho ganhou uma segunda vida, com direito a um chão hidráulico, mesas com pés em ferro e tampo em mármore e uma esplanada ao estilo parisiense. Rosário Carvalho Guerra, uma jurista com experiência na restauração que guardava boas memórias daquele lugar, decidiu ressuscitar o Corcel original e transformá-lo numa casa especialista em doces conventuais, “algo que não existia no Porto”. Cones de ovos-moles, delícias de amêndoa, pastéis de Tentúgal, morgado do Buçaco, nevadas ou suspiros são apenas alguns exemplos gulosos, que na carta combinam com uma oferta de comida italiana, como pizzas, foccacias e burratas confecionadas pelo antigo pizzaiolo do mítico Nhac Nhac, mas também com snacks e petiscos portugueses.
Colher Torta
Avenida do Parque, 595, Porto; 22 322 8117. Quinta e sexta, das 12h às 20h; sábado e domingo, das 10h às 21h. 10 a 15 euros (preço médio por pessoa)
A vida de Ana Leão dava um livro de viagens. Natural do Porto, estudou cozinha no Estoril, passou por restaurantes como o elBulli ou o Alkimia, ambos em Espanha, e nos últimos oito anos viveu na Austrália, onde trabalhou no campo e em quintas biológicas. Foi a plantar avelãs e a tirar ovas do salmão que o seu paladar se tornou mais rústico e menos sofisticado. Desafiada pelo chef Luís Américo, abriu o Colher Torta, um restaurante que ocupa um quiosque no Soundwich, em pleno Parque da Cidade, a funcionar até outubro. Por lá, aposta em pratos pequenos para partilhar, resultado de algumas experiências arriscadas e de muitas influências centradas na cozinha israelita, onde os temperos e a mistura de sabores abundam. De manhã, há papas de aveia, com dois tipos de cereais, cobertas com fruta e um caramelo de abóbora ou o já famoso banana bread. Ao almoço, conte espetadas de borrego com tabule ou galinha marroquina com ervas, peixe grelhado na hora e sandes compostas, que podem variar entre a barriga de porco ou o bacalhau frito. No reino dos doces, imperam as cookies XXL ou a melancia congelada mergulhada em chocolate. Não deixe de provar o sumol caseiro feito a partir do soro do iogurte fermentado com sumo de fruta.
Astória
Praça da Liberdade, 25, Porto; 22 003 5639. Segunda a domingo, das 10h30 às 22h30. 20 a 25 euros (preço médio p/ pessoa)
O Astória, vizinho do InterContinental, deixou cair a formalidade de um típico restaurante de hotel, mudou de sala e tornou-se mais leve e descontraído. Repleta de plantas verdes a cair do teto, a decoração parece combinar com uma nova missão da cozinha, a de promover produtos orgânicos e de origem portuguesa, respeitando a sua sazonalidade, apoiando, assim, fornecedores locais e agricultores. A grande novidade está no brunch, agora disponível todos os dias até às 18h30. Por questões de segurança, o formato buffet foi substituído por menus à carta e deles saltam à vista os bagels de salmão, frango ou rosbife, o atum tataki, os mil e um tipo de ovos, o bife da vazia Black Angus com espargos e tentáculos de polvo ou a mousse de abacate. Ao jantar, a nova oferta inclui entradas como agrião e requeijão de cabra, berbigão com milhos fritos, cavala fumada com pepino e ostras de Aveiro ao natural. Diretamente do carvão saem peixes do dia e várias carnes que poderão ser acompanhados por sabores tipicamente portugueses, da batata frita às migas. Para rematar a refeição, divida-se entre a banana grelhada no carvão com avelãs tostadas, o ananás dos Açores grelhado com sorvete de manjericão e coco ou o soufflé de mirtilo de Sever do Vouga e gelado de iogurte.