O Xiaomi 12 Pro tem um twist: carrega tão rápido que nem meia hora é preciso — bastam 24 minutos, diz a marca — para a bateria ficar completamente carregada. É verdade? Não, mas, segundo o teste do Observador, o resultado não fica muito longe do prometido.
[Abaixo, pode ver o vídeo do teste realizado pelo Observador]
Antes do teste, é preciso conhecer o smartphone que tem estas promessas de carregamento ultra rápido. O Xiaomi 12 Pro é o topo de gama da fabricante chinesa que ocupou no mercado o lugar que era da Huawei. Por isso, concorre agora com os gigantes tecnológicos Apple e Samsung, estando em terceiro lugar na lista de maiores vendedores mundiais.
À semelhança de outros equipamentos de topo, este telemóvel — que vai ser lançado no início de abril — traz tudo aquilo que se espera de um equipamento destes: um processador de última geração; uma potente câmara fotográfica com várias lentes (três); e um ecrã com uma definição cheia de pixeis e letras (o ecrã de 6,7 polegadas designa-se de WQHD+, o que significa que esta alta definição tem bastante nitidez).
À semelhança de outros modelos de telemóveis da marca, é também na bateria que este smartphone se quer destacar — a Xiaomi tem feito uma forte campanha para se afirmar como a empresa que tem os dispositivos que aguentam mais tempo ligados e que carregam mais rapidamente. Para isso, o Xiaomi 12 Pro conta com um volumoso carregador — para ter uma ideia do tamanho, parece o carregador de um computador portátil — de 120 watts (cerca de 10 a 20 vezes mais do que os carregadores comuns que encontramos no mercado).
Mas mesmo sendo um aparelho de carregamento fora do comum e o telemóvel poder ser ligado a carregadores tradicionais, ao contrário da Apple e da Samsung o carregador vem incluído com o smartphone, não sendo, por isso, preciso comprá-lo à parte.
De acordo com a Xiaomi, o 12 Pro pode ter a bateria carregada “até 100%” em apenas 24 minutos no modo padrão (o que utilizámos neste teste). Há ainda um modo boost especial que, diz a empresa, permite carregar o dispositivo de forma ainda mais rápida: em 18 minutos. Quanto a este último modo, há, no entanto, um aviso da marca: o telemóvel pode ficar “quente”.
Depois de levarmos a bateria a apenas 1% de autonomia — ou “14 minutos restantes”, como nos foi informado pelo sistema do aparelho — começámos o teste. É importante dizer que não foi uma tarefa fácil colocá-lo com tão pouca autonomia porque, não mexendo no telemóvel durante três dias e deixando-o em modo stand-by (apenas as notificações base e o wi-fi estavam ligados) com cerca de 50% de autonomia, a bateria ficou ainda com 22%, o que surpreendeu já que, mesmo com pouca utilização, esperávamos que estivesse, por essa altura, sem bateria.
O que significa que levar o dispositivo até ao 1% de autonomia implicou deixá-lo a correr um vídeo com definição 4K no YouTube com a luminosidade no máximo durante duas horas, demonstrando que a Xiaomi garante, mesmo, uma autonomia do dispositivo grande. Mas, lá conseguimos o 1% que queríamos para o teste.
Depois, foi a parte fácil. Com câmara montada e temporizador ao lado, cronometrámos. Ligámos o carregador a uma tomada e deixámos passar 24 minutos. Pelo meio fomos confirmando se tudo estava a funcionar e verificando como é que o carregamento evoluía. Aos 20 minutos, a bateria ainda estava a 48%.
No final, ainda demos alguns segundos de compensação porque no arranque do teste o temporizador não começou a contar ao mesmo tempo em que colocámos o carregador na tomada. Porém, chegados aos 24 minutos, comprovámos aquilo que já esperávamos: não foi tempo suficiente para chegar aos 100. Estava apenas a 78%. Foram precisos mais cerca de nove minutos até vermos a bateria completa. Foi mais tempo do que o prometido? Foi. Ficámos surpreendidos? Carregamento padrão até 100% em meia hora é algo que ainda não tínhamos visto, e só por isso surpreendeu.
O Xiaomi 12 Pro vale a pena? Se quer um topo de gama, sim, mas há mais coisas no mercado por este valor
O teste dos 24 minutos pode ter falhado, mas isso não quer dizer que o Xiaomi 12 Pro não seja um smartphone topo de gama que surpreende. Mais uma vez a empresa chinesa mostra que há telemóveis com sistema operativo Android que podem fazer frente a quem continua a liderar o mercado com este software, a Samsung, e não olhar para outras marcas, como a Apple.
Além da autonomia da bateria, os pontos fortes do Xiaomi 12 Pro são a câmara fotográfica traseira e o processador. Quanto à câmara, tem tudo aquilo que se esperaria de um smartphone que se intitula como “pro”: uma lente tripla de 50 megapíxeis que usa um sensor Sony IMX707 e pode fazer vídeo 4K até 60 frames por segundo e filmar em 8K (até 24 frames por segundo). O que é que isto quer dizer? Na prática, que faz muito bem aquilo que todos estes equipamentos topo de gama fazem quando apresentam estas especificações de topo: filma e tira facilmente muito boas fotografias com bastante qualidade em qualquer tipo de ambiente — haja muita ou pouca luz.
Quanto ao processamento, este equipamento conta com o Snapdragon 8 Gen 1, que a empresa diz ser “o processador mobile mais avançado da Qualcomm”. Em poucas palavras, e tendo como base as aplicações que utilizámos com o telemóvel, comprovámos: é rápido, bem rápido. Aliado a esta rapidez está a taxa de atualização de 120 Hz do ecrã principal. Isto significa que o movimento das imagens é mais fluído o que, com este processador, faz com que a experiência ao mexer neste smartphone seja melhor do que a de outros smartphones com esta característica que também nos surpreenderam — caso do Galaxy Z Fold 3.
Por fim, é importante referir que o Xiaomi 12 Pro vai chegar ao mercado em duas versões: 8GB de memória RAM e 256GB de memória interna e 12GB de memória RAM 256GB de memória interna. O preço? 1049,99 euros e 1099,99 euros, respetivamente. Ou seja, não é barato. Por este valor encontramos na concorrência equipamentos igualmente competentes. Carregam completamente em 30 minutos? Não, leva, pelo menos, o dobro (o Samsung S20 Ultra demora uma hora — e isso já surpreende). Porém, são igualmente competentes.
Para quem é então este smartphone? Para quem quer um telefone literalmente rápido. Rápido a carregar, rápido a tirar fotografias, rápido a mostrar imagens, rápido a processar o que for preciso. E nisso tudo surpreende, mesmo falhando por poucos minutos uma promessa de rapidez.
*O Xiaomi 12 Pro foi disponibilizado ao Observador pela Xiaomi Portugal para efeitos de análise.