Uma publicação que sugere que as máscaras podem não cumprir o objetivo de proteção contra a Covid-19 está a ser partilhada nas redes sociais, baseada num estudo “realizado pela Universidade de Stanford e publicado no site do governo NCBI (National Center for Biotechnological Information)”. Na mesma publicação é citada parte da pesquisa onde se lê que “as evidências científicas existentes desafiam a segurança e eficácia do uso da máscara como intervenção preventiva para Covid-19”.

Contudo, o artigo em causa é feito com base no estudo “Máscaras na era da Covid-19: uma hipótese de saúde” (“Facemasks in the COVID-19 era: A health hypothesis”, em inglês) que, além de não ter qualquer relação com a Universidade de Stanford, foi feito pela revista Medical Hypotheses, que trata temas como hipóteses e não como certezas. Apesar disso, confirma-se que o artigo escrito por Baruch Vainshelboim pode ser encontrado no site do National Center for Biotechnological Information, que funciona como um local onde são divulgadas pesquisas e informações científicas.

A associação à Universidade de Stanford surge porque o autor do texto foi um ano professor visitante no Departamento de Cardiologia do Sistema de Saúde para Veteranos de Guerra de Palo Alto, uma instituição que tem uma ligação à faculdade em causa instituição vinculada a Stanford, mas foi apenas um ano e não há qualquer vínculo.

Apesar disso, o próprio autor diz que o artigo é uma hipótese e não um estudo e tem como intuito que seja feito um debate na comunidade científica em que não se excluam as ideias consideradas, à partida, mais radicais.

Conclusão

A publicação em causa é falsa, tendo em conta, desde logo, que não se trata de um artigo da Universidade de Standford, mas também que o artigo não é um estudo científico, mas sim um levantamento de uma hipótese para que esta possa ser estudada pela comunidade científica. Desta forma, e já que o próprio autor fala numa hipótese e não numa certeza, a ideia de que existiu uma desmarcarização das máscaras não pode ser considerada válida.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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