Uma publicação no Facebook afirma que o Instituto Nacional de Saúde italiano atualizou o número de mortes atribuídas à Covid-19 de mais 130 mil para menos de quatro mil — a diferença seriam pessoas que, embora tenham testado positivo à presença do SARS-CoV-2, tinham perdido a vida por outras causas que não a Covid-19.

A publicação em causa menciona um tweet escrito por Toby Young, responsável por vários conteúdos falsos sobre a pandemia, em que o comentador britânico afirma, citando um artigo do jornal Il Tempo, que as mortes por Covid-19 foram revistas de 130.468 para apenas 3.783 — ou seja, cerca 3% do valor inicial.

Mas as informações são uma deturpação do que realmente foi comunicado pelo Instituto Superior de Saúde italiano. O que o relatório apresentado pelo Ministério da Saúde italiano realmente diz é que, de todas as mortes por Covid-19 registadas nos hospitais de Itália, 2,9% não tinham quaisquer comorbilidades.

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Pelo menos, foi essa a conclusão das autoridades de saúde quando analisaram uma amostra de 7.910 mortes documentadas por Covid-19. Extraopolando os resultados do estudo para a totalidade dos óbitos atribuídos à Covid-19 — que continua a estar na ordem dos 130 mil —, obtém-se o número mencionado pela publicação falsa: cerca de quatro mil pessoas não tinham comorbilidades.

As restantes morreram à mesma de Covid-19, mas tinham comorbilidades associadas ao desenvolvimento de quadros clínicos mais severos da doença. Isso mesmo foi confirmado pelo Instituto Superior de Saúde num tweet publicado a 25 de outubro: “Não é verdade que apenas 2,9% das mortes atribuídas à Covid-19 sejam devidas ao vírus”.

“A percentagem de 2,9%, também relatado nas edições anteriores [do relatório], refere-se à percentagem de pacientes que morreram com positividade para SARS-CoV-2 e que não tinham outras patologias diagnosticadas antes da infeção”, continua um esclarecimento publicado por fonte oficial do instituto.

Conclusão

Não é verdade que as autoridades de saúde tenham concluído que o número de mortes por Covid-19 em Itália é de quatro mil, em vez dos 130 mil óbitos anunciados anteriormente — ou seja, cerca de 3% do valor inicial. Essa percentagem refere-se ao número de vítimas mortais da Covid-19 em Itália que não teriam comorbilidades, sendo que as restantes sofriam de problemas que lhes conferia uma maior probabilidade de desenvolverem quadros clínicos severos para aquela doença. É isso que diz o relatório do Instituto Superior de Saúde italiano, que responde ao Ministério da Saúde do governo.

Assim, de acordo com o sistema de classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

Nota: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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