O Brasil prepara-se para eleições, nas ruas mas também nas redes sociais. Um dos nomes quentes, é claro, Jair Bolsonaro, atual presidente e re-candidato.

Na reta final da campanha, têm surgido publicações a questionar a forma como o agora chefe de Estado deixou de cumprir serviço militar no Exército. As publicações originais são de 2018, na altura da primeira eleição de Bolsonaro, mas voltaram a acender as redes sociais por causa das eleições do próximo domingo. Dizem que Jair Bolsonaro foi “aposentado aos 33 anos por insanidade mental, foi aposentado como deputado e por fim, será aposentado como presidente”.

Esta não é a primeira especulação sobre a passagem do atual presidente brasileiro pelo Exército do país, mas já lá vamos.

Publicação no Facebook alega que Bolsonaro foi expulso do exército por "insanidade mental"

Publicação no Facebook alega, erradamente, que Bolsonaro foi expulso do exército por “insanidade mental”

Jair Bolsonaro abandonou o exército brasileiro a 22 de dezembro de 1988. Na altura tinha 33 anos, exatamente os mesmos que estão apontados na publicação. Mas Bolsonaro não abandonou o exército por “insanidade mental”. Terminou as suas funções como militar por ter sido eleito vereador no Rio de Janeiro, pelo partido Democrata Cristão.

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Ao ser eleito, de acordo com o Estatuto Militar brasileiro,  o militar “será, no ato da diplomação, transferido para a reserva remunerada, percebendo a remuneração a que fizer jus em função do seu tempo de serviço”.

Ainda em 2018, a agência de notícias brasileira Lupa entrou em contacto com o Centro de Comunicação Social do Exército para confirmar que “nenhum atestado médico foi apresentado (por Jair Bolsonaro) no momento que se desligou da ativa”.

A bibliografia de Jair Bolsonaro, publicada no site da Presidência do Brasil, mostra que a carreira política do atual chefe de Estado começou em 1988, “quando concorreu à Câmara Municipal do Rio de Janeiro e conseguiu uma vaga no Legislativo da cidade”. Cumpriu o mandato até 1991.

Esta não é a única história (neste caso, uma história sem fundamento) relacionada com a passagem de Bolsonaro pelo Exército. Em 1986 — e esta é uma história verídica —, o então capitão foi punido com pena de prisão de 15 dias por “ter sido indiscreto na abordagem de assuntos de caráter oficial comprometendo a disciplina; por ter censurado a política governamental”, na sequência de um artigo que publicou na revista Veja a criticar os baixos salários pagos aos militares.

Conclusão

Não é verdade que Jair Bolsonaro tenha sido afastado do Exército brasileiro por “insanidade mental”. O presidente do Brasil entrou passou à reserva das forças armadas com 33 anos, mas por ter sido eleito vereador no Rio de Janeiro, cumprindo-se o Estatuto Militar do país.

A informação foi esclarecida pelo Centro de Comunicação Social do Exército, garantindo que “nenhum atestado médico foi apresentado (por Jair Bolsonaro) no momento que se desligou da ativa”.

Segundo a classificação do Observador, este conteúdo é:

ERRADO

No sistema de classificação do Facebook este conteúdo é:

FALSO: as principais alegações do conteúdo são factualmente imprecisas. Geralmente, esta opção corresponde às classificações “falso” ou “maioritariamente falso” nos sites de verificadores de factos.

NOTA: este conteúdo foi selecionado pelo Observador no âmbito de uma parceria de fact checking com o Facebook.

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